A DIVULGAÇÃO DE ALTERNATIVAS PARA O USO RACIONAL DOS RECURSOS HÍDRICOS NA 7 SÉRIE DA ESCOLA ESTADUAL ÉRICO VERÍSSIMO EM SANTA MARIA RS 1

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1 A DIVULGAÇÃO DE ALTERNATIVAS PARA O USO RACIONAL DOS RECURSOS HÍDRICOS NA 7 SÉRIE DA ESCOLA ESTADUAL ÉRICO VERÍSSIMO EM SANTA MARIA RS 1 Eliane Maria Foleto 2 Graziela Franceschet Farias 3 Resumo Elemento essencial para a nossa sobrevivência e de todos os seres vivos, a água potável está se tornando cada vez mais cara e escassa. Muitos estudiosos dizem que irá faltar água potável em um futuro próximo. Atualmente as demandas pela água têm aumentado significativamente em função do estilo de vida da população e da facilidade de acesso, que se materializa através das redes de distribuição da água. A cultura do desperdício perpetua-se e as populações não têm consciência de que a água é um recurso limitado. É nesta perspectiva que construímos juntamente com os alunos da 7 série da escola Érico Veríssimo a consciência da necessidade de um novo paradigma em relação ao uso racional dos recursos hídricos, valendo-nos da utilização da reciclagem, do reuso e da diminuição do consumo. Para a realização deste trabalho, foram levantadas informações sobre o tema água e utilizados recursos didáticos como o Globo, vídeos, folhetos, reportagens de jornais, revistas, internet, bem como a construção de textos e cartazes com os alunos. A partir destas atividades, os alunos puderam entender um pouco mais sobre o ciclo hidrológico, a distribuição das águas, a poluição, a gestão, o reuso, a reciclagem e os equipamentos economizadores, além de dicas para a economia da água que podem ser adotadas em atividades diárias como escovar os dentes, lavar a louça, tomar banho, lavar a roupa, entre outros. Necessitamos da consciência de que a Água é um recurso limitado e todos precisam deste bem para a boa qualidade de vida! Palavras-chave: água, uso racional, educação ambiental. 1 Projeto de Pesquisa financiado pelo Programa das Licenciaturas (PROLICEN 2005/2006) -UFSM. 2 Departamento de Geociências do Curso de Geografia UFSM, Profª. Drª. Departamento de Geociências, efoleto@smail.ufsm.br 3 Departamento de Geociências/Geografia e Bolsista PROLICEN/UFSM, Acadêmica do Curso de Geografia, gfranceschet@yahoo.com.br

2 A crescente preocupação com a disponibilidade Mundial da Água vem exigindo de todos nós uma nova consciência em relação à utilização desse recurso. A água encontrada na natureza é essencial para a vida no nosso planeta. No entanto, esta riqueza tem se tornado cada vez mais escassa. Sabe-se que 97,50% da disponibilidade mundial da água estão nos oceanos (água salgada). Logo em seguida, temos que, cerca de 2,493% desta água encontra-se em regiões polares ou subterrâneas (aqüíferos), de difícil aproveitamento. Somente 0,007% da água disponível é própria para o consumo humano, e está em rios, lagos e pântanos (água doce). A tendência para os próximos anos, é um aumento ainda maior no seu consumo, devido à demanda e ao crescimento populacional, principalmente nos grandes centros urbanos. À medida que aumenta o desenvolvimento econômico e a renda per capita, aumenta também a pressão sobre os recursos hídricos superficiais e subterrâneos. As estimativas e projeções sobre os usos futuros dos recursos hídricos variam bastante, em função de análises de tendências diversificadas, algumas baseadas em projeções dos usos atuais, outras em função de re-avaliações dos usos atuais e introdução de medidas de economia da água, tais como, re-uso e medidas legais para diminuir os usos e o consumo e evitar desperdício, ou a cobrança pelo uso da água e o princípio do poluidor-pagador. Desta forma, Rebouças (2002, p. 691) acrescenta dizendo: A água é considerada um bem público, na maioria dos países e no Brasil, a partir da Constituição Federal de 1988, o que significa que ela não poderá ser desperdiçada ou degradada de forma livre pelo usuário. Ao contrário, o seu uso deverá ser feito com base nos três E Ética, Ecologia e Economia que formam o tripé do desenvolvimento sustentável. Conforme dados da ONU (Organização das Nações Unidas), mais de 1,2 bilhões de pessoas não têm água de qualidade para beber, 2,4 bilhões não têm serviços de saneamento básico e que, até 2050, mais de 45% da população mundial estará vivendo em países que não poderão garantir a quota diária de 50 litros de água por pessoa para as suas necessidades básicas. São cada vez mais crescentes as pressões sobre o meio ambiente, que ameaçam e degradam os recursos naturais e as variadas formas de vida, e que passam a fazer parte das discussões políticas e sociais da atualidade. Segundo Silva (2002), a verdade é que, no nosso cotidiano, rara é a oportunidade que temos de reconhecer a importância da água, tão acostumados que estamos com sua presença. Bom seria que a realidade fosse

