DISCUSSÃO E JULGAMENTO DA CAUSA

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1 DISCUSSÃO E JULGAMENTO DA CAUSA PODERES DO JUIZ I. Introdução. Razões de Ordem O presente texto teve a missão de servir de guião à intervenção no VI Colóquio do Direito do Trabalho, realizado no dia 22 de Outubro de 2014, no Supremo Tribunal de Justiça, subordinada ao tema «Discussão e Julgamento da Causa: Poderes do Juiz». Tem em vista, sobretudo, uma abordagem prática da vida judiciária, na perspectiva do juiz do trabalho, homenageando aqueles que são os seus singulares poderes no âmbito da fixação da matéria de facto, previstos, há muito, na lei adjectiva laboral, ciente, esta, da especialidade das relações que lhe subjazem. Tal como o título da intervenção logo induz, a temática em abordagem prende-se com os poderes cometidos ao juiz, no âmbito da fixação da matéria de facto, já em sede de audiência de discussão e julgamento e, posteriormente, em sede de recurso da matéria de facto, isto é, em fase processual posterior à da apresentação dos articulados e, consequentemente, já em momento distinto daquele em que, eventualmente, haja sido concedida às partes a possibilidade de aperfeiçoamento dos articulados 1. Ainda em ordem à delimitação da temática subjacente à intervenção em apreço, cumprirá salientar que não é seu objectivo estabelecer, de forma prioritária, qualquer comparação com o regime estabelecido no Código de Processo Civil (de ora em diante denominado CPC), aprovado pela Lei n.º 41/2013, de 26 de Junho, no que respeita aos poderes que, aí, são concedidos ao juiz no domínio do apuramento da matéria de facto, sem prejuízo das menções que àquele diploma se farão, seja impostas pelo elemento sistemático da interpretação, seja impostas pela subsidiariedade daquele regime, decorrente do disposto no art. 1.º, n.º 2, al. a), do Código de Processo do Trabalho (de ora em diante denominado CPT). II. O artigo 72.º, do Código de Processo do Trabalho O art. 72.º, do CPT, dotado de singularidade comparativamente à lei processual civil (embora se admita a forte mitigação dessa singularidade face ao CPC aprovado pela Lei n.º 41/2013, de 26 de Junho) foi, e continua a ser, dispositivo emblemático no âmbito do processo laboral, justificado «pelo carácter público dos interesses que a lei adjectiva laboral 1 Tema já abordado na intervenção da Exma. Sra. Juiz de Direito Sónia Kietzmann 1

2 procura acautelar com vista a uma melhor realização da justiça e da harmonia sociais» 2, balizado, no entanto, acrescentamos nós, pela causa de pedir e pedidos, tal-qual delineados pelo autor 3. A aplicação do disposto no artigo 72.º, do CPT, partilhando com o artigo 27.º, al. b), do mesmo diploma, a natureza de um poder-dever que a lei comete ao juiz, distingue-se deste quer quanto ao momento do seu exercício 4, quer quanto ao seu âmbito. Na verdade, ao passo que, no exercício do poder dever constante do art. 27.º, al. b), o juiz pode e e deve mandar corrigir e completar os articulados com todos os factos que entenda serem relevantes para a boa decisão da causa e sejam esses factos essenciais, complementares, concretizadores ou meramente instrumentais, já no momento do exercício do poder-dever constante do artigo 72.º necessariamente em sede de audiência de discussão e julgamento ou no momento da fixação da matéria de facto o juiz está limitado aos factos ainda que novos que resultem da discussão da causa (n.º 1) ou aos factos que tenham sido alegados pelas partes nos seus articulados (n.º 4). Nos termos do n.º 1 do art. 72.º do CPT «se no decurso da produção da prova surgirem factos que, embora não articulados, o tribunal considere relevantes para a boa decisão da causa, deve ampliar a base instrutória ou, não a havendo, tomá-los em consideração na decisão da matéria de facto, desde que sobre eles tenha incidido discussão». O novo CPC suprimiu a figura do despacho saneador, em sentido amplo e no seu modelo tradicional de fixação da matéria de facto assente e base instrutória, substituindo-o pela actual figura da fixação do objecto do litígio que enquadrará o pedido, a causa de pedir, bem como as excepções que, eventualmente, hajam sido deduzidas e dos temas da prova que, grosso modo, delimitarão o âmbito da prova a produzir em sede de audiência de discussão e julgamento. Questiona-se, face a esta alteração, ao que se dispõe no artigo 1.º, n.º 2, al. a), do CPT, e à ausência de disciplina própria que preveja o despacho saneador nos modelos anteriores à vigência do CPC, se fará sentido a manutenção da disciplina constante da primeira parte da 2 Código de Processo do Trabalho Anotado, 4.ª Edição, 1996, Coimbra Editora, pág. 333, Alberto Leite Ferreira. 3 Veja-se, neste sentido, o Acórdão do STJ de 6 de Fevereiro de 2008, proferido na Revista n.º 2898/07, acessível em onde se consignou que «os poderes inquisitórios consignados no artigo 72.º do Código de Processo do Trabalho que incluem os emergentes da regra geral do artigo 264.º do Código de Processo Civil e permitem ao juiz atender aos factos essenciais ou instrumentais que resultam da discussão da causa, mesmo que não tenham sido articulados, estão sujeitos a limitações, sendo uma delas a de que tais factos só poderão fundar a decisão se não implicarem uma nova causa de pedir, nem a alteração ou ampliação da causa ou causas de pedir iniciais e, bem assim, o conhecimento de excepções não deduzidas e que não sejam de conhecimento oficioso pelo tribunal». 4 A possibilidade de recorrer, em ordem a completar e corrigir os articulados, cessa no momento em que é aberta a fase da audiência de discussão e julgamento. 2

