PrevNotícias Fevereiro de Edição nº 34

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1 PrevNotícias Fevereiro de Edição nº 34 Tribunais Temas Previdenciários na pauta do STF (p. 2) Receita Federal esclarece momento de ocorrência do fato gerador da contribuição previdenciária (p. 3) CARF entende que não incidem contribuições previdenciárias sobre assistência médica paga a dependentes de empregados (p. 3) Legislação Brasil assina novo Acordo de Previdência Social (p. 4) PREVIC estabelecerá procedimentos para qualificação de dirigentes de fundos de pensão (p. 4) Direito Comentado Inexistência de direito adquirido a índice de correção monetária em plano de previdência complementar (p. 5) Este Boletim foi redigido meramente para fins de informação e debate. Não deve ser considerado opinião legal para qualquer operação ou negócio específico. PREVNOTÍCIAS é elaborado mensalmente pela Área Previdenciária de PINHEIRO NETO ADVOGADOS, composta por 14 integrantes, sendo 4 sócios, 2 consultores, 7 associados e 1 estagiário.

2 DIREITO PREVIDENCIÁRIO NOS TRIBUNAIS Temas Previdenciários na pauta do STF No ano de 2016, temas previdenciários muito relevantes podem ser decididos no Supremo Tribunal Federal. Um tema aguardado é a discussão sobre a constitucionalidade do Fator Acidentário de Prevenção ( FAP ) para fins de alteração da alíquota da contribuição ao Seguro Acidente do Trabalho ( SAT ) / Riscos Ambientais do Trabalho ( RAT ). Outro tema é relativo à constitucionalidade da multa de 10% sobre o saldo do FGTS devida pelo empregador quando da demissão sem justa causa. Tema O STF também poderá decidir sobre o alcance do conceito de folha de salários para fins de incidência de contribuições previdenciárias, bem como acerca da incidência dessas exações sobre verbas como terço de férias, salário maternidade, adicional noturno e adicional de insalubridade. Confiram-se, abaixo, os principais temas previdenciários que podem ser analisados pelo STF neste ano: Aplicabilidade da imunidade referente às contribuições sociais sobre as receitas decorrentes de exportação intermediada por empresas comerciais exportadoras ( trading companies ). Inconstitucionalidade da multa de 10% sobre o saldo do FGTS, devida pelo empregador quando da demissão sem justa causa Contribuição adicional de 2,5% sobre a folha de salários de instituições financeiras instituída pela Lei nº 8.212/91. Cláusula de plano de previdência complementar que estabelece valor inferior de complementação de benefício para mulheres em virtude de seu tempo de contribuição. Incidência do fator previdenciário (Lei 9.876/99) ou das regras de transição trazidas pela EC 20/98 nos benefícios previdenciários concedidos a segurados filiados ao Regime Geral até 16/12/1998. Referibilidade e natureza jurídica da contribuição para o INCRA em face da Emenda Constitucional nº 33/2001. Inclusão do salário-maternidade na base de cálculo da Contribuição Previdenciária incidente sobre a remuneração. Alcance da expressão folha de salários, para fins de instituição de contribuição social sobre o total das remunerações. Contribuição previdenciária sobre o 1/3 de férias, os serviços extraordinários, o adicional noturno e o adicional de insalubridade. Contribuição para a seguridade social a cargo das agroindústrias sobre a receita bruta prevista na Lei nº /2001. Fixação de alíquota da contribuição ao SAT com base no FAP, a partir de parâmetros estabelecidos por regulamentação do Conselho Nacional de Previdência Social

