Deus: o axioma que sustenta a verdade do mundo cartesiano

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1 Deus: o axioma que sustenta a verdade do mundo cartesiano God: the axiom that holds the truth of the cartesian world Isaú Ferreira Veloso Filho Mestre em filosofia pela UFOP, Ouro Preto, MG, Brasil, zaubob@yahoo.com.br Resumo O pensador francês René Descartes é tido como o precursor da filosofia moderna tendo, em especial com o seu Discurso do Método, interpretações nas mais diversas áreas do saber. Tal título se deve, além de outras questões, na maneira metódica pela qual o filósofo instituiu o conhecimento dos objetos sensíveis. Este que não deriva da imanência dos sentidos, como preconizava o modelo aristotélico-tomista dominante até então, mas do pensamento dos sujeitos. Ao promover esta inversão na fonte primeira do processo de conhecer Descartes fundamenta a perspectiva do eu, atribuindo à res cogitans papel preponderante frente ao conhecimento dos objetos. Afinal, será função da razão, com o auxílio da matemática, determinar se as ideias dos objetos presentes na coisa pensante correspondem com os próprios objetos no mundo externo. Contudo, para que a prova dos objetos empíricos com base na verdade seja efetiva, será fundamental a teoria cartesiana estabelecer alguns pontos seguros, certezas inabaláveis, axiomas, que servem de garantia para que a matemática seja verdadeira e capaz de proporcionar uma relação inequívoca entre o sujeito e objeto. Neste contexto, reduzindo a fundamentação primeira, será necessário que o filósofo institua Deus como bom e veraz e assim garanta a confiança na matemática e na própria res cogitans. Desta maneira, buscaremos neste artigo demonstrar os argumentos que Descartes utilizou para construir sua teoria do conhecimento para que, em seguida, possamos apresentar como esta teoria se aproxima da perspectiva do método axiomático moderno. Onde a verdade, no caso cartesiano do mundo sensível, deriva de axiomas metafísicos, que para o filósofo são sintetizados na figura divina. Palavras-chave: Descartes. Método. Axioma. Deus. Abstract The French thinker René Descartes is considered the precursor of modern philosophy with, especially with his Discourse on Method, interpretations in different areas of knowledge. This title is due, among other issues, the methodical manner in which the philosopher instituted to sensitive objects. This does not derive from the immanence of sense, as advocated by the Aristotelian-Thomistic dominant model until then, but the thought of the subject. By promoting this reversal in the first source of the process of knowing Descartes based the perspective of "I", giving the res cogitans leading role against the knowledge of objects. After all, it will be a function of reason with the aid of mathematics, determine if the ideas of objects present in the thinking thing correspond with the objects themselves in the outside world. However, for the evidence of the empirical objects based on the truth be effective, the 144

2 Cartesian theory establish some safe points will be fundamental, unshakable certainties, "axioms" that are a guarantee that mathematics is true and able to provide a clear link between subject and object. In this context, reducing the first foundation will require the philosopher sets up God as good and true and thus ensures confidence in mathematics and own res cogitans. In this way, we seek in this article demonstrate the arguments that Descartes used to build his theory of knowledge so that then we can present this theory as approaches from the perspective of the modern axiomatic method. Where the truth, in the Cartesian case of the sensible world, derives from metaphysical axioms, which for the philosopher are synthesized in the divine figure. Keywords: Descartes. Method. Axiom. God. A busca cartesiana por destituir a fonte do conhecimento da imanência dos sentidos para o pensamento dos sujeitos é fato notório na história da filosofia, contudo a maneira pela qual o filósofo francês pratica tal inversão oferece um vasto campo a ser explorado. Um deles é o fato do pensador usar de certezas metafísicas como meio de sustentação para que, de maneira efetiva, se possa afirmar com caráter de verdade o mundo físico. Ou, como buscaremos demonstrar, será a partir de um método axiomático que esta verdade será instituída, onde as certezas metafísicas serão axiomas de partida que por sua vez, devem justificar