Selene e a pedra da Lua Mari Pini
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- Nathalie Godoi Amorim
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1 Ilustrações Simone Matias Temas Astronomia; Amizade; Distúrbio de déficit de atenção; Respeito Guia de leitura para o professor 84 páginas Sinopse O livro é uma descrição do cotidiano da menina Selene, a partir do dia em que encontra uma pedra na rua e acredita que ela deve ter caído da Lua. Intrigada com a descoberta, Selene começa a tecer hipóteses de onde a pedra teria vindo e inicia, com a ajuda de seu padrinho, uma curiosa e divertida pesquisa sobre o satélite da Terra. Complexidade do texto Indicado para crianças de 7 a 10 anos, o texto é contado por um narrador onisciente que descreve o dia-a-dia da protagonista Selene, uma menina portadora de distúrbio de déficit de atenção. Em seu cotidiano, marcado por certa desorganização, a personagem é uma criança curiosa, que investiga fenômenos naturais ligados à astronomia e que vai aprendendo a se relacionar com os outros justamente pela vontade de compreender o mundo que a cerca.
2 por que este livro? Dica O distanciamento da menina de colegas da escola pode provocar uma calorosa discussão em classe sobre as diferenças, e mesmo sobre a solidão. Selene não gostava que olhassem para ela de um jeito diferente, pois achava que seus colegas a consideravam meio maluca, e os vizinhos a viam como uma extraterrestre. Um exercício sobre a subjetividade de cada um e o respeito que todos devem ter entre si poderia ser um mote para trabalhos em sala de aula. Um dos primeiros pensamentos de Selene, desvendados pelo narrador onisciente, é a raiva e frustração diante da sua dificuldade de concentração em classe. Selene já havia trocado de escola várias vezes e havia prometido para si mesma que iria se esforçar ao máximo para não causar problemas com suas atitudes dispersivas. Seria interessante formar uma roda onde os alunos pudessem relatar suas experiências na escola e, com isso, fazê-los perceber que, assim como Selene, outras crianças já trocaram de escola, já se perceberam dispersivas e puderam se sentir diferentes por várias razões. O livro Selene e a pedra da Lua proporciona aos leitores o contato com um tipo de infância diferente. Selene, a protagonista da narrativa, é uma menina que tem distúrbio de déficit de atenção e tenta se adaptar ao cotidiano das outras crianças de sua idade. A convivência e as conversas de Selene com seu tio-padrinho que envolvem histórias maravilhosas e muitas descobertas científicas possibilitam o desenvolvimento de suas capacidades criativas, afetivas e intelectuais. Acompanhando o relacionamento de Taborda com a afilhada, o leitor pode investigar maneiras de lidar com as próprias limitações e dificuldades, inspirando-se nas conversas e na proximidade de ambos. Com Selene, o leitor aprende como a curiosidade em relação aos fenômenos que nos cercam pode abrir portas para a imaginação, para o amadurecimento e para o autoconhecimento. O texto em foco temas em discussão Na estrutura narrativa de Selene e a pedra da Lua, a onisciência do narrador cativa o leitor. Por meio dessa técnica de narratividade, os personagens são apresentados com sensibilidade e se aproximam do universo infantil. No decorrer do texto, o leitor vai se dando conta de que o narrador conhece tudo sobre a trama. Por conta disso, e da linguagem simples e direta utilizada, há empatia instantânea entre o leitor e a protagonista. Pelas vivências de Selene, o leitor pode se conscientizar de suas próprias dificuldades e desejos. A história da menina, durante oito semanas, é acompanhada pelas mudanças de fases da Lua, que influenciam seu comportamento. Selene navega por momentos de debates interiores, agitação, alegria, melancolia, enquanto faz suas descobertas sobre o Universo e sobre os mistérios científicos. O movimento da narrativa segue o fluxo das fases da Lua. A cada mudança de fase, um novo capítulo surge e, com ele, novas sensações e emoções da personagem. Para a Lua minguante, introspecção; para a Lua cheia, muito movimento e ação; na Lua nova, expectativa.
