VACINAÇÃO CONTRA HPV: AÇÕES E EXPERIÊNCIAS DE MUNICÍPIOS DA 19ª COORDENADORIA REGIONAL DE SAÚDE
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- Samuel Sabrosa Padilha
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1 VACINAÇÃO CONTRA HPV: AÇÕES E EXPERIÊNCIAS DE MUNICÍPIOS DA 19ª COORDENADORIA REGIONAL DE SAÚDE SOARES, Bruna Braga 1, REHN, Martina 2, MARCHIONATTI, Amanda 2, MOARES, Stêfani 2, MACHADO, Ronaldo dos Santos 2, SILVA, Brenda 2, COSTA, Aline Aparecida Cezar 3 ; ZANELLA, Janice de Fátima Pavan 4, COSER, Janaina 5 Palavras-Chave: HPV. Vacina. Prevenção. Saúde do escolar. INTRODUÇÃO O papilomavírus humano (HPV) é um vírus que acomete principalmente a população jovem através de contato sexual e está relacionado com o desenvolvimento do câncer do colo do útero e verrugas genitais. Existem mais de 100 tipos virais e aproximadamente 40 infectam a mucosa genital (DE VILLIERS, 2013). Atualmente, dois tipos de vacina profiláticas estão disponíveis e são usadas em muitos países. Uma delas, denominada bivalente, é comercializada pela GlaxoSmithKline (GSK) e previne contra os tipos 16 e 18 de HPV. A outra, comercializada pela Merck, oferece proteção contra os tipos 6, 11, 16 e 18 (por isso denominada vacina quadrivalente) (GATTOC, NAIR, AULT, 2013). No Brasil, até o ano de 2013, estas vacinas estavam disponíveis apenas em clínicas de vacinação particulares. Em 2014, a vacina quadrivalente passou a ser oferecida também no Programa Nacional de Imunização (PNI). No ano de introdução da vacina foram vacinadas meninas na faixa etária de 11 a 13 anos. Em 2015 e 2016, o público alvo foi meninas na faixa etária de 9 a 11 anos e 9 a 13 anos, respectivamente (BRASIL, 2013b). 1 Acadêmica do curso de Enfermagem - UNICRUZ. Bolsista PIBIC/CNPq/UNICRUZ. brunabragasoares@gmail.com 2 Acadêmicos do curso de Biomedicina - UNICRUZ. Voluntários PIBIC/CNPq/UNICRUZ marti_domini@hotmail.com, aaamandam@hotmail.com, bistmoraes@hotmail.com, ronaldoaxx@hotmail.com, brenda_silva94@hotmail.com 3 Aluna do Programa de Pós-Graduação em Práticas Socioculturais e Desenvolvimento Social. - UNICRUZ. Voluntária PIBIC/CNPq/UNICRUZ. acezar@unicruz.edu.br 4 Doutora e Mestre em Biotecnologia. Docente do curso de Biomedicina UNICRUZ. Colaboradora PIBIC/CNPq/UNICRUZ. janicezanella@yahoo.com.br 5 Doutora em Biologia Celular e Molecular Aplicada à Saúde. Docente do curso de Biomedicina UNICRUZ. Coordenadora PIBIC/CNPq/UNICRUZ. coser@unicruz.edu.br Pesquisa desenvolvida com fomento PIBIC/CNPq/UNICRUZ
2 A implementação desta vacina se apresenta como uma experiência nova aos municípios brasileiros. Desta forma, esta temática necessita de mais estudos, para ampliar e fortaler as abordagens preventivas do HPV e doenças relacionadas. Nesse sentido, o objetivo desse estudo foi avaliar o impacto da campanha de vacinação contra o HPV na região de abrangência da 19ª coordenadoria regional de saúde (CRS) do estado do Rio Grande do Sul, mapeando as ações e experiências da campanha. METODOLOGIA Este estudo integra um projeto maior intitulado Avaliação da campanha e do impacto da vacinação contra o HPV, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Cruz Alta sob Parecer consubstanciado número , cujo objetivo é avaliar a campanha e impacto da vacina contra o HPV na Saúde Pública de municípios do interior do Rio Grande do Sul. Nesta etapa, o estudo abrangeu 6 municípios da 19ª CRS (Figura 1) e a amostra contemplou 7 profissionais de saúde que trabalham no programa de imunização. Foi aplicado um questionário com questões abertas para levantamento de informações acerca das atividades e experiências relacionadas a campanha nos municípios estudados. As respostas foram sintetizadas e agrupadas em duas categorias: 1) Atividades realizadas e, 2) Percepções e resultados. Em cada categoria os dados foram analisados descritivamente e apresentados em tabelas de frequência absoluta (n) e percentual (%). Figura 1 Região de abrangência da 19ª Coordenadoria Regional de Saúde Municípios integrantes do estudo Fonte: Adaptado de Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul. RESULTADOS E DISCUSSÃO A média de idade dos participantes foi de 32 anos, sendo 6 do sexo feminino e 1 do sexo masculino, todos enfermeiros atuantes no Sistema Único de Saúde (SUS). Quanto as estratégias de orientação utilizadas durante as campanhas de vacinação contra o HPV, todos
