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11 Ao combinar todas as questões, foram selecionadas 235, seccionadas em 29 facetas, para o instrumento piloto do WHOQOL. Os critérios para a elaboração do WHOQOL (FLECK et al, 1999b, p. 24) foram: Basear-se tanto quanto possível nas sugestões dos pacientes e profissionais de saúde participantes dos grupos focais. Proporcionar respostas que esclareçam acerca da qualidade de vida dos respondentes, como definida pelo projeto. Refletir o significado proposto pela definição das facetas. Cobrir em combinação com outras questões para uma dada faceta os aspectos chaves de cada faceta como descritas na sua definição. Usar linguagem simples, evitando ambigüidade nas palavras e frases. Preferir questões curtas em relação às longas. Evitar duas negações. Serem compatíveis com uma escala de avaliação. Explorar um só problema por faceta. Evitar as referências explícitas em relação a tempo ou outro termo de comparação (p.ex.: o ideal ou antes de eu estar doente ). Ser aplicável a indivíduos com vários graus de disfunção. Ser formuladas como questões e não como afirmações. Refletir a tipologia das questões adotadas no projeto. Após a aplicação do teste piloto, foram selecionadas as melhores questões para cada faceta, de forma a estabelecer a consistência interna e validade discriminante do instrumento. Foram selecionadas 100 questões, baseadas em 24 facetas de seis grandes domínios (FLECK et al, 1999b) Escalas de respostas do WHOQOL-100 Todas as questões do WHOQOL-100 são fechadas e utilizam uma escala de respostas do tipo Likert, compostas por cinco elementos, variando entre 1 e 5. Esses extremos representam 0% e 100%, respectivamente. Existem quatro tipos diferentes de escala de respostas, conforme pode ser observado no quadro abaixo: ESCALA 0% 25% 50% 75% 100% INTENSIDADE nada muito mais ou pouco menos bastante extremamente nem satisfeito muito insatisfeito nem insatisfeito insatisfeito satisfeito muito satisfeito AVALIAÇÃO nem ruim muito ruim ruim nem bom bom muito bom muito infeliz infeliz nem feliz nem infeliz feliz muito feliz CAPACIDADE nada muito pouco médio muito completamente FREQÜÊNCIA nunca raramente às vezes repetidamente sempre

12 Quadro 1: Escalas de respostas do WHOQOL-100 A distribuição das escalas de respostas do WHOQOL-100 pode ser verificada na figura 2: Figura 2: Distribuição das escalas de respostas do WHOQOL-100 É perceptível o predomínio das respostas com escala de intensidade e avaliação, enquanto as respostas com escala de capacidade e freqüência estão presentes em menor número. Dentre as três formas de resposta previstas na escala de avaliação, há predominância das questões relacionadas à satisfação (muito insatisfeito - muito satisfeito) com 29 incidências, seguidas pelas questões com enfoque absoluto na avaliação (muito ruim - muito bom) com sete incidências e, finalizando, com uma única resposta que faz menção à felicidade (muito infeliz - muito feliz) Cálculo do escore do WHOQOL-100 Os resultados da aplicação do WHOQOL-100 são expressos através dos escores de cada faceta e domínio. É realizado também o cálculo da estatística descritiva de cada faceta e domínio. A OMS aconselha a utilização do software estatístico SPSS para o cálculo dos resultados do WHOQOL-100. Os escores dos domínios e facetas do WHOQOL-100 são realizados da seguinte forma: É verificado se todas as 100 questões foram preenchidas com valores entre 1 e 5. Invertem-se as 18 questões cuja escala de respostas é invertida. Os escores das facetas são calculados a partir da média aritmética simples das questões que compõem cada faceta, seguidos de uma multiplicação por quatro. Serão computadas somente as facetas que possuírem pelo menos três itens válidos. Calculam-se então os escores dos domínios, através da média aritmética simples entre os escores das facetas que compõem cada domínio. O domínio será calculado somente se o número de facetas inválidas não for igual ou superior a dois. No caso de facetas em escala inversa (todas as questões

13 pertencentes à faceta são realizadas em escala invertida), realiza-se a inversão dessa faceta para o prosseguimento do cálculo. Realiza-se uma contagem do total de itens respondidos por cada respondente. São computados no cálculo somente os respondentes que preencheram corretamente pelo menos 80 itens (80% dos itens do instrumento). Por fim, é realizada a estatística descritiva de cada faceta e domínio. Os elementos calculados são: média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo. Os resultados do WHOQOL-100 são expressos em uma escala variante entre 4 e 20 pontos. Tal escala se deve ao fato de o cálculo do escore das facetas ser realizado pela multiplicação da média das questões que constituem cada faceta por quatro. Como cada domínio é calculado através da média aritmética simples das facetas que o compõem, sem ser seguido de qualquer outro parâmetro, os resultados são expressos na mesma escala das facetas. Embora não conste na sintaxe proposta pela equipe responsável pela tradução e validação do WHOQOL no Brasil, o Manual do Usuário do WHOQOL (WHOQOL Group, 1998) propõe a conversão dos resultados para uma escala de 0 a Inversão da escala respostas de questões e facetas A inversão das questões é utilizada com o objetivo de padronizar todas as respostas do instrumento, de forma que, quanto mais positiva a resposta, ela deve se aproximar de 5. Por conseguinte, quanto mais negativa a resposta, deve se aproximar de 1. Desta forma, todas as questões de cada faceta são convertidas para uma mesma escala, onde o aumento gradativo da resposta equivale, na mesma proporção, ao aumento no resultado positivo da faceta. No caso de todas as quatro questões que constituem uma faceta serem dispostas em escala invertida, essa mesma lógica é utilizada, mas somente no cálculo do domínio. Ou seja, o resultado dessas facetas é expresso na escala original, sem inversão (quanto mais próximo de 1, mais positivo é o resultado e, quanto mais próximo de 5, mais negativo é o resultado). Entretanto, ao se calcular o escore dos domínios nos quais tais facetas estão inseridas, o escore é invertido. Para a inversão da escala de resposta das questões, o valor mínimo da questão de escala invertida deve ser substituído pelo valor máximo da questão de escala normal, assim como o valor máximo da questão de escala invertida deve ser substituído pelo valor mínimo da questão de escala normal. Igualmente deve ocorrer com os valores intermediários, seguindo essa lógica. Assim, o único valor que não é alterado é o valor central que, tanto na escala normal quanto na escala invertida, permanece o mesmo. É preciso estar atento a esse fato, pois, ao se compararem os resultados entre as facetas, o escore de uma faceta de escala invertida não pode ser diretamente comparado ao escore de uma faceta de escala normal. Para a conversão de uma questão de escala invertida para a escala normal, deve-se subtrair a resposta da questão de seis (6) unidades. Pode se observar, no quadro abaixo, os valores assumidos pelas respostas de questões cuja escala é invertida:

14 TIPO DE ESCALA 0% 25% 50% 75% 100% Normal Invertida Quadro 2: Conversão de escala Já no caso das facetas, o escore da faceta invertida deve ser subtraído de 24 unidades. Portanto, após a conversão de uma faceta negativa, os valores 4, 8, 12, 16 e 20 passam a assumir os valores 20, 16, 12, 8 e 4, respectivamente. De forma simplificada, basta substituir os valores 1, 2, 3, 4 e 5 do Quadro 2 por 4, 8, 12, 16 e 20, nessa respectiva ordem. 1.3 Questões, domínios e facetas do WHOQOL-100 Composto por 100 questões, o WHOQOL-100 é seccionado em 24 grupos de quatro questões cada, recebendo a denominação de facetas. Por sua vez, um determinado número de facetas constitui um domínio. Ao contrário da composição das facetas, os seis domínios do WHOQOL-100 não são constituídos pelo mesmo número de facetas, podendo variar de uma a oito facetas constituintes de um domínio. É também composto por uma faceta adicional, que não está inserida em nenhum domínio, e avalia a qualidade de vida, do ponto de vista do respondente. As questões que compõem o WHOQOL-100 não estão dispostas no questionário seguindo uma seqüência lógica por domínio ou por faceta, mas agrupadas pelo tipo de escala de respostas. Sendo assim, o respondente não está apto a identificar o domínio ou faceta à qual pertence determinada questão. A distribuição das facetas e domínios do WHOQOL-100 são relacionados no quadro a seguir: DOMÍNIOS Domínio I - Domínio físico Domínio II - Domínio psicológico Domínio III - Nível de Independência Domínio IV - Relações sociais Domínio V - Ambiente FACETAS 1. Dor e desconforto 2. Energia e fadiga 3. Sono e repouso 4. Sentimentos positivos 5. Pensar, aprender, memória e concentração 6. Auto-estima 7. Imagem corporal e aparência 8. Sentimentos negativos 9. Mobilidade 10. Atividades da vida cotidiana 11. Dependência de medicação ou de tratamentos 12. Capacidade de trabalho 13. Relações pessoais 14. Suporte (apoio) social 15. Atividade sexual 16. Segurança física e proteção 17. Ambiente no lar 18. Recursos financeiros 19. Cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade 20. Oportunidades de adquirir novas informações e

15 Domínio VI - Aspectos espirituais/religião/crenças pessoais habilidades 21. Participação em, e oportunidades de recreação/lazer 22. Ambiente físico (poluição/ruído/trânsito/clima) 23. Transporte 24. Espiritualidade/religião/crenças pessoais Quadro 3: Domínios e facetas dos WHOQOL-100 As questões pertencentes a cada faceta e domínio podem ser visualizadas a seguir. Questões em que a escala de respostas é invertida são grafadas em itálico. Os domínios compostos por todas as questões em escala invertida também são grafados em itálico Domínio Físico O Domínio Físico é composto por três facetas: Dor e desconforto (vivência de sensações físicas desagradáveis e o quanto essas sensações interferem na vida da pessoa). Energia e fadiga (energia, entusiasmo e resistência que uma pessoa possui para realizar as tarefas da vida cotidiana e outras atividades). Sono e repouso (quanto o sono, o repouso e problemas relacionados a eles afetam a qualidade de vida). As questões que compõem o domínio físico são: Dor e desconforto Energia e fadiga Sono e repouso Você se preocupa com sua dor ou desconforto (físicos)? Quão difícil é para você lidar com alguma dor ou desconforto? Em que medida você acha que sua dor (física) impede você de fazer o que você precisa? Com que freqüência você sente dor (física)? Quão facilmente você fica cansado(a)? O quanto você se sente incomodado(a) pelo cansaço? Você tem energia suficiente para o seu dia-a-dia? Quão satisfeito(a) você está com a energia (disposição) que você tem? Você tem alguma dificuldade para dormir (com o sono)? O quanto algum problema com o sono lhe preocupa? Quão satisfeito(a) você está com o seu sono? Como você avaliaria o seu sono? Quadro 4: Facetas e questões do Domínio Físico Domínio Psicológico O Domínio Psicológico engloba cinco facetas: Sentimentos positivos (vivência de sentimentos positivos de satisfação, equilíbrio, paz, felicidade, esperança, prazer e aproveitamento das coisas boas da vida). Pensar, aprender, memória e concentração (capacidade de pensar, aprender, memorizar, se concentrar e a habilidade de tomar decisões). Auto-estima (como as pessoas se sentem com relação a si mesmas).