3 supra citada norma. Que factos se aditarão à base instrutória se este conceito desapareceu e inexiste, com disciplina própria e autónoma, no CPT? No que respeita às acções emergentes de acidente de trabalho em que o juiz continua, ante o preceituado no art. 131.º, a ter que fixar a matéria de facto assente, bem como a elaborar a base instrutória, já que a disciplina ali contida é auto-suficiente não se suscitam dúvidas de maior. A referência ao conceito de base instrutória constante do n.º 1 do art. 72.º do CPT terá, por necessário, que referir-se, agora, aos temas da prova, não se vislumbrando dificuldade no aditamento de novos temas da prova na medida em que estes serão constituídos por factos conquanto respeitem e se enquadrem na causa de pedir e pedidos formulados 5. Ademais, e como nos refere o Prof. José Lebre de Freitas 6, é necessário não esquecer, sem prejuízo da nova nomenclatura adoptada pelo legislador, que «a prova não deixa de incidir sobre factos concretos que o autor alegou como constitutivos do direito, tal como plasmados nos articulados (petição, réplica, articulado superveniente), bem como sobre os factos probatórios de onde se deduza, ou não, a ocorrência desses factos principais ( ). Os articulados continuam a realizar a sua função de meios de alegação dos factos da causa ( ); [p]or sua vez, a decisão de facto continua a incluir todos os factos relevantes para a decisão da causa ( )». No que respeita à 2.ª parte do preceito, não temos dúvidas em afirmar que continua ao juiz a assistir o poder-dever de aditar outros factos, inclusive de natureza essencial, à matéria de facto e tomá-los em consideração na decisão que, quanto a ela, vier a proferir (desde que, naturalmente, a coberto da causa de pedir e do pedido). Aqui reside a distinção essencial entre o Processo Civil e o Processo do Trabalho: no Código de Processo do Trabalho, o juiz não está limitado pela alegação das partes e a amplitude do poder-dever constante do art. 72.º abrangerá, como já aflorado, os denominados factos essenciais (conquanto hajam sido objecto de discussão). É o que decorre do preceito que distinção alguma prevê quanto à tipologia ou natureza dos factos a atender e é o que subjaz à ratio do direito do trabalho a que está sujeita a respectiva lei adjectiva. Isso mesmo é defendido por Maria Adelaide Domingos 7 quando nos diz, que, comparativamente com os poderes consentidos ao juiz no âmbito da lei processual civil, «os poderes de investigação e 5 Admitindo esta possibilidade, veja-se Paulo Sousa Pinheiro, Curso Breve de Direito Processual do Trabalho, 2.ª Edição, Revista e Actualizada, Coimbra Editora, 2014, pág In, A Acção Declarativa Comum à Luz do Código de Processo Civil de 2013, 3.ª Edição, Coimbra Editora, pág Poderes do Juiz de Trabalho na Fixação da Matéria de Facto, in, Estudos do Instituto de Direito do Trabalho, Vol. VI, Almedina, pág,

4 de aquisição factual, previstos no n.º 1 do artigo 72.º do CPT, têm uma maior abrangência, permitindo ( ) a sua apreciação pelo tribunal aquando do julgamento da matéria de facto», contribuindo, para uma tal asserção, quer o elemento literal, isto é, a circunstância de o «artigo 72.º, n.º 1 do CPT, precind[ir] da qualificação do facto como essencial ou instrumental, limitando-se a conferir poderes cognitivos ao juiz laboral sobre todos os factos que sejam relevantes à boa decisão da causa», quer o «contexto histórico-legislativo existente à data da formulação original do preceito, [que] evidencia que a intenção do legislador foi a de permitir a ampliação da discussão a factos não articulados, independentemente da sua qualificação». O Novo Código de Processo Civil, mitigando substancialmente o princípio do dispositivo em benefício do princípio do inquisitório, embora consinta ao juiz a consideração dos factos instrumentais que resultem da instrução da causa (al. a), do n.º 2, do art. 5.º do CPC), dos factos que sejam complemento ou concretização dos que as partes hajam alegado e resultem da instrução da causa, desde que sobre eles tenham tido a possibilidade de se pronunciar (al. b), do n.º 2, do art. 5.º do CPC) e dos factos notórios e aqueles que o tribunal tem conhecimento por virtude do exercício das suas funções (al. c), do n.º 2, do art. 5.º do CPC), continua, no entanto, a cometer às partes o ónus de alegar os factos essenciais que constituem a causa de pedir e aqueles em que se baseiam as excepções invocadas (n.º 1, do art. 5.º do CPC), donde se conclui que, quanto aos factos essenciais está o juiz impedido de, oficiosamente, os considerar (quando omitido o dever de alegação das partes) 8. Finda a produção da prova, o juiz pode, ainda, ampliar a matéria de facto (n.º 4, do art. 72.º do CPT). Este poder-dever do juiz está sujeito aos seguintes requisitos: a matéria ampliada tem que resultar da alegação das partes, isto é, tem que ter sido alegada, tem que ter sido objecto de contraditório e tem que assumir relevância para a boa decisão da causa. Também nesta sede o CPT se distingue do CPC na medida em que os factos que o juiz laboral considere serem de aditar podem ser de qualquer natureza - essenciais, complementares, concretizadores ou instrumentais - ao passo que o juiz civil está limitado aos factos previstos nas várias alíneas do já citado art. 5.º onde não se compreendem, como dito, os factos essenciais. Releve-se, ainda, o poder-dever que ao juiz assiste de ordenar a reabertura da audiência a fim de inquirir testemunhas ou ordenar as diligências que tiver por necessárias, sempre que não se julgar suficientemente esclarecido relativamente a determinados pontos da matéria de facto (art. 607.º, n.º 1, do Código de Processo Civil). 8 Cfr., Paulo Ramos Faria e Ana Luísa Loureiro, Primeiras Notas ao Novo Código de Processo Civil, Os Artigo da Reforma, Volume I, 2013, Almedina, pág