3 outra e não precisássemos discutir alternativas, por vezes muito caras, para consertar o que está errado. Atualmente, com o significativo aumento de Campanhas de Conscientização e Pesquisas Científicas ligadas ao Uso Racional dos Recursos Hídricos no âmbito das Universidades, integrando as escolas, as comunidades, as Coordenadorias de Educação, ONG s e órgãos públicos, é que se desenvolveu esta pesquisa na Escola Érico Veríssimo e na Comunidade do Bairro Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em Santa Maria. A escola Érico Veríssimo está inserida no Programa Escola Aberta (figura 1) facilitando a receptividade com que a escola recebe alunos da Universidade para aplicar os conhecimentos teóricos obtidos em sala de aula ou mesmo em atividades que transcendem o âmbito acadêmico. Esta receptividade ocorreu, no primeiro contato com a escola, por parte da Diretoria da escola, da Coordenação Pedagógica, da 8ª Coordenadoria Estadual de Educação e da professora da disciplina de Geografia. Figura 1: Escola Estadual Érico Veríssimo inserida no Programa Escola Aberta e onde foi desenvolvido o projeto Metodologicamente, o projeto visou levar aos alunos da 7ª série (turma 71) temas atuais e de interesse comunitário, baseado no Modelo da Geografia Crítica, a qual se preocupa com o espaço dialético (espaço das mudanças e análises constantes), inserido no social das cidades, das classes sociais, atuando paralelamente a tendências da Geografia Humanística e da Geografia Cultural. Esta linha de pensamento possui princípios básicos como a matéria, a dialética e as práticas sociais, ocupando-se com o espaço das análises (o espaço como um todo, uno), e principalmente, tendo como seu objeto de estudo tanto uma casa, um bairro, uma cidade ou mesmo uma rede urbana.

4 A partir deste princípio, visou-se incorporar à sala de aula novas tecnologias e linguagem diferenciada a da que os alunos têm acesso diariamente e avançar o censo comum para conhecimentos diferenciados no paradigma científico, levando os estudantes à valorização e à preservação do meio ambiente, como um princípio relacionado à ética e à cidadania. Frente a esta abordagem qualitativa, a pesquisa foi sistematizada em etapas. Na primeira etapa, foram realizados levantamentos e coleta de informações sobre o tema uso, reuso e reciclagem da água através de consultas bibliográficas, revistas, jornais, folhetos, internet, entre outros. Quinzenalmente, organizaram-se reuniões no Laboratório de Estudos Ambientais e, juntamente com as demais pesquisas e projetos desenvolvidos pelos bolsistas do Laboratório, discutiam-se as metodologias, artigos e os planos de aula com o grupo. Esta iniciativa por parte da coordenadora dos projetos propiciou entre os acadêmicos a troca de experiências e o desenvolvimento do censo crítico dos envolvidos, objetivando a melhora no envolvimento do grupo e despertando o sentido de coletividade entre os acadêmicos. Em um segundo momento, estruturou-se o trabalho a ser exposto aos alunos da escola Érico Veríssimo em Planos de Aula. O projeto foi desenvolvido nas aulas de Ciências e nas aulas de Geografia, quando foram realizadas 6 aulas, uma por semana, até a conclusão do projeto. Trabalhou-se com 26 alunos, de mesma faixa etária e que estão inseridos no contexto social do bairro. Dispondo de materiais didáticos e com o auxílio do retroprojetor, realizou-se, no primeiro momento, a apresentação do projeto Divulgação de Alternativas para o Uso Racional dos Recursos Hídrico nas Escolas do Bairro Perpétuo Socorro, destacando, de um modo geral, a relevância deste projeto para a escola, o porquê da escolha do Bairro Perpétuo Socorro e, ainda, a importância da troca de informações entre os alunos para que estes possam mudar sua atitude em relação ao uso da água e transmitir as informações obtidas para o restante da família e a comunidade. No segundo momento, baseado em um resumo, trabalhou-se o Dia 22 de Março, o Dia Mundial da Água e que vem a ser também o Dia Nacional da Água no Brasil. Com o auxílio do retroprojetor e do quadro negro, foi explicada a dinâmica de funcionamento do Ciclo Hidrológico e a disposição da água na natureza. Nesta situação, ocorreu um fato interessante. Na falta de um mapa múndi na escola, confeccionou-se um globinho utilizando-se um molde, para