16 Imagem corporal e aparência (como a pessoa enxerga o seu próprio corpo). Sentimentos negativos (vivência de sentimentos negativos, como desânimo, culpa, tristeza, choro, desespero, nervosismo, ansiedade e falta de prazer na vida). As questões que constituem o Domínio Psicológico são: Sentimentos positivos Pensar, aprender, memória e concentração Auto-estima Imagem corporal e aparência Sentimentos negativos O quanto você aproveita a vida? Quão otimista você se sente em relação ao futuro? O quanto você experimenta sentimentos positivos em sua vida? Em geral, você se sente contente? O quanto você consegue se concentrar? Quão satisfeito(a) você está com a sua capacidade de aprender novas informações? Quão satisfeito(a) você está com sua capacidade de tomar decisões? Como você avaliaria sua memória? O quanto você se valoriza? Quanta confiança você tem em si mesmo? Quão satisfeito(a) você está consigo mesmo? Quão satisfeito(a) você está com suas capacidades? Você se sente inibido(a) por sua aparência? Há alguma coisa em sua aparência que faz você não se sentir bem? Você é capaz de aceitar a sua aparência física? Quão satisfeito(a) você está com a aparência de seu corpo? Quão preocupado(a) você se sente? Quanto algum sentimento de tristeza ou depressão interfere no seu dia-adia? O quanto algum sentimento de depressão lhe incomoda? Com que freqüência você tem sentimentos negativos, tais como mau humor, desespero, ansiedade, depressão? Quadro 5: Facetas e questões do Domínio Psicológico Domínio Nível de Independência O Domínio Nível de Independência é constituído por quatro facetas: Mobilidade (habilidade de se locomover de um local para outro, de se movimentar em sua residência ou em seu local de trabalho). Atividades da vida cotidiana (capacidade de realizar as atividades habituais do dia-a-dia). Dependência de medicação ou de tratamentos (dependência de medicação ou tratamentos alternativos ou para sustentar o bem-estar físico e psicológico). Capacidade de trabalho (o consumo de energia para a realização do trabalho ou qualquer atividade com que a pessoa está comprometida). As questões do Domínio Nível de Independência são: Mobilidade Quão bem você é capaz de se locomover? O quanto alguma dificuldade de locomoção lhe incomoda?

17 Atividades da vida cotidiana Dependência de medicação ou de tratamentos Capacidade de trabalho Em que medida alguma dificuldade em mover-se afeta a sua vida no dia-adia? Quão satisfeito(a) você está com sua capacidade de se locomover? Em que medida você tem dificuldade em exercer suas atividades do dia-adia? Quanto você se sente incomodado por alguma dificuldade em exercer as atividades do dia-a-dia? Em que medida você é capaz de desempenhar suas atividades diárias? Quão satisfeito(a) você está com sua capacidade de desempenhar as atividades do seu dia-a-dia? Quanto você precisa de medicação para levar a sua vida do dia-a-dia? Quanto você precisa de algum tratamento médico para levar sua vida diária? Em que medida a sua qualidade de vida depende do uso de medicamentos ou de ajuda médica? Quão dependente você é de medicação? Você é capaz de trabalhar? Você se sente capaz de fazer as suas tarefas? Quão satisfeito(a) você está com a sua capacidade para o trabalho? Como você avaliaria a sua capacidade para o trabalho? Quadro 6: Facetas e questões do Domínio Nível de Independência Domínio Relações Sociais O Domínio Relações Sociais contém três facetas: Relações pessoais (percepção do companheirismo, amor e o apoio das pessoas próximas). Suporte/apoio social (percepção do comprometimento, condições e disponibilidade do auxílio recebido da família e de amigos). Atividade sexual (impulso e desejo de manter relações sexuais, e até que ponto lhe é possível expressar e satisfazer apropriadamente seus desejos sexuais). As questões do Domínio Relações Sociais são: Relações pessoais Suporte (apoio) social Atividade sexual Quão sozinho(a) você se sente em sua vida? Quão satisfeito(a) você está com suas relações pessoais (amigos, parentes, conhecidos, colegas)? Quão satisfeito(a) você está com sua capacidade de dar apoio aos outros? Você se sente feliz em sua relação com as pessoas de sua família? Você consegue dos outros o apoio de que necessita? Em que medida você pode contar com amigos quando precisa deles? Quão satisfeito(a) você está com o apoio que você recebe de sua família? Quão satisfeito(a) você está com o apoio que você recebe de seus amigos? Quão satisfeitas estão as suas necessidades sexuais? Você se sente incomodado(a) por alguma dificuldade na sua vida sexual? Quão satisfeito(a) você está com sua vida sexual? Como você avaliaria sua vida sexual? Quadro 7: Facetas e questões do Domínio Relações sociais Domínio Ambiente

18 O Domínio Ambiente é o domínio mais complexo, e se constitui de oito facetas: Segurança física e proteção (sensação de viver em um ambiente seguro e segurança com relação a danos físicos). Ambiente do lar (local onde a pessoa vive e o quanto ele influencia em sua vida). Recursos financeiros (até que ponto os recursos financeiros correspondem às necessidades para se levar um estilo de vida saudável e confortável). Cuidados de saúde e sociais (disponibilidade e qualidade dos serviços de saúde e assistência social). Oportunidade de adquirir novas informações e habilidades (oportunidade e anseio de aprender novas habilidades e adquirir novos conhecimentos). Participação em oportunidades de recreação/lazer (oportunidade e disposição para participar em atividades de lazer, passatempos e descanso). Ambiente físico (percepção sobre o ambiente, incluindo o ruído, poluição, clima e aspectos gerais do ambiente que podem influenciar na qualidade de vida). Transporte (o quanto é disponível ou fácil para se encontrar e fazer uso de serviços de transporte). As questões constituintes do Domínio Ambiente são: Segurança física e proteção Ambiente no lar Recursos financeiros Cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade Oportunidades de adquirir novas informações e habilidades Quão seguro(a) você se sente em sua vida diária? Você acha que vive em um ambiente seguro? O quanto você se preocupa com sua segurança? Quão satisfeito(a) você está com a sua segurança física (assaltos, incêndios etc.)? Quão confortável é o lugar onde você mora? O quanto você gosta do lugar onde você mora? Em que medida as características de seu lar correspondem às suas necessidades? Quão satisfeito(a) você está com as condições do local onde mora? Você tem dificuldades financeiras? O quanto você se preocupa com dinheiro? Você tem dinheiro suficiente para satisfazer suas necessidades? Quão satisfeito(a) você está com sua situação financeira? Quão facilmente você tem acesso a bons cuidados médicos? Quão satisfeito(a) você está com o seu acesso aos serviços de saúde? Quão satisfeito(a) você está com os serviços de assistência social? Como você avaliaria a qualidade dos serviços de assistência social disponíveis para você? Quão disponível para você estão as informações de que precisa no seu diaa-dia? Em que medida você tem oportunidades de adquirir informações que considera necessárias? Quão satisfeito(a) você está com as suas oportunidades de adquirir novas habilidades? Quão satisfeito(a) você está com as suas oportunidades de obter novas informações?

19 Participação em, e oportunidades de recreação/lazer Ambiente físico (poluição/ruído/ trânsito/clima) Transporte O quanto você aproveita o seu tempo livre? Em que medida você tem oportunidades de atividades de lazer? Quanto você é capaz de relaxar e curtir você mesmo? Quão satisfeito(a) você está com a maneira de usar o seu tempo livre? Quão saudável é o seu ambiente físico (clima, barulho, poluição, atrativos)? Quão preocupado(a) você está com o barulho na área em que você vive? Quão satisfeito(a) você está com o seu ambiente físico (poluição, clima, barulho, atrativos)? Quão satisfeito(a) você está com o clima do lugar em que vive? Em que medida você tem problemas com transporte? O quanto as dificuldades de transporte dificultam sua vida? Em que medida você tem meios de transporte adequados? Quão satisfeito(a) você está com o seu meio de transporte? Quadro 8: Facetas e questões do Domínio Ambiente Domínio Espiritualidade/religião/crenças pessoais O Domínio Espiritualidade/religião/crenças pessoais é formado por uma única faceta, que recebe o mesmo título do domínio As questões relativas a esse domínio abordam o quanto tais fatores influenciam na qualidade de vida da pessoa, conforme consta no quadro a seguir: Espiritualidade/ religião/crenças pessoais Suas crenças pessoais dão sentido à sua vida? Em que medida você acha que sua vida tem sentido? Em que medida suas crenças pessoais lhe dão força para enfrentar dificuldades? Em que medida suas crenças pessoais lhe ajudam a entender as dificuldades da vida? Quadro 9: Facetas e questões do Domínio Espiritualidade/religião/crenças pessoais Qualidade de vida global e percepção geral da saúde O WHOQOL-100 possui uma faceta que não está inserida em nenhum domínio. Esta faceta, nomeada Qualidade de vida global e percepção geral da saúde (WHOQOL Group, 1998), aborda uma auto-avaliação da qualidade de vida, em que o respondente expressa o seu ponto de vista de satisfação com a sua vida, saúde e qualidade de vida. As questões da 25ª faceta são: Qualidade de vida do ponto de vista do avaliado Quão satisfeito(a) você está com a qualidade de sua vida? Em geral, quão satisfeito(a) você está com a sua vida? Quão satisfeito(a) você está com a sua saúde? Como você avaliaria sua qualidade de vida? Quadro 10: Questões sobre a qualidade de vida do ponto de vista do respondente 1.4 Ferramenta para tabulação e cálculo dos resultados do WHOQOL-100 Embora o Grupo WHOQOL recomende a utilização da sintaxe SPSS para os cálculos dos escores e a estatística descritiva dos domínios e facetas dos seus

