REAPROVEITAMENTO DOS RESÍDUOS DA SUINOCULTURA COMO FONTE DE IRRIGAÇÃO EM PROPRIEDADES DA REGIÃO SUL DO PAÍS

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1 REAPROVEITAMENTO DOS RESÍDUOS DA SUINOCULTURA COMO FONTE DE IRRIGAÇÃO EM PROPRIEDADES DA REGIÃO SUL DO PAÍS Pereira, E.R.* 1 ; Moura, D.J. 2 ; Paterniani, J.E.S. 3 ; Roston, D.M. 4 1 Pesquisador Colaborador do Centro de Tecnologia UNICAMP, Cidade Universitária Zeferino Vaz, CEP: , Campinas-SP Brasil, edilaine@ct.unicamp.br 2 Prof ª. Dr ª. Faculdade de Engenharia Agrícola UNICAMP, djmoura@agr.unicamp.br 3 Prof. Dr. Faculdade de Engenharia Agrícola UNICAMP, paterniani@agr.unicamp.br 4 Prof. Dr. Faculdade de Engenharia Agrícola UNICAMP, denis@agr.unicamp.br Resumo Quando se fala em aplicação de resíduos da produção animal como biofertilizante, logo se associa aos principais impactos ambientais que provocam no solo, na água e no ar, necessitando, portanto, da adoção de pertinentes medidas mitigadoras ou compensatórias para efetuar tal reúso. Importante destacar que a forma de utilização do efluente como fertilizante do solo não afetará somente os agricultores que deles se utilizam, uma vez que dentro dos conceitos do agronegócio e das leis de proteção ambiental, os efluentes tenham uma forma de tratamento e disposição adequada. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é a caracterização da forma como os resíduos da suinocultura em algumas propriedades da região Sul do país estão sendo aplicados e os aspectos que envolvem tal processo. Palavras-chave: suinocultura, tratamento de resíduos, impacto ambiental. 389

2 UTILIZATION OF WASTEWATER FROM SWINE PRODUCTION FOR IRRIGATION SUPPLY IN SMAL COMMUNITIES OF SOUTH REGIONS Abstract When the subject is swine waste application as biologic fertilizer, it is soon related to the environmental impacts in the soil, water and air. It is observed the necessity of mitigation decisions to use such application. It s important to mention that the way the effluent is used as a soil fertilizer does not affect only the agriculturist, once they are adjusted to the agri-business concepts and laws of environment protection, the effluents need to have a correct treatment and layout. Thus, the objective of this research is to show how the swine waste has been applied and the aspects that are involved in this process. Key-words: swine production, waste treatment, environmental impact. Introdução A suinocultura é considerada pelos órgãos de fiscalização e proteção ambiental, como atividade de grande potencial poluidor, face ao elevado número de contaminantes contidos nos seus efluentes, cuja ação individual ou combinada, representam uma fonte potencial de contaminação e degradação do ar, dos recursos hídricos e do solo. (OLIVEIRA, 1993). Na produção de suínos em função da alta concentração com grandes rebanhos, os dejetos podem exceder a capacidade de absorção dos ecossistemas locais e são a causa potencial da poluição e problemas de saúde relacionados com matéria orgânica, nutrientes, patógenos, odores e microorganismos gerados na atmosfera. O dejeto suíno, por mais privilegiado que seja seu potencial de uso como fertilizante, é um resíduo, um esgoto poluente, e que ao ser disposto na natureza sem os necessários cuidados, causará impactos ambientais significativos ao solo, ao ar, às águas superficiais e subterrâneas, assim como a toda e qualquer forma de vida que habite este ecossistema. Segundo ORON (1996), o uso de efluente suinícola tratado para irrigação na agricultura é uma prática atrativa, pois, dentre outros fatores, há benefícios econômicos devido à presença de nutrientes neste. Basicamente há duas formas de tratamento dos dejetos líquidos preconizadas na Região Sul: as esterqueiras e os biodigestores. Em ambas o destino final do efluente é a adubação de solos agricultáveis e, portanto, na elaboração dos projetos devem estar previstas áreas para aplicação deste material, sejam elas, próprias ou de terceiros, mediante concessão prévia. 39

