Estudos das Relações Étnico- Apresentação do Professor -Raciais para o Ensino de História e Cultura Afro- -Brasileira e Africana e Indígena

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1 Estudos das Relações Étnico- -Raciais para o Ensino de História e Cultura Afro- -Brasileira e Africana e Indígena Teleaula 1 Prof. Me. Sergio Luis do Nascimento tutoriapedagogia@grupouninter.com.br Pedagogia Apresentação do Professor Graduação em Filosofia (PUCPR/98) Pós-Graduação em Especialização em Magistério da Educação Básica (2000) Mestre em Educação na linha de Cognição e Aprendizagem (UFPR/2009) Doutorando em Educação (UFPR) Professor substituto na UFPR, no setor de Educação (DEPLAE), de 2009 a 2011 Ementa Conceitos básicos: Escravo, escravizado, negro, preto, pardo, afrodescendente Democracia racial Mestiçagem Ideologia do branqueamento Raça, racismo, discriminação racial, preconceito racial Desigualdade Desigualdade sociorracial Ações afirmativas Relações raciais na Educação Lei nº /2003 Lei nº /2008 História e memória dos povos indígenas As diversidades culturais delineadas através das singularidades nas línguas, nas religiões, nos símbolos, nas artes e nas literaturas O legado dos povos quilombolas e guaranis 1

2 Organização da Disciplina 1º encontro Relações raciais no Brasil e a história da escravização 2º encontro Educação e desigualdade racial no Brasil 3º encontro Relações raciais e o combate às desigualdades Organização da Teleaula Relações raciais no Brasil e a história da escravização: O conceito de escravo e cativo Lei nº /03 e Lei nº /08 Nota sobre o conceito de raça Ideologia do branqueamento Referências conceituais Contextualização O desafio mais crítico para aqueles que lutam contra o racismo no Brasil está em convencer a opinião pública do caráter sistemático e não casual dessas desigualdades Escravidão Antiga A denominada escravidão antiga teve seus modelos mais visíveis nas cidades-estados gregas Em Roma, a pessoa escravizada tinha as mais variadas origens prisioneiros de guerras, devedores, criminosos e a escravidão podia ser algo (...) (...) transitório, em que, fundamentalmente, a rentabilidade da pessoa escravizada residia naquilo por ela produzido 2

3 Escravidão Moderna A denominada escravidão moderna surgiu no contexto da expansão europeia para a América, e se caracteriza, diferentemente da escravidão antiga, por seu caráter comercial A rentabilidade da escravidão está muito mais na compra e venda de cativos/as do que naquilo produzido por essas pessoas, ademais, constrói-se todo um sistema produzido, como o açucareiro e cafeeiro, com base no trabalho cativo; fato que não se fazia presente nesta escala no mundo antigo. (COSTA, 2013) A Diferença entre Escravo e Cativo Escravo: que ou quem está sob o poder absoluto de um senhor que o aprisionou ou que o comprou. Está na dependência de outro; é presa de um sentimento, de um princípio: escravo do dever Cativo: prisioneiro de guerra. Seduzido, atraído. Obrigado, sujeito A problematização e a ressignificação dos termos levanta um questionamento de ordem sutil sobre o termo escravo, pois ela imprime na pessoa escravizada certo aspecto de passividade, ou seja, é como se as pessoas se deixassem escravizar. (COSTA, 2013) Numa busca de rompimento com este aspecto de definição simplificada de escravo é que inúmeros estudiosos, especialmente os mais próximos aos movimentos negros, preferem o termo cativo/a ao invés de escravo/a. (COSTA, 2013) 3

4 Lei nº /2003 Altera a Lei nº 9.394/96, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a da temática: História e Cultura Afro-Brasileira, e dá outras providências Art. 1º A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida dos seguintes artigos: 26 A, 79 A e 79 B Art. 26 A Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre história e cultura afro-brasileira e indígena 1º O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à história do Brasil 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras Art. 79 B O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra 4

5 Lei nº /2008 Art. 1º O art. 26 A da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação: Art. 26 A Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura (...) (...) negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil O Conceito de Raça Conceitualização A raça não existe biologicamente, histórica e socialmente Segundo Telles (2003), raça é uma construção social, com pouca ou nenhuma base biológica. A raça existe apenas em razão das ideologias racistas 5