20 instrumentos, tal escolha é livre, desde que sejam seguidos os mesmos procedimentos pré-estabelecidos. Nessa perspectiva, objetivou-se a disponibilização de uma ferramenta para tabulação e resultados do WHOQOL-100, através do software Microsoft Excel. A escolha de tal software justifica-se pelo fato de ser o software no estilo planilha eletrônica mais utilizado no mundo. Embora não se tenha encontrado nenhuma fonte precisamente confiável que confirme tal afirmação, é claramente perceptível que a grande maioria de aplicações que utilizam cálculos e gráficos são realizadas pelo Microsoft Excel. A ferramenta proposta neste estudo realiza automaticamente todos os cálculos propostos pelo Grupo WHOQOL, sendo que o pesquisador que utilizá-la precisa apenas preencher as respostas concedidas pelos respondentes nas células especificadas. Para o cálculo do escore das facetas, utilizam-se os mesmos critérios de exclusão de respondentes propostos pelo WHOQOL: Caso algum respondente tenha deixado de responder 20 ou mais questões, o pesquisador será instruído para excluir tal respondente. Caso alguma resposta tenha sido preenchida com algum valor que não conste entre o intervalo de 1 a 5, o número de respostas inválidas será notificado ao pesquisador, e as respostas inválidas estarão em destaque. As questões de escala invertida são devidamente convertidas. Caso somente três questões tenham sido respondidas corretamente, a faceta será calculada através da média das respostas dessas questões. Se duas ou mais questões de uma mesma faceta não forem respondidas, ou tenham sido respondidas com um valor que não conste no intervalo de 1 a 5, o escore de tal faceta não é calculado. Se duas ou mais facetas pertencentes ao mesmo domínio não tiverem sido pontuadas (em virtude do tópico anterior), o escore desse domínio não será calculado. É calculado um escore Total do respondente. Proposto pelo autor, tal escore consiste no cálculo da média aritmética simples dos escores das 25 facetas. A estatística descritiva de cada questão, faceta, domínio e Total são calculados. Os valores apresentados na estatística descritiva são: média, desvio padrão, valor máximo, valor mínimo, coeficiente de variação e amplitude (os dois últimos foram adicionados pelo autor). As médias dos escores das facetas são convertidas em uma escala de 0 a 100 e são exibidas em um gráfico. As médias dos escores dos domínios são convertidas em uma escala de 0 a 100 e são exibidas em um gráfico. Após a inserção dos dados, para a utilização dos resultados de sua pesquisa, o pesquisador poderá copiar os escores individuais de cada respondente, os resultados da estatística descritiva e os gráficos; entretanto, não pode modificar tais resultados. A única área que lhe é permitida a inserção e edição de valores é a da tabulação das respostas dos respondentes. Também é permitida a exclusão de

21 linhas para remover os respondentes que não preencheram devidamente o questionário. O requisito para a utilização da presente ferramenta é um computador ou notebook com o software Microsoft Excel instalado. O download da ferramenta pode ser realizado através da URL: que também pode ser solicitada através do envio de um para o autor. 1.5 Considerações finais A crescente preocupação com a qualidade de vida tem instigado pesquisadores de diversas áreas a estudar esse fenômeno. Inúmeros instrumentos de avaliação da qualidade de vida, direcionados para os mais variados contextos, têm sido desenvolvidos. Entretanto, o WHOQOL-100 foi o primeiro instrumento a avaliar a qualidade de vida como um todo, de forma global. O WHOQOL é o instrumento de avaliação da qualidade de vida proposto pela OMS e representa o resultado de estudos realizados em 15 centros de pesquisa distintos, seguindo uma metodologia rígida que visou garantir-lhe o maior cientificismo possível. Sua difusão já ultrapassa 50 idiomas, e sua utilização permanece em grande escala. Nessa perspectiva, o presente estudo objetivou a disponibilização de uma ferramenta gratuita, de fácil acesso, desenvolvida em uma plataforma amplamente difundida, simples de manusear e que permite realizar aplicações do WHOQOL-100 sem necessitar a utilização da sintaxe SPSS. 1.6 Referências FLECK, M. P. A. O instrumento de avaliação de qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-100): características e perspectivas. Ciência e Saúde Coletiva. Vol. 5, n.1, p.33-38, FLECK, M. P. A. et al. Aplicação da versão em português do instrumento de avaliação de qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-100). Revista de Saúde Pública. Vol. 33, n. 2, p , 1999a. FLECK, M. P. A. et al. Desenvolvimento da versão em português do instrumento de avaliação de qualidade de vida da OMS (WHOQOL-100). Revista Brasileira de Psiquiatria. Vol. 21, n.1, p.19-28, 1999b. FLECK, M. P. A. et al. Problemas conceituais em qualidade de vida. In: A avaliação de qualidade de vida: guia para profissionais da saúde. Porto Alegre: Artmed, Grupo WHOQOL. Versão em português dos instrumentos de avaliação da qualidade de vida (WHOQOL) Disponível em < Acesso em 13 abr UNIVERSITY OF BATH. About the WHO Field Centre for the Study of Quality of Life. Disponível em: < Acesso em 13-abr WHOQOL Group. WHOQOL User Manual. Geneva: 1998.

22 2. PROCEDIMENTOS NO PLANEJAMENTO DE AMOSTRAS EM PESQUISAS SOBRE QUALIDADE DE VIDA Luciana da Silva Timossi Antonio Carlos de Francisco Guataçara dos Santos Junior 2.1 Introdução Atualmente, percebe-se uma abordagem diferenciada relacionada à Qualidade de Vida (QV) das pessoas, apontando a uma valorização de fatores inerentes ao ser humano, como grau de satisfação, realização tanto profissional como pessoal, bom relacionamento com a sociedade e acesso à cultura e ao lazer como exemplos reais de bem-estar. Pesquisas em vários países, incluindo o Brasil, mostram que o estilo de vida coloca-se como um dos fatores mais importantes e determinantes da QV e saúde de indivíduos, grupos e comunidades (NAHAS, 2001). Devido à influência do estilo de vida e da atividade física na saúde das pessoas e principalmente dos trabalhadores, este assunto se torna preocupação, pois baixos níveis de saúde e bem-estar podem provocar conseqüências tanto para o indivíduo quanto para a organização de trabalho (DANNA; GRIFFIN, 1999). Desta forma, a análise da QV em colaboradores tem se mostrado de grande importância quando se buscam melhorias no ambiente de trabalho e no setor produtivo. Isso possibilita uma gestão da saúde do colaborador com uma visão mais abrangente, valorizando um estilo de vida mais saudável, que adicione grande parte dos fatores essenciais para alcançar e, principalmente, manter uma boa QV dentro e fora do ambiente laboral. A utilização dessas informações pode melhor direcionar e fundamentar programas de promoção da saúde de colaboradores, proporcionando, assim, condições ao indivíduo de utilizar todo o seu potencial produtivo. É consenso entre as empresas, que investem na saúde de seus trabalhadores, o fato de que eles não se tornam ou permanecem saudáveis por acaso, mas que deve haver um comprometimento delas para que isso aconteça (HUNNICUTT, 2001). Para Ferriss (2006, p. 117), a QV é o resultado de duas forças - endógenas e exógenas. As endógenas incluem forças mentais, emocionais e respostas fisiológicas do indivíduo para com a sua vida. As forças exógenas incluem a estrutura social, cultural, social psicológica e influências do ambiente social que afetam o indivíduo, grupo e a comunidade. De forma generalizada, a investigação em QV está intimamente relacionada a fatores como: estado de saúde, longevidade, satisfação no trabalho, salário, lazer, relações familiares, disposição, prazer e espiritualidade dos indivíduos, sendo este conceito diferente de pessoa para pessoa e mudando ao longo da vida (NAHAS, 2001). Em pesquisas sobre QV, quando se busca obter resultados com significância expressiva, seja analisando quantitativamente ou qualitativamente, a definição da seleção da amostra é de grande importância. Um dos primeiros obstáculos que se encontra é o tamanho mínimo da amostra necessário que se deve obter para iniciar

23 o trabalho de coleta dos dados. Na aplicação dos instrumentos de pesquisa que avaliam a QV, como saber quantos indivíduos da população alvo da pesquisa devem ser escolhidos? A determinação do tamanho da amostra é um problema de grande relevância, porque amostras demasiadamente pequenas podem levar a resultados não confiáveis e amostras desnecessariamente grandes levam a desperdícios de tempo e dinheiro. Os principais erros originados pelo não planejamento do tamanho mínimo necessário da amostra são: a pesquisa pode mostrar-se enganosa, inviável, coletam-se dados de tamanho aleatório e insuficiente, os erros nas conclusões podem atingir grandes amplitudes levando à conclusão errônea e não condizente com a realidade daquela população em estudo. Por isso mesmo, quando se propõe analisar a QV em colaboradores de uma determinada empresa, um procedimento bem delineado deve ser seguido. Esse é o principal objetivo deste trabalho, ou seja, propor um procedimento com dimensão adequada da amostra, para que se possa avaliar com segurança estatística a QV de colaboradores de uma empresa qualquer. 2.2 Instrumento de pesquisa utilizado na avaliação da qualidade de vida Para fornecer os indicadores da Qualidade de Vida, foi selecionado o Instrumento de Avaliação de Qualidade de Vida proposto pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o WHOQOL-100. Ao todo são 100 questões, envolvendo seis domínios: físico, psicológico, nível de independência, relações sociais, meio ambiente e espiritualidade/crenças pessoais. Esses seis domínios são subdivididos em 24 facetas específicas, cada qual composta por quatro perguntas. Há ainda quatro perguntas que não fazem parte das 24 facetas e se referem às questões gerais sobre QV e saúde (FLECK, 1999). De acordo com Fleck (1999, p. 19) o instrumento de avaliação de Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-100) apresenta condições para aplicação no Brasil em sua versão original em português. A avaliação dos resultados é feita mediante a atribuição de escores para cada questão, os quais podem ser transformados numa escala de zero (0) a cem (100), onde zero corresponde a uma pior QV, e o cem, a uma melhor QV. Cada domínio pode ser analisado separadamente ou de forma conjunta. A tabela 1 apresenta os domínios e as facetas presentes no instrumento WHOQOL-100. Domínios e facetas do WHOQOL-100 Domínio I Domínio Físico Domínio IV Relações sociais 1. Dor e desconforto 13. Relações pessoais 2. Energia e fadiga 14. Apoio social 3. Sono e repouso 15. Atividade sexual Domínio II Domínio psicológico Domínio V Ambiente 4. Sentimentos positivos 16. Segurança física e proteção 5. Pensar, aprender, memória e 17. Ambiente no lar concentração 6. Auto-estima 18. Recursos financeiros 7. Imagem corporal e aparência 19. Cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade 8. Sentimentos negativos 20. Oportunidade de adquirir novas informações e habilidades 4. Sentimentos positivos 21. Participação em oportunidades de recreação/lazer Domínio III Nível de independência 23. Transporte 9. Mobilidade