o meio de se conhecer o mundo empírico. Colocando de maneira mais clara, como se misturam o Descartes filósofo com o cientista, em que o segundo busca dar certeza matemática ao mundo empírico e o primeiro fundamenta tal assertiva em bases metafísicas. Ladrière, nesse sentido, embasa a nossa tese. Ele diz: A filosofia será, nessa perspectiva, o desenvolvimento daquilo que está contido na ideia de pensamento, a res cogitans, com base na experiência fundamental do cogito. (...) Ela também contém, por intermédio da noção de Deus e da relação de criação, uma espécie de justificação transcendental do mundo e, em particular, do mundo da extensão espacial. A filosofia, enquanto tal, nada tem a ver com esse mundo da pura extensão, mas deve oferecer uma justificação dele (...) (LADRIÈRE, 1978, 39-41). Para Descartes a matemática será a ciência responsável por dar caráter de certeza ao mundo empírico, ou como chama o filosofo, o mundo da extensão. Contudo, anteriormente ao enaltecimento desta ciência exata para este fim, devemos ter claro alguns outros pontos que compõe a argumentação do pensador: primeiro, as bases do método cartesiano, que tem na dúvida a sua pedra fundamental, mas que segue outras regras como as abstraídas da lógica, da análise dos geômetras e da álgebra. Criando um método que se resume em quatro regras essenciais: primeiro, a evidência, segundo, a análise, terceiro, a síntese e quarto, a revisão. Este que se caracteriza como indutivo-dedutivo, como exemplifica o autor: 145

3 É um método indutivo-dedutivo, já que supõe que o conhecimento verdadeiro parte da apreensão imediata da evidência de uma verdade através da intuição. É a partir das verdades assim intuídas que se alcançam outras, por encadeamento lógico-dedutivamente- e que são mais complexas que as primeiras (...) (DESCARTES, 1995, p.114). Dando sequencia à argumentação cartesiana, com o uso deste método o autor consegue chegar à primeira certeza, de ser enquanto pensamento. Sendo, portanto, a ideia simples que, associada aos parâmetros do método, seria a fonte de derivação das complexas. Nessa perspectiva metodológica o próximo passo dado pelo autor é justamente o de tentar afirmar o mundo empírico, tendo como garantia a certeza do cogito. Segundo Descartes, antes do objeto surgir no mundo empírico ele se forma no pensamento, numa concepção ideal com base em concepções evidentes 1, isto é, claras e distintas, como fica explicitado na nota de Guéroult a respeito do exemplo do pedaço de cera: Tal é o sentido exato do pedaço de cera : eu nada posso conhecer através da percepção ou da imaginação sem compreender (ou reconhecer), através do pensamento, a essência da coisa. (...) (apud. DESCARTES, 1987, p 105). Tendo em vista essa concepção de causalidade 2 proposta pelo autor, todo objeto que, aparentemente, se apresenta aos sentidos só realmente configura-se quando se pensa nele, não apenas isso, mas aparece de forma perfeita no cogito. Uma vez apresentada essa concepção de essência dos objetos, Descartes vai ao encontro de algo no mundo que possa se adequar a matemática, ou seja, que possa se adequar a ciência pura do pensamento podendo dar o caráter de certeza ao múltiplo sensível. Chegando a conclusão de que seria a extensão 3 dos objetos o dado que permite analisar com caráter de certeza, a partir da matemática, se os objetos do mundo empírico se adequam as ideias ou axiomas 4 presentes na substância pensante. Contudo, para que nossa argumentação adiante seja coerente, é importante lembrarmos que para Descartes a ideia dos objetos presentes no cogito estão ali por intermédio da substância incriada, ou seja, de Deus. Este que, para o filósofo, é bom e veraz sendo, portanto o fiador de que a matemática e os axiomas 1 A evidência, segundo Descartes, é vista como livre de toda a dúvida, como cita Geneviève Rodis-Lewis na sua obra Descartes e o Racionalismo: A evidência é aqui um estado de fato, caracterizado pela resistência a dúvida.<<o conhecimento sobre o qual se pode estabelecer um juízo indubitável deve ser não só claro, mas também distinto>> (...) (RODIS-LEWIS, 1979, p 17). 2 Segunda prova da existência de Deus, diz respeito à ideia que se tem da perfeição divina, uma vez que ela não é uma criação humana, é necessário que exista uma causa que produza essa ideia de perfeição, o mesmo se adéqua aos objetos que estão no mundo empírico. Outra afirmação da primazia do intelecto na concepção dos objetos externos leva em consideração a ultima prova da existência divina, a prova ontológica, a concepção de que não se separa a essência da existência. 3 Observando que a extensão é entendida por Descartes como uma análise dos axiomas presentes na substância pensante, e não as mudanças de figura que os objetos podem tomar no mundo empírico. É importante salientar que a teoria do conhecimento proposta por Descartes tem como base certezas, que sempre partem da substância pensante, alicerçada pela substância incriada (Deus). 4 Uma vez que são formas perfeitas que não necessitam de demonstração. 146