3 Material e Métodos I Simpósio Internacional sobre Gerenciamento de Resíduos de Animais Para o experimento envolvendo os resíduos da produção suinícola, este artigo retratará a realidade de 23 propriedades em produção na fase de Terminação para coleta e análise das informações. As instalações foram cedidas por uma empresa integradora do Oeste Catarinense na cidade de Toledo - PR, apenas para o desenvolvimento do experimento. Foram coletadas informações através de um questionário com visitas freqüentes às granjas suinícolas. Neste artigo, realizou-se análise dos dados referentes ao total de área utilizada para o reaproveitamento do resíduo e as principais culturas destinadas a este processo. Após a avaliação destes, notou-se que alguns estão em fase de modificações, de forma que entrarão neste trabalho os que não sofreram modificações ou aqueles em fase final de reestruturação. Resultados e Discussão Aplicação dos efluentes suinícolas da fase de Terminação Total da área aplicada A Figura 1 representa o reaproveitamento do efluente nas propriedades em função da área total de cada propriedade em questão.é possível observar que há áreas em que há pouca reutilização dos efluentes, como a G2, G31 e G43, porém, merece destaque as granjas G3, G5, G32 e G44 que apresentam o total da área da propriedade sendo reutilizado o efluente quase que em sua totalidade. Porém existem muitos produtores que não souberam responder o volume utilizado em cada aplicação (seja lavoura ou pastagem), aplicam de foram aleatória até o esvaziamento do dejeto presente na esterqueira, o que demonstra o desconhecimento dos riscos ambientais a que estão submetendo o solo e as culturas. A Figura 2 apresenta a porcentagem de reutilização dos efluentes na área total de cada propriedade. É possível destacar a granja G5, G3 e G44 que reutiliza o efluente em sua área total, com 1% de aplicação. Seguem-se as granjas G32 que aplicam 87% da área total. Com 71% encontra-se a aplicação da granja G42, 69% as granjas G19 e G41, 65% da granja G5, 63% da granja G37, seguidos da granja G9 com 43% do volume do efluente reaproveitado em sua propriedade; a granja G31 com 17%, as granjas G31. G43 e G2 com reaproveitamento de 17%, 16% e 11%, respectivamente. Estes dados tornam-se preocupantes quando os produtores estão reutilizando o efluente suinícola sem o conhecimento, não apenas da área envolvida na aplicação como também da composição deste, visto que não efetuam análise dos efluentes e análise do solo é realizado apenas para efeitos da necessidade de se fazer calagem no solo antes da aplicação da cultura, o que acontece em média a cada 2 anos, segundo os produtores. 391

4 Culturas aplicadas com o efluente Dentre a forma de reutilização dos efluentes tratados que saem do biodigestor ou das esterqueiras, está a irrigação na pastagem e na lavoura, envolvendo culturas como o milho, a soja, a aveia e o trigo, como pode ser observado na Figura 3. Há ainda as propriedades que não reutilizam os efluentes na irrigação em sua propriedade, geralmente cedendo tal resíduo aos visinhos mais próximos, porém os proprietários não têm o controle da onde é aplicado tal efluente. Com relação à reutilização do efluente, destacam-se com 39% as propriedades que realizam o efluente para irrigação de milho, soja e pastagem seguida das propriedades que irrigam milho e pastagem (17%), as que irrigam aveia, milho, soja e pastagem (13%), milho e soja (4%) e milho, trigo, aveia e pastagem (4%) em suas áreas. Há ainda 17% das propriedades que não realizam irrigação em pastagem e ainda, 9% que não utilizam o efluente para irrigar a lavoura de suas propriedades. Conclusões Com tal trabalho pôde-se observar que a maior parte dos produtores não possui controle sobre o total de efluente que está sendo aplicado às culturas e ao solo. Não há uma padronização ou um estudo aprofundado sobre as condições impactantes que podem estar sendo provocado pela reutilização dos dejetos suinícolas. Literatura Citada OLIVEIRA, P.A.V. Manual de manejo e utilização dos dejetos de suínos. Concórdia: EMBRAPA,CNPSA, p. (EMBRAPA,CNPSA. Documentos, 27). Área total X Área com aplicação de efluente - Terminação ha G1 G3 G5 G6 G7 G9 G11 G14 G15 G18 G19 G2 G22 G23 G31 G32 G33 G37 G4 G41 G42 G43 G44 granjas Área total Área aplicada com efluentes * espaços vazios quanto a quantidade aplicada significa que os produtores não souberam responder. Figura 1. Quantidade de efluente aplicado na área total das propriedades suinícolas em fase de Terminação. 392

5 % Efluente aplicado na propriedade - Terminação G1 G3 G5 G6 G7 G9 G11 G14 G15 G18 G19 G2 G22 G23 G31 G32 G33 G37 G4 G41 G42 G43 G44 *os valores zero representam as propriedades que não souberam quantificar o volume aplicado de efluente na propriedade. Figura 2. Reutilização dos efluentes suinícolas tratados na área de cada propriedade. % Reutilização dos efluentes no solo - culturas aplicadas Terminação Aveia, milho e soja Milho e pastagem Milho e soja Milho, trigo, aveia e pastagem Ausência de irrgação na lavoura Ausência de irrigação na pastagem Aveia, milho, soja e pastagem Milho, Soja e pastagem Figura 3. Reutilização dos efluentes tratados Fase Terminação. 393