24 10. Atividades da vida cotidiana Domínio VI Aspectos espirituais /crenças pessoais 11. Dependência de medicação ou 24. Espiritualidade/religião/crenças pessoais tratamento 12. Capacidade de trabalho Fonte: Fleck, et al. (1999, p.22) Tabela 1 - Domínios e facetas do WHOQOL-100 Para as respectivas respostas aos questionamentos são usados quatro tipos de escalas de respostas: intensidade, capacidade, avaliação e freqüência, todos representados na tabela 2 abaixo. Escala 0% âncora 25% 50% 75% 100% âncora muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito nem satisfeito muito satisfeito Avaliação insatisfeito muito ruim ruim nem ruim nem bom bom muito bom muito infeliz infeliz nem feliz nem infeliz feliz muito feliz Capacida nada muito completament de pouco médio muito e Freqüênci nunca a raramente às vezes repetidamente sempre Fonte: Adaptado de Fleck, et al. (1999, p.27) Tabela 2 - Escala de respostas para as escalas de avaliação, capacidade e freqüência A interpretação desse instrumento pode ser feita de modo individual ou coletivo. Usualmente em empresas as análises são apresentadas por setores de produção. 2.3 Procedimento de coleta de dados Verifica-se que, em grande parte das avaliações de QV, incluindo também o WHOQOL-100, os indivíduos são pontuados dentro de uma escala. Com esse resultado parcial é contabilizado um valor médio por indivíduo, podendo até se obter um valor médio único para a população alvo da pesquisa. Logo se está trabalhando com estimativas de médias populacionais. Como se utilizam amostras, as estimativas médias obtidas não são isentas de erros. Todas as estimativas médias obtidas para os respectivos domínios de QV apresentam erros e estes também podem ser estimados. Sabendo disso pode-se pensar em procurar eliminar tais erros. Porém, não é possível eliminar todos os erros presentes, mas ao menos é possível minimizar tais erros. No planejamento da pesquisa, o tamanho mínimo da amostra necessária para a sua realização, que neste caso é uma estimativa de médias populacionais, depende da variação dos dados que compõem a população, ou pelo menos de uma estimativa dessa variação, da margem de erro máxima com a qual se pretende estimar as médias populacionais, além do grau de confiança em que se pretende trabalhar, normalmente se utiliza 95% ou 99%. Desta forma, pode-se pensar: e o tamanho da população alvo da pesquisa não influencia no tamanho da amostra a ser adotado?

25 A resposta para esse questionamento está na diferença em se trabalhar com população considerada de tamanho infinito ou de tamanho finito. Quando a população alvo da pesquisa é muito grande, o cálculo do tamanho da amostra não é influenciado. Mas, quando a população é considerada relativamente pequena, este tamanho da população é considerado no cálculo do tamanho da amostra. Outro questionamento pode surgir: o que é uma população de tamanho infinito ou finito? Essas definições não são bem claras e precisas. Porém um bom critério que pode ser adotado para diferenciar população de tamanho infinito de população de tamanho finito é considerar que toda população em que seja composta de mais de cem mil elementos ou indivíduos seja considerada como infinita e abaixo desse número seja considerada finita. De acordo com TRIOLA (2005), quando se deseja trabalhar com populações de tamanhos infinitos com objetivo de se estimarem médias populacionais, o tamanho da amostra mínimo necessário para se fazer tal estimativa é calculado pela seguinte equação: 2 z / 2. n (1) E Equação 1 Equação para estimar o tamanho da amostra em populações infinitas Fonte: Triola (2005) Quando o tamanho da população alvo da pesquisa é considerado finito, o que realmente acorre na grande maioria dos casos quando se trabalha com a investigação de QV em empresas, o tamanho mínimo da amostra necessário para se estimarem as médias populacionais é obtido com o auxílio da equação: 2 2 N z / N E z 2 n (2) 1 / 2 Equação 2 Equação para estimar o tamanho da amostra em populações finitas Fonte: Triola (2005) Em ambas as equações, (1) e (2), Z / 2 é o valor crítico, o qual está relacionado com o grau de confiança adotado no planejamento da pesquisa. Como é comum trabalhar com 95% ou 99% de confiança, os valores críticos realcionados a eles são, respectivamente, 1,96 e 2,575. Na equação 2, por se trabalhar com uma população dita finita quanto ao seu tamanho, N indica o tamanho da população alvo da pesquisa. Logo, N deve ser conhecido. No planejamento do tamanho da amostra, como já mencionado, é necessário adotar a margem de erro E máxima que se deseja trabalhar nas estimativas das médias populacionais. Percebe-se também, nas equações 1 e 2, que n é dependente também do desvio-padrão populacional, indicado nas duas equações por. A adoção de uma margem de erro E conveniente é muito importante e essa escolha será mais próxima da ideal quanto maior for a experiência do pesquisador no tema tratado. É importante ressaltar que, à medida que se aumenta o valor de E, o tamanho da amostra mínimo necessário para se realizar a pesquisa diminui sensivelmente e vice-versa. Um obstáculo na utilização das equações 1 e 2 é o valor a ser adotado para. Este indica o desvio-padrão dos dados populacionais. Quando os dados populacionais não são conhecidos e não se tem ao menos uma amostra, como

26 atribuir um valor para? Para o ser conhecido, seria preciso conhecer os dados populacionais. Mas nesse caso não seria necessária a pesquisa, pois já se conheceria o comportamento da população. Então, como obter um valor para confiável e o mais próximo da realidade? Segundo DEVORE (2006), existem três possibilidades de se obter uma estimativa para o. A primeira é adotar um valor para supondo que este é conhecido. Isto é possível se for adotado um valor obtido de trabalhos anteriores relativos à mesma população alvo da pesquisa. Mas esse procedimento é muito raro de acontecer. Sendo não conhecido, e é o mais plausível de acontecer, têm-se duas possibilidades. Quando se tem uma estimativa do menor e maior valor que ocorrem na população alvo da pesquisa pode-se utilizar a amplitude dividida por quatro como estimativa para. Essa sugestão é equacionada como segue: maior valor - menor valor amplitude (3) 4 4 Equação 3 Equação para estimar o Fonte: Devore (2006) Entretanto, o mais indicado é realizar uma sondagem na população alvo da pesquisa, ou seja, realizar um estudo piloto com uma amostra no mínimo composta de 31 elementos ou indivíduos. O número 31 vem do fato de que, para estimativas de médias populacionais, este número indica uma grande amostra, o que justifica a utilização da distribuição normal para se estabelecer o valor crítico Z / 2 adotado. Com a amostra obtida desse estudo piloto se obtém uma estimava para. Logo, este deve ser usado no cálculo de n nas equações (1) e (2). Pode haver o questionamento de quanto de confiança pode ser depositado nessa estimativa de obtida neste estudo piloto, cuja resposta pode-se obter através do cálculo de um intervalo de confiança para o estimado. De acordo com a abordagem de estimativas de médias populacionais supõe-se que a população tenha valores distribuídos normalmente. Quando isso não ocorre, os danos causados pelos devios apresentados quanto à normalidade não são muito sérios. Entretanto, quando se trabalha com estimativas de variâncias e conseqüentemente de desvios-padrão e com populações não-normais, podem-se obter sérios erros. Isto significa que podem ocorrer inferências enganosas sobre a variância populacional ou sobre o desvio-padrão populacional se a população não segue uma distribuição normal. 2 De acordo com (LEVINE, 2005), as variâncias amostrais s tendem a centrarse no valor da variância populacional. Por isso diz-se que s é um estimador não tendencioso de, ou seja, os valores de s 2 tendem para o valor alvo de 2. Contudo, o mesmo não ocorre com o desvio-padrão amostral s e o desvio-padrão populacional, porque s é um estimador tendencioso de. Mas essa tendenciosidade em s de sobreestimar ou subestimar pode ser muito pequena quando se utiliza uma grande amostra. Com isso, pode-se utilizar s com uma boa e razoável estimativa para quando se trabalha com uma grande amostra. Enquanto que, para estimativas de médias populacionais os valores críticos são obtidos da distribuição Z padronizada ou t de Student, para estimativas de variâncias ou desvios-padrão populacionais utiliza-se a distribuição Qui-Quadrado.