3 O distúrbio ou transtorno de déficit de atenção tem chamado a atenção dos estudiosos. Atualmente, afirma-se que 3% a 5% das crianças em todo o mundo enfrentam problemas de falta de atenção, impulsividade e hiperatividade. Os sintomas desse distúrbio se manifestam em três áreas: na atenção, que dificilmente se mantém constante; na atividade motora, com sinais de hiperatividade; e na dificuldade de manter o autocontrole. É um distúrbio neurológico que requer apoio psicoeducacional, além da compreensão dos pais e amigos. Dica Selene, a Lua para os antigos gregos, era filha de Zeus e deusa da caça. Figura feminina representada sempre com arco-e-flecha, era também ligada à castidade e à fertilidade. A partir do mito de Selene, pode-se trabalhar alguns mitos fundamentais da cultura brasileira que também remontam à Lua, sejam indígenas ou afro-brasileiros, tais como a história de Jaci e de São Jorge. Os alunos podem fazer um trabalho paralelo à leitura, do ponto de vista mitológico, pesquisando as tradições grega, egípcia, budista ou africana. Podem, também, aprofundar os tópicos científicos abordados no livro. Um debate e uma apresentação sobre os mitos criados a partir do satélite e sobre as teses científicas podem estimular a leitura, assim como originar outras pesquisas sobre o Sistema Solar. Selene sai, certo dia, desanimada da sala de aula. A professora tinha dito que teriam um trabalho bimestral importante: formular um problema científico, com hipóteses e conclusão! Ao caminhar para casa, pensativa, ela depara com o que viria a ser o início do seu projeto de ciências: uma pedra especial, com textura áspera, diferente. A partir desse momento, todos seus pensamentos se voltam para a descoberta da origem da pedra, que ela acredita ter caído da Lua. Assim, Selene encontra a motivação para as pesquisas sobre o satélite e para o surgimento da amizade com Oto, menino da sua classe também taxado de estranho. A narrativa conduz o leitor pelo desenvolvimento da pesquisa sobre a Lua que a menina faz, mostrando como ela se envolve com o assunto. Uma viagem com o padrinho para a praia, numa espécie de aventura científica, lhe proporciona descobertas sobre o pôr-dosol, sobre a relação entre a Lua e o planeta Terra, as marés, a atração entre os corpos celestes, as estrelas cadentes... Nessa viagem, que acontece sob a Lua cheia, Selene consegue organizar seus pensamentos e registrar tudo o que Taborda, seu padrinho, lhe ensina. No decorrer da história, a garota aprofunda ainda mais sua relação com o padrinho, assim como faz reflexões nas sessões com o terapeuta Gofredo. Ele sempre surge nas semanas de Lua nova ou minguante, exatamente nos períodos de introspecção ou expectativa que a protagonista vive. De maneira divertida e sensível, o terapeuta conversa com Selene sobre suas angústias e inseguranças, ajudando-a a organizar o cotidiano.
4 Dica Conforme sugerido anteriormente, o professor poderia assistir aos seminários filmados com os alunos, recapitulando todo o processo de pesquisa. Assim, numa espécie de segunda experiência científica, todos terão registrado a forma como se deu a elaboração integral dos trabalhos, suas dúvidas iniciais e que hipóteses elas geraram. Seria interessante retomar algumas hipóteses apresentadas sobre a Lua e o Sistema Solar e solicitar que retornem ao livro e procurem a resposta, verificando se ela está de acordo com o que foi pesquisado. O professor pode incentivar os alunos seguindo o exemplo de Taborda: Vamos lá, minha querida estudiosa, me responda: por que os astros não caem na Terra ou despencam do espaço e ficam girando de forma constante?. Esse tipo de provocação em sala de aula é de grande importância nessa faixa etária, pois os alunos já percebem que o acesso às informações científicas é relativamente fácil (por exemplo, via internet), mas a seleção dos dados é que se torna o desafio, pois é ela que exige, além de leitura e atenção focadas, ajuda do professor para selecionar as informações. A Lua é um satélite misterioso que foi tocado em 1969 pelos pés de um homem, Neil Armstrong. Mas, décadas depois, muitas pessoas ainda não