5 II.1. Do impulso das partes O art. 72.º do CPT mostra-se desenhado e estruturado para ser utilizado pelo juiz. E, efectivamente, assim é: apenas o juiz tem o poder de ampliar a matéria de facto, seja no âmbito de aplicação do n.º 1, do preceito, seja no do n.º 4. Todavia, omitindo o juiz o exercício desse poder-dever nada obsta, no nosso ver, a que a parte o impulsione, requerendo, no primeiro caso, a ampliação da matéria de facto, sempre que os factos que a impõem tenham surgido no decurso da discussão da causa e sejam interessantes para a sua boa decisão 9, e, no segundo caso, em regra, por via do recurso a interpor, abarcando a matéria de facto. A propósito do poder-dever previsto no n.º 1 do art. 72.º, ponderou-se no Acórdão deste Supremo Tribunal de Justiça de 13 de Julho de 2005, na Revista n.º 677/05, com sumário acessível em que «o poder de ampliar a matéria de facto atendendo oficiosamente a factos não articulados, é um poder inquisitório que incumbe ao juiz da causa e que ele apenas pode exercitar no decurso da audiência de julgamento, por sugestão da parte interessada ou por iniciativa própria, em função dos elementos que resultem da instrução e discussão da causa e da sua pertinência para a decisão jurídica e com vista ao apuramento da verdade material e da justa composição do litígio arts. 264.º, n.º 2, do CPC, 66.º do CPT/81 e 72.º do actual CPT». II.2. O não uso do artigo 72.º, n.º 1 O não uso do art. 72.º, n.º 1, do CPT nos casos em que, obviamente, a sua utilização se imponha é, conforme tem vindo a ser entendido pela Jurisprudência, gerador de nulidade, porquanto a omissão da ampliação da matéria de facto quanto a factos com relevância para a boa decisão da causa condiciona e/ou influência o seu subsequente exame e decisão (art. 195.º, n.º 1, do CPC). A nulidade deve ser arguida pela parte, na própria audiência (art. 199.º, n.º 1, do CPC). Não sendo arguida, considerar-se-á sanada. A nulidade, assim constatada, consubstancia nulidade processual tal-qual decorre do exposto - e não nulidade da própria sentença. Com efeito, a nulidade da sentença mormente por omissão de pronúncia só se verifica, como reiteradamente tem vindo a ser afirmado pelo STJ, quando o tribunal deixe de se pronunciar sobre questões que lhe foram submetidas pelas partes ou de que deve conhecer oficiosamente. Assim, o não uso dos poderes contidos 9 Embora não seja isenta de dúvidas a possibilidade de a parte o requerer quando tenha, por exemplo, omitido o aperfeiçoamento do articulado ou o tenha deficientemente aperfeiçoado. 5

