INCLUSÃO ESCOLAR, EMPODERAMENTO FAMILIAR E O DIREITO À EDUCAÇÃO.

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1 INCLUSÃO ESCOLAR, EMPODERAMENTO FAMILIAR E O DIREITO À EDUCAÇÃO. Carolina dos Santos Arioza Dulcéria Tartuci Universidade Federal de Goiás Regional Catalão Eixo Temático: 10 Agência Financiadora: Capes Palavras chave: Inclusão Escolar; Empoderamento; Família. 1. Introdução Pensar a educação e o espaço da escola é também refletir sobre as variadas relações sociais que se estabelecem fora e a partir dela. É pensar que os sujeitos que a compõem fazem parte de um grupo social mais amplo, e que este, por sua vez, está imerso em uma sociedade constituída sócio - histórica e culturalmente. A família, como grupo social primário, constitui-se o primeiro lócus mediador entre o sujeito e o meio, sendo assim responsável pelas primeiras interações que estabelecemos com o mundo e com o outro (GLAT, 2004). Defendemos neste estudo a ideia de que a família desempenha um papel formativo determinante e que a dinâmica familiar é a base das relações futuras que o sujeito estabelecerá em sociedade. Quando falamos de famílias de pessoas com deficiência, é necessário levar em consideração toda particularidade presente neste contexto, visto que a chegada de um filho com deficiência geralmente vem acompanhada da perda do filho idealizado pelos pais, que esperam a chegada de uma criança dentro dos padrões de normalidade estabelecidos pela sociedade O provável é que, a maneira com que a pessoa com deficiência é recebida no meio familiar fará toda a diferença, influenciando positiva ou negativamente nas relações sociais futuras vivenciadas por ela, inclusive na escola. A escola, por sua vez, constitui-se como o espaço social onde o sujeito terá oportunidade de vivenciar interações diversas, ampliando aquelas já vivenciadas na família. (DESSEN; BIASOLI; ALVES, 2001; GLAT, 2004; GLAT,

2 2006; NUNES; SILVA; AIELLO, 2008; SARMENTO, 2009; CAMPOS, 2009; NUNES, 2011). Defendemos que depois da família, a escola é o lugar onde as pessoas tem uma maior possibilidade de vivenciar interações, bem como a possibilidade de desenvolvimento de inúmeras habilidades (RAIÇA; PRIOSTE; MACHADO, 2006). Além desse fator, destacamos a educação como um dos direitos sociais de todas as pessoas, como previsto na Constituição Federal desde Nesse sentido, o empoderamento das famílias de pessoas com deficiência poderá favorecer a criação de um ambiente propício ao desenvolvimento. Uma atitude positiva do meio familiar, o conhecimento das potencialidades, limitações, e dos direitos de seus filhos, poderá contribuir para o desenvolvimento do protagonismo do sujeito no futuro frente às limitações impostas pela sociedade, ainda muito vinculadas ao preconceito, e as barreiras atitudinais presentes na sociedade (DINIZ, 2007; DANTAS, 2011; ARAÚJO, 2011). Compreendemos empoderamento como: [...] o processo pelo qual os familiares obtêm acesso a conhecimentos, habilidades e recursos que os capacitam a ganhar controle positivo de suas vidas, bem como melhorar a qualidade de seus estilos de vida (SILVA; AIELLO, 2009, P.496). Partimos, portanto, do seguinte problema de pesquisa: Quais as concepções de direitos e inclusão escolar das famílias de alunos público alvo da educação especial, e como estas interferem na tomada de decisões e no empoderamento acerca da vida escolar de seus filhos? Como nos lembra Araújo (2011), este é um campo novo nas pesquisas em que aspectos teóricos e práticos ainda estão em desenvolvimento, e desta forma, pode-se entender a importância da discussão sobre empoderamento de famílias, principalmente dentro do contexto atual da educação especial, onde as discussões estão voltadas para o desenvolvimento de uma sociedade inclusiva, com respeito às diversidades e às diferenças. Assim, pensar na família dos alunos público alvo da educação especial e como estas entendem a inclusão escolar e os direitos de seus familiares junto à sociedade pode ter relação direta com o sucesso ou o fracasso da vida escolar e social desse sujeito. Por isso a importância e necessidade de compreender como as famílias de alunos público alvo da educação especial atuam no processo da busca pela garantia dos direitos de seus filhos, com foco no direito à educação, bem como as estratégias de empoderamento que as mesmas utilizam para tal fim.

