PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL E TABAGISMO: CONTRIBUIÇÕES DO SERVIÇO SOCIAL.
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- Lídia Lisboa Pacheco
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1 1 PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL E TABAGISMO: CONTRIBUIÇÕES DO SERVIÇO SOCIAL. Marina Monteiro de Castro e Castro 1 Ana Lúcia Vargas 2 RESUMO O presente artigo visa apresentar as atividades desenvolvidas no Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto para prevenção, tratamento e pesquisa com tabagismo, que são coordenadas pelo Serviço Social. Palavras-chave: Tabagismo, Residência, Serviço Social 1 Professora da Faculdade de Serviço Social/Universidade Federal de Juiz de Fora; Mestre em Serviço Social/UFJF; Doutoranda em Serviço Social/UFRJ; Coordenadora do Serviço Social no Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto. 2 Assistente social do Hospital Universitário/ Universidade Federal de Juiz de Fora; Mestre em Saúde Coletiva IMS/UERJ; Preceptora do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto
2 2 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por objetivo relatar a experiência do Serviço Social na coordenação do eixo transversal de pesquisa e intervenção em Tabagismo desenvolvido no Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto com ênfase em doenças crônico degenerativas, realizado no Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU/UFJF). O tabagismo é um dos principais problemas de saúde pública na contemporaneidade e a sua dependência encontra-se entre os vinte maiores fatores de risco para problemas de saúde, estando entre a mais importante causa evitável de morbidade e mortalidade prematura. Estima-se que ocorra 5 milhões de óbitos anuais no mundo atribuídos ao tabagismo (OMS, 2008). Atualmente as ações em tabagismo do HU/UFJF promovem uma interface entre diferentes setores/programas da Universidade: Serviço Social/HU, Serviço de Psicologia/HU, Serviço de Clínica Médica/HU, Departamento de Nutrição/ICB, Departamento de Psicologia/ICH, Faculdade de Serviço Social e dos Programas de Residência em Serviço Social, Psiquiatria e do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto e com o Centro de Referência em Pesquisa, Intervenção e Avaliação em Álcool e Drogas (CREPEIA) do Departamento de Psicologia da UFJF. Estes diferentes setores/programas compõem o Centro Interdisciplinar em Pesquisa e Intervenção em Tabagismo do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (CIPIT/HU/UFJF). As atividades desenvolvidas visam No que tange às atividades junto ao Programa de Residência em Saúde do Adulto, destaca-se que são desenvolvidos atividades em dois eixos: assistencial (ambulatorial e hospitalar) e de pesquisa, e ambos são coordenados pelo Serviço Social. Entendendo que os Programas de Residência são espaços de excelência para a formação em saúde e que o trabalho com tabagismo é central no enfrentamento das
3 3 doenças crônico-degenerativas, este trabalho busca apresentar a experiência do Serviço Social problematizando as potencialidades e os desafios do trabalho nestes campos. 1. O Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto do HU/UFJF As Residências em Saúde, tanto em Área quanto multiprofissional, são regulamentadas pela Lei de 2005, que institui a Residência em Área Profissional de Saúde e cria a Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde CNRMS; e pela portaria interministerial n 1077 de 12 de novembro de 2009, que dispõe sobre a Residência Multiprofissional em Saúde e a Residência em Área Profissional da Saúde, institui o Programa Nacional de Bolsas para as Residências e a CNMRS. De acordo com Brasil (2009), as Residências Multiprofissionais e em Área Profissional da Saúde constituem modalidades de ensino de pós-graduação lato sensu destinado às profissões da saúde, sob a forma de curso de especialização caracterizado por ensino em serviço, com carga horária de 60 (sessenta) horas semanais e duração mínima de 2 (dois) anos. Os programas de Residência são pautados pelos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde e de acordo com o Art. 2º da Portaria n 1077, e orientados a partir das necessidades e realidades locais e regionais, de forma a contemplar os seguintes eixos norteadores, dentre outros: cenários de educação em serviço representativos da realidade sócio-epidemiológica do País; concepção ampliada de saúde que respeite a diversidade e considere o sujeito enquanto ator social responsável por seu processo de vida, inserido num ambiente social, político e cultural; política nacional de gestão da educação na saúde para o SUS; abordagem e estratégias pedagógicas capazes de utilizar e promover cenários de aprendizagem configurados em itinerário de linhas de cuidado, de modo a garantir a formação integral e interdisciplinar; integração ensino-serviço-comunidade; integração de saberes e práticas tendo em vista a necessidade de mudanças nos processos de formação, de trabalho e de gestão na saúde; estabelecimento de sistema de avaliação formativa, com a participação dos diferentes atores envolvidos, visando o desenvolvimento de atitude crítica e reflexiva do profissional, com vistas à sua contribuição ao aperfeiçoamento do SUS; e integralidade que contemple todos os níveis da Atenção à Saúde e a Gestão do Sistema.