6 no art. 72.º, n.º 1, do CPT, porque dirigidos a factos que o juiz não quis atender, jamais poderiam, por si só, gerar a nulidade da sentença por omissão de pronúncia por mera razão lógica: se esses factos não foram atendidos não existem e não existindo não caberia à sentença sobre eles debruçar-se. Tal como se ponderou no Acórdão da Relação de Évora de 12 de Julho de 2011, proferido no Processo n.º 300/08.1TTABT.E1, «as omissões processuais praticadas na audiência de discussão e julgamento integram nulidades processuais e não nulidades da sentença, na medida em que tais omissões ocorrem em momento processual distinto da sentença, mais concretamente em acto anterior. Tal significa que estando a parte presente no acto deve nele arguir as nulidades: caso não o faça, as mesmas consideram-se sanadas» 10. Em termos processuais, pois, a parte, caso constate a existência de factos discutidos, não alegados e com interesse para a decisão da causa, deve impulsionar, perante o juiz do processo, o uso do poder dever previsto no n.º 1 do art. 72.º do CPT. Recusada pelo juiz a pretensão da parte, deve esta, imediatamente, arguir a nulidade do despacho, por omissão da prática de um acto que a lei prevê e que é susceptível de influir na boa decisão da causa. Julgada, pelo juiz, improcedente a arguida nulidade, deve, deste despacho, ser interposto o competente recurso, sob pena de, como dito, a nulidade arguida ter de considerar-se sanada. II.3. A violação do princípio do contraditório Ao longo de todo o processo, o juiz deve observar e fazer cumprir o princípio do contraditório, não lhe sendo lícito, salvo em casos de manifesta desnecessidade, decidir questões de direito ou de facto, mesmo que do conhecimento oficioso, sem que as partes tenham tido a possibilidade de sobre elas se pronunciarem (art. 3.º, n.º 3, do CPC). O cumprimento do princípio do contraditório, emanação do direito constitucional ao processo justo e equitativo, consagrado no art. 20.º, n.º 4, da Constituição da República Portuguesa, constitui uma garantia concedida às partes de, efectivamente, participarem evolução da instância, pronunciando-se sobre todas as decisões e desenvolvimento da lide com relevância e repercussão no objecto da causa. E se o juiz, no uso do poder-dever contido no art. 72.º, n.º 1, do CPT, decide ampliar o elenco dos factos que obviamente adquiriu no decurso da produção da prova mas vem a omitir o cumprimento do princípio do contraditório? Ou, em caso paralelo, o juiz faz apelo na fundamentação de direito, em ordem à subsunção jurídica do caso, a factos que, não constando da matéria de facto provada, constam, no entanto, da fundamentação de facto? 10 Também em idêntico sentido, o Acórdão da Relação de Lisboa de 10 de Outubro de 2012, proferido no Processo n.º 241/08.2TTLSB.L1, acessível em 6

7 Nestes casos, a arguição da nulidade decorrente da violação do princípio do contraditório tem sempre que ser arguida no recurso que venha a ser interposto da sentença judicial. A este propósito, ponderou-se no Acórdão da Relação do Porto de 23 de Setembro de , que «o juiz não pode fundar a decisão em factos que repute de relevantes, de surpresa, isto é, sem informar previamente as partes dos novos factos que pretende aditar e das razões que o levam a fazer esse aditamento, e sem lhes dar oportunidade de produzir sobre esses factos as respectivas provas» 12. Perante o circunstancialismo exposto, determinou-se, no citado aresto, que «se a matéria surgiu na discussão havida na audiência e julgamento como decorre da motivação da decisão de facto e a entender-se que a mesma relevava, de per si, para a boa decisão da causa, deveria o tribunal ampliar a base instrutória nos termos prescritos no artigo 72.º, ns.º 1 e 2 do Código de Processo do Trabalho, com observância das formalidades aí assinaladas, nas quais se inclui o cumprimento do princípio do contraditório (que inclui se possibilite às partes a indicação das respectivas provas)». Neste caso concreto, tendo o Juiz fundamentado a sua decisão de direito em factos que apenas constavam da motivação da decisão da matéria de facto, concluiu o referido aresto que «não pode deixar de reconhecerse que a sentença se fundou em fundamentos de facto relativamente aos quais não foi formalmente cumprido o contraditório, tendo-se preterido os comandos legais adjectivos constantes dos artigos 72.º do Código de Processo do Trabalho e 3.º do Código de Processo Civil», o que a torna nula e importa a retoma da audiência de discussão e julgamento em ordem ao cumprimento dos dispositivos antes referidos. II.4. O não uso ou o uso indevido ao n.º 4 do art. 72.º do CPT A reação ao não uso ou ao uso indevido, pelo juiz da 1.ª instância, do poder-dever constante do art. 72.º, n.º 4, poderá, apenas, ocorrer por via de recurso a interpor pela parte prejudicada, seja suscitando a omissão, no elenco dos factos provados, de factos alegados, discutidos e relevantes a impor, à parte, o cumprimento dos ónus constantes do art. 640.º, n.º 1, do CPC, seja suscitando a ausência de elementos probatórios que sustentem os factos tidos por provados. 11 Proferido no Processo n.º 430/11.2TTMTS.P1, acessível em 12 Veja-se, em idêntico sentido, o Sr. Desembargador Ferreira Marques, em conferência subordinada ao tema O PROCESSO LABORAL E O JULGAMENTO DA MATÉRIA DE FACTO proferida em 19 de Setembro de 2007 no Supremo Tribunal de Justiça e disponível em 7

