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1 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRATICA REGISTRADO(A) SOB N t itiiu uni uni IIIII IIIII iiiii mu mu mi m Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação n , da Comarca de Santos, em que é apelante J A BRAZIL WORLDWIDE AGENCIAMENTOS DE CARGAS INTERNACIONAIS LTDA sendo apelado SEA MASTER LOGISTICS ( HOLDING ) LIMITED (LOGITRADE REPRESENTAÇÃO TRANSPORTES E COMÉRCIO INTERNACIONAL LTDA). ACORDAM, em 23 a Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "DERAM PROVIMENTO AO RECURSO. V. U.", de conformidade com o voto do(a) Relator(a), que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores PAULO ROBERTO DE SANTANA (Presidente) e JOSÉ MARCOS MARRONE. São Paulo, 18 de maio de w. RIZZATTO NUNES RELATOR

2 VOTO N : APEL.N 0 : COMARCA: SANTOS APTE. : J A BRASIL WORLDWIDE AGENCIAMENTO DE CARGAS INTERNACIONAIS LTDA APDO. : SEA MASTER LOGISTICS (HOLDING) LIMITED (representada por LOGITRADE REPRESENTAÇÕES, TRANSPORTE E COMÉRCIO INTERCIONAL LTDA) CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO - TRANSPORTE MARÍTIMO - Cobrança de sobreestadias de container - Indeferimento da denunciaçao da lide da importadora das mercadorias, com posterior julgamento de procedência do feito - Todavia, a prova dos autos demonstra a verossimilhança das alegações da ré, que alega não ser ela a responsável pela demurrage, além da visível omissão e indolência da autora em reaver o container - Anulação da r. sentença a quo que é de rigor, para permitir o ingresso da litisdenunciada no pólo passivo da demanda, a fim de que se conheça sua versão sobre o direito invocado pela autora na inicial e para que assuma eventual responsabilidade pelo resultado da lide, nos termos do artigo 77, III, do CPC, se for o caso - Apelo provido para este fim.* Trata-se de recurso de apelação interposto contra a r. sentença de fls. 150/152, cujo relatório se adota, que julgou procedente ação de cobrança. Os embargos declaratórios, opostos pela ré às fls. 157/165, foram rejeitados pela r. decisão de fls Apela a ré (fls. 166/189), insistindo, preliminarmente, na sua ilegitimidade passiva, bem como no cerceamento ao seu direito de defesa, por ter sido indeferido pelo MM. Juiz a quo o seu pedido de denunciaçao da lide da importadora da carga, a empresa Alcoex Trading Assessoria Comercial, Importação e Exportação Ltda, que seria a responsável direta pelo atraso na devolução da unidade de carga à autora apelada. No mérito, sustenta ser apenas uma agente desconsolizadora de cargas importadas quando estas chegam ao Brasil, não tendo atividade econômica de importação e exportação de mercadorias. Alega que a exportadora Triple Eagle Container Line LTD vendeu a mercadoria, com o frete incluso,

3 2 para a importadora Alcoex Trading Assessoria Comercial, Importação e Exportação Ltda, contratando a autora Sea Master Logistics (Holding) Limited para embarcar a carga e fazer o transporte internacional da mercadoria. Assim, sustenta ser a importadora Alcoex a real proprietária da mercadoria e a responsável pela demurrege (sobreestadia de container) ora em cobrança nestes autos. Aduz, ainda, que a r. sentença combatida não se manifestou sobre os argumentos da contestação (fls. 61/63) e sequer referiu-se aos documentos juntados com a resposta às fls. 74 e seguintes, que comprovariam a sua ilegitimidade passiva e nos quais a autora reconhece não ser a ré a responsável pela devolução do container. Colaciona diversas jurisprudências do Eg. STJ e de outras Cortes de Justiça, que reconhecem não ser o agente marítimo, representante, empregado, mandatário ou comissionário do transportador, nem responde pelos autos de sua representada. Aduzindo que a cobrança de sobreestadia tem caráter de punição e de prévia indenização pela privação do uso do container pelo transportador marítimo, afirma que o devedor somente incorre na cláusula penal quando o descumprimento da obrigação é decorrente de sua culpa, o que não ocorreu no caso dos autos, nem foi demonstrado pela autora. Assim, pede o provimento do recurso, para reconhecer a sua ilegitimidade passiva ou para que a ação seja julgada improcedente. Recurso preparado (fls. 190/192) e respondido às fls. 195/214. É o relatório. Sea Máster Logistic (Holding) Limited (representada por Logitrade Representações, Transporte e Comércio Intercional Ltda) ajuizou ação de cobrança contra J.A. Brasil Wordwide Agenciamento de Cargas Internacionais Ltda, com os elementos de fls IVr Cristina - Voto 17211