4 4 Com estes programas busca-se sedimentar um paradigma que supere os pólos saúde pública/ assistência médica individual, ou prevenção e cura, lutando por uma nova qualidade da assistência, e para que a população tenha condições de compreender o significado do direito à saúde e da dimensão das desigualdades sociais (STEPHAN-SOUZA et al, 2001). No HU/UFJF, o Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto com ênfase em doenças crônico - degenerativas teve início em 2010 contando com a inserção das seguintes áreas: Serviço Social, Farmácia, Análises Clínicas, enfermagem, nutrição, psicologia, educação física, fisioterapia. Tendo duração de dois anos, as atividades práticas dos residentes são assim organizadas: no primeiro ano, os residentes se dividem em atividades na atenção primária e secundária e tem como eixo transversal os ambulatórios de diabetes, tabagismo, doenças infetcto-parasitárias (DIP), hanseníase, fisioterapia cardiopulmonar, além das atividades do eixo específico de cada área profissional; no segundo ano os residentes se inserem no espaço hospitalar e o eixo transversal é a terapia nutricional e o tabagismo. As atividades desenvolvidas visam se constituir enquanto processos de interação e de trocas de experiências validadas pelo desenvolvimento da consciência crítica e reflexiva, a partir dos seguintes princípios: integração efetiva e produtiva entre ensino e serviço e construção coletiva do conhecimento de práticas e saberes da saúde. 2. Tabagismo: questão de saúde pública Segundo a Organização Mundial da Saúde (2008) cerca de cinco milhões de pessoas morrem ao ano por doenças relacionadas ao tabagismo, sendo que a tendência é o aumento desse número, já que os atuais fumantes desenvolverão problemas devido à utilização do tabaco. O tabagismo constitui uma das causas dominantes de morte evitável no mundo (INCA, 2008). Atualmente o tabagismo é amplamente reconhecido como doença epidêmica. Essa dependência expõe os fumantes continuamente a cerca de substâncias tóxicas, fazendo com que o uso do tabaco seja o agente causador de problemas relacionados à saúde, devido aos altos índices de morbimortalidade por câncer, doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e respiratórias (ESCHER et al, 2011).