4 dos objetos são dados verdadeiros. Não apenas isto, mas atestando que o homem possa instituir algum conhecimento, não caindo num jogo de opiniões, como afirma o próprio autor: Pois, ainda que eu seja de tal natureza que, tão logo compreenda algo bastante claro e distintamente, sou naturalmente levado a acreditá-lo verdadeiro; no entanto, já que sou também de tal natureza que não posso manter sempre o espírito ligado a uma mesma coisa, e que amiúde me recordo de ter julgado como verdadeira, quando deixo de considerar as razões que me obrigaram a julgá-la dessa maneira, pode acontecer que nesse ínterim outras razões se me apresentem, as quais me fariam facilmente mudar de opinião se eu ignorasse que há um Deus. E, assim, eu jamais teria uma ciência verdadeira e certa de qualquer coisa que seja, mas somente opiniões vagas e inconstantes (...) (DESCARTES, 1973, p 135). A partir destas conclusões rapidamente expostas, uma vez que são questões comuns a toda a tradição filosófica, daremos sequência à nossa tese. Analisaremos então como se dá o processo de organização das ideias matemáticas e como esta resulta na construção de um método axiomático. Este que afirmará o mundo empírico com base na ciência que para o pensador francês resulta necessariamente da verdade clara e distinta. Descartes, ao afirmar em suas obras um reconhecido apreço pela matemática, segue uma linha de raciocínio bastante peculiar a pensadores como Arquimedes, onde o conhecimento do mundo se apresenta a partir de axiomas. Sendo breve: deriva-se o conhecimento de princípios evidentes, normalmente partindo das coisas mais simples, para a afirmação, por demonstração, das coisas mais complexas, constituindo dessa maneira um método indutivo-dedutivo. No entanto, é importante salientarmos que, o termo indutivo, na perspectiva cartesiana, tem uma conotação bastante atípica em relação a outras noções que a sucedem. Hume por exemplo pensa a indução de maneira contrária ao conhecimento verdadeiro, afirmando que ela, em conjunto com o hábito, induz os homens a crerem em verdades pela simples repetição de fatos. Nas palavras do autor: (...) causas semelhantes, em circunstâncias semelhantes, sempre produziram efeitos semelhantes. (...) e mesmo após eu ter tido experiência repetida de vários efeitos dessa espécie, não há nenhum argumento que me determine a supor que o efeito será conforme a experiência passada (...) (HUME, 2000, p.689). A indução segundo Descartes nos é dada a partir de duas perspectivas: a primeira fundamenta-se na proposição de que a alma teria a capacidade de reconhecer os elos entre princípios simples e as suas implicações de forma imediata; e a segunda, quando não fica 147

5 claro à alma qual é o principio simples, cabendo a ela apenas reduzir e enumerar todas as inferências, como afirma John Cottingham: Nas Regulae, Descartes utiliza o termo indução em um sentido bastante diferente do uso atual. Distingue dois tipos de processos cognitivos que levam ao conhecimento cientifico. O primeiro envolve uma série linear de inferências, começando com uma NATUREZA SIMPLES acessível a nós, e em que cada elo na cadeia é imediatamente intuído; o segundo surge quando não se faz possível uma redução completa a qualquer serie de intuições. Se inferirmos uma proposição de várias proposições desconexas, nossa capacidade intelectual é muitas vezes insuficiente para nos permitir abarcálas todas em uma única intuição, caso em que devemos nos contentar com um nível de certeza permitido pela operação de indução ou de enumeração (...) (COTTINGHAM, 1995, p. 87). Nesses termos, ao afirmarmos o caráter indutivo do método cartesiano, precisamos levar em consideração que, a indução não parte de casos particulares sensíveis para os universais, faz justamente o inverso. Isto é, o cogito teria a capacidade de intuir a verdade de tal forma que ela apareça de forma