4 3 A ação foi julgada "PROCEDENTE, para condenar a ré ao pagamento da quantia de R$ ,21, quantia a ser acrescida de juros na forma do artigo 406 do Código Civil (taxa selic) desde a citação nos termos do artigo 219 do Código de Processo Civil, e com correção monetária desde o ajuizamento da ação, nos termos do artigo 1, 2, da Lei n 6.899/91". Nas razões do seu apelo, a ré insiste na tese da sua ilegitimidade passiva e no cerceamento do seu direito de defesa, por não ter sido deferido o pedido de denunciação da lide da empresa Alcoex Trading Assessoria Comercial, Importação e Exportação Ltda. Não se desconhece que inúmeros julgados desta Col. Corte de Justiça vem reconhecendo a responsabilidade do agente aduaneiro pelo pagamento da sobreestadia de containeres, nas situações em que este diretamente contratou (Conhecimento de Embarque) o transporte marítimo de mercadorias provenientes do exterior, especialmente se no Termo de Responsabilidade ajustado com o transportador estão previstos, após o desembarque, o período livre (free time) para a entrega dos containeres e a cláusula penal prevendo a cobrança e o valor da sobreestadia dos containeres (demurrage). Também não se olvida que nestes casos a denunciação da lide da importadora da mercadoria tem sido indeferida, com base nos princípios da economia e celeridade processual, por entenderem os Magistrados que a agência aduaneira poderá agir regressivamente contra aquela, se assim o desejar, a fim de se ressarcir dos valores que eventualmente foi obrigada a despender para indenizar à transportadora. Contudo, considerando: 1) a veemente defesa da ré no sentido de que a responsável pelo atraso na devolução do container seria a importadora da carga e que "não tem condições financeiras de M a Cristina -Voto 17211

5 4 arcar com a absurda dívida (dívida esta que não contraiu), sem fechar as portas e desligar seus 15 (quinze) funcionários diretos" (fls. 176) ; 2) que a autora, visando induzir o Juízo a erro, não teria juntado aos autos o Conhecimento de Marítimo trazido pela ré com sua resposta (fls. 74/78), que demonstraria não ser a ré apelante a efetiva importadora e consignatária da carga; 3) que os documentos de fls. 79/113, também juntados com a resposta, demonstram a existência de um contrato de agenciamento entre a importadora Alcoex e a ré J.A. Brasil, além da troca de s entre prepostos da autora Logitrade e da ré, indicando que a demora pela entrega do container se deu mesmo por culpa da importadora; 4) e, ainda, pelo fato de que - embora pudesse exigir a pronta devolução do container no prazo de 90 dias ou promover a sua busca e apreensão, sem prejuízo da cobrança da sobreestadia acumulada até o efetivo pagamento (fls. 27) - a autora preferiu esperar por 4 64 (quatrocentos e sessenta e quatro dias) pela entrega espontânea do cofre de segurança (fls. 30), o que indica que não tinha pressa na cobrança e na devolução do container, eis que, ao que tudo indica, lucra mais com a sobreestadia 464 dias : R$ ,00 = R$ 160,00, por dia, do que propriamente com o transporte de mercadorias 40 dias : R$ 5.820,00 = R$ 145,00, por dia (fls. 30 e 78). Logo, com base nos indícios de veracidade das alegações da ré e na omissão e indolência da autora, a anulação da r. sentença combatida é de rigor, a fim de permitir que a importadora Alcoex Trading Assessoria Comercial, Importação e Exportação Ltda passe a integrar o pólo passivo da lide, trazendo para os autos a sua versão sobre o direito invocado pela autora na inicial e assumindo eventual responsabilidade M a Cristina -Voto 17211

6 5 pelo resultado da lide, nos termos do artigo 77, III, do CPC, se for o caso. Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso para anular a r. sentença a quo e acolher a denunciação da lide da empresa Alcoex Trading Assessoria Comercial, Importação e Exportação Ltda, com prosseguimento do feito até que atinja seus ulteriores termos. RIZZATTOy Desembargador Relator M a Cristina-Voto 17211