6 No século XIX, as ideias do racismo científico foram traduzidas, divulgadas e estudadas no Brasil Autores do darwinismo social foram insistentemente traduzidos e citados, com destaque para postulação da raça como critério de hierarquia No final do século XIX, muitos autores insistiram nos malefícios da miscigenação, que determinaria uma população deficiente Teorias Raciais Segundo Costa (2013), as teorias defendiam, além da existência de raças humanas, a superioridade de umas sobre outras, de modo a se configurarem algo como um direito de superioridade, em que as raças superiores poderiam e/ou deveriam tutelar as inferiores Principais Teóricos Entre os teóricos, estão: Georges Vacher de Lapouge, que distinguiu o Homo europeu, destinado a dominar, do Homo alpino, destinado a trabalhar e a obedecer Para o conde Joseph Arthur de Gobineau ( ), a concepção de que a raça ariana era superior Charles Letourneau, autor lido e respeitado no Brasil (COSTA, 2013, p. 50) Compartilhava dessa ideia Raimundo Nina Rodrigues ( ), que foi contra a miscigenação alinhando a uma perspectiva mais pessimista da nossa sociedade No livro Os africanos no Brasil, a presença negra seria um fator explicativo para a inferioridade do povo brasileiro 6

7 Silvio Romero ( ), ao contrário dessa linha pessimista, mantinha um visão mais otimista da miscigenação darwinista social acreditava na superioridade da raça branca e, pela seleção natural, o tipo branco iria tornar-se preponderante até mostrar-se puro e belo como no velho mundo (SILVA, 2005) Ideologia da Supremacia Branca (Ideologia do Branqueamento) Esta concepção foi a base para a solução brasileira que resultaria na teoria do branqueamento A Redenção de Can (1895), de Roberto Brocos ( ) O quadro venceu a medalha de ouro da Exposição de Artes Plásticas de 1895 e está no Museu das Belas Artes, no Rio de Janeiro Aplicação Prática Zumbi (Jorge Ben Jor 1972) Angola Congo Benguela Monjolo Cabinda Mina Quiloa Rebolo Aqui onde estão os homens Há um grande leilão Dizem que nele há Uma princesa à venda Que veio junto com seus súditos Acorrentados num carro de boi (...) (...) Angola Congo Benguela Monjolo Cabinda Mina Quiloa Rebolo Aqui onde estão os homens De um lado cana-de-açúcar Do outro lado o cafezal Ao centro senhores sentados (...) 7

8 (...) Vendo a colheita do algodão tão branco Sendo colhidos por mãos negras Quando Zumbi chegar O que vai acontecer Zumbi é senhor das guerras (...) (...) É senhor das demandas Quando Zumbi chega e Zumbi É quem manda Dança No Brasil, temos vários legados das danças africanas, não apenas no Candomblé, no samba e na capoeira, mas também nos vários ritos e práticas do cotidiano, como expressões de angústia, sofrimento, recordações, ânsia de liberdade Orientações Resgatar, por meio da dança, a ancestralidade/atualidade cultural africana Desenvolver os aspectos cognitivos, motores e a harmonia do corpo Desenvolver o espírito coletivo e a criatividade dos alunos Síntese O intuito foi apresentar: a ideia de raça como produtora de diferenças, tendo em base a natureza física dos indivíduos e a ideia de que existem raças superiores e raças inferiores 8

9 É importante salientar que: as noções de raça e etnia são construções sociais a etnicidade atua como possibilidade de visibilidade e luta política por parte de grupos sociais a identidade étnica é flexível e relacional as políticas educacionais formuladas a partir dos novos marcos constitucionais têm como diretrizes a afirmação das identidades étnicas, a recuperação das memórias históricas, a valorização das línguas e ciências dos povos indígenas e o acesso aos conhecimentos e tecnologias relevantes para a sociedade nacional Referências de Apoio Link para Consultas Diversos textos: < /esquecer-jamais.html> CARVALHO, Ana Paula Comin de. et al. Desigualdades de gênero, raça e etnia. Curitiba: InterSaberes, FREITAS, Fátima e Silva. A diversidade cultural como prática na educação. Curitiba: Ibpex, PAULA, Claudia Regina de. Educar para a Diversidade: entrelaçando redes, saberes e identidades. Curitiba: Ibpex, TELLES, E. Racismo à brasileira: uma perspectiva sociológica. Rio de Janeiro: Delume Dumará, COSTA, Hilton. Africanas e africanos escravizados no Brasil. In: COSTA, Hilton; SILVA, Paulo Vinicius Baptista da. (Org.). África da e pela diáspora: pontos para a Educação das Relações Étnico- -Raciais: Coleção Cadernos NEAB-UFPR. Curitiba: NEAB-UFPR, 2013, v. 1, p

10 BRASIL. Ministério da Educação. Superando o Racismo na escola. Revista Alfabetização e Diversidade. 2. ed. Org. por Kabengele Munanga. Brasília: Secretaria de Educação Continuada, LOCONTE, Wanderley. (Coord.). Racismo, preconceito e intolerância. São Paulo: Atual,