3 os participantes do estudo indicaram a realização de palestras e atividades nas escolas (tabela). Moizés e Bueno (2010) indicam que a educação sexual no ambiente escolar é importante para a prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, uma vez que neste local o adolescente constroi grande parte de sua personalidade. Além disso, para garantir esta educação, é imprescindível conhecer o público-alvo e seguir ao encontro de suas necessidades curiosidades e contexto em que vive, tornando as ações mais práticas e dinâmicas. Neste sentido, a escola também é responsável por discutir a sexualidade e promover educação em saúde (MAROLA, SANCHES, CARDOSO, 2011). Especificamente para a campanha de vacinação contra o HPV, as estratégias devem contemplar trabalho conjunto entre serviço de saúde e escolas, visando a garantia do acesso ao público alvo à vacinação (BRASIL, 2013b). Tabela. Atividades, percepções e resultados da campanha de vacinação contra o HPV em municípios da 19ª CRS Profissionais de saúde (n=7) Categoria n (%) Atividades realizadas Campanhas/Palestras/Orientações nas escolas 7 (100%) Divulgação pela mídia/ Conteúdo impresso 2 (29%) Visitas dos Agente Comunitário de Saúde 2 (29%) Orientações coletivas/ Busca ativa na comunidade 1 (14%) Percepção/resultados da Campanha Alcançaram a expectativa 6 (86%) Alcançaram parcialmente a expectativa 1 (14%) Alcançaram a meta de vacinação 3 (43%) Resistência por parte dos pais/responsáveis 2 (29%) Resistência por parte das escolas 1 (14%) Pouco/Nenhuma resistência 4 (57%) Conforme relato dos profissionais entrevistados, percebe-se que estas estratégias diferenciadas também foram buscadas durante a campanha, uma vez que a divulgação sobre a vacinação também aconteceu através da mídia, por meio de visitas dos agentes comunitários de saúde e com distribuição de conteúdo impresso - cartazes/panfletos (n=2, 29% cada). De fato, as formas de discussão sobre saúde não pode ser excludentes, mas precisam considerer as diferentes dimensões de comunicação. Neste contexto, a mídia se apresenta como estratégia mobilizadora, de ampliação do debate público e de democratização sobre diversos aspectos da saúde, como se observou no presente estudo. Entretanto, o discurso da mídia, por possuir regras próprias, seleciona que temas, opiniões e vozes devem ou não ter lugar na agenda de debate pública, o que extrapola, em muito, a pretensa objetividade e imparcialidade do jornalismo (ARAÚJO, CARDOSO, 2012, p. 129).
4 No caso da vacina contra o HPV, circularam na mídia informações sobre possíveis reações adversas da vacina, que possivelmente interferiram na adesão à campanha. Talvez isso se relacione ao fato de que, quando a vacina foi introduzida, 23 casos de reações psicogênicas foram notificadas no país (VACINA CONTRA HPV 2016, p. 34). Mesmo assim, em mais da metade dos municípios estudados (n=4; 57%), os profissionais relataram que houve pouca ou nenhuma resistência dos pais/responsáveis, escola ou público alvo da vacina. Ainda, a maioria (n=6; 85%) informou que seu município atingiu a expectativa, embora menos da metade deles (n=3, 43%) mencionaram ter cumprido a meta de vacinação. Em 2014 o estado do Rio Grande do Sul cumpriu sua meta de vacinação atingindo 84% da população alvo. No Brasil, o índice de meninas com idade entre 11 a 13 anos, vacinadas em 2014 e 2015 chegou a 92%. Entretanto, após três anos de implementação da vacina, a imunização integral ocorreu somente para 45% das meninas (DATASUS, 2014; VACINA CONTRA HPV 2016, p. 34). CONSIDERAÇÕES FINAIS Nos municípios estudados, a vacina contra o HPV apresentou resultados positivos quanto à aceitação e atividades de educação em saúde realizadas durante a campanha de imunização. REFERÊNCIAS ARAÚJO, I.S; CARDOSO, J.M. Comunicação e Saúde: Desafios para um Pensar-Fazer em Sintonia com o SUS. In: PELICIONI, M.C.F.; MIALHE, F.L. (Org.). Educação e Promoção da Saúde. São Paulo: GEN, p BRASIL, 2013b. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. Vacina contra HPV na prevenção de câncer de colo de útero - Relatório de Recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS CONITEC 82. <Disponível em: Acesso em 10 de maio de DE VILLIERS, E.M. Cross-roads in the classification of papillomaviruses. Virology. V.445, p. 2-10, DATASUS. Meta de imunização de adolescentes contra HPV é alcançada em vários estados segundo "Vacinômetro" do DATASUS. 2014, disponível em <pni.datasus.gov.br> Instituto Nacional de Câncer (Brasil).
5 GATTOC, L.; NAIR, N.; AULT, K. Human Papillomavirus Vaccination Current Indications and Future Directions. Obstet Gynecol Clin North Am. V.40, n. 2, p , MAROLA, C.A.G.; SANCHES, C.S.M.; CARDOSO, L.M. Formação de conceitos em sexualidade na adolescência e suas influências. Psic. da Ed. 33, p , MOIZÉS, J.S.; BUENO, S.M.V.; Compreensão sobre sexualidade e sexo nas escolas segundo professores do ensino fundamental. Rev. Esc. Enferm. v. 44, n. 1, p , VACINA CONTRA HPV SÓ TEM 45% DO PÚBLICO-ALVO. Zero Hora, Porto Alegre, p. 34, 28jul
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