inata. E, uma vez intuídas, tomem caráter de certeza clara e distinta, podendo, assim, vir a deduzir outras certezas. Com intuição, não me refiro ao testemunho oscilante dos sentidos, ou ao juízo enganador da imaginação, que reúne as coisas, remendando-as, mas antes à concepção de uma mente clara e atenta, tão fácil e tão distinta que não pode restar espaço a dúvida acerca daquilo que entendemos. Alternativamente, o que termina por dar no mesmo, intuição é concepção de uma mente clara e atenta, que avança somente pela luz da razão... Assim, qualquer um pode mentalmente intuir que existe, que pensa, que um triângulo se limita somente por três lados e uma esfera por uma superfície única, e assim por diante (...) (COTTINGHAM, 1995, p. 87). Sendo indução um método válido, com caráter de certeza, é possível se usar da dedução, esta que converge com a terceira regra do método, a síntese, partindo das ideias simples deriva as complexas, parafraseando o autor: O terceiro, o de conduzir por ordem meus pensamentos, começando pelos mais simples e mais fáceis de conhecer, para subir, pouco a pouco, como por degraus, até o conhecimento dos mais compostos, (...) (DESCARTES, 1973, p 46). Em outros termos, assim como na geometria onde um termo é colocado posteriormente ao que ele depende e anteriormente ao que dele depende, Descartes aplica na sua metafísica, a dedução é posteriormente a indução e anteriormente as ideias complexas. Nessa linha de raciocínio, a pretensão cartesiana de afirmar conhecimentos que se assegurem como verdadeiros, dentre eles os objetos sensíveis, passa necessariamente a ser 148

6 concebido como um método baseado em axiomas. Este que deriva da axiomatização da geometria proposta por Euclides, onde a geometria seria uma ciência dedutiva que opera a partir de certas hipóteses básicas, ou axiomas, que de tão obvias não necessitam demonstrações. No entanto, mesmo partindo da analítica euclidiana, a proposta axiomática que atribuímos a Descartes segue com singulares diferenças que configuram o método axiomático moderno. Dentre elas podemos citar o conceito de significação que os axiomas adquirem, e são perpetuadas na filosofia analítica moderna. Se para Euclides, conceitos básicos que formam os axiomas não tenham significação fora do método axiomático, na modernidade isso não acontece, ou seja, na modernidade o axioma é o conceito básico, como afirma Stegmüller na sua obra a Filosofia Contemporânea: Os princípios não são mais interpretados como enunciados verdadeiros sobre conceitos conhecidos, mas, ao contrário, os conceitos que ocorrem nos axiomas são introduzidos pelos próprios axiomas. Diz-se, então, que esses conceitos, também chamados de conceitos próprios do sistema axiomático, são definidos implicitamente por meio do sistema axiomático. Exemplificando: se um sistema de axiomas da geometria ocorre às expressões ponto, reta e plano, não se supõe que elas possuam uma significação independente do sistema; e nem se supõe que devamos alcançar tal significação, com a ajuda da nossa faculdade de intuição espacial, para poder compreender o sistema de axiomas. Exigi-se apenas que os conceitos usados tenham as propriedades explicitamente mencionadas no sistema de axiomas (...) (STEGMÜLLER, 1977, p. 294). Desta maneira os axiomas que Descartes utiliza, sobretudo nas Meditações, tal como Deus ou cogito, se configuram como os conceitos básicos, isto é, imediatos e tendo validade independente do método. Observadas estas peculiaridades apresentadas sobre o nascimento do método axiomático, atribuído a Euclides, e o método moderno, e para melhor embasarmos a nossa tese, tentaremos enumerar os enunciados apontados por Descartes para fundamentar os primeiros axiomas e como a partir deles se concebe a afirmação do mundo empírico com caráter de certeza. O primeiro enunciado proposto por Descartes é justamente a necessidade de se encontrar alguma certeza que se assegure como a matemática, essa penúria é resolvida com o auxilio da dúvida hiperbólica que resulta na certeza do ser enquanto pensamento, o que posteriormente será concebido como cogito. Esse primeiro axioma encontrado pelo pensador não resolve o problema da afirmação do mundo externo, mas já apresenta um ponto de sustentação, um elo de onde se pode derivar outras certezas, ou verdades. O próximo passo cartesiano vem na tentativa de conhecer algo externo a coisa pensante, o que acaba por 149