3 Receita Federal esclarece momento de ocorrência do fato gerador da contribuição previdenciária Por meio da Solução de Consulta COSIT nº 9/2016, a Receita Federal do Brasil analisou o momento de ocorrência do fato gerador de contribuições previdenciárias. Muito embora a análise tenha sido feita com foco nas regras aplicáveis à remuneração recebida por servidor público, parte dos fundamentos da referida Solução de Consulta se aplica também ao regime de pagamento de contribuições das empresas. Como regra geral, a RFB entendeu que a remuneração é devida na competência ou mês em que houve a prestação de serviço. Considerando que a prestação de serviço geralmente ocorre antes da data de creditamento ou pagamento da remuneração, deve prevalecer o primeiro momento para fins de estipulação de data de ocorrência do fato gerador e, portanto, da obrigação ao recolhimento de contribuições previdenciárias. A data em que a remuneração é creditada ou paga somente serviria para determinação do fato gerador se não fosse possível identificar o período em que houve a prestação de serviço, o que não costuma ocorrer quando há prestação regular de serviços por trabalhadores. Por fim, tratando-se de pagamento a segurado contribuinte individual, a Receita Federal esclareceu que o fato gerador ocorre quando a remuneração é paga ou creditada, conforme previsto na legislação previdenciária. CARF entende que não incidem contribuições previdenciárias sobre assistência médica paga a dependentes de empregados Conforme disposto na legislação previdenciária (Lei n 8.212/91), o valor relativo à assistência médica ou odontológica oferecida pelas empresas aos seus empregados, desde que a cobertura abranja todos os funcionários, não integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias. Porém, há dúvida se essa isenção se estende a valores pagos pela empresa também com relação aos dependentes dos funcionários. Ou seja, não está claro na legislação se os valores despendidos com a extensão do referido benefício aos dependentes dos empregados também não devem ser levados à tributação. Embora o tema não seja pacífico na jurisprudência, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais ( CARF ) tem analisado essa questão e se manifestado favoravelmente à extensão da isenção também com relação aos valores despendidos com os dependentes dos empregados

4 Dentre os fundamentos adotados, entendeu-se que, caso haja o cumprimento do requisito de a assistência médica e odontológica estar disponível a todos os empregados e dirigentes, a isenção estaria garantida, independentemente de haver extensão aos dependentes ou não. O fato de a assistência médica ser extensível aos dependentes não é suficiente para afastar a isenção garantida por lei. ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS RELEVANTES Brasil assina novo Acordo de Previdência Social Em , o Brasil assinou Acordo de Previdência Social com a Bulgária. Em linhas gerais, o Acordo permite que contribuições previdenciárias pagas a um país sirvam para cômputo do tempo mínimo de contribuição para obtenção de benefício previdenciário do outro país. Além disso, há regra que evita a bitributação (cobrança de contribuições pelos dois países, concomitantemente) caso haja deslocamento temporário. O Acordo passará a viger no país após ratificação pelo Congresso Nacional e a publicação de Decreto Presidencial. Vale lembrar que o Brasil já assinou Acordos de Previdência Social também com os Estados Unidos, Quebec e Suíça, que estão em processo de ratificação pelo Congresso Nacional. Ademais, o Brasil possui atualmente 13 acordos em vigor, firmados com os seguintes países: Alemanha, Bélgica, Cabo Verde, Canadá, Chile, Coreia, Espanha, França, Grécia, Itália, Japão, Luxemburgo e Portugal. PREVIC estabelecerá procedimentos para qualificação de dirigentes de fundos de pensão Por meio da Resolução CNPC nº 19/2015, o Conselho Nacional de Previdência Complementar estipulou regras sobre os processos de certificação, habilitação e qualificação no âmbito das entidades fechadas de previdência complementar. O objetivo da norma é garantir que dirigentes ou profissionais envolvidos na gestão dos planos de benefícios de previdência, como os membros da diretoria-executiva, do conselho fiscal e do conselho deliberativo das Entidades Fechadas de Previdência Complementar, possuam conhecimento suficiente e, de forma geral, sejam devidamente qualificados para exercício do respectivo cargo. A norma prevê que instituição autônoma com capacidade técnica reconhecida pela PREVIC deverá realizar processo de certificação das pessoas envolvidas na gestão dos planos de previdência