5 5 O Brasil, apesar de ser um país em desenvolvimento e um grande produtor de tabaco, tem investido esforços no combate ao consumo do mesmo, através do Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT). Esse Programa tem como objetivo reduzir a prevalência de fumantes em nosso país e a consequente morbimortalidade por doenças tabaco relacionadas. Para isso, utiliza as seguintes estratégias: prevenção à iniciação ao tabagismo, proteção da população contra a exposição ambiental à fumaça de tabaco, tratamento para a cessação de fumar e regulação dos produtos de tabaco através de ações educativas e de mobilização de políticas e iniciativas legislativas e econômicas. No que concerne a poluição tabagística ambiental, a Aliança para Controle do Tabagismo ACTbr, aponta que nos últimos anos as empresas estão trabalhando na implementação de políticas de ambientes de trabalho livres do tabaco em todo o mundo. Estas organizações adotam as ações de controle do tabaco através de programas voluntários ou para se adequarem às legislações existentes (ACTbr, 2008). A aplicação de medidas eficazes de proteção contra a exposição à fumaça do cigarro, previstas no artigo 8º da CQCT Convenção Quadro pra Controle do Tabaco, preconiza a eliminação total da fumaça em ambientes fechados, a fim de obter-se um local absolutamente livre dos efeitos adversos da poluição tabagística. Segundo dados da ACTbr os fumantes passivos têm um risco 30% maior de desenvolverem câncer de pulmão, 25% mais chances de desenvolverem doenças cardiovasculares e doenças respiratórias dentre outras. O tabagismo passivo é a 3ª causa de morte evitável no mundo e o maior responsável pela poluição em ambientes fechados (IARC, 1987).Há evidências que os sistemas de ventilação e de filtragem do ar, bem como as áreas especiais para fumantes, não apresentam eficácia à exposição às substâncias tóxicas da fumaça ambiental do tabaco nem à seus riscos (ACTbr, 2008). Neste sentido, os hospitais são centrais, pois atuam como importante meio disseminador de exemplos e ações para a promoção da saúde e qualidade de vida da população que atendem (NAZARETH et al, 2008). O hospital é um ambiente privilegiado, em relação ao fumo, por vários motivos: 1) é um ambiente de trabalho em que muitas pessoas passam várias horas por dia; 2) é um local em que a população tem contato com os profissionais de saúde e onde deveria ter acesso a informações sobre os riscos do fumo; 3) é um local em que os profissionais de saúde
6 6 deveriam servir como modelos de comportamentos saudáveis, não fumando (LARANJEIRA; FERREIRA, 2007). 3. O tabagismo enquanto eixo assistencial e de pesquisa As intervenções em tabagismo no Hospital Universitário da UFJF vêm sendo desenvolvidas desde o ano de 1997 através de ações de cunho preventivo, educativo e voltadas aos trabalhadores e pacientes. Em 2007, as ações nesta área foram redefinidas a partir do Projeto de Prevenção, Tratamento e Controle do Tabagismo criado com objetivo de oferecer aos trabalhadores da instituição e à população de referência do HU/UFJF prevenção e tratamento do tabagismo, através de abordagem interdisciplinar, pautado nos moldes do Programa Nacional de Controle do Tabagismo PNCT do Instituto Nacional do Câncer/INCA. O projeto passou a incorporar também ações de controle do uso do tabaco no ambiente hospitalar e capacitação de profissionais e estudantes com vista a formação de multiplicadores. O Projeto caracteriza-se como um programa de extensão universitária e o trabalho desenvolvido por profissionais e acadêmicos de diversas áreas como: psicologia, serviço social, enfermagem, fisioterapia, educação física, medicina, nutrição, farmácia/bioquímica. Em 2010, incorporou os residentes do Programa Multiprofissional em Saúde do adulto. As intervenções acontecem em nível ambulatorial e em média 320 tabagistas já participaram do programa de tratamento, além de um universo de pessoas que foram abordadas em atividades de prevenção e educação em saúde. Dada a amplitude das ações e a relevância tanto para a comunidade acadêmica quanto para população usuária, a equipe do Ambulatório de tabagismo propôs em 2012 a expansão do trabalho realizado com a criação e implementação do Centro Interdisciplinar de Pesquisa e Intervenção em Tabagismo - CIPIT. Com essa iniciativa, o HU/UFJF assumiu um papel relevante na Política nacional de prevenção, tratamento e controle do tabagismo. Uma das iniciativas do CIPIT foi reorganizar a inserção dos residentes nas atividades concernentes ao tabagismo, tanto no que se refere ao eixo assistencial como no de pesquisa.
