Sustentabilidade dos conjuntos habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida inserção urbana e qualidade arquitetônica
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- Simone Ferreira Santos
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1 Sustentabilidade dos conjuntos habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida inserção urbana e qualidade arquitetônica Prof. João Sette Whitaker Ferreira Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos FAU USP Projeto Peabiru para livro Produzir casas ou construir Cidades? LabHab-FAUUSP/FUPAM, 2012
2 Cidades brasileiras vivem um momento especial, marcado por dois cenários: - Grande passivo urbano e habitacional decorrente de um modelo econômico de concentração da renda (especialmente nas grandes metrópoles) > Grande injustiça social e marcada segregação espacial. - Momento de crescimento econômico e expansão da base assalariada > desenvolvimento urbano, em especial nas cidades médias (Tânia Bacelar e IPEA). DESAFIO: a) Responder ao passivo histórico enfrentando o déficit habitacional b) Responder à forte pressão por oferta habitacional no segmento de renda média c) Conseguir MUDAR A MATRIZ URBANA para garantir justiça socioambiental.
3 Qual é a matriz urbana brasileira? Cidade é o reflexo espacial da sociedade: A urbanização subdesenvolvida foi a urbanização dos baixos salários, das cidades divididas, dos investimentos públicos direcionados, dos centros ricos e das periferias pobres, do padrão individualista se sobrepondo ao coletivo e público (carro, condomínios...)
4 São Paulo - Sistema viário e de transportes principal: Concentração da infra-estrutura em apenas parte da cidade Csaba Deák - Infurb/FAUUSP
5 Proporção de pessoas negras, pobres e indigentes por área de ponderação São Paulo, 2000 / áreas exclusivamente residenciais São Paulo 2000 % de Pobres Mapas 1 e 2: Eduardo Rios e Juliana Riani: Desigualdades Raciais nas Condições Habitacionais da População Urbana, cedido por Renato Emerson (IPPUR e UERJ). Mapa 3: Ferreira, 2003.
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7 Informalidade urbana afeta cerca de 40% da população das grandes metrópoles População morando em favelas em algumas metrópoles brasileiras Rio de Janeiro.. ~20% (LABHAB, 1999) Fortaleza ~28% (SEPLAN, 1994) Belo Horizonte.. ~20% (LABHAB, 1999) Salvador ~33% (Souza, 1990) Porto Alegre.... ~20% (LABHAB, 1999) Recife ~40% (IBGE, 1991) São Paulo ~12% (SEHAB-SP, 2004) 80 % da população favelada está nas RMs
8 Foto: Tuca Vieira
9 Foto: Gal Oppido Foto: João Whitaker Impactos ambientais: ocupação de áreas ambientalmente frágeis, altos custos urbanísticos do distanciamento gerado pelo exílio na periferia, ausência de saneamento ambiental, alta vulnerabilidade a riscos, etc. TRAGÉDIAS ANUNCIADAS
10 Represa Billings, Região Metropolitana de São Paulo Braço do Capivari (cedido por Erminia Maricato)
11 Represa Billings, Região Metropolitana de São Paulo Braço do Cocaia (cedido por Erminia Maricato)
12 A cara das grandes cidades brasileiras: autoconstrução Salvador São Paulo
13 Sustentabilidade ambiental urbana é portanto promover antes de tudo a justiça socioambiental ou... TER CIDADES PARA TODOS Foto: Gal Oppido
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15 Brasil vive uma herança do autoritarismo: a divisão entre política urbana e Política Habitacional Santa Etelvina COHAB-SP - Acervo LabHab FAUUSP Estranhamente, há muito dinheiro para pontes, túneis, avenidas, mas nunca para comprar terrenos muito caros nas áreas infraestruturadas.
16 Mas...atentar para o risco de achar que à uma urbanização ruim da pobreza, se opõe um modelo bom da urbanização formal nos bairros mais ricos. A matriz da urbanização formal é também uma tragédia ambiental movida pelo padrão de consumo excessivo > ideais de países ricos individualista: condomínios fechados cidades segmentadas matriz automotiva em detrimento do transporte público de massa (embora 70% andem de ônibus, a pé ou bicicleta) impermeabilização do solo tamponamento dos rios Ação sem controle da atividade imobiliária: verticalização sem critérios e sem planejamento
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19 Problema é que, nas cidades pequenas e médias, nos novos empreendimentos, na produção de habitação social: Reproduz-se a matriz urbana insustentável Entre 2000 e 2010, cidades con pp. entre 100 mil e 2 milhões passaram a representar de 36,1% para 40,3% do total da população brasileira (Ibge, 2010) Pessoas economicamente ativas com renda mensal entre R$ 500 e 2000 passaram de 65,9 milhões em 2003 a 105,4 milhões em Há leis para mudar essa matriz? Estatuto da Cidade: uma década depois, pouca aplicação Há vontade efetiva de promover a justiça urbana e socioambiental? O Estatuto é um paliativo à separação da questão habitacional social da política urbana?