27 As propriedades da distribuição da estatística Qui-Quadrado podem ser consultadas, por exemplo, em TRIOLA ( 2005, p. 268). De acordo com LEVINE (2005), com a equação 4 se pode obter um intervalo de confiança para a estimativa de : 2 n 1s n 1 2 D s 2 E 2, (4) Equação 4 Equação para estimar o Fonte: Levine (2005) O n denota o tamanho da amostra utilizado, s 2 representa a variância amostral calculada com os dados amostrais, 2 E e 2 D se referem aos valores críticos obtidos, respectivamente, da extrema esquerda e extrema direita da tabela da distribuição Qui-Quadrado. Portanto, com a equação 4 se obtêm os limites, inferior e superior, do intervalo de confiança para. Salienta-se que os valores 2 2 críticos E e D estão ligados ao número de graus de liberdade n 1 e ao grau de confiança adotado. Para exemplificação da aplicação do procedimento acima delineado foram avaliados 49 colaboradores, 33 homens e 16 mulheres, de uma organização federal, incumbida de controlar a arrecadação tributária da União e realizar o controle aduaneiro das importações e exportações brasileiras do interior do Paraná. Tais colaboradores foram investigados quanto a QV, seguindo o instrumento de pesquisa WHOQOL-100 e metodologia, citados neste trabalho. 2.4 Resultados e discussão A seguir, na figura 1, são ilustrados os valores médios amostrais obtidos no estudo piloto. Físico Psicológico Nível de independência Relações sociais Meio ambiente Espiritualidade Médias Figura 1 Médias amostrais obtidas para os domínios referentes à qualidade de vida Fonte: Dados do estudo, 2007.

28 Com auxílio da figura 1 é possível visualizar a variabilidade dos dados dentro de cada domínio investigado. É possível observar também que o domínio espiritualidade é o que apresenta maior dispersão dos dados entre si. Na tabela 3 é apresentado o resumo dos dados coletados. Domínios Média Desviopadrão Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo Físico 58,94 12,26 35,00 52,00 58,00 67,00 90,00 Psicológico 66,88 12,81 33,00 58,50 66,00 75,00 95,00 Nível de independência 75,00 10,87 50,00 66,50 75,00 82,00 97,00 Relações sociais 72,06 12,67 44,00 66,00 73,00 79,00 96,00 Meio ambiente 65,31 9,42 44,00 59,50 65,00 70,00 91,00 Espiritualidade 77,22 19,60 13,00 69,00 75,00 94,00 100,00 Fonte: Dados do estudo, 2007 Tabela 3 Resumo dos dados coletados referente à QV Na tabela 3, além das medidas amostrais, média aritmética e desvio-padrão dos domínios investigados, têm-se as estimativas da mediana, Q1 (primeiro quartil), Q3 (terceiro quartil) e os valores máximo e mínimo obtidos na amostra. Com essas estimativas é possível obter o boxplot dos dados para melhor visualização do comportamento dos dados quanto à variabilidade dos mesmos. A seguir tem-se ilustrado o boxplot dos dados DADOS Físico Psicológico Nível de independência Relações sociais Meio ambiente Espiritualidade Figura 2 Boxplot dos dados de QV do estudo piloto Fonte: Dados do estudo, Como é possível verificar, a variação dos dados representados pelos desviospadrão expostos na tabela 3 está de acordo com a ilustração dada na figura 2. Porém os desvios-padrão estão influenciados pelos valores extremos, o que não acontece com a variação apresentada pelos diagramas em caixa da figura 2. Esses valores extremos estão marcados por um asterisco na figura 2.

29 A variabilidade dos dados dentro de cada domínio é diferente quando comparados todos entre si. Quantificando essas variações dos dados calculando o desvio-padrão amostral, têm-se cinco resultados diferentes para o desvio-padrão, um para cada domínio (tabela 3). Entretanto, necessita-se da estimativa de um desvio-padrão para que seja possível, com o auxílio da equação (2), determinar o tamanho mínimo da amostra necessário para realizar a pesquisa propriamente dita. Adotando o valor do desvio-padrão obtido para o domínio meio ambiente corre-se o risco de estar planejando uma pesquisa com uma amostra de tamanho insuficiente, pelo motivo de esse desvio-padrão em particular ser o menor dos obtidos e apresentados na tabela 4. Poder-se-ia pensar em trabalhar com um desvio-padrão médio. Esta é uma possibilidade. Porém, o mais coerente é trabalhar com o maior desvio padrão obtido. Nesse caso, o escolhido é o desvio-padrão obtido para o domínio espiritualidade, ou seja, = 19,60. Como este valor é uma estimativa proveniente, neste caso, de um estudo piloto com amostra de tamanho 49, há a necessidade de obter um intervalo de confiança para o mesmo. Com o auxílio da desigualdade (4) obtém-se tal estimativa intervalar. E esta é dada por 16,4 24,5. Portanto, tem-se 95% de confiança que o verdadeiro para o domínio espiritualidade está dentro desse intervalo de confiança. Desejando estar pecando por excesso no planejamento da determinação do tamanho mínimo da amostra necessário para se realizar a pesquisa, adota-se 24, 5, ou seja, igual ao limite superior do intervalo de confiança. Na tabela 5, a seguir, apresenta-se o planejamento para a obtenção do tamanho da amostra para se realizar uma pesquisa sobre o tema qualidade de vida de colaboradores de um determinado setor cuja população total contempla 1600 colaboradores. Os valores apresentados na tabela 4 são obtidos fazendo uso da equação 2. Tamanho da população alvo da pesquisa Número de colaboradores Valor Z / 2 crítico com 0, 05 E Tamanho da amostra n N = ,96 24, N = ,96 24, N = ,96 24, N = ,96 24, N = ,96 24, Fonte: Dados do estudo, 2007 Tabela 4 Planejamento do tamanho mínimo da amostra necessário Como se pode observar nos resultados apresentados na tabela 4, o tamanho da amostra é sensivelmente afetado pela margem de erro adotada. Fixando o desvio-padrão e variando a margem de erro, tem-se que, quanto menor a margem de erro que se deseja trabalhar, maior será o tamanho mínimo da amostra necessário para se realizar a pesquisa. Por exemplo, supondo que a pesquisa foi definitivamente realizada e, como resultado, em um dos domínios investigados sobre QV, obteve-se como estimativa média para os colaboradores um valor igual a 82, este valor poderá estar afetado, no máximo, por um erro de uma unidade ou cinco unidades, dependendo da margem erro adotada no planejamento do tamanho da amostra.

30 A escolha da margem de erro mais apropriada fica a critério do pesquisador, pois, dependendo da escolha, o tamanho da amostra mínimo necessário será menor ou maior. No exemplo citado poderá ser no mínimo 88 e no máximo 945. Portanto, tal escolha irá depender do tempo disponível para se realizar a pesquisa como também do seu custo. Há a possibilidade de se querer trabalhar com 99% de confiança nos resultados em lugar dos 95%. Neste caso os tamanhos das amostras citados na tabela 5 se alteraram, conforme descritos abaixo: Tamanho da população alvo da pesquisa Número de colaboradores Valor Z / 2 crítico com 0, 01 E Tamanho da amostra n N = ,575 24, N = ,575 24, N = ,575 24, N = ,575 24, N = ,575 24, Fonte: Dados do estudo, 2007 Tabela 5 Planejamento do tamanho mínimo da amostra necessário Com os resultados apresentados na tabela 5, entende-se que, planejando a pesquisa com uma amostra de tamanho 145, por exemplo, tem-se 99% de confiança que os valores médios estimados para os domínios estarão afetados por um erro de no máximo 5 unidades para mais ou para menos. A probabilidade desse erro ser maior que 5 unidades é de 1%. 2.5 Conclusão De acordo com o objetivo deste estudo em propor um procedimento no planejamento do tamanho mínimo necessário da amostra para que se possa avaliar com segurança estatística a QV de colaboradores de uma empresa, os resultados analisados indicaram que na variação dos dados representados pelos desviospadrão expostos - 12,26; 12,81; 10,87; 12,67; 9,42; 19,60 - que o mais coerente é trabalhar com o maior desvio padrão obtido. Nesse caso, o escolhido é o desviopadrão obtido para o domínio espiritualidade, ou seja, = 19,60. Em sequência há a necessidade de obter um intervalo de confiança. Neste estudo, este intervalo é dado por 16,4 24, 5. Portanto, tem-se 95% de confiança que o verdadeiro para o domínio espiritualidade está dentro desse intervalo de confiança. Logo, adota-se para o planejamento da pesquisa 24, 5, ou seja, igual ao limite superior do intervalo de confiança. Outro fator decisivo para a definição do tamanho da amostra em pesquisas de QV é a margem de erro adotada, pois o tamanho da amostra é sensivelmente afetado por esta. Assim, fixando o desvio-padrão e variando a margem de erro, temse que, quanto menor a margem de erro que se deseja trabalhar, maior será o tamanho mínimo da amostra necessário para se realizar a pesquisa. Ressalta-se que a escolha da margem de erro mais apropriada fica a critério do pesquisador, pois, dependendo da escolha, o tamanho da amostra mínimo necessário será menor ou maior. No exemplo citado, com 95% de confiança, poderá ser no mínimo 88 e no máximo 945. Deste modo, é possível concluir que, no planejamento da pesquisa, o tamanho da amostra mínimo necessário para se realizar a pesquisa, que nesse caso

31 é a estimativa de médias populacionais envolvendo dados de QV, depende fortemente da variação dos dados que compõem a população ou, pelo menos, de uma estimativa dessa variação e da margem de erro máxima que se pretende estimar as médias populacionais, além do grau de confiança em que se pretende trabalhar. Deve-se ressaltar que, no planejamento da coleta de dados amostrais de QV para inferências sobre a população alvo da pesquisa, deve-se considerar-se também o tipo de amostragem. Além de se determinar com segurança o tamanho mínimo da amostra necessário para se realizar a pesquisa, o como coletar os dados também é de vital importância. Neste caso deve-se sempre usar as técnicas disponíveis e as mais aconselháveis e, claro, o bom senso. As inferências realizadas sobre dados amostrais de QV são generalizadas à população alvo da pesquisa. Para que essas inferências realmente retratem com fidedignidade a população, essa preocupação com o planejamento da amostra realmente é necessária. 2.6 Referências DANNA, K. & GRIFFIN, R. W. Health and well-being in the workplace: a review and synthesis of the literature. Journal of Management, v.25, n. 3, p , DEVORE, J. L. Probabilidade e estatística para engenharias e ciências. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, FERRISS, A. L. A Theory of Social Structure and the Quality of Life. Applied Research in Quality of Life, n. 01, p , FLECK, M. P. A.; et al. Desenvolvimento da versão em português do instrumento de avaliação da qualidade de vida da OMS (WHOQOL-100). Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 21, n.1, p.19-28, HUNNICUTT, D. Discover the power of wellness. Business and Health, Montvale, v. 19, n. 3, p , LEVINE, D. M.; et al. Estatística: teoria e aplicações usando Microsoft Excel em português. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, NAHAS, M. V. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 2. ed. Londrina: Midiograf, TRIOLA, M.F. Introdução à estatística. 9. ed. Rio de Janeiro, 2005.