7 reafirmar o cogito ao argumentar que pode ser que não exista nada exterior ao pensamento, mas é um fato que se pensa nestas coisas, ou seja, o pensamento existe. Percebemos neste argumento que o autor já esboça a ideia de essência das coisas. Afinal, quando Descartes fala da maneira de conhecer o pedaço de cera ele deixa claro que mesmo não podendo conhecer este corpo com exatidão é certo que ele existe, uma vez que se pense nele, e portanto deve existir uma essência nesse objeto que permita conhecê-lo de forma pura. Isto é, mesmo não tendo certeza do mundo externo, ainda assim existem objetos que aparentemente estão fora do ser pensante, logo deve existir algo nesses objetos que estão contidos no pensamento. Mas quando distingo a cera de suas formas exteriores e, como se a tivesse despido de suas vestimentas, considerando-a inteiramente nua, é certo que, embora se possa ainda encontrar algum erro em meu juízo, não a posso conceber dessa forma sem um espírito humano (...) (DESCARTES, 1973, p. 105). O certo é que a partir desse primeiro enunciado, Descartes consegue dar caráter de necessidade entre os objetos externos e o pensamento, isto é, ao cogito. Independente da existência ou não deles o primeiro axioma já está estabelecido, o que nos leva ao próximo passo, próximo enunciado, que o filósofo provoca: a necessidade da prova de Deus como bom e veraz. A função dessa prova se justifica pela necessidade de que não caia por terra a veracidade da matemática, afinal se Deus fosse um sujeito enganador poderia fazer com que esta verdade tão sólida se deteriorasse 5. O que poderia ser apenas mais uma certeza vai se constituir como a única maneira de se comprovar o mundo externo. Nesses termos, o enunciado do Deus veraz, vai ter seu efeito prolongado, ao passo que é o primeiro movimento cartesiano para provar com caráter de certeza a existência de corpos fora do ser pensante. A prova da veracidade divina é constituída a partir de quatro argumentos: primeiro, a incapacidade do ser finito ter a consciência do infinito; segundo, a partir da causalidade, se temos a ideia desse ser ele tem que existir enquanto causa; terceiro, a contingência do espírito, uma vez que não conseguimos manter a nossa existência é necessário que exista Deus para isso; e a quarta, e ultima prova que é adquirida juntamente com a veracidade da matemática, diz respeito à relação entre essência e existência. Seguindo o raciocínio feito por Descartes, nós podemos inferir que Deus sendo bom e veraz garante à matemática o caráter de certeza, e desta maneira, tendo os atributos necessários para ser o instrumento capaz de auxiliar na afirmação do mundo fora do cogito. Nessa linha de raciocínio um novo axioma é confirmado pelo autor, o do ser infinito, 5 Para saber mais ler a quarta parte da Terceira Meditação. 150

8 incriado. Este que sustenta a verdade da matemática, garantindo o meio para se comprovar, com caráter de certeza, a existência de objetos fora do cogito, isto é: enquanto eles se adequarem ao julgo da matemática. Contudo existe ainda uma peculiaridade nesta proposta de justificação do mundo empírico, o que nos remete ao próximo enunciado cartesiano, de que a matemática não teria como fonte a análise dos objetos, ao contrário, existiria de forma inata no pensamento. Em outros termos, a relação aconteceria de maneira contrária à tradição, o conhecimento verdadeiro dos objetos teria a sua origem em Deus ao passo que a ideia dos objetos estaria impressas no cogito, algo existe quando se pensa nele, e estariam ali por intermédio divino. Esse enunciado tem como fundamento a mesma relação da quarta prova, a prova ontológica da existência de Deus, onde se concebe a necessidade entre essência e existência, como nos apresenta o autor com o exemplo do triângulo: Como, por exemplo, quando imagino um triângulo, ainda que não haja talvez em nenhum lugar do mundo, fora de meu pensamento, uma tal figura, e que nunca tenha havido alguma, não deixa, entretanto, de haver uma certa natureza ou forma, ou essência determinada, dessa figura, a qual é imutável e eterna, que eu não inventei absolutamente e que não depende, de maneira alguma, de meu espírito (...) (DESCARTES, 1973, p. 132). Assim fica estabelecida a relação entre os objetos e os axiomas enquanto ideia das coisas, isto é, quando se pensa na matemática como meio de se explicar os objetos é justamente porque ela independe da existência dos mesmos. No entanto, ainda resta uma questão proposta por Descartes: a