8 III. Os Poderes do Tribunal da Relação e o artigo 72.º, do CPT Os poderes do Tribunal da Relação, no âmbito do conhecimento e apreciação da matéria de facto, mostram-se, no CPC, regulados no art. 662.º. Diz-se, genericamente, no art. 662.º, n.º 1, que «[a] Relação deve alterar a decisão proferida sobre a matéria de facto, se os factos tidos como assentes, a prova produzida ou um documento superveniente impuserem decisão diversa». Prossegue o n.º 2 dizendo que: «[a] Relação deve ainda, mesmo oficiosamente: a) Ordenar a renovação da produção da prova quando houver dúvidas sérias sobre a credibilidade do depoente ou sobre o sentido do seu depoimento; b) Ordenar, em caso de dúvida fundada sobre a prova realizada, a produção de novos meios de prova; c) Anular a decisão proferida na 1.ª instância, quando, não constando do processo todos os elementos que, nos termos do número anterior, permitam a alteração da decisão proferida sobre a matéria de facto, repute deficiente, obscura ou contraditória a decisão sobre pontos determinados da matéria de facto, ou quando considere indispensável a ampliação desta; d) Determinar que, não estando devidamente fundamentada a decisão proferida sobre algum facto essencial para o julgamento da causa, o tribunal de 1.ª instância a fundamente, tendo em conta os depoimentos gravados ou registados». Com a entrada em vigor do novo Código de Processo Civil visou-se o reforço dos poderes conferidos à Relação no âmbito da fixação da matéria de facto, clarificando ou, se se quiser, conferindo-lhe efectivos poderes de conhecimento da matéria de facto, poderes esses que deixaram de estar reservados para as situações em que a modificação da matéria de facto só se imporia nos casos de «erro manifesto» de julgamento 13. Como nos diz o Sr. Conselheiro Abrantes Geraldes 14, «[c]om a nova redacção do art. 662.º pretendeu-se que ficasse claro que, sem embargo da correcção, mesmo a título oficioso, de determinadas patologias que afectam a decisão da matéria de facto e também sem prejuízo do ónus de impugnação que recai sobre o recorrente que está concretizado nos termos previstos no art. 640.º, quando esteja em causa a impugnação de determinados factos cuja prova tenha sido sustentada em 13 Veja-se o Acórdão do Tribunal da Relação do Porto de 28 de Outubro de 2013, Processo n.º 3429/09.5TBGDM-A.P1, acessível em 14 António Santos Abrantes Geraldes, Recursos no Novo Código de Processo Civil, 2013, Almedina, pág. 224 e

9 meios de prova submetidos a livre apreciação, a Relação deve alterar a decisão de facto sempre que, no seu juízo autónomo, os elementos de prova que se mostrem acessíveis determinem uma solução diversa, designadamente em resultado da reponderação dos documentos, depoimentos e relatórios periciais, complementados ou não pelas regras de experiência. ( ) A Relação deve assumir-se como verdadeiro tribunal de instância e, por isso, desde que, dentro dos seus poderes de livre apreciação dos meios de prova, encontre motivo para tal, deve introduzir as modificações que se justificarem». Abordadas já as consequências que podem advir do não uso ou do uso indevido do disposto no art. 72.º, ns. 1 e 4 e qual o tratamento que essa questão tem vindo a merecer por banda dos Tribunais da Relação, é tempo de questionar se, não obstante a constatada ampliação dos poderes que lhe foram concedidos por via no NCPC no âmbito da matéria de facto, é-lhe, do mesmo passo, consentido o uso dos poderes contidos no art. 72.º ou se deve e/ou pode determinar o seu exercício à 1.ª instância. A resposta às sobreditas questões é distinta, consoante estejamos na presença de situação regulada pelo n.º 1 ou pelo n.º 4 do art. 72.º. III.1. O Tribunal da Relação e o art. 72.º, n.º 1, do CPT Neste âmbito, impõe-se questionar se, ouvindo o Tribunal da Relação o registo da prova produzida em audiência de discussão e julgamento em consequência de recurso que haja sido interposto da matéria de facto pode, oficiosamente, aditar um facto novo no sentido de não alegado aos factos provados, ainda que, previamente, respeite o contraditório e constate ter sido um facto discutido e relevante para a decisão da causa? Ou pode o Tribunal da Relação, perante um facto novo, discutido e relevante para a boa decisão da causa, ordenar o reenvio dos autos à 1.ª instância a fim de ser cumprido o art. 72.º, n.º 1? A resposta a ambas as questões não pode, no nosso ver, deixar de ser negativa, isto é, a Relação não pode, oficiosamente, ampliar o elenco dos factos provados com outros que, não tendo sido alegados, adquira aquando da audição dos registos da prova produzida em sede de audiência de discussão e julgamento, nem pode ordenar à 1.ª instância que o faça, na medida em que o poder de reenviar o processo à 1.ª instância em ordem à ampliação da matéria de facto está reservado para as situações em que os factos foram alegados Embora não abordando, especificamente, a previsão do art. 72.º, n.º 1, do CPT, veja-se, a págs. 237, da já citada obra «Recursos no Novo Código de Processo Civil», que a defesa da formação de uma convicção autónoma da Relação em relação aos factos está reservada à concreta matéria de facto impugnada, não abrangendo, pois, a possibilidade de introdução de factos novos. 9