32 3. LQOL-70: UM INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA COM BASE NO LAZER Bruno Pedroso Luiz Alberto Pilatti João Luiz Kovaleski José Roberto Herrera Cantorani Marcelo Edmundo Alves Martins 3.1 Introdução A preocupação com a qualidade de vida tem se tornado crescente nas últimas décadas. A visão holística do homem como um ser biopsicossocial passa a ganhar espaço, inclusive no ambiente empresarial. Essa reflexão se fortalece pela percepção de que o desempenho dos trabalhadores está fortemente relacionado com a sua qualidade de vida. Não obstante o processo dessas reflexões, é também fortalecido o entendimento de que as atividades de lazer constituem um fator de influência direta na qualidade de vida. Contudo, factível também é o entendimento de que tais atividades vêm se extinguindo do cotidiano do trabalhador, sobretudo nesta sociedade que pode ser definida como a sociedade do conhecimento. Com base em tais prerrogativas o presente estudo propõe-se à criação de um instrumento para a avaliação da qualidade de vida das pessoas, sobretudo dos trabalhadores. Este instrumento terá em sua base a relação entre o lazer e a qualidade de vida, compreendido em seus aspectos sociais, psicológicos e fisiológicos. Ao contrário do que pode parecer, a preocupação com o estilo de vida é muito antiga e aparece desde Sócrates por volta de 400 a.c. (ANDUJAR, 2006). No entanto, o termo qualidade de vida foi mencionado pela primeira vez por Lyndon Johnson, em Presidente dos Estados Unidos na ocasião, afirma que os objetivos de uma nação não podem ser mensurados através do balanço bancário, mas, sim, da qualidade de vida proporcionada às pessoas (FLECK et al, 1999). Desde então, pesquisadores das mais variadas áreas de conhecimento têm concentrado seus estudos nessa área. Ainda que não seja possível definir a qualidade de vida em um único conceito, percebe-se que os autores são unânimes no que diz respeito aos aspectos da subjetividade, multidimensionalidade e a existência de dimensões positivas e negativas da qualidade de vida (MION et al, 2005). Dessa forma, pode-se afirmar que não existe um conceito absoluto de Qualidade de Vida, mas sim, a visão diferenciada de pesquisadores de diversas áreas. De acordo com Gaspar (2001, p. 47), pode-se definir qualidade de vida como um conjunto subjetivo de impressões que cada ser humano possui, sendo simultaneamente um produto de diversos fatores que o afetam e um processo que ele experimenta a cada momento. A afirmação anterior evidencia que a qualidade de vida varia de indivíduo para indivíduo e provém do resultado da variedade de experiências presenciadas por ele mesmo. Já para Santos (2002), uma boa qualidade de vida deve oferecer

33 condições para que as pessoas venham a desenvolver o máximo de suas potencialidades, em todas as suas atividades. Sob essa ótica, é expressa a idéia de que a qualidade de vida se relaciona diretamente ao prazer pessoal e que sofre interferência da vida cotidiana em todos os seus aspectos. Tal idéia conduz à compreensão de que Mion et al estavam corretos ao apontar a qualidade de vida como um fator diretamente dependente da satisfação do indivíduo, bem como dos ambientes com os quais este tem contato. Partindo dessa premissa, é perceptível que diversos são os fatores influenciáveis na qualidade de vida no trabalho. Desta forma, a avaliação da qualidade de vida no trabalho pode ser vista como o resultado de pequenos detalhes que, ao acumularem determinado nível de enfermidades (físicas ou mentais), pode resultar na queda do desempenho do colaborador e, por conseqüência, numa deficiência na cadeia produtiva da empresa. A presente investigação justifica-se pelo fato de que a qualidade de vida e as atividades de lazer possuem alta correlação; entretanto, na sociedade contemporânea essas atividades não vêm sendo contempladas como em épocas anteriores. Através deste estudo, pretende-se diagnosticar o quão prejudicial vem sendo a carência de atividades de lazer no contexto qualidade de vida dos colaboradores vinculados ao ambiente produtivo. A presente pesquisa possui como objetivo o desenvolvimento de um instrumento de avaliação da qualidade de vida com base no lazer, sustentado pela teoria de Norbert Elias e as categorias do tempo livre. Partindo do preceito de que o homem é um ser biopsicossocial, tal instrumento foi fundado em três grandes esferas: fisiológica, psicológica e sociológica. 3.2 Qualidade de vida no trabalho Embora as discussões a respeito da qualidade de vida no trabalho sejam recentes, esta preocupação já data de séculos anteriores, podendo-se mencionar a lei das alavancas, instituída por Arquimedes, em 287 a.c., a qual visava diminuir o esforço físico dos trabalhadores. (FRANÇA JÚNIOR; PILATTI, 2004). O termo Qualidade de Vida no Trabalho teve origem por volta de 1950, quando surgiram as preocupações iniciais com a relação homem-trabalho no ambiente empresarial. Essa preocupação se expandiu durante o período da revolução industrial, quando os operários passam a reivindicar por melhores condições de trabalho, menores jornadas e salários mais justos. Assim, ficou evidenciado que a mão-de-obra necessária para produzir é movida por um homem com sentimentos e realizações pessoais, e que o estado emocional pode acarretar sérios agravantes na produção. Na década de 50, na Inglaterra, Eric Trist e sua equipe desenvolveram uma abordagem técnica da organização do trabalho, visando satisfazer o trabalhador em seu ambiente de trabalho. Porém, apenas na década de 60, foi dada ênfase aos programas de qualidade de vida no trabalho, tais como pesquisas para se diagnosticarem melhores formas de realização do trabalho e também sobre a saúde e bem-estar dos trabalhadores. A partir de então, a qualidade de vida no trabalho passa a ser objeto de pesquisa em diversos países. No Brasil, de acordo com o que revelam os estudos

34 de Ayres et al (2004), uma especial atenção acerca desta área teve início somente na década de 80. A pressão por melhores resultados, a insatisfação financeira e o estresse proveniente do ambiente de trabalho vêm a ocasionar redução na produtividade dos trabalhadores do ambiente empresarial. É nessa perspectiva que a empresa deve procurar oferecer atividades que, em contrapartida a esses fatores, venham proporcionar melhor bem-estar aos seus colaboradores, compensando o seu esforço pela produção na empresa. O ponto de vista empresarial da atualidade prevê que o verdadeiro diferencial das empresas são os recursos humanos nela presentes, e não mais a tecnologia empregada. A tecnologia é fundamental, mas o que difere uma empresa comum de uma empresa líder no mercado é o capital intelectual, conforme defende Cavalcanti (apud FRANÇA JÚNIOR; PILATTI, 2004, p.05-06): A tecnologia, no fundo iguala as empresas; as pessoas é que fazem a diferença. E a nova economia exige uma nova forma de gestão, tanto das pessoas quanto da tecnologia. Não mais aquela empresa hierarquizada, onde manda quem pode e obedece quem tem juízo, mas uma empresa que valoriza a criatividade e compartilhamento de idéias, uma empresa que aprende com seus colaboradores, parceiros e clientes. Partido dessa perspectiva, pode-se afirmar que uma projeção do mercado do futuro promete cada vez mais privilegiar o colaborador dentro da empresa, com o objetivo de lhe propiciar as melhores condições possíveis de trabalho e, dessa forma, obter um maior rendimento de seu desempenho e desenvolver o melhor de suas potencialidades. 3.3 Atividades de lazer Na ótica de Elias e Dunning (1992), o lazer é definido como uma atividade praticada livremente e sem remuneração, que acarreta uma sensação agradável e prazerosa ao indivíduo praticante. Seguindo a distinção do lazer e tempo livre de Elias e Dunning, para melhor especificar, pode-se mencionar o lazer como cultura compreendida no seu sentido mais amplo vivenciada (praticada ou fruída) no tempo disponível. (MARCELINO apud REIS; SOARES, 2006, p.02). A denominação lazer já perdura de longa data e, no transcorrer dos séculos, o lazer apresentou distintas concepções, variando não somente ao longo do tempo, mas também de sociedade para sociedade, sendo caracterizado em cada situação com suas respectivas particularidades. Particularidades que, com as devidas alterações, se ajustam e formam hoje a concepção de lazer adequada para a especificidade de cada universo social. O significado pleno do lazer não se limita apenas à utilização do tempo livre, mas, sim, na realização dos anseios do ser humano. Desta forma pode-se afirmar que As práticas de lazer não são apenas rituais de pausas antes de retomar a vida prática ou o trabalho, e sim devem existir com raízes que mergulham nas profundezas antropológico-histórica as quais referem-se ao ser humano em sua natureza, mantendo como eixo central discutir, sistematizar e produzir conhecimento [...]. Na realidade, nosso contexto social, impregnado pela violência, exclusão, desemprego e preconceitos tem marginalizado