20 Momento atual: Cenário de crescimento econômico e de novas demandas habitacionais além do déficit histórico. Como responder? Equação possível para o desafio da CELERIDADE + QUANTIDADE = QUALIDADE? Uma realidade dos países de industrialização tardia
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23 México
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27 Programa Minha Casa Minha Vida Responde à pressão do novo segmento econômico, por um lado Por outro, grande volume de subsídios para as faixas de renda muito baixa inédito. Nas faixas mais altas, mercado reproduz o padrão de HIS dos anos 70, com retoques de marketing = grande impacto
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34 Na faixa 1, há exemplos de melhoria, mas ainda impera um padrão de grande impacto e pouca qualidade. Maiores problemas: localização, repetição, quantidade
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40 Alguns gargalos e ações possíveis A falta de compreensão da dimensão sistêmica do problema urbanístico e arquitetônico, por parte de muitos dos atores, levando a que se trabalhem aspectos de qualidade isoladamente: fundiário, urbano, jurídico, ambiental, desempenho, são aspectos de UM MESMO PROBLEMA O da qualidade ambiental dos conjuntos A BOA QUALIDADE DA POLÍTICA HABITACIONAL É FRUTO DA BOA QUALIDADE URBANA A correta equação entre as necessidades de qualidade x quantidade x celeridade: Como conseguir ganho de escala sem comprometer a diversidade do conjunto? Como fazer para produzir rapidamente, porém garantindo a qualidade construtiva? RECUPERAR O LUGAR DO PROJETO DE ARQUITETURA E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA APRIMORAR E POTENCIALIZAR A RELAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS FEDERAL E MUNICIPAL: para potencializar os programas de financiamento federais, garantir as normas, apoiar a qualificação técnica, construir uma política nacional, responder à diversidade dos municípios brasileiros, etc.
41 Procedimentos possíveis para uma melhor qualidade urbana, arquitetônica e ambiental A definição do terreno e boa localização para o empreendimento: distância em relação ao centro ou centro de bairro, inserção na cidade e nos bairros do entorno, mas também adequadas condições topográficas do terreno e seu porte, condições de construtibilidade, situação legal e ambiental. Uma equação fundiária e financeira adequada geralmente a partir da iniciativa da Prefeitura ou do Estado para a obtenção da gleba destinada ao empreendimento e o preço decorrente, de tal forma que não comprometa os custos e o preço final da unidade. A capacidade de indução ou potencialização de atividades econômicas locais, adequadas à demanda gerada pelo empreendimento, potencialização da cadeia produtiva com uso de mão-de-obra local e materiais com oferta e fornecimento regionais, incentivo à inovação tecnológica. Celeridade, mas com elevado nível de exigência e adequação da cadeia local de aprovações aos parâmetros do PMCMV.
42 A existência de PROJETOS URBANÍSTICO E ARQUITETÔNICO, que devem incidir sobre as seguintes escalas: - Adequada inserção na malha urbana e no bairro, no que diz respeito à oferta de equipamentos, ao uso comum desses equipamentos por todo o bairro (e não só pelos moradores do empreendimento), à acessibilidade e à infraestrutura de mobilidade, à relação entre o tamanho do empreendimento e o da cidade onde se situa. - Projeto de implantação que considere adequação à topografia do terreno, minimizando movimentos de terra e configurando boas soluções de paisagismo e de espaços livres coletivos, correta orientação dos conjuntos de unidades para melhor insolação e ventilação, variedade de tipologias dos conjuntos (evitando a repetição exagerada), fluidez urbana (ausência de muros e grades e viário público e aberto), iluminação pública adequada, relação adequada entre a densidade, os gabaritos e a volumetria do empreendimento e a cidade ou o bairro. -
43 - Projeto arquitetônico da unidade habitacional, variedade de tipologias (não apenas através de diferenças nas fachadas, mas efetivamente com diversidade de programas 1, 2, 3 dormitórios e arranjos da unidade) que evite a repetição, uso de materiais com boa performance energética e sustentáveis e de sistemas de racionalização energética (aquecedor solar, por exemplo), dimensionamento adequado da unidade, valorização da tecnologia construtiva, uso de sistemas modulados, industrialização da construção visando celeridade com qualidade.. - Diversidade da política habitacional: não só provisão (apesar do advento positivo do PMCMV), mas soluções para todas as problemáticas: urbanização de favelas, melhoria habitacional, assistência técnica, regularização fundiária e edilícia, ocupação dos vazios urbanos.
44 Usina CTAH Copromo- Osasco-SP
45 Variedade da política habitacional Assessorias de mutirão / COPROMO (Usina) / São Paulo 1994
46 Variedade da política habitacional Concursos de arquitetura / São Paulo 1980 Fonte: Bonduki Arquitetura e habitação social em São Paulo , EESC-USP / IAB e FBSP Imagem digitalizada e gentilmente cedida por Carlos E. Alonso Arq. Demetre Anastassakis Jd. São Francisco - São Paulo
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48 Prosamin Manaus. Arq. Luis Fernando Freitas Co-opera- ativa
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50 Concurso de tipologias em HIS CDHU-SP
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52 Arq. Hector Vigliecca Osasco-SP
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55 Arq. José Mario Jauregi Morro do Alemão - RJ
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57 MOMENTO DE GRANDE OPORTUNIDADE Grande responsabilidade dos municípios e das COHABS, já que o Faixa 1 é o que mais efeito tem sobre a construção da justiça socioambiental. Possibilidade de fazer valer a função social da propriedade e o Estatuto da Cidade, escolher terrenos melhor localizados, e de regular projetos e exigir boas soluções. Enorme potencial ao juntar Subsídios + autonomia municipal + preocupação pública com a reforma urbana e a criação de uma nova matriz A EXPERIÊNCIA ADQUIRIDA FAZ COM QUE HOJE OS PROJETOS DE FAIXA 1 MUITAS VEZES SÃO OS QUE TRAZEM INOVAÇÕES E QUALIDADE POSSIBILIDADE DE (RE)UNIFICAR POLÍTICA HABITACIONAL COM POLÍTICAURBANA Promover a implementação do Estatuto da Cidade e regular a cidade formal em novos moldes menos impactantes
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