ideia clara e distinta de que existem objetos externos ao cogito que imprimem nele sensações como: estar segurando um pedaço de papel junto à lareira. A solução é dada por Descartes na Sexta Meditação onde se chega a conclusão de que a ideia clara e distinta de que existem objetos externos ao cogito, que são conhecidos a partir dos sentidos, deve ser verdadeira, afinal o Deus Veraz garante tal afirmação. O jogo de argumentos que Descartes promove é construído a partir da hipótese de que se existem objetos externos ao cogito, ou seja, coisas na natureza que são conhecidas a partir dos sentidos, e que tais coisas não são criações da res cogitans, ela não possui uma faculdade ativa que cria a sensação do calor do fogo por exemplo. Logo, não sendo criação da res cogitans e ainda assim existindo, o pensador conclui que a natureza também é uma criação divina, e por isso as sensações dos objetos que vem ao ser pensante por intermédio dos sentidos, tem o intuito de ensinar algo de verdadeiro, citando-o: 151

9 E, primeiramente, não há duvida de que tudo o que a natureza me ensina contém alguma verdade. Pois, por natureza, considerada em geral, não entendo agora outra coisa senão o próprio Deus, ou a ordem e a disposição que Deus estabeleceu nas coisas criadas. E, por minha natureza, em particular, não entendo outra coisa senão a complexão ou o conjunto de todas as coisas que Deus deu (...) (DESCARTES, 1973, p.144). Nesses termos, a existência dos objetos externos ao ser pensante deve ter caráter de certeza, ao passo que, tanto os objetos quanto as sentidos que recebem as impressões desses objetos são criações de Deus e, por isso, necessariamente são verdadeiros. Sendo assim, a falibilidade do conhecimento advindo dos sentidos não seria motivado pela natureza, que é criação divina, e nem pelos sentidos 6, que foram dados por Deus, mas sim, pelo erro do juízo humano que é falho. Podendo interpretar de forma errada dados que são passados pela natureza, que por ser criação divina necessariamente é verdadeira, como exemplifica Descartes: Mas há muitas outras coisas que parece-me terem sido ensinadas pela natureza, as quais, todavia, não recebi verdadeiramente dela, mas que se introduziram em meu espírito por certo costume que tenho de julgar inconsideradamente as coisas: e, assim, pode ocorrer facilmente que contenham alguma falsidade. Como, por exemplo, a opinião que tenho segundo a qual todo espaço, no qual nada há que se mova e cause impressão em meus sentidos, é vazio; (...) (DESCARTES, 1973, p. 144). É justamente nesse ponto que o método axiomático cartesiano consegue afirmar as coisas com caráter de certeza tendo a ideia clara e distinta dos objetos externos, o julgamento correto derivaria dos axiomas para com o objeto representado empiricamente. Seria uma dedução da ideia do objeto, essa feita de forma lógica e sistematizada, onde cada passo seria apresentado de forma evidente, até chegar ao seu correspondente. Sobre uma ótica mais ampla, podemos entender que o mundo sensível tem a sua afirmação na metafísica, Descartes exemplifica essa relação com a metáfora da árvore do conhecimento na qual a metafísica seria a raiz, a física o tronco e os galhos seriam a moral, a medicina e a mecânica. Daí a necessidade em primeiro fundamentar a metafísica, para em seguida apresentar a Física e as suas ramificações, afirmar os objetos externos como verdadeiros só é possível quando se entende que eles são tão verdadeiros quanto o próprio pensamento. Ou seja, quando se percebe que a natureza não é criação do pensamento, mas sim de Deus, e por isso deve ser compreendida como sendo um conhecimento verdadeiro. Se 6 Se nas primeiras meditações os sentidos eram sinônimos de engano, a partir da sexta acontece uma inversão, eles têm características de verdade ao passo que são dados por Deus, que sendo bom e veraz não seria capaz de fazer o homem se enganar em relação a eles. Descartes só pôde fazer essa inversão com o apoio do axioma do Deus Veraz, esse impossibilita que a certeza clara e distinta de que algumas sensações são recebidas por meio dos sentidos sejam falaciosas. 152