35 toda e qualquer possibilidade de viver práticas de lazer em sua plenitude. (FRANÇA; CAVALCANTI, 2002, p.06). Seguindo essa linha de raciocínio, Almeida e Gutierrez (2005) percebem o lazer como uma forma de alívio às tensões ocasionadas pelo estilo de vida contemporâneo, tornando-o um componente essencial para se viver em sociedade. Entende-se que a busca pelo lazer nas distintas sociedades, é caracterizada por fatores limitantes impostos pela própria sociedade, os quais explicam os diferentes hábitos de prática de lazer. Na antiguidade, os povos romanos e gregos fundamentavam o lazer em competições e jogos. As classes mais nobres se portavam como espectadores de competições entre lutadores ou gladiadores que batalhavam até a morte. Na atualidade ainda existem traços dessa cultura, mesmo que em uma versão menos devastadora. É o que se pode perceber, por exemplo, nas rinhas e nas touradas (STURION; CABRAL, 2007). Cabe ressaltar que, naquela época, o lazer era privilégio de uma parcela da sociedade, ou seja, a minoria que dispunha de alto poder aquisitivo. Esta situação é mantida durante séculos, até que um fato marcante inicia uma revolução, não apenas tecnológica, mas também cultural: a revolução industrial. Durante o período da revolução industrial, as longas e exaustivas jornadas de trabalho forçaram os trabalhadores a reivindicar por melhores condições de trabalho, expondo desta forma a necessidade da prática de atividades com caráter de lazer (PILATTI, 2007). No Brasil, a constatação da necessidade humana pela prática de atividades de lazer ocorreu durante o governo de Getúlio Vargas, mas a expansão da acessibilidade a essas atividades se concretiza somente no governo de Juscelino Kubitschek. As classes alta e média ocupam o seu tempo livre com teatros e apresentações musicais e os clubes esportivos, enquanto a classe operária busca entretenimento através da prática de esporte em espaços públicos, circos e comemorações festivas. Assim o lazer passa a compor o cotidiano dos operários e da classe média (ALMEIDA, 2005). Dentro desse contexto, é perceptível que apenas uma pequena parcela da população apresenta condições para desfrutar das atividades de lazer, em virtude da acessibilidade destas estar vinculado à disponibilidade de um local apropriado, tempo disponível e situação monetária condizente. No sistema de produção capitalista, o ser humano é visto exclusivamente como um agente de produção, excluindo-se as suas características pessoais, como os sentimentos, desejos e necessidades. Tal fato ocasionou, e continua a proporcionar, uma profunda transformação social no estilo de vida da sociedade (ALMEIDA; GUTIERREZ, 2005). Entretanto, na sociedade moderna Na sociedade moderna o lazer se apresenta como uma alternativa de quebra da rotina, em que o homem busca ansiosamente transformar o resultado do seu trabalho árduo em algo que lhe traga compensações prazerosas (STURION; CABRAL, 2007, p.01). Nos dias atuais, o lazer pode ser percebido como uma forma de aproveitar o tempo liberto de atividades laborais, para compensar o estresse e as preocupações oriundas do ambiente de trabalho, de forma que tais atividades proporcionem uma sensação de realização e prazer pessoal.

36 3.4 Tempo livre e tempo disponível Erroneamente, as atividades de tempo livre e lazer são postas como sinônimos; no entanto, trata-se de conceitos distintos. Pode-se considerar tempo livre como o tempo liberto das ocupações de trabalho. Contudo, nem todo o tempo livre representa lazer, ou melhor, somente parte do tempo livre é voltado para as atividades de lazer (ELIAS; DUNNING, 1992). Uma melhor classificação do aspecto do tempo foi abordada por Gebara (1994), quando afirma que o tempo livre trata-se de um tempo individual enquanto o tempo disponível é considerado como um tempo social. Com relação ao entretenimento, o tempo é utilizado na dimensão do tempo disponível. Assim, evidencia-se e se confirma que nem todo tempo livre pode ser considerado lazer, porém todas as atividades de lazer são atividades realizadas durante o tempo livre. Elias e Dunning (1992) classificam as atividades de tempo livre em cinco categorias distintas: trabalho privado e administração familiar; repouso; provimento das necessidades biológicas; sociabilidade; atividades miméticas ou de jogo. As atividades pertencentes a cada uma dessas categorias, podem ou não se enquadrar como atividades de lazer, como elucidado a seguir: trabalho privado e administração familiar: engloba as atividades da família e a provisão da casa, tais como a orientação dos filhos, a estratégia familiar, a transação de finanças e planos para o futuro. Por se tratar de um trabalho que precisa ser realizado, de forma prazerosa ou não, dificilmente poderá ser denominado como atividades de lazer; repouso: refere-se às atividades que não representam nada em particular ou específico, os devaneios, as futilidades, tais como fumar, tricotar ou, até mesmo, dormir. Apesar de diferirem das demais, estas atividades também podem ser consideradas como atividades de lazer; provimento das necessidades biológicas: envolve as todas as necessidades biológicas próprias do nosso organismo, tais como se alimentar, fazer higiene corporal, fazer amor e dormir. Tais atividades estão habitualmente submetidas à rotina, mas podem acentuar determinado prazer, ao produzirem algum tipo de satisfação de forma não rotineira, como por exemplo, comer fora de casa. Além disso, algumas dessas atividades se irradiam, especialmente para a categoria da sociabilidade; sociabilidade: não é trabalho, porém envolve atividades que se relacionam com o trabalho, como visitar amigos ou sair em uma excursão (entre os trabalhadores), e envolve também atividades não relacionadas com o trabalho, como se deslocar a um bar, clube, restaurante ou festa, na presença de outras pessoas; atividades miméticas ou de jogo: representam aquelas como praticar esportes, assistir à televisão, ir ao cinema, pescar, dançar. Tais atividades apresentam caráter de lazer, proporcionado tanto pela participação como ator ou espectador de tais atividades, desde que não se caracterizem como atividades profissionais em particular. Com base nessa classificação, fica evidenciado que um indicador para se fazer a distinção entre o lazer do tempo livre é o grau de rotina ou a quebra da rotina, propriamente dita podendo, desta forma, proporcionar prazer nas atividades

37 que caracterizam o lazer, o que torna compreensível a idéia de que a satisfação proporcionada pelas atividades de lazer tende a ser considerada como um meio de permitir o alívio das tensões e de melhorar as capacidades das pessoas. (ELIAS; DUNNING, 1992, p.140). 3.5 O instrumento proposto A partir das categorias do tempo livre de Elias e Dunning (1992) e com base no instrumento WHOQOL, o instrumento desenvolvido neste estudo é composto por 75 questões. Destas questões, 5 são para o conhecimento da amostra e 70 são divididas em três grandes esferas: fisiológica, psicológica e sociológica. Essas esferas são compostas por aspectos, e dentro desses aspectos foram distribuídas as questões. As respostas das questões são baseadas na escala de Likert. As questões para conhecimento da amostra estão dispostas no início do questionário e fazem referência aos seguintes itens: idade, sexo, renda mensal familiar, estado civil e escolaridade. Já as questões das esferas fisiológica, psicológica e sociológica estão intercaladas entre si no interior do questionário. A distribuição das questões pertencentes a cada uma das esferas e aspectos está disposta da seguinte forma: Esfera fisiológica: 1 Energia e fadiga 2 Q Quão facilmente você fica cansado(a)? Q O quanto você se sente incomodado(a) pelo cansaço? Q Quão desgastante do ponto de vista físico e emocional você considera as suas atividades profissionais e do cotidiano? Q2.1 8 Você tem alguma dificuldade com o tempo para dormir? Quão satisfatório é o seu tempo para repouso? (o não fazer nada em particular) Sono e repouso Q Quadro 1: Aspectos e questões da esfera fisiológica Fonte: Autoria própria (2008) Esfera psicológica: 3 Sentimentos positivos 4 Avaliação de situações de vida Q O quanto você experimenta sentimentos positivos em sua vida? Q3 11 Quão satisfeito(a) você está com o seu tempo para lazer? Q4 14 Quão satisfeito(a) está com o seu tempo livre? (tempo restante após o sono e o trabalho profissional) Q O quanto você gosta do local onde mora? Q Em que medida as características de seu lar correspondem às suas necessidades? Q9 60 Quão satisfeito(a) você está com sua qualidade de vida? Q10 61 Quão satisfeito(a) você está com sua vida? Q11 62 Quão satisfeito(a) você está com sua saúde? Q2 7 Quão satisfeito(a) você está com o seu período de sono? Q Como você avalia o seu envolvimento com as atividades de trabalho privado e administração familiar? Q Como você avalia o seu envolvimento com as atividades de sociabilidade? Q Como você avalia o seu envolvimento em atividades físicas e/ou esportivas de lazer? Q6 32 Como você classifica a sua vida?

38 5 Auto-estima 6 Independência 7 Sentimentos negativos Q Como você classifica o tempo de deslocamento de casa para o trabalho e/ou outras atividades? Q Em que medida você avalia o grau de rotina em sua vida? Q8 48 Como você classifica a sua qualidade de vida? Q5 25 Como você classifica o seu ritmo de vida? Q1 1 Você se preocupa com sua saúde? Q1.1 2 Quão importante é para você um bom período de sono? Q1.2 3 Quão importante é para você um período para repouso? (o não fazer nada em particular) Q1.3 4 Quão importante é para você um tempo para lazer? Q Em que medida a sua qualidade de vida depende do uso de medicamentos ou de ajuda médica? Q12 63 Quão satisfeito(a) você está com suas capacidades? Q O quanto algum problema com o sono lhe preocupa? Q Quão estressante você considera as suas atividades profissionais e do cotidiano? Q Quão rotineiras você considera as suas atividades profissionais e do cotidiano? Q O quanto você sente falta de atividades físicas de satisfação motora e emocional? Q O quanto você sente falta de atividades de lazer? Q Você sente falta de atividades que proporcionem a quebra da rotina? Q Você sente falta de atividades que proporcionem satisfação motora e emocional? Q Você sente falta de atividades que proporcionem experiências diferentes daquelas vividas em seu cotidiano? Q Você sente falta de vivenciar atividades em que o controle e a previsibilidade não estejam tão presentes? Q Quão preocupado (a) você está com o ambiente em que vive? (e/ou trabalha) Q As condições em que vive acarretam sentimentos de tristeza e depressão? Q Sentimentos de tristeza e/ou depressão interferem no seu dia-a-dia? Q O quanto você se preocupa com sua segurança? Quadro 2: Aspectos e questões da esfera psicológica Fonte: Autoria própria (2008) Esfera sociológica: 8 9 Trabalho e Atividades da vida cotidiana Ritmo de vida 10 Atividades de Lazer e Recreação Q Envolve-se com trabalho privado e administração familiar? (rotinas familiares, provisão da casa) Q15 66 Quão satisfeito(a) você está com as condições de trabalho? Q1.4 5 Você tem tempo disponível para aproveitar a vida? Q O quanto você aproveita o seu tempo livre? Q Em que medida a sua qualidade de vida depende do ritmo de vida a que está inserido(a)? Q18 69 Quão satisfeito você está com a maneira de usar o seu tempo livre? Q1.5 6 O quanto você aproveita a vida? Q Você desfruta de um tempo para lazer? Q Em que medida você tem oportunidades de praticar atividades de lazer? Q Você desfruta de atividades físicas e/ou esportivas de lazer? Q Em que medida estão presentes em sua vida atividades de lazer?