3 2. Objetivos Esta pesquisa tem como objetivo geral analisar as concepções de direitos e de inclusão escolar de pais de alunos público alvo da educação especial e a relação destas com o empoderamento e a tomada de decisões em relação à garantia dos direitos e da escolarização de seus filhos. Constituem seus objetivos específicos: Identificar e caracterizar o conhecimento das famílias sobre os direitos da criança deficiente, com foco no direito à educação. Compreender as concepções das famílias acerca da inclusão escolar, e como estas interferem no momento da tomada de decisões acerca dos direitos e da vida educacional do aluno. Levantar e analisar as estratégias de empoderamento dos pais. 3. Métodos Defendemos que os sujeitos da pesquisa são sujeitos participantes ativos de uma sociedade que os transforma e, ao mesmo tempo, é transformada por eles. Assim, a pesquisa, inserida em uma abordagem hermenêutica, propôs sua investigação apoiada em um referencial de homem que é capaz de pensar a respeito de si mesmo, bem como acerca de suas ações, e constituir-se como pessoa a partir das relações que estabelece com o outro. Tendo como foco o processo de empoderamento familiar e a análise das concepções de direitos e inclusão escolar apresentada pelos pais, optamos pelo método da pesquisa-ação, que direciona o processo da pesquisa para junto dos sujeitos pesquisados, seu contexto e suas interações (REY, 2010, p.83), dando a estes a oportunidade de refletir criticamente sobre a própria realidade vivenciada. A pesquisa utilizou a técnica de grupo focal como principal meio para a produção de dados. O estudo foi realizado em um município localizado na região sudeste do Estado de Goiás. Os participantes da pesquisa constituíram-se em um grupo de 17 pessoas, sendo 09 mães biológicas, 01 mãe adotiva, 01 avó, 01 tia, 03 pais biológicos, 01 pai adotivo e 01 irmã. As idades dos participantes variavam entre 33 e 62 anos. A partir da técnica de grupo focal, foram realizados 08 encontros quinzenais com os familiares participantes da pesquisa. A organização dos mesmos de seu mediante os temas levantados pelas próprias famílias no primeiro encontro. Foram convidados profissionais das diversas temáticas apontadas para realizarem palestras e conduzirem os encontros.

4 4. Resultados e discussão A pesquisa aqui apresentada encontra-se na fase inicial de análise dos dados produzidos. Todos os encontros foram gravados em áudio e vídeo e transcritos na íntegra. As transcrições foram feitas a partir das normas propostas por Marcuschi (1986 apud Manzini, 2008). As reuniões com as famílias culminaram na criação do grupo de pais denominado Juntos Podemos Mais, que, a partir de seu cadastramento como projeto de extensão da universidade a qual pertence a pesquisadora, abriu espaço para que os pais pudessem dar continuidade aos encontros antes vinculados à presente pesquisa, já que esta foi uma atitude advinda dos próprios participantes, o que corrobora com o conceito de empoderamento defendido neste estudo. 4. Conclusões A partir da análise das concepções de inclusão escolar das famílias de alunos público alvo da educação especial, das estratégias de empoderamento familiar e como este processo interfere na busca pelos direitos da pessoa com deficiência, com foco no direito à escolarização, espera-se contribuir para a reflexão acerca da importância da família no processo de desenvolvimento dos sujeitos com deficiência, tanto pela comunidade acadêmica, quanto pela sociedade e pelas próprias famílias. Na data do evento será possível uma apresentação parcial dos resultados obtidos a partir das análises. Referências Artigos online BRANDÃO, M. T.; FERREIRA, M. Inclusão de Crianças com Necessidades Educativas Especiais na Educação Infantil. Rev. Bras. Ed. Esp., Marília, [Online]. v. 19, n. 4, p , Disponível em: Acesso em: 12 dez GLAT, R. (1995). Integração dos portadores de deficiências: uma questão psicossocial. Temas em Psicologia, 2, Herbert, E. & Carpenter, B. (1994).

5 GLAT, Rosana. (2004). Uma Família Presente e Participativa: o Papel da Família no Desenvolvimento e Inclusão Social da Pessoa com Necessidades Especiais. Anais do 9.º Congresso Estadual das APACs de Minas Gerais. Belo Horizonte/MG. Rio de Janeiro. Pp.:1-7. GONDIM, Sônia Mª Guedes. Grupos focais como técnica de investigação qualitativa desafios metodológicos. Paidéia (Ribeirão Preto), v. 12, n. 24, OMOTE, S. A família do deficiente. Temas Em Educação Especial, São Carlos, v. 3, p , 1996e. SILVA, Nancy Capretz Batista da and AIELLO, Ana Lúcia Rossito. Análise descritiva do pai da criança com deficiência mental. Estud. psicol. (Campinas) [online]. 2009, vol.26, n.4, pp ISSN X SILVA, Nara L. Pereira; DESSEN, Maria Auxiliadora. (2004). O que Significa ter uma Criança com Deficiência Mental na Família? Educar, Curitiba. N.º23. Editora UFPR. Brasil. Pp.: Livros BOGDAN, R. C. & BIKLEN, S. K. Investigação qualitativa em educação. Porto: Porto Ed., BARBIER, René. Pesquisa-ação. Tradução de Lucie Didio. Brasília: Liber Livro Editora, CAMPOS, Crispim Antônio. Esperanças Equilibristas: a inclusão de pais de filhos com deficiência. São Paulo, SP: Juruá, RAIÇA, Darcy; PRIOSTE, Cláudia; MACHADO, Maria Luiza Gomes. Dez questões sobre a educação inclusiva da pessoa com deficiência mental. São Paulo: Avercamp, Teses/Dissertações ARAÚJO, Rosângela Martins de. Empoderando pais para a luta pelos direitos de seus filhos com deficiência: pesquisa-ação emancipatória. São Carlos: UFSCar, DANTAS, Taísa Caldas. Estudo da autoadvocacia e do empoderamento de pessoas com deficiência no Brasil e no Canadá. Tese de Doutorado. João Pessoa: UFPB, 2014.