Extratos vegetais principais processos extrativos
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- Kléber Leveck de Santarém
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1 Extratos vegetais principais processos Prof. Drielly Rodrigues Viudes Disciplina de Fitoterapia Aplicada à Nutrição UniSalesiano Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
2 Fim do século XVI emprego de estratos na Alemanha Em 1812 Chevreul demonstrou a natureza complexa dos extratos - Preparações que apresentavam numerosos componentes dependendo além da droga vegetal, do tipo de solvente e processo extrativo Atualmente extratos vegetais estão em evidência = segmentos farmacêuticos, alimentício e cosmético Industria alimentícia + farmacêutica = desenvolvimento de produtos com maior quantidade de extratos vegetais (compostos bioativos/metabólitos secundários)
3 Tecnologia para obtenção de extratos vegetais difere dependendo da técnica = todas seguem critérios universais Extratos purificados seguem a risca todos os critérios universais e metodológicos fitofármaco Requisitos dos extrato vegetais: - Pureza - Estabilidade - Limites mínimos de solventes residuais e pesticidas de acordo com o previsto por autoridades internacionais de saúde
4 Para o processo de fabricação é fundamental escolha da matéria-prima e do melhor método de extração Fatores que influenciam na composição do extrato ou fitofármaco: - cultivo, variabilidade química, diferenças entre lotes, diferenças nos processos e condições de armazenamento.
5 Definição - Extratos vegetais preparações líquidas, semi-sólidas (extratos moles) ou sólidas (extratos secos) Obtidos de matérias primas vegetais por meio de processo de extração ou dissolução com emprego de solventes Solventes: devem ser adequados ao que se pretende, dependendo do composto bioativo. Mais comuns: água, água-álcool, água-propilenoglicol ou óleos fixos
6 Assim... Extratos são utilizados para concentrar uma determinada substância, reduzindo a posologia, aumentando o prazo de validade e conservação, além de ter a finalidade de diminuir a presença de compostos indesejáveis.
7 Processos Extratos vegetais obtidos a partir de drogas vegetais - Poucos de plantas medicinais in natura Ex Alcachofra (Cynara scolymus L.) Objetivo retirar constituintes que possuam atividade farmacológica Composição da planta é complexa separar os princípios Compostos terapêuticos (taninos,alcaloides, flavonoides, óleos essenciais, etc) + substâncias sem atividade farmacológica (açúcares, amido, celulose, etc) SOLVENTE COM PROPRIEDADE SELETIVA
8 Escolha do Solvente Dependendo da finalidade: Solvente polar ou apolar Geralmente utiliza-se solvente de alta polaridade para obtenção de maior parte dos constituintes da planta = álcool etílico ou metanol Solventes polares: água, glicerina, acetona, ácido acético, etanol (tem característica bipolar) Solventes apolares: hexano, benzeno, acetato de etila, clorofórmio
9 ATIVO POLARIDADE EXEMPLOS Saponinas Polar Glycyrrhiza glabra; Centella asiática Taninos Polar Hamamelis virginiana Flavonóides Polar Equisetum arvense; Silybium marianum Alcalóides Apolar Peumus boldus Molina Óleos essenciais Apolar Pimpnella anisum (erva doce), Rosmarinus officinalis (alecrim)
10 Escolha do solvente envolve: - Seletividade - Facilidade de manipulação - Custo - Economia - Segurança - Riscos ambientais - TOXICIDADE Mais usados: água (potável, sem excesso de Ca, Mg, Zn, Fe ou Al), álcool etílico e mistura desses líquidos
11 Fatores que influenciam no processo extrativo Estado de divisão da droga: -Tamanho das partículas do vegetal exerce influência - Extração melhor moída grosseiramente - Pó muito fino prejudica extração, levando a posterior filtração processo lento e perdas de extrato Moagem moinhos específicos para o tipo de droga vegetal e granulometria - Moinhos de facas folhas, talos, cascas e raízes - Moinhos de martelo sementes
12 Pós são classificados - Grosso ou semifino produção de extratos ou tinturas - Pós finos produção de chás (saquinho), infusões (embalados a granel) Problema pós acondicionamento inadequado - Pós de plantas ricas em óleos essenciais evita-se armazenamento por longo período = perda de seus constituintes (Legislação preconiza validade de 12meses)
13 Agitação - Técnicas clássicas utilizam, porém deixa o processo demorado (10 a 15 dias) exemplo maceração Temperatura - Processo de extração a quente é mais rápido aumenta solubilidade dos compostos - Ex. Infusão Tempo de extração - Variável horas ou dias - Depende: estado de divisão, natureza princípios ativos, tipo de solvente e equipamento selecionado