7 7 O eixo assistencial do tabagismo no Programa de Residência comporta intervenções assistenciais direcionadas às duas Unidades do HU/UFJF: Dom Bosco (nível ambulatorial) e Santa Catarina (nível hospitalar). No nível ambulatorial (Unidade Dom Bosco) são incorporados os residentes de primeiro ano - R1. A dinâmica do tratamento iniciada com cada novo grupo de participantes ocorre através da divulgação de novas vagas pra tratamento do tabagismo. Os interessados em parar de fumar devem se inscrever nas datas determinadas e os inscritos são inseridos no grupo por meio de sorteio. Cada grupo tem no máximo 15 participantes. O tratamento tem duração de um ano, de maneira que no início as sessões são semanais (nessa fase inicial são programadas seis sessões), seguidas de sessões quinzenais (dois encontros) adentrando a fase de manutenção. A partir do terceiro mês os participantes devem comparecer ao tratamento mensalmente, até completar um ano. Cabe ressaltar que os profissionais e residentes vinculados à equipe, se dispõem a realizar atendimentos individuais, partindo do interesse e/ou necessidade dos usuários. Antes de início das sessões em grupo, todos os participantes são avaliados individualmente quanto aos aspetos clínicos e psicossociais (momento de anamnese). O protocolo de tratamento é pautado nos moldes do INCA/MS - Instituto Nacional do Câncer/Ministério da Saúde. No âmbito hospitalar (Unidade Santa Catarina) são incorporados os residentes de segundo ano - R2. Este eixo foi iniciado em No que se refere ao tratamento no momento da hospitalização destacamos este como uma importante oportunidade para encorajar os pacientes tabagistas a deixarem de fumar, pois durante este período o paciente não tem permissão para fumar nas instalações hospitalares, conforme legislação vigente no país, e estão em contato com diversos profissionais de saúde e ficam mais suscetíveis a aceitar uma assistência para cessação em função da abstinência (RIGOTTI, et al., 2007) e do adoecer. O hospital pode ser considerado assim um lócus privilegiado para intervenções direcionadas à cessação tabágica. Por ter iniciado em 2013, as atividades do eixo hospitalar ainda estão em fase de organização. No entanto, a rotina para acompanhamento de pacientes internados já foi previamente definida.
8 8 O paciente será admitido conforme a rotina da instituição, e o registro de dados administrativos da unidade de internação subsidiará a abordagem inicial do paciente no leito. O tabagista será identificado e abordado por meio de visitas diárias aos leitos. Após a identificação do fumante será investigado seu perfil tabágico, o grau de dependência, a motivação em deixar de fumar durante a internação, e a existência ou não de doenças tabaco relacionadas. Após avaliação da motivação do fumante durante a internação e seu interesse em receber assistência especializada para a cessação do tabaco será disponibilizada a intervenção para cessação tabágica no leito, que envolve técnica específica para esse fim, intervenção cognitivo comportamental e, caso necessário, medicação para aliviar os sintomas de abstinência. Assim, caso o tabagista demonstre interesse em deixar de fumar receberá abordagem breve para cessação do tabagismo, material informativo de apoio e Terapia de Reposição de Nicotina (conforme critério médico). Se não estiver interessado em parar de fumar será disponibilizado a oferta de acompanhamento no período de internação e material de informação. Na alta, os pacientes e familiares receberão orientações quanto à fase de manutenção do tratamento. Para o período entre a alta e a marcação da primeira consulta de acompanhamento ambulatorial, será oferecida Terapia de Reposição de Nicotina. No caso de residirem em Juiz de Fora, os pacientes serão encaminhados para o tratamento em grupo (Grupo Pós alta do HU/UFJF). Nos três (3) primeiros meses da fase de manutenção os pacientes de outros municípios poderão receber o acompanhamento no município de Juiz de Fora (respeitadas as limitações clínicas), a fim de não causar interrupção no tratamento medicamentoso. Pacientes de outros municípios sem condição de locomoção até Juiz de Fora serão encaminhados para continuidade do tratamento em seu município. Em casos específicos haverá análise da Coordenação Municipal. Após a fase de manutenção os pacientes participarão de acompanhamento (via telefone) em follow up de 3 e 6 meses.