10 Na verdade, o exercício dos poderes-deveres contidos no art. 72.º, n.º 1, está circunscrito à 1.ª instância, sendo que à Relação apenas é consentida a reapreciação dos meios de prova que conduziram à prova ou não prova dos factos sobre os quais incida o recurso da matéria de facto ou ordenar a ampliação da matéria de facto quando repute serem essenciais factos para a decisão que não mereceram da 1.ª instância qualquer pronúncia, mas que estejam alegados. Aliás, os poderes da Relação estão, neste âmbito, concreta e claramente delimitados pelo n.º 1 do art. 662.º: a decisão sobre a matéria de facto só deve ser alterada se os factos tidos como assentes, a prova produzida ou um documento superveniente impuserem decisão diversa, o que significa que a decisão a alterar há-de respeitar a factos adquiridos no sentido de provados/não provados ou alegados e não a outros que sejam percepcionados no decurso da audição dos registos da prova. Em desabono desta asserção poderia, porventura, aduzir-se o constante das alíneas a) e b), do n.º 2, do art. 662.º, do CPC, pois ordenando a renovação da prova ou a produção de novos meios de prova, recuaria o julgador da 2.ª instância à fase da instrução e discussão da causa, o que lhe consentiria o uso dos poderes contidos no art. 72.º, n.º 1. Mas, assim não cremos. As citadas alíneas estão, no nosso ver, circunscritas aos concretos meios de prova que determinaram a prova ou a ausência dela de determinado facto. No caso da alínea a), o poder consentido à Relação relaciona-se com a dúvida fundada quanto à razão de ciência de determinada testemunha, que tenha sido essencial na prova ou não prova de um facto; no caso da alínea b), o poder consentido à Relação é o da produção de novos meios de prova, posto que repute de insuficientes ou duvidosos os produzidos para alcançar a decisão que, sobre algum facto, haja sido tomada. Ou seja, seja num caso, seja no outro, estamos sempre a falar de factos adquiridos no processo e sobre os quais irá ser emitida pronúncia, circunscrevendo-se a dúvida do tribunal de recurso aos meios de prova que impuseram a decisão quanto aos mesmos. Assim tem vindo a ser considerado pela Jurisprudência. Veja-se o Acórdão da Relação de Coimbra, proferido no Processo n.º 297/12.3TTCTB.C1 (não publicado), no qual se consignou que «em direito processual do trabalho ainda vigora o princípio do dispositivo. O tribunal só pode valer-se dos factos articulados pelas partes, salvo se estes forem do conhecimento oficioso ou tenha sido utilizado em 1.ª instância o mecanismo a que alude o artigo 72.º do Cód. Proc. Trabalho». Já no Acórdão da Relação do Porto, de 7 de Janeiro de 2013, Processo n.º 40/10.1TTPRT.P1 (acessível em considerou-se, a respeito do ali requerido pelo Ministério Público em Parecer que havia subscrito nos autos, 10

11 suscitando o esclarecimento de factos que melhor caracterizassem a relação jurídica objecto de apreciação que «quanto aos demais factos enunciados pelo Ministério Público (a parte que não foi contemplada na decisão de facto), independentemente do seu eventual interesse para uma melhor caracterização da relação negocial estabelecida entre as partes, é de notar que os mesmos não foram objecto de alegação por qualquer das partes nos articulados da acção.neste condicionalismo, sempre poderia o juiz de 1.ª instância nos termos do art. 72.º, n.º 1 do CPT, caso surgissem no decurso da produção da prova e os reputasse de relevantes, ampliar a base instrutória com tal matéria ou, não havendo base instrutória, tomá-los em consideração na decisão da matéria de facto, desde que sobre eles tivesse incidido discussão. Mas só poderia lançar mão deste poder-dever, que constitui uma especialidade do processo laboral, até ao momento em que se finalizam os debates, ou seja, ao momento do encerramento da discussão em 1.ª instância cfr. o artigo 72.º, n.ºs 1 e 4 do Código de Processo do Trabalho. Não o tendo feito o tribunal da 1.ª instância, mostra-se vedado ao Tribunal da Relação, em recurso da sentença final, determinar a anulação do julgamento a fim de ser ampliada a matéria de facto a tais factos não articulados, mesmo que a prova tenha sido gravada, em face do disposto no n.º 4 do referido artigo 72.º, que restringe à matéria articulada a possibilidade de se ampliar a matéria de facto uma vez findos os debates. Na verdade, para que o Tribunal da Relação possa determinar a ampliação da matéria de facto nos termos prescritos no artigo 712.º, n.º 4 do Código de Processo Civil, é necessário que os factos respectivos se mostrem alegados nos articulados da acção ou que, pelo menos, haja um princípio de alegação da matéria factual que se pretende averiguar ex novo o que possibilitará ulteriormente, uma vez reaberta a audiência na 1.ª instância, que o tribunal a quo retome a plenitude dos poderes que lhe são conferidos pelo artigo 72.º do Código de Processo do Trabalho. ( ). Assim, porque ultrapassado o momento processual em que é possível a ampliação da matéria de facto por referência a factos não articulados, não pode este Tribunal da Relação determinar a pretendida ampliação da matéria de facto relativamente a factos não articulados nos termos prescritos no artigo 712.º, n.º 4 do Código de Processo Civil». Ainda a mesma Relação, no Acórdão proferido no Processo n.º 532/09.5TTGMR.P1 (não publicado), no qual se diz que: «o art. 72.º do CPT, nos termos do qual [é permitido] o aditamento de factos não alegados pelas partes ( ) está reservado à 1.ª instância, sendo que ( ) o aditamento apenas poderá ter lugar até ao encerramento da audiência de discussão e 11