14 Processos de extração: infusão, decocção, maceração, digestão, percolação Infusão - Um dos processos mais antigos e tradicionais - Muito utilizado na fitoterapia popular - Método consiste: adicionar água pré fervente sobre as partes da droga vegetal e manter em um recipiente fechado/abafado, geralmente de 5 a 10 min, e depois filtrado. Droga seca 4g a 5g Droga fresca 8g a 10g
15 Chás de saquinho quantidade adequado de droga vegetal para 150 ml - São mais finos tempo 3 a 5 minutos - Deixam compostos ativos mais expostos Infusão para gripe e resfriado ingerir quente Devem ser preparadas em doses individuais e utilizadas logo em seguida Em caso de quantidades maiores estabelecer prazo de consumo: ideal 12h Utiliza-se infusão : folhas, flores ou partes floridas
16 Na legislação brasileira Chá é definido como produto constituído de uma ou mais partes de espécie(s) vegetal(is) inteira(s), fragmentada(s) ou moída(s); com ou sem fermentação, tostada ou não, constantes de Regulamento Técnico de Espécies Vegetais para o preparo de chás. O produto pode ser adicionado de aromas ou especiarias para conferir sabor Embalagem não pode ter indicação terapêutica
17 Chás podem ter 3 formas de identificação Uso: escrito na embalagem, e adequado pelo prescritor 1. Chá a granel usuário pode verificar qualidade da mistura, infestação por pragas, se há alto conteúdo da erva em pó 2. Chás em saquinho são embalados em papel filtro; simplificação da dosagem e praticidade no uso - Desvantagens: material vegetal moído em pedaços muito finos facilita oxidação e evaporação de óleos essenciais; Dificuldade de inspeção 3. Chás solúveis não deveriam ser denominados chás, pois apresentam um veículo em sua constituição (maltodextrina ou lactose ou sacarose 97%) que são adicionados no processo de secagem - Qualidade inferior ao produto original
18 Decocção Droga vegetal é dividida grosseiramente, em contato, em um recipiente fechado, com um solvente, geralmente água, sob aquecimento, até ebulição Diferença da infusão: manter sob fervura por pelo menos 10 minutos, gerando o chamado DECOCTO Restrita a poucas drogas vegetais, pois a maior parte dos princípios ativos presentes podem ser alterados devido aquecimento em alta temperatura por tempo prolongado Para sementes, cascas e raízes, por possuírem barreira fibrosa
19 Tanto para INFUSÃO quanto para Decocção Evitar recipientes de ferro, alumínio e outros metais que possam prejudicar a extração e atividade dos princípios ativos - Pode-se aconselhar: vidro ou aço inox
20 Maceração Extração na qual a droga vegetal é submetida ao contato com solvente por vários dias, com eventuais agitações, à temperatura ambiente. Processo lento Droga deve ser dividida em, rasgada nunca em pó Exemplo de maceração Rosmarinus officinalis no azeite Maceração dinâmica há constante agitação da matéria vegetal e do solvente Nesse processo não se alcança o esgotamento da droga vegetal
21 Outros processos Digestão Parecido com maceração porém realizado a quente (40 a 50 C) Pode-se utilizar água quente em álcool e óleo com tempos menores que a maceração (2-6 horas) Extrato final deve ser preservado de contaminação adição de conservantes
22 Outros processos Percolação Consiste na passagem do líquido extrator através da droga vegetal, de tamanho adequado, até seu completo esgotamento. Percolação simples: droga é acondicionado em recipiente cônico provido de uma placa perfurada e de torneira na parte inferior, denominado de percolador Etapa preliminar => umedecimento da droga vegetal por 1 a 2 horas, fora do percolador -Acondiciona-se droga vegetal ao percolador adiciona-se solvente até cobri-la - Pode levar vários dias descrito na farmacopeia - No período adequado abertura da torneira e recolhe-se o percolato em recipiente adequado - 80% líquido inicial ( mais rico em compostos ativos) e 20% do final é retirado em outro recipiente para retirada de solventes - Pouco utilizado na indústria custo e tempo
23 Outros processos Turbólise ou turbo extração Equipamento turbolizador Extração é realizada simultaneamente com redução das partículas (moagem + extração) Diminui drasticamente o tamanho da partícula, sendo dissolvidas as substancias ativas rapidamente para o solvente Tempo de extração pequeno e ótimo rendimento Usado para preparo de tinturas e extratos fluidos Desvantagem dificuldade na separação