9 9 Para subsídio das atividades realizadas, o Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto do HU/UFJF oferece uma atividade teórico/prática, denominada de Seminário Integrador. No que se refere ao eixo do tabagismo, o seminário acontece às sextas-feiras, quinzenalmente, e tem como objetivo realizar a preparação, acompanhamento e debate das atividades desenvolvidas pelos residentes; discussão de casos, leitura e estudos. Além do eixo assistencial e teórico/prático, o residente também estará inserido no eixo de pesquisa, trabalhando com estudos de prevalência de tabagismo em pacientes internados e trabalhadores, e com estudos que tratam da identificação de ambientes livres de tabaco. A pesquisa que está em desenvolvimento tem como título: Prevalência de Tabagismo no Ambiente Hospitalar: uma estratégia de promoção/prevenção à Saúde do Trabalhador aprovada pelo edital Qualidade ambiental no Campus/UFJF 2012/2013 e é coordenada pelo Serviço Social. O objetivo da pesquisa é investigar a prevalência de trabalhadores fumantes no ambiente hospitalar a fim de subsidiar a construção de uma política de prevenção do tabagismo, com a promoção de Ambientes Livres do Tabaco. Desta forma, pretende-se com o estudo realizar levantamento e mapeamento do número de trabalhadores fumantes nos diversos setores do HU/UFJF, conhecer o perfil tabágico e o grau de dependência dos fumantes trabalhadores do Hospital Universitário (HU/UFJF) e identificar e cadastrar os ambientes livres de tabaco O estudo será realizado em 12 meses nas duas Unidades de atendimento HU/UFJF Santa Catarina e Dom Bosco. Como estratégia inicial, o projeto prevê um estudo de prevalência e investigação do perfil tabágico e do grau de dependência de trabalhadores fumantes do HU/UFJF. Será incluso neste estudo tanto homens quanto mulheres, maiores de 18 anos, que aceitarem participar da pesquisa através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. As etapas previstas para o projeto são: revisão de literatura, estudo da temática, treinamento para aplicação dos instrumentos para coleta de dados, pesquisa de campo, análise estatística dos resultados e estudos de associação, construção/atualização do banco de dados, elaboração de relatórios e artigos, e divulgação dos resultados.
10 10 Na pesquisa de campo serão utilizados protocolos de avaliação com escalas e instrumentos consolidados e que serão adaptados para o cenário de pesquisa do presente estudo. Para a coleta de dados, utilizaremos o Questionário de tolerância de Fagerström (FTQ que avalia o grau de dependência de nicotina (FAGERSTRÖM; SCHNEIDER, 1989). Este instrumento apresenta seis questões sobre o hábito de fumar e avalia o grau de dependência da nicotina em baixo, médio e elevado. O escore total é calculado pela soma de todas as questões que podem variar entre 0 e 10 pontos. A dependência leve terá escore até 4 pontos, a moderada 5 pontos e dependência elevada de 6 a 10 pontos (HALTY et al., 2002). Além disso, será utilizada a anamnese clínica de rotina do Ambulatório de Tabagismo do HU/UFJF com informações sócio- demográficas do paciente e história tabágica. A partir da realização deste projeto pretende-se: conhecer a prevalência do tabagismo no ambiente hospitalar; aprimorar as estratégias de intervenção direcionando-as ao perfil da população atendida, aumentando o alcance das mesmas; conhecer os fatores facilitadores e dificultadores da cessação tabágica; propor ações mais custo/efetivas para a saúde pública; disponibilizar conhecimento sobre alternativas de tratamento para o tabagismo; comparar dados e reproduzir estudo para outros centros acadêmicos; dar visibilidade institucional através do compartilhamento dos resultados do estudo, em meio acadêmico, através de publicação de artigos e apresentação de trabalhos em eventos científicos; cumprir as determinações legais sobre as restrições de uso de tabaco em ambientes fechados; formar multiplicadores para ações estratégicas em controle do tabagismo no ambiente de trabalho; desenvolver ações educativas para promover ambientes de trabalho livres de fumo; e monitorar as ações implementadas. A inserção dos residentes neste projeto de pesquisa visa contribuir para uma formação crítica acerca do tabagismo no Brasil tendo como referencial o conceito ampliado de saúde, como também despertar as potencialidades da investigação científica na formação profissional em saúde, e contribuir com o desenvolvimento de pesquisadores na área.