5 que os alunos pudessem melhor visualizar a distribuição da água no planeta e posteriormente utilizá-lo nas aulas de Geografia. Diante disto, Percebe-se que, o mapa, independente da sua forma, é usado como auxílio didático, que possibilita mecanismos de percepção visual e processos mentais que se inter-relacionam ao entendimento e a memória - níveis variáveis de abstração (SOMMA, 2003, p.165). Em meio à discussão da situação da água no mundo, no Brasil, no Rio Grande do Sul e posteriormente em Santa Maria, os alunos puderam compreender de fato a necessidade da conservação e preservação da água. Fazendo uso de ilustrações em lâminas e com o auxílio do retroprojetor, enfatizaram-se os principais usos, formas de reuso e reciclagem da água, os setores que mais consomem e os setores que mais desperdiçam. Neste dia, pôde-se notar uma maior participação e interesse por parte dos alunos, em função dos recursos utilizados e da necessidade da turma em interagir entre si, abordando os problemas cotidianos da falta de água. No terceiro momento, utilizando-se o quadro negro, de um resumo, do retro rojetor, abordou-se o Gerenciamento das Águas. Com isto, os alunos puderam compreender o significado de uma Bacia Hidrográfica e sua importância, visualizaram a hidrografia do Rio Grande do Sul através dos slides, a rede hidrográfica de Santa Maria com os rios Cadena, inserido no espaço do Bairro Perpétuo Socorro, e do Vacacaí-Mirim, integrante da Bacia Hidrográfica dos Rios Vacacaí e Vacacaí-Mirim. Destacou-se a importância do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica dos rios citados acima, órgão colegiado instituído pelo governo do estado e integrante do Sistema Estadual de Recursos Hídricos, através da Lei n /94, através da qual a comunidade é convidada a participar, influenciando no manejo das águas. No quarto momento, enfatizaram-se as diversas formas de poluição das águas, tais como: fertilizantes, agrotóxicos, rejeitos industriais, rejeitos domésticos (esgotos não tratados) e o próprio rejeito sólido que é gerado nos centros urbanos e que vem a poluir as nascentes, os rios e os mares. A poluição das águas agrava-se com o aumento dos lixões e aterros sanitários que, na maioria das vezes, está localizado nos limites das grandes cidades e vem contaminar os rios e o subsolo. Diante disto, resgatando os conhecimentos já adquiridos e as informações passadas, os alunos organizaram-se em grupos de três para que elaborassem um pequeno texto sobre a água, levando em conta

6 suas vivências do bairro onde moram, em suas casas, e suas expectativas em relação a este recurso escasso: a água. Complementando as atividades sobre a água, no quinto momento foram distribuídos aos alunos os textos Em sua vida cotidiana e a Declaração Universal dos Direitos da Água, além de outros textos informativos, em que estes puderam discutilos entre si e promover a troca de informações. As atividades realizadas em grupo possibilitaram a troca de conhecimentos, estimulam o debate e fazem valer a percepção do espaço em que vivem. Enfim, na última atividade, foi incorporada ao trabalho uma seção de vídeo Uso Racional da Água e seus Reflexos no Meio Ambiente com os temas: Uso sustentável Água para Sempre e Geografia das Águas O Quadro Negro (figura 2). Para tanto, Barbosa (2003, p.111) diz que a ludicidade dos filmes possui uma característica muito própria: a imagem está em movimento. Assim, a vida representada na tela (a) parece mais próxima da nossa realidade. No final da exposição, os alunos puderam expor suas idéias e fazer um comentário geral sobre todas as atividades realizadas durante o decorrer das aulas. Foi de grande validade este momento final, pois percebeu-se que o trabalho gerou respostas positivas entre os alunos, a escola e a comunidade, superando assim, as expectativas iniciais. Figura 2: Aula de vídeo contemplando o encerramento do projeto Portanto, este projeto, em parceria com a Fundação MoÃ, Associação de Moradores do Bairro Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e 8ª Coordenadoria Regional de Educação deverá ser expandido para outras escolas do Bairro que não puderam ser atendidas nesta primeira fase.

