JIDOKA: PILAR DE SUSTENTAÇÃO DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES

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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS CCT PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PPG DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA E PRODUÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DA PRODUÇÃO CLAUDICÉIA MENDES CLEYVALDO REIS DA SILVA DAISY DE FÁTIMA CANTANHÊDE COSTA JUSSIER SOUSA SOUSA MARY LUCY SILVA MONTEIRO NATHÁLIA RAQUEL BATISTA DE AZEVEDO JIDOKA: PILAR DE SUSTENTAÇÃO DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES SÃO LUÍS MA 2013

2 2 JIDOKA: PILAR DE SUSTENTAÇÃO DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES 1. Claudicéia Mendes* Cleyvaldo Reis da Silva* Daisy de Fátima Cantanhêde Costa* Jussier Sousa Sousa* Mary Lucy Silva Monteiro* Nathália Raquel Batista de Azevedo* RESUMO O objetivo deste artigo é analisar os conceitos e as aplicações o uso do sistema JIDOKA no processo produtivo das organizações atuais. Para isso, foram selecionados da literatura especializada os requisitos que compõem Sistema Toyota de Produção (Toyota Production System TPS), onde o JIKODA faz parte, assim como o Just in Time (JIT), para entender de que forma essas ferramentas podem ser utilizadas nas organizações atuais, como mecanismos para aperfeiçoar e alcançar a melhoria contínua. O trabalho iniciou com uma revisão bibliográfica sobre o Sistema Toyota de Produção. Para isso foram pesquisados artigos, livros e páginas da internet que forneceram diferentes pontos de vista sobre o assunto. Essa leitura permitirá um entendimento abrangente sobre a ferramenta JIDOKA do Sistema Toyota de Produção e sua aplicação. Palavras-chave: Jidoka, autonomação, autonomia, melhoria contínua. ABSTRACT The objective of this paper is to analyze the concepts and the applications using the system in production process JIDOKA organizations today. For this, we selected the literature requirements that make up the Toyota Production System (TPS Toyota Production System), where the JIKODA part, as well as Just in Time (JIT), to understand how these tools can be used in organizations today, as mechanisms to improve and achieve continuous improvement. The work began with a literature review on the Toyota Production System. To this were researched articles, books and websites that provide different views on the subject. This reading will allow a comprehensive understanding about the tool JIDOKA the Toyota Production System and its application. Keywords: Jidoka, autonomation, autonomy, continuous improvement. INTRODUÇÃO Atualmente os sistemas de produção, necessitam de mais agilidade, maior eficiência e qualidade na criação de produtos ou serviços buscando mais do que nunca otimizar a utilização dos recursos com o intuito de alcançar um resultado maior, que é a satisfação do consumidor final. 1 Artigo desenvolvido para obtenção de nota na disciplina de Manufatura Enxuta do curso de Especialização Em Engenharia da Produção da Universidade Estadual do Maranhão. *Acadêmicos do curso de Pós-graduação em Engenharia de Produção da Universidade Estadual do Maranhão.

3 3 Porém, sabemos que em todo e qualquer processo produtivo as anomalias, os problemas e/ou as não conformidades podem acontecer, pois na maioria das vezes existem situações imprevisíveis. Seja qual for à organização, não há como escapar dos contratempos ao decorrer dos processos produtivos, que em muitas ocasiões, acaba pondo em perigo os negócios. Essas falhas de produção podem ter várias origens como, por exemplo, falhas tecnológicas, erros humanos, entre outras, porém em meio às adversidades, é possível obter sucesso. Para isso o empreendedor precisa investir em um sistema de autonomação eficaz, daí surge à metodologia Jidoka que oferece a máquinas e operadores maior "autonomia", assegurando qualidade e menor custo. Na verdade, a palavra "Jidoka" significa simplesmente automação. "Ninben no tsuita jidoka" ou "Ninben no aru jidoka" expressam o verdadeiro significado do conceito, ou seja, que a máquina é dotada de inteligência e toque humano. A autonomação ou jidoka surgiu no início do século XX quando o fundador do grupo Toyota, desenvolveu um tear capaz de interromper seu funcionamento automaticamente quando um fio se quebrasse. Embora a autonomação esteja frequentemente associada à automação, ela não é um conceito restrito às máquinas. É importante notar que o conceito de autonomação tem muito mais identidade com a ideia de autonomia do que com automação. Enquanto a autonomia para a interrupção da linha é condição fundamental, a automação desempenha um papel secundário, nem sempre presente. Este conceito surgiu na Toyota a partir dos esforços de Ohno para que um trabalhador pudesse operar simultaneamente mais de uma máquina, aumentando com isso a eficiência da produção. Nada mais é do que dar autonomia à máquina para parar a linha em caso de produção defeituosa, ligada à separação entre homem e máquina, obtida pela multifuncionalidade de operadores. O jidoka é descrito como a forma de capaz de humanizar a interface entre a máquina e o operador (SLACK, 2009, p.451).