10 existe algum erro em relação a um dado empírico só pode ser motivado pela falibilidade do juízo humano. Pelo que nos foi apresentado podemos concluir que a afirmação do mundo sensível com caráter de certeza se dá com base em axiomas metafísicos, ou princípios lógicos, que sustentam que as ideias claras e distintas, como a inclinação de que a ideia dos objetos externos é transmitida pelos sentidos e que a essência desses objetos é a sua extensão, possam assim ser concebidas como verdadeiras. Em resumo, a conclusão da existência dos corpos físicos para Descartes é alcançada em seis passos: primeiro, existe uma faculdade ativa correspondente à capacidade passiva de sentir; segundo, essa faculdade ativa não pode existir no cogito e, portanto, é exterior e independente em relação à mente; terceiro, tal faculdade deve residir em uma substância na qual esteja contida formalmente ou eminentemente toda a realidade objetiva das ideias produzidas por essa faculdade; quarto, há uma inclinação natural e incorrigível a crer que são os corpos que me enviam tais ideias; quinto, Deus seria enganador se as ideias sensíveis não fossem enviadas pelas coisas corporais; sexto, portanto, sendo a causa das ideias sensíveis, conclui-se que os corpos existem. Quando Descartes confirma Deus como bom e veraz e como criador, ou como a própria, natureza, ele admite que o conhecimento que advêm dela é verdadeiro, e se são os corpos que enviam tais ideias e os sentidos são o caminho que Deus deu ao homem para receber tal conhecimento, portanto, eles também são fonte de verdade. Nesses termos, o Deus Veraz garante que tendo uma ideia clara e distinta de um objeto ele deve ter relação direta ao seu corresponde empírico, e pode-se usar da matemática como forma de se confirmar a relação entre a ideia e o objeto. Afinal ela é inata, ou seja, a sua ideia foi colocada no cogito por Deus e, portanto, é verdadeira. Assim, percebemos como toda a argumentação cartesiana de prova do mundo empírico depende da certeza de Deus como bom e veraz. Afinal será ele quem garante a veracidade da matemática, e que ela pode ser o meio de relacionar as ideias presentes no cogito com seu correspondente no mundo dos sentidos. De fato podemos interpretar esse meio de prova buscado por Descartes como um exemplo claro de método axiomático moderno. Que como dissemos no decorrer do texto deriva suas verdades dentro do próprio mecanismo, e busca fundamentar a partir de axiomas maiores certezas menores com caráter de verdade. Em outros termos, apenas a certeza da existência do mundo empírico não garante que a alma o conceba em bases sólidas, assim como apenas a certeza da veracidade da matemática não confirma que os objetos extensos são como a ideia que se tem no cogito deles. Desta maneira, somente a partir da afirmação de 153

11 Deus como bom e veraz, isto é do axioma maior, todas estas certezas são validadas. Conseguindo por este meio atingir a sua meta de afirmação do mundo empírico, mesmo que esta confirmação dependa de instâncias que estão fora dele. Referências BARRA, Eduardo Salles de Oliveira. A metafísica cartesiana das causas do movimento: mecanicismo e ação divina. Sci. stud., São Paulo, v. 1, n. 3, set Disponível em: &lng=pt&nrm=isso BATTISTI, César Augusto. O método de Análise em Descartes: da resolução de problemas à constituição do sistema do conhecimento. São Paulo: 2000, 366 p. COTTINGHAM, John. Dicionário Descartes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., Tradução: Helena Martins. DESCARTES, René. Discurso do Método. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973, 1ª Ed. Tradução: J. Guinsburg e Bento Prado Júnior.. Meditações. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973, 1ª Ed. Tradução: J. Guinsburg e Bento Prado Júnior.. Princípios da Filosofia. Colecção Filosofia. Textos. Lisboa: Porto Editora, Tradução: Isabel Marcelino e Teresa Marcelino. FORLIN, Enéias. A teoria cartesiana da Verdade. São Paulo: Associação Editorial Humanitas; Ijuí: Editora Unijuí/Fapesp, HUME, David. Tratado da Natureza Humana. Trad. Débora Danowski. São Paulo: UNESP, LADRIÈRE, Jean. Filosofia e práxis científica. Coleção Episteme. Rio de Janeiro: F. Alves, Tradução: Maria José J. G. De Almeida. PIMENTA NETO, Olímpio José. Razão e conhecimento em Descartes e Nietzsche. Belo Horizonte: Editora UFMG, RODIS-LEWIS, Geneviève. Descartes e o Racionalismo. Colecção substância. Porto: Rés Editora, Tradução: Jorge de Oliveira Baptista. SILVA, Franklin Leopoldo. Descartes: Metafísica da Modernidade. São Paulo: Moderna, ª Ed. STEGMÜLLER, Wolfgang. A filosofia contemporânea: introdução crítica. São Paulo, EPU, Ed. Da Universidade de São Paulo, Tradução: Hauptströmungen der Gegenwartsphilosophie. 154

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