7 Constatou-se que as maiores dificuldade no controle das ações individuais decorre, muitas vezes, do fato de o indivíduo não se sentir responsável pela preservação dos recursos hídricos e/ou não ter consciência de como os seus atos podem alterar tais recursos. Em conseqüência, campanhas governamentais pelo uso mais racional da água não têm qualquer efeito na população. Por isso, junto com a criação de uma legislação adequada sobre o uso e a preservação da água, é preciso que as pessoas tomem consciência da gravidade desse problema e da necessidade de mudar a forma de utilizar esse recurso. Essa conscientização tem dois aspectos fundamentais. Em primeiro lugar, cada indivíduo precisa compreender que é parte integrante do ambiente e que, através de suas ações, é um agente modificador do mesmo. Em segundo lugar, deve se sentir como participante da sociedade, interagindo com iguais e compartilhando os mesmos direitos e deveres. A conscientização é a base para o exercício da cidadania, no qual o indivíduo entende que suas ações podem afetar os demais integrantes da sociedade. Consciência crítica e cidadania, por sua vez, estão intimamente ligadas à educação em todos os níveis: em casa, na escola e em qualquer outro local. Só assim será possível alcançar um uso mais sustentável da água, a fim de garantir esse recurso para as próximas gerações com a qualidade e a quantidade adequadas. Contudo, ações conjuntas entre as comunidades, as escolas e as prefeituras são primordiais para que a consciência da valorização da água se estenda por todos os cantos do país e do mundo. Motivadas por estes ideais, grandes empresas, prefeituras e escolas têm realizado cursos de formação continuada de professores, produção de material institucional e instrucional, visitas e excursões a laboratórios de pesquisa e estações de tratamento de água e, até mesmo, feiras específicas sobre a água. Nas escolas, este trabalho vem a contribuir para os alunos no estudo da reciclagem, do reuso das águas, da importância em economizar e não desperdiçar, da situação atual pela qual passa o planeta ou mesmo a cidade em que vivemos, na busca de informações sobre sua cidade e região, para que possamos, de comunidade em comunidade, transmitir através das escolas e dos alunos uma melhor aprendizagem sobre o tema água. Segundo Kaercher (2003, p.12), deve-se priorizar o "espaço vivido" pelo aluno, ou seja, a casa, a escola, o bairro e sua cidade, porém, sem esquecer do contexto maior país mundo.

8 Rever hábitos arraigados nos indivíduos e na coletividade não é uma tarefa fácil. Daí a importância de investir na nova geração, nos jovens e crianças, pois é através da educação que se formam cidadãos conscientes. Observa-se que a educação ambiental e a conservação dos recursos hídricos são meios importantes para que, em um futuro, não muito distante, não venhamos a sofrer as conseqüências da falta de atitudes conscientes e despreocupadas com o presente. A Água é um bem comum da humanidade e cabe a nós preservá-la! Referências Bibliográficas BARBOSA, J.L. Geografia e Cinema: em Busca de Aproximações e do Inesperado. In: Carlos, A.F.A. (Org.) A Geografia na Sala de Aula. São Paulo: Contexto, 2003, p BISOGNIN, J.E.D. Gerenciamento e Política dos Recursos Hídricos no Brasil: um Enfoque para o RS. Santa Maria: UFSM, Monografia de especialização. BLANCO, C.Z.M. Aspectos Jurídicos e Ambientais do Uso, Gerenciamento e da Proteção dos Recursos Naturais Renováveis com Ênfase à Água. Santa Maria: UFSM, Monografia de Especialização. BRASIL. Lei Federal n 9.433, de 8 de janeiro de Política Nacional de Recursos Hídricos. BRASIL. Lei Federal n 9795, de 27 de Abril de Política Nacional de Educação Ambiental. BRASIL. AGÊNCIA NACIONAL DAS ÁGUAS ANA. Evolução da Gestão dos Recursos Hídricos no Brasil. Edição Comemorativa do Dia Mundial da Água, Brasília, CARLOS, A.F.A. (Org.) A Geografia na Sala de Aula. São Paulo: Contexto, DIAS, G.F. Educação Ambiental: Princípios e Práticas. São Paulo: Gaia, 5 ed DOCOL. In: Consumo e Desperdício, Disponível em: < Acesso em: 19 maio 2005.

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