4 4 2. OS PILARES DE SUSTENTAÇÃO DA PRODUÇÃO ENXUTA A filosofia Jidoka, que compõem um dos pilares do Sistema Toyota de Produção, consiste em promover às maquinas e seus operadores a total capacidade de identificar algo incomum no processo e escolher ou não, acerca de forma de correção, caso ocorra falha no sistema, tendo mais "autonomia". De forma geral a aplicação desta metodologia requer um dispêndio elevado na aquisição de equipamentos e treinamentos de pessoal, porém, apesar disso possibilita que o processo produtivo cheque um resultado excelente. Apesar de a autonomação ser repetidamente relacionada à expressão automação, não se trata de um termo limitado apenas às máquinas, assim no TSP (Toyota Production System) a autonomação tende-se a ser executada em produções manuais, portanto, o Jidoka é composto por métodos que vão bem mais além à relação aos sistemas produtivos industriais, podendo ser desenvolvido em qualquer tipo de negócio que haja um procedimento padronizado. Figura 01: Estrutura do Sistema Toyota de Produção Fonte: GHINATO (2000, p.40) Essa ferramenta do TSP relaciona-se, portanto, nas questões que agregam valores quantitativos nos procedimentos que estão sendo realizados. Autonomação previne produtos defeituosos, elimina superprodução e foca a atenção na compreensão do problema e assegurar que esse problema não se repita.

5 5 3. CARACTERISITICAS DO SISTEMA JIDOKA O propósito principal do Jidoka consiste na interrupção do processo produtivo sempre que houver alguma anomalia evitando a origem de deficiências na sua produção, atingindo diretamente as causas da paralisação. Apesar de se basear no princípio de aprimoramento contínuo e promover ênfase na produção, a filosofia do Jidoka vai muito, além disso. Portanto, em muitas organizações, a precisão em manter uma atividade que promova qualidade suficientemente elevada, dentro de seus sistemas produtivos, na criação de seus produtos ou para realizar seus serviços, torna-se imprescindível. Por isso é importante entender a filosofia do Jidoka, ligada à idealização do Sakichi Toyoda, criador do tear automatizado, que consiste em: Identificar as falhas ou anomalias; Interromper os sistemas; Reparar rapidamente anormalidades; Buscar as razões das falhas (causa raiz). Juntamente com o Just in Time, o Jidoka é considerado um dos pilares de sustentação do TSP responsável por produzir em sequência, não deixar o produto parado, parar e notificar defeitos e separar trabalho humano do trabalho das máquinas. Todos estes pilares têm como objetivo: Melhor Qualidade, Menor Custo e Tempo de processamento mais Curto, podendo ser traduzido como atingir resultados de forma sustentável. De cada pilar da Toyota, respectivamente, o Just in time se refere às entregas aos clientes, no tempo certo e quantidades pedidas, sem gerar estoques ou atrasos, já o Jidoka refere-se à melhoria dos processos, buscando a eliminação dos desperdícios. O STP classifica sete tipos de perdas, onde podemos citar abaixo (Ohno, 1997): Perda por superprodução - por quantidade - por antecipação Perda por tempo de espera Perda por transporte

6 6 Perda no próprio processamento Perda por estoque Perda por movimentação Perda por fabricação de produtos defeituosos Conclui-se, portanto, que as palavras-chave da manufatura enxuta são valor e desperdício. Dessa forma o seu foco esta em produzir quando solicitado, o que implica em não utilizar sua capacidade total, o que não gera assim estoques e facilitando a correção dos problemas. A utilização de lotes pequenos, em vez de acumular um estoque de reserva, reduz o estoque cíclico o tempo e o espaço envolvidos no processo de fabricação e na manutenção de estoques (RITZMAN, 2004, p.402). Diferente do tradicional onde há a formação de estoques, pois a produção exige a utilização de toda sua capacidade produtiva, o que gera poucas chances de resolver problemas (SLACK, 2009). 4. MÉTODOS DE PREVENÇÃO Semelhante aos outros métodos adotados nos processos produtivo do TSP, o Jidoka também sujeita-se a utilização de mecanismos planejados para identificar a existência de algo incomum ao sistema, direcionando seu foco aos procedimentos, como podemos citar por exemplo, os recursos POKA-YOKE e o ANDON. Onde o método POKA-YOKE, consiste num processo de prevenção de irregularidades decorrente de erros humanos, por diversos fatores, como a falta de atenção, falta de conhecimento ou problemas visuais, por isso o termo Poka-yoke, em que, "Poka" refere-se a "prevenção", já a palavra "yoke" significa "erros por desatenção", ou seja, Poka-yoke "à prova de defeitos". Relaciona-se, sem dúvidas, a técnica bem mais comum, com o uso de mecanismos que facilitam a utilização, como entradas em dimensões diferentes umas das outras e facilitem a visualização, cabos e peças coloridas, de acordo com sua posição, no equipamento que irá ser montado ou instalado, reduzindo o uso de perdas e montagem errada. Os mecanismos Poka-yoke são fáceis de compreender, em que uma vez introduzidos nos recursos produtivos evita o aparecimento de erros. Ainda que o operador persista no erro, o Poka-yoke não permitirá, como pode ser visto nas figuras acima.