5 De forma a regulamentar os procedimentos para a certificação, habilitação e qualificação dos profissionais, a PREVIC elaborou uma minuta de Instrução sobre o assunto e a disponibilizou para consulta pública. Passada essa fase, a PREVIC analisará as sugestões recebidas e, por fim, deverá publicar a versão final da referida norma. DIREITO PREVIDENCIÁRIO COMENTADO Inexistência de direito adquirido a índice de correção monetária em plano de previdência complementar Cristiane I. Matsumoto Gago Diego Filipe Casseb Guilherme Gregori Torres Sócia e associados da Área Previdenciária de Pinheiro Neto Advogados Conforme disposto nos artigos 17 e 68 da Lei Complementar nº 109/01, as alterações ocorridas nos regulamentos dos planos de previdência privada complementar se aplicam a todos os participantes das entidades fechadas, a partir de sua aprovação pelo órgão regulador e fiscalizador, observado o direito acumulado de cada participante. Ademais, há previsão de que (i) a participantes elegíveis à obtenção de um benefício, deve ser assegurada a aplicação das disposições regulamentares vigentes na data em que se tornaram elegíveis; e (ii) os benefícios serão considerados direito adquirido do participante quando implementadas todas as condições estabelecidas para elegibilidade. Contudo, a existência ou não de direito adquirido a determinada regra de plano de previdência deve ser analisada caso a caso, o que deve ser feito inclusive à luz da necessidade se preservar o equilíbrio financeiro e atuarial do referido plano, conforme disposto no artigo 201 da Constituição Federal. Nesse sentido, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça ( STJ ), no julgamento do RESP nº , analisou a extensão do direito adquirido quanto a um ponto específico, qual seja, a estipulação de índice de correção monetária incidente sobre benefícios de aposentadoria. O STJ reconheceu no referido caso a possibilidade de alteração do regulamento de plano de previdência privada com relação à estipulação de índice de correção monetária e, inclusive, afastou pedido feito por assistidos de que ocorresse a mescla de índices para que sempre o mais vantajoso fosse aplicado. Segundo a decisão, não há direito adquirido à aplicação de determinado índice específico de correção monetária estipulado em um plano, pois a jurisprudência reconhece que normas sobre correção monetária (que tratam de regime monetário) são insuscetíveis de disposição por ato de vontade e têm incidência imediata. Em razão disso, concluiu-se que é possível a substituição de um indexador por outro, desde que idôneo para medir a desvalorização da moeda

6 No caso analisado, foi permitida a alteração do índice IGP-DI pelo INPC, pois ambos são índices gerais de preços de ampla publicidade e suficientes para medir a inflação. Quanto à possibilidade de haver mescla de regulamentos de previdência privada, o pedido formulado era no sentido da aplicação de regras do antigo regulamento quando mais favoráveis aos assistidos e de aplicação de regras novas (com previsão de outro índice de correção monetária) quando mais favoráveis. Firmou-se o entendimento pela inadmissibilidade da confusão entre os regulamentos, o que, se permitido, levaria à criação de um terceiro regramento, ou a um regime híbrido de normas, que garantiria indevidamente apenas vantagens aos participantes. Prevaleceu o entendimento de que não pode ser assegurada a troca periódica do índice de correção monetária conforme seu desempenho em cada período, pois isso causaria distorções no plano e desequilíbrio econômico-atuarial. Assim, o STJ entendeu pela possibilidade de alteração do regulamento de plano de previdência privada quanto à estipulação de índice de correção monetária (inclusive por não haver direito adquirido quanto a esse ponto) e afastou a hipótese de combinação de cláusulas de regulamentos para variação do índice conforme seja ou não mais benéfico ao participante. Esse é um precedente importante para evitar que os integrantes e participantes de um plano de previdência sejam surpreendidos com a obrigação de eventualmente complementarem as reservas do fundo para cobrir déficit inesperado, decorrente da aplicação de índice de correção monetária mais vantajoso que não estava previsto no regulamento, o que, como já dito anteriormente, poderia levar ao desequilíbrio do plano como um todo. O boletim previdenciário PrevNotícias é desenvolvido mensalmente pelos profissionais que integram a Área Previdenciária de Pinheiro Neto Advogados. Sócio Coordenador: Sérgio Farina Filho Sócios da Área Previdenciária: Luiz Roberto Peroba Barbosa, Tércio Chiavassa, Marcos de Vicq de Cumptich e Cristiane I. Matsumoto Gago Colaboraram com esta edição: Cristiane I. Matsumoto Gago, Diego Filipe Casseb, William Roberto Crestani, Fernanda Balieiro Figueiredo, Danielle Silva Smagasz, Lucas Barbosa Oliveira e Guilherme Gregori Torres RUA HUNGRIA, 1.100, SÃO PAULO, SP T.: +55 (11) F.: +55 (11) BRASIL RUA HUMAITÁ, 275, 16º ANDAR RIO DE JANEIRO, RJ T.: +55 (21) F.: +55 (21) BRASIL SAFS QUADRA 2, BLOCO B, 3º ANDAR, ED. VIA OFFICE, , BRASÍLIA, DF T.: +55 (61) F.: +55 (61) BRASIL PNA@PN.COM.BR