24 TIPOS DE EXTRATOS Há vários tipos de extratos na farmacopeia Mais comuns: - Extrato fluido - Tinturas - Alcoolaturas - Extrato glicólicos - Óleos essenciais - Sucos - Extrato mole - Extrato seco - Extrato padronizado
25 Extrato fluido Preparações líquidas obtidas pelo processo de percolação Cada 1ml da droga corresponde a 1g da droga vegetal Pode haver formação de pequena quantidade de sedimento (corpo de fundo) durante armazenagem - Aceitável desde que a concentração final do extrato não sofra alteração significante - Pouco usado devido existência de formas extrativas mais práticas e de baixo custo - Produzidos pela indústria Eparema e Maracugina
26 Tintura Preparações líquidas alcoólicas ou hidroalcoólicas obtida da droga vegetal Utiliza-se 1 parte de droga vegetal para 10 partes de solvente de extração ou 1 parte de droga vegetal para 5 partes de solvente de extração Tinturas também podem apresentar sedimento como extrato fluido Pode ser preparada maceração ou percolação à temperatura ambiente Podem ser simples (Tintura de Camomila ) Tintura composta (Tintura de hortelã com alecrim) Utilizadas diretamente por diluição em água Tinturas mães uso em homeopatia e para preparação de medicamento homeopático, sendo padronizado a proporção 1:10
27 Alcoolaturas Preparações à base de plantas frescas, raramente de plantas secas ou drogas vegetais Maceração em temperatura ambiente com álcool etílico Utilizado quando compostos bioativos podem ser perdidos por processo de secagem A administração não é VO
28 Extrato glicólico Preparações líquidas densas obtidas por processo de maceração da droga vegetal em um solvente hidroglicólico Solúveis em água Muito utilizado para produção de cosméticos Não usa-se álcool Utilizado para preparações de uso tópico, por ser irritante de mucosa.
29 Sucos Preparados líquidos a partir de plantas recentemente colhidas, maceradas em água e posteriormente espremidas. Usado para plantas que tenham componentes químicos não muito ativos Poucos estudos sobre composição química dos sucos de plantas e reações com meio aquoso perdas Sucos usados em fitoterapia alho, agrião, dente-de-leão
30 Óleos essenciais São caracterizados como compostos aromáticos, normalmente voláteis, que são extraídos dos vegetais por vários métodos Ampla aplicação: fitoterápicos, indústria cosmética (sabonetes), aromaterapia e alimentos (aromatizantes) Exemplo de método de extração Prensagem a frio - Comumente utilizado para extração de óleos de frutos cítricos como laranja e limão - Neste processo: - Frutos são colocados inteiros numa prensa hidráulica mistura de suco e óleos essenciais presentes nas cascas dos frutos centrifugação Outros óleos óleo de amêndoas
31 Extrato mole Preparações de consistência viscosa obtidos por mio da evaporação parcial do solvente utilizado na sua preparação Únicos solventes utilizados : álcool, água Adiciona-se conservantes para impedir crescimento microbiano Uso restrito == dificuldades técnicas e práticas Aplicação pastilhas, balas, uso tópico e oral
32 Extrato seco Mais utilizados e indicados Preparações sólidas obtidas por meio da evaporação do solvente utilizado na sua preparação, com teor de água em torno de 5% Maior estabilidade química e maior facilidade de armazenamento e transporte Obtenção do extrato por meio de spray-drying - Solução a ser seca é dispersa em forma de gotículas muito finas em uma corrente de ar quente, com temperaturas que alcançam 150 a 200 C, onde a secagem ocorre em segundos - Usado para compostos estáveis a altas temperaturas para curto tempo
33 Spray Dryer
34 Extrato seco Também o processo de secagem em estufas Tradicional e muito utilizado Para pequenas quantidades Não utilizados para compostos termolábeis (estufas tem temperatura de 60 a 80 C)
35 Extrato padronizado Característica apresentar teores de seus constituintes ajustados pela adição de extratos obtidos com a mesma droga utilizada na preparação Importante para garantir qualidade Pode ser definido por meio da relação entre quantidade da droga tratada e quantidade de extrato obtidos - Exemplo : extrato seco de Guaraná (Paullinia cupana Kunth) 2:1 Indica: foram necessários 2kg de planta seca para fornecer 1kg de extrato seco
36 Considerações finais Avanços na utilização e cuidados Aumento da prescrição médica e promoção à produção de extratos com custos mais razoáveis Mais pesquisas com nossa biodiversidade, promovendo segurança na prescrição
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