7 7 Outra ferramenta do Jidoka para identificar falhas no sistema é o ANDON, utilizada normalmente em organizações de grande porte, em que seus sistemas produtivos são totalmente automatizados. A ferramenta ANDON dispõe ao operador, interromper a produção em busca de falhas, possibilitando a procura por meios para solucionar e/ou compreender num painel indicador, que fica localizado num lugar onde todos possam visualizar, e esse será acionado sempre que houver algo incomum. Normalmente são utilizadas luzes como sinalização. Quando a luz amarela é acesa, ele indica que as falhas não foram contidas e que o processo irá parar, porém se o problema não for resolvido, acende-se a luz vermelha, dessa forma a produção é paralisada. 5. CONCLUSÃO O Jidoka busca a melhoria contínua, trabalho padronizado e nivelamento de produção, os quais exigem um grau de estabilidade para se equilibrarem. A partir destes princípios, nasceram ferramentas voltadas a resolução de problemas e gerenciamento de produção. Algumas são bem mais conhecidas, como o Kanban, PDCA, 5 S s, 5 por quês, poka-yoke, e takt-time. Outras, nem tanto, como o Heijunka Box, Andon, Mapeamento do Fluxo de Valor, e Milk Run. Nessa visão o homem deve operacionalizar as máquinas que o servem para estender e dar mais agilidade às tarefas a serem executadas, sendo o mesmo guiado e supervisionado a atingir o planejado, e se possível podendo até interferir na cadeia de produção se detectar algo fora do padrão na tentativa de minimizar os erros. A prática dessa filosofia precisa ser concretizada dia após dia, onde além de esforço e disciplina, haja uma estratégia que seja abrangente para toda a companhia buscando o comprometimento e envolvimento de todos os participantes/colaboradores das organizações. A ideia central é impedir a geração e propagação de defeitos e eliminar qualquer anormalidade no processamento e fluxo de produção.

8 8 Quando a máquina interrompe o processamento ou o operador pára a linha de produção, imediatamente o problema toma-se visível ao próprio operador, aos seus colegas e a sua supervisão. Isto desencadeia um esforço conjunto para identificar a causa fundamental e eliminá-la, evitando a reincidência do problema e consequentemente reduzindo as paradas da linha. Tudo isso em busca do desempenho operacional das organizações produtivas, a essência da autonomação não é a redução do número de operários, embora isto seja um dos resultados obtidos. A essência é facultar ao operador ou à máquina a autonomia para a paralisação da operação sob a presença de qualquer anormalidade. REFERÊNCIAS Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9001:2008. Sistema de Gestão da Qualidade. Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT: Normalização da documentação no Brasil. CAMPOS, Vicente Falconi. Gerenciamento pelas diretrizes. Nova Lima: INDG, GHINATO, P. Publicado como 2º. cap. do Livro Produção & Competitividade: Aplicações e Inovações, Ed.: Adiel T. de Almeida & Fernando M. C. Souza, Edit. da UFPE, Recife, MAXIMIANO, Antonio C. A. Introdução à Administração. 5ed. São Paulo: Atlas, OHNO, Taiichi. O Sistema de Toyota de Produção Além da produção em larga escala. Ed. Bookman, Porta Alegre, RITZMAN, Larry P. Administração da Produção e Operações/ Larry P. Ritzman, Lee Je Krajewski: tradução Roberto Galman; reisão técnica Calos Eduardo Mariano da Silva. São Paulo: Pearson Prentice Hall,2004. SHINGO, S. Sistema Toyota de Produção - do ponto-de-vista da Engenharia de Produção. Porto Alegre, Editora Bookman, SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; JOHNSTON, Roberth. Administração da produção. tradução Henrique Luiz Corrêa.-3ed. São Paulo: Atlas, WOMACK, James P. & JONES, Daniel T. A mentalidade enxuta nas empresas Lean Thinking. Ed. Campus, 2004.

9 9

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