12 julgamento em 1.ª instância (ié, até aos debates), devendo para tanto ser ampliada a base instrutória e podendo as partes indicar as respetivas provas». Sobre esta temática se debruçou já, também, este Supremo Tribunal. Veja-se o Acórdão do STJ de 13 de Maio de 2004, Recurso n.º 783/04, no qual se diz que «não sendo a insuficiência de alegação factual da parte suprida pelo juiz de 1.ª instância com os poderes que lhe são conferidos pelos arts. 29.º e 66.º, n.º 1, do CPT/81, não é possível a ampliação da matéria de facto nos termos do art. 729.º, n.º 2 do CPC»; veja-se, igualmente, o Acórdão do STJ de 10 de Março de 2005, Recurso 3788/04, onde se ponderou que: «é vedado ao Tribunal da Relação, em recurso da sentença final, determinar a anulação do julgamento a fim de o tribunal de 1.ª instância dar cumprimento ao disposto no art. 66.º, n.º 1 do CPT, mesmo que a prova tenha sido gravada (o que permitia o controlo deste poder-dever do juiz pelo tribunal superior), em face do disposto no n.º 4 do art. 66.º que restringe à matéria de facto articulada a possibilidade de se formularem quesitos novos uma vez findos os debates». Veja-se, o Acórdão do STJ de 13 de Julho de 2005, Recurso n.º 677/05, no qual se exarou que «quando usa o poder de ordenar a ampliação da matéria de facto, o STJ apenas pode ter em consideração os factos alegados pelas partes e que sejam fundamentais para a definição da base jurídica do pleito. O poder de ampliar a matéria de facto atendendo oficiosamente a factos não articulados, é um poder inquisitório que incumbe ao juiz da causa e que ele apenas pode exercitar no decurso da audiência de julgamento, por sugestão da parte interessada ou por iniciativa própria, em função dos elementos que resultem da instrução e discussão da causa e da sua pertinência para a decisão jurídica e com vista ao apuramento da verdade material e da justa composição do litígio». Também no Acórdão de 10 de Outubro de 2008, Recurso n.º 12/08, o STJ teve ensejo de referir que «a nulidade por omissão de pronúncia, a que se refere o artigo 668.º, n.º 1, alínea d), 1.ª parte, do Código de Processo Civil, consiste no incumprimento do dever que ao juiz incumbe de, na sentença, resolver todas as questões que as partes tenham submetido à sua apreciação, bem como aquelas cujo conhecimento oficioso lhe seja imposto por lei (artigo 660.º, n.º 2). O referido preceito (artigo 668.º, n.º 1, alínea d), 1.ª parte) não se aplica ao julgamento da matéria de facto, mormente à omissão de procedimentos a adoptar no sentido de serem apurados e/ou considerados factos que, não tendo sido articulados, possam ser atendidos na sentença por se mostrarem essenciais para a resolução dos temas decidendos. Em relação aos factos instrumentais, que, tendo sido objecto de produção de prova, resultem demonstrados, a lei opera um desvio ao princípio do dispositivo, mediante o poder-dever de o tribunal os tomar em consideração, ainda que não alegados e independentemente da parte 12

13 interessada manifestar a vontade de deles se aproveitar, pressupondo o artigo 264.º, n.º 2, do Código de Processo Civil, quando utiliza a expressão «resultem da instrução e discussão da causa», o exercício do contraditório na produção da prova. Relativamente aos factos complementares ou concretizadores de factos constitutivos do direito invocado na acção, ou impeditivos, modificativos ou extintivos desse direito, indispensáveis à viabilidade da pretensão do autor ou da defesa por excepção, vigora, em pleno, o princípio do dispositivo, mesmo considerando a regra contida no artigo 72.º, n.º 4, do Código de Processo do Trabalho, dado que a sua atendibilidade não deixa de estar dependente da essencialidade daqueles que complementam ou concretizam. Estando em causa um facto (reforma da autora) concretizador da natureza da relação jurídica (contrato de trabalho ou contrato de prestação de serviços), que apenas na audiência de discussão e julgamento veio a ser referido por uma testemunha, não tendo a parte (ré) manifestado nessa fase processual, vontade de dele se aproveitar, estava vedado ao tribunal, ao abrigo do disposto no artigo 264.º, n.º 3, do Código de Processo Civil, tomá-lo em consideração na decisão ou, a coberto do disposto no n.º 1 do artigo 653.º, do mesmo diploma legal, ordenar diligências de prova, pois que este último preceito apenas contempla os casos em que ao tribunal, após o encerramento da discussão, se suscitem dúvidas quanto ao veredicto sobre factos de que possa tomar conhecimento, o que não sucede relativamente a factos essenciais, não articulados, aflorados durante a discussão da causa, se a parte interessada nada requer». III.2. O Tribunal da Relação e o art. 72.º, n.º 4, do CPT Debruçando-nos, agora, sobre o n.º 4 do art. 72.º, questionamo-nos acerca da possibilidade de o Tribunal da Relação poder tomar em consideração factos que, tendo sido alegados, não tenham merecido, depois, por parte da 1.ª instância, qualquer menção, seja no sentido de provados, seja no sentido de não provados. Poderá o Tribunal da Relação tomá-los em consideração, em sede de matéria de facto, caso se aperceba, no decurso da audição dos registos da prova, que sobre eles incidiu discussão e que esses factos relevam para a boa decisão da causa? A resposta positiva ou negativa a esta questão dependerá, no nosso entendimento, do âmbito do recurso que haja sido interposto. Na verdade, se no recurso que venha a interpor, a parte invocar que, em relação a factos por si alegados e que reputa de relevantes para a boa decisão da causa não foi emitida qualquer pronúncia por parte do tribunal de 1.ª instância, o Tribunal da Relação, desde que 13