11 11 CONSIDERAÇÕES FINAIS O tabagismo constitui uma das causas dominantes de morte evitável no mundo (INCA, 2008). Atualmente o tabagismo é amplamente reconhecido com uma doença epidêmica. Essa dependência expõe os fumantes continuamente a cerca de substâncias tóxicas, fazendo com que o uso do tabaco seja o agente causador de problemas relacionados à saúde, devido aos altos índices de morbimortalidade por câncer, doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e respiratórias (ESCHER et al, 2011). Diante do exposto, as atividades desenvolvidas visam contribuir com a proteção e promoção à saúde dos pacientes e trabalhadores do HU/UFJF. Este é um locus privilegiado, pois concentra grande número de pessoas (usuários internos e externos), é um centro de formação de recursos humanos, dispõem de equipe profissional atuante na área de controle do tabagismo e se apresenta como referência, tanto nos aspectos de prevenção, assistência e pesquisa em tabagismo. Consideramos assim, que a inserção dos residentes do Programa Multiprofissional em Saúde do Adulto no eixo tabagismo é de suma importância para a qualificação do trabalho realizado, como também para o processo formativo dos residentes.
12 12 REFERÊNCIAS ACTbr. Ambientes de Trabalho Livres de Fumo. Manual para tornar sua empresa mais segura e saudável. Traduzido do guia elaborado pela Global Smokefree Partnership (Parceria Global para Ambientes Livres do Fumo). American Cancer Society, Inc Disponível em: < Acesso em: 22 set BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco. 1ª Ed.: 58p, MINISTÉRIO DA SAÚDE. INCA. Ação Global para o Controle do Tabaco. 1º Tratado Internacional de Saúde Pública. 3ª Ed.:20-24, BRASIL. Lei , de 30 de 3 junho de Disponível em: acesso em: 20 de maio de Portaria Interministerial n de 12 de novembro de Disponível em: acesso em: 20 de maio de CAVALCANTI, T e PINTO, Márcia. Considerações sobre Tabaco e Pobreza no Brasil: Consumo e Produção do Tabaco. s/d. Disponível em: CRISTINA, Ana Paula et al. Prevalência do tabagismo em funcionários de um hospital universitário. Revista Latino Americana de Enfermagem, jan./fev ECHER, I. C. et al. Prevalência do tabagismo em funcionários de um hospital universitário.revista Latino-Americana de Enfermagem, GUERRA, Mr.; GALLO, M.; et all Risco de câncer no Brasil: tendências e estudos epidemiológicos mais recentes. Revista Brasileira de Cancerologia 2005, 51(3): LARANJEIRA, R. FERREIRA, M. P. Como criar um hospital livre de cigarro. Revista da Associação Médica Brasileira, São Paulo, v. 43, n. 2, p , NAZARETH, C et al. Frequência do tabagismo no ambiente hospitalar. HU Revista, Juiz de Fora, v. 34, n. 4, p , out./dez ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Relatório da Organização Mundial da Saúde sobre a epidemia global do tabagismo. Pacote MPOWE Disponível em: < Acesso em: 22 set
13 13 OPAS. Respira Brasil: as Legislações de Ambientes Livres de Fumo das Cinco Regiões do Brasil. Brasília, DF: OPAS, RIGOTTI, N. A. et al. Smoking by patients in a smoke-free hospital: prevalence, predictors, and implications. Preventive medicine, 31(2 Pt 1), p , STEPHAN SOUZA, A et al. Residência em Serviço Social na UFJF: Experiências Inovadoras de Integração Ensino e Serviço na Rede de Atenção à Saúde do Sistema Único de Saúde. Cadernos FNEPAS, STEPHAN-SOUZA, A; MOURÃO, A.A.A.; AMOROSO-LIMA, M.C.A. Residência em Serviço Social: um projeto de formação profissional. Revista Libertas. Juiz de Fora, n.1.p , 2001.
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