acreditam ser possível que um astronauta tenha realizado tal façanha. A força desse elemento mitológico é tão grande que, mesmo diante de fotos e provas científicas, muitos duvidam de que a Lua possa ser apenas mais um elemento da natureza capturado pela ciência. Ela faz parte do nosso imaginário mais primitivo e é envolvida em diversas lendas e mitos. Para além das explicações científicas, ainda permanece sua capacidade de encantar. Como esquecer, por exemplo, que no imaginário popular a Lua cheia permite o aparecimento do lendário lobisomem? Ou que o satélite possua a magia de encantar enamorados diante de um bonito luar? Em tempo A investigação feita por Selene no decorrer da história é o conteúdo transversal do livro. A pesquisa da menina perpassa toda a narrativa. A personagem vai colhendo vários modos de entender de onde veio a pedra que encontrou na rua. Selene cria hipóteses, perguntas boas perguntas, segundo seu padrinho. Ensinar a aprender é criar espaços para as dúvidas. A protagonista tem um repertório grande de questões científicas e os personagens adultos vão incentivando a menina a pesquisá-lo, despertando ainda mais sua curiosidade e guiando-a em suas dúvidas. A construção do texto apresenta todo o processo de pesquisa, que se inicia com suas perguntas, passando pela seleção de textos informativos, comparações, relações e conclusão. Dessa forma, tal procedimento mune os leitores de estratégias de pesquisa em todas as áreas, já que podem seguir procedimentos idênticos aos da protagonista.
5 Refletindo com os alunos Para introduzir a leitura do livro, seria interessante antecipar, em alguma medida, que se trata de uma ficção, mas que o texto também se refere a um assunto comum a todos que freqüentam a escola: as relações sociais, seus desafios e suas particularidades. O professor pode guiar uma conversa com os alunos, perguntando a eles se já ouviram falar do DDA (distúrbio de déficit de atenção), uma das características da protagonista. Dessa maneira, adianta-se um conteúdo do livro para que os alunos adentrem a leitura com maior familiaridade. Como a protagonista Selene é interessada pelos fenômenos naturais, o professor pode selecionar alguns conceitos científicos relacionados à influência da Lua para explorar em classe, solicitando aos alunos que respondam a questões sobre o Sistema Solar. A partir de perguntas como: Por que a Lua influencia as marés?, Por que vemos apenas parte da Lua quando estamos sob a influência da Lua minguante?, Se alguém ficar um dia inteiro sentado na superfície da Lua, de que cor verá o céu?, Existem mais luas no Sistema Solar?, pode-se sensibilizar o grupo para o início da leitura, explicando que se trata de uma história cuja protagonista estuda fenômenos naturais. Como encerramento, o grupo pode ler conjuntamente, através do PowerPoint, caso a escola tenha infra-estrutura para isso, o site Nesse site, há um valioso resumo de histórias mitológicas importantes, assim como explicações científicas ilustradas sobre o satélite. A visita a um planetário ou a uma das onze sedes do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) poderia ser uma atividade de bons resultados. Outra possibilidade seria receber a visita de algum professor universitário que trabalhe em departamento de astronomia para um bate-papo com a classe.
6 para o professor Livros Mentes inquietas, Ana Beatriz Barbosa Silva, São Paulo: Editora Gente, para o aluno Livros Viagem ao céu, Monteiro Lobato, São Paulo: Editora Brasiliense, Pedro e o Cruzeiro do Sul, Cléo Busatto, Coleção Muriqui Júnior, Edições SM, A menina do tempo, Eva Piquer, Barco a Vapor, série Laranja, Edições SM, O coração da Terra, Associação francesa Les Petits Débrouillards, Coleção Mão na Ciência, Edições SM, O menino que florescia, Jen Wojtowicz, Edições SM, Da Terra à Lua, Júlio Verne, Melhoramentos, A conquista da Lua, Saul Seiguer Milder, FTD. Filme Genius (Leonardo da Vinci, Galileu Galilei e Charles Darwin), Distribuidora ST2, Elaboração do Guia Sandra Ghiorzi Preparação Malu Rangel Revisão Carla Mello Moreira e Márcia Menin
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