14 constate a idoneidade da impugnação mormente por via do cumprimento dos ónus contidos no art. 640.º, do CPC -, o interesse dos factos e a sua efectiva discussão em sede de audiência de discussão e julgamento, poderá aditá-los, ampliando a matéria de facto provada. Um tal poder é consentido pelo disposto no art. 662.º, n.º 2, alínea c), a contrario sensu. Ou seja, desde que contido no âmbito do recurso interposto, poderá a Relação exercer os mesmos poderes que à 1.ª instância são conferidos pelo artigo 72.º, n.º 4. Caso o recorrente omita, no recurso que vier a interpor e ainda que ele abarque a impugnação da matéria de facto, qualquer menção a factos por si alegados e em relação aos quais não foi emitida qualquer pronúncia pela 1.ª instância seja no sentido da sua prova, seja no sentido da sua não prova ao Tribunal da Relação está vedada a possibilidade de, oficiosamente, ampliar a matéria de facto provada, ainda que, no decurso da audição dos registos da prova no momento em que livremente aprecia as partes impugnadas da matéria de facto constate que esses factos foram objecto de discussão e são relevantes para a boa decisão da causa. Neste caso, bem como naquele outro em que seja essencial o apuramento de factos relevantes para a boa decisão da causa desde que alegados e sobre eles inexista pronúncia, ao Tribunal da Relação resta anular a decisão proferida na 1.ª instância, conforme previsto na alínea c), do n.º 2, do art. 662.º, do CPC. Trata-se, afinal, de conclusão que mais não visa senão a observância do princípio do contraditório, evitando decisões surpresa, bem como a supressão de um grau de recurso em sede de impugnação da matéria de facto. IV. O SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA E A MATÉRIA DE FACTO O STJ tem, como se sabe e por regra, funções de estrita aplicação do direito aos factos, talqual vêm fixados pelas instâncias. É o que resulta do disposto no art. 682.º, n.º 1, do CPC. Excepcionalmente, porém, pode o STJ intervir no apuramento da matéria de facto relevante para a decisão quando verifique que na apreciação das provas e na fixação dos factos materiais da causa tenha existido ofensa de uma disposição expressa de lei que exija certa espécie de prova para a existência do facto ou que fixe a força de determinado meio de prova (art. 674.º, n.º 3, do CPC) ou quando verifique que a decisão de facto pode e deve ser ampliada, em ordem a constituir base suficiente para a decisão de direito, ou que ocorrem contradições na decisão sobre a matéria de facto que inviabilizam a decisão jurídica do pleito (art. 682.º, n.º 3, do CPC). 14

15 Fora dos específicos poderes antes enunciados, ao Supremo Tribunal de Justiça não é lícito sindicar a matéria de facto, tanto mais que as decisões que nesse domínio forem tomadas pela Relação no uso dos poderes contidos no art. 662.º são insusceptíveis de ser objecto de recurso de revista. V. CONCLUSÕES O princípio fundamental a ter em conta no âmbito da matéria de facto a apreciar nos autos é o do dispositivo, no sentido de que devem ser as partes a, nos respectivos articulados, alegar os factos constitutivos do direito que se arrogam ou das excepções que arguam. Ao abrigo do princípio do inquisitório e do princípio da oficiosidade, o incumprimento desse ónus e/ou a insuficiência alegatória são, no domínio da jurisdição do trabalho, susceptíveis de ser ultrapassados ou corrigidos em distintas fases processuais: na audiência de partes; em despacho de aperfeiçoamento; na audiência prévia; em sede de audiência de discussão e julgamento; no momento da fixação da matéria de facto. É, todavia, na possibilidade de aquisição, conformação e delimitação dos factos novos trazidos ao conhecimento do Tribunal na audiência e discussão de julgamento, prevista do art. 72.º, n.º 1, do CPT, que reside o paradigma e a excelência, no âmbito da decisão da matéria de facto, dos poderes exclusivamente atribuídos ao juiz da 1.ª Instância. Este poder-dever visa satisfazer o princípio da verdade material, impondo o seu exercício o justo equilíbrio dos princípios do dispositivo e do inquisitório, sempre com observância do contraditório. Relembrando a velha máxima de Séneca, «Quanto maior a pressa, maior a distância», diremos que, ainda que a aquisição dos factos, ao abrigo dos poderes inquisitórios e oficiosos do juiz, possa, numa primeira análise, criar a ilusão de um entorpecimento da acção, significará, todavia e seguramente, sempre que necessário, o caminho mais curto para o alcance da justa composição do litígio. Lisboa, 22 de Outubro de 2014 Hermínia Oliveira Susana Silveira 15

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