39 Q Em que medida estão presentes em sua vida atividades físicas de satisfação motora e emocional? Q8.1 Em que medida você tem oportunidades de praticar atividades de 58 0 recreação? 11 Relações Envolve-se com atividades de sociabilidade (manutenção de boa Q Sociais relação com vizinhos, parentes e profissionais)? Q2.2 9 Você tem alguma dificuldade com ambiente satisfatório para dormir? Q7 43 Como você classifica as condições em que vive? Q Quão saudável é o seu ambiente físico? (clima, barulho, poluição, atrativos) 12 Ambiente Em que medida a sua qualidade de vida depende das condições Q em que vive? Q14 65 Quão satisfeito(a) você está com as condições do local onde mora? Q19 70 Quão satisfeito(a) você está com seu ambiente físico? (poluição, clima, barulho, atrativos) Segurança Q Quão seguro(a) você se sente em sua vida diária? 13 física e Q Você acha que vive em um ambiente seguro? proteção Q13 64 Quão satisfeito(a) você está com sua segurança? 14 Recursos Q Quão confortável é o lugar onde você mora? financeiros Q17 68 Quão satisfeito(a) você está com sua situação financeira? Q Em que medida você tem problemas com transporte? 15 Transporte Q O quanto os problemas com transporte dificultam a sua vida? Em que medida você tem meios de transporte adequados? Q16 67 Quão satisfeito(a) você está com as condições de transporte? Quadro 3: Aspectos e questões da esfera sociológica Fonte: Autoria própria (2008) 3.6 Metodologia A presente pesquisa, de natureza aplicada, pautou-se pela construção de um instrumento de avaliação da qualidade de vida com base no lazer a partir das categorias do tempo livre da teoria de Norbert Elias, seguindo os moldes do WHOQOL e fundado em três grandes esferas: fisiológica, psicológica e sociológica, pois parte-se do preceito de que o homem é um ser biopsicossocial. O WHOQOL é o instrumento de avaliação da Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde. A versão em português é disponibilizada pela FAMED-Universidade Federal do Rio Grande do Sul/HCPA, no site As questões do WHOQOL são formuladas por escalas de respostas do tipo Likert, com uma escala de intensidade (nada - extremamente), capacidade (nada - completamente), freqüência (nunca - sempre) e avaliação (muito insatisfeito - muito satisfeito; muito ruim - muito bom). Partindo do material empírico levantado, são adotados os seguintes procedimentos, que são os mesmos do instrumento original. Os procedimentos, de acordo com o Grupo WHOQOL, são: Definição das palavras âncoras para cada uma das escalas (intensidade, capacidade, freqüência e avaliação). Seleção de 15 palavras com significados intermediários entre os dois pontos âncoras através de dicionários, literatura e outros instrumentos psicométricos

40 (p.ex. escala de intensidade: âncora 0% = nada; âncora 100% = extremamente; palavras selecionadas: quase nada, levemente, pouco, ligeiramente, nem muito nem pouco, moderadamente, razoavelmente etc.). Confecção de uma escala visual analógica de 100 mm para cada uma das palavras selecionadas. Aplicação das escalas, relativa a lazer, em 20 indivíduos representativos da população que atua no setor industrial. Seleção das palavras que tiveram média entre mm (25%), entre mm (50%) e entre mm (75%). Se mais de uma palavra ficou com média entre as faixas acima, seleciona-se a de menor desvio padrão. Verificação da característica ordinal da escala em 10 indivíduos que ordenam as palavras sorteadas entre as duas palavras âncoras Aplicação piloto do instrumento O instrumento, elaborado pelas três facetas de lazer (fisiológica, sociológica e psicológica) balizadas através do modelo teórico de Norbert Elias, foi testado na aplicação e re-teste nos 26 colaboradores de uma indústria multinacional, fabricante e revendedora de matérias-primas para a indústria fabricante de bens de consumo, localizada na cidade de Ponta Grossa PR, o que garantiu o universo dessa amostra. O plano de análise desses dados foi a análise da validade de construto das facetas e domínios propostos, a seleção das melhores questões para cada faceta e o estabelecimento da consistência interna e validade discriminante do instrumento Validação do instrumento O presente instrumento foi validado a partir do teste de consistência de Cronbach. Desenvolvido por Lee J. Cronbach em 1951, o coeficiente alfa de Cronbach é uma ferramenta estatística que avalia a confiabilidade através da consistência interna de um questionário que tenha sido aplicado em uma pesquisa. É importante que todos os respondentes do questionário sejam indagados utilizando a mesma escala de medição. (FREITAS; RODRIGUES, 2005). O alfa de Cronbach é obtido a partir da variância dos componentes individuais e da variância da soma dos componentes de cada avaliado, buscando investigar possíveis relações entre os itens, através da seguinte equação: K K * 1 k 2 Si i1 2 1 St Onde: K Número de itens do questionário; Variância total do questionário. 2 S i Variância de cada item; Com relação à verificação da consistência do instrumento, será tomada como base a classificação de Freitas e Rodrigues (2005), os quais sugerem a seguinte escala para análise do coeficiente alfa de Cronbach: 2 S t

41 Confiabilidade Muito Baixa Baixa Moderada Alta Muito Alta Valor de 0,30< 0,60< 0,75< >0,90 Quadro 4: Escala de confiabilidade (FREITAS; RODRIGUES, 2005) É importante salientar que, mesmo sendo amplamente utilizado em diversas áreas do conhecimento, ainda não existe um consenso quanto a sua avaliação. Algumas literaturas consideram satisfatório um instrumento de pesquisa que obtenha =0,70. (FREITAS; RODRIGUES, 2005). 3.7 Resultados e discussão Em sua aplicação piloto, o instrumento proposto apresentou o coeficiente alfa de Cronbach de valor =0,8032. No re-teste do instrumento, o valor do coeficiente de Cronbach foi =0,8357. No que diz respeito à estatística descritiva do bloco de questões, foram analisados a média, desvio padrão, coeficiente de variação, valores máximos e mínimos e a amplitude de cada questão. Foi verificado que apenas quatro perguntas apresentaram pontuação média maior ou igual a 4,0 e três perguntas apresentaram pontuação média menor ou igual a 2,0. Muitas perguntas tiveram uma amplitude muito alta (4,0), ou seja, as respostas variaram desde a pior situação até a melhor situação. Com relação ao quesito idade, a população respondente apresentou média de aproximadamente 37 anos, em uma distribuição de idade de 20 anos até aproximadamente 60 anos, de forma que a variável idade se aproximou de uma distribuição normal. Quanto à avaliação da Qualidade de Vida em função do Lazer, esta foi realizada em dois momentos: com enfoque nos aspectos que compõem cada esfera e com enfoque nas esferas que compõem o instrumento em sua totalidade. Em se tratando dos aspectos, tal pontuação foi calculada obtendo-se as médias aritméticas simples de cada questão individualmente, que em seguida foram convertidas em uma escala de 0 a 100. No caso da escala ser invertida (quando menor a média, melhor o resultado), este valor é subtraído de 100, fazendo com que todas as questões apresentem a mesma escala de medição. Por fim, realizou-se a média aritmética simples das questões que compõem cada aspecto. Esta média é o valor atribuído ao aspecto. Com relação aos aspectos foi obtido o seguinte resultado:

42 ASPECTOS Energia e fadiga Sono e repouso Sentimentos positivos Avaliação de situações de vida Auto-estima Independência Sentimentos negativos Trabalho e Atividades da vida cotidiana Ritmo de vida Atividades de Lazer e Recreação Relações Sociais Ambiente Segurança física e proteção Recursos financeiros Transporte 51,60 61,54 61,97 67,31 65,14 74,04 46,61 71,62 50,22 46,84 57,69 61,38 55,45 57,21 71, Figura 1: Aspectos da Qualidade de Vida Fonte: Pesquisa de campo (2008) Percebe-se que os aspectos Sentimentos negativos e Atividades de Lazer e Recreação apresentaram as piores médias, distanciando-se consideravelmente dos demais aspectos. Por sua vez, os aspectos Independência, Transporte e Trabalho e Atividades da vida cotidiana apresentaram a melhor média, também se distanciando sensivelmente dos demais aspectos. Com relação às esferas, compostas pela associação de n aspectos, o procedimento utilizado para atribuir tal pontuação foi o mesmo utilizado na atribuição de valores aos aspectos, ou seja, a média aritmética simples das questões que compõem cada esfera. Portanto, cada questão possui o mesmo peso, independendo do número de questões ou aspectos pertencentes a cada esfera. O mesmo procedimento foi utilizado para o resultado global do instrumento, em que os valores obtidos em cada esfera ou aspecto não foram utilizados no cálculo global e cujo resultado é a média aritmética simples de todas as questões do instrumento. Dessa forma, obteve-se o seguinte resultado:

43 ESFERAS Fisiológica Psicológica Sociológica 55,58 58,63 57,42 GERAL 57, Figura 2: Esferas da Qualidade de Vida Fonte: Pesquisa de campo (2008) É notável uma proximidade nos resultados das três esferas. Por conseguinte, nenhuma delas se distancia significativamente do resultado global. A avaliação da Qualidade de Vida com base no Lazer da empresa, objeto de estudo, apresentou um índice próximo de 58% de satisfação. Ainda que não seja possível comparar com outros estudos, percebe-se um índice de insatisfação razoavelmente elevado (42%). 3.8 Considerações finais O desenvolvimento do LQOL-70 fundamentou-se na necessidade de abordagens condizentes com os estilos de vida da sociedade hodierna. O tema colocado em exame - qualidade de vida e, mais especificamente, qualidade de vida no trabalho - sempre teve como norte o homem comum, que trabalha e vive na Sociedade do Conhecimento, que está em permanente expansão. A estrutura do LQOL-70, que mensura o fator Qualidade de Vida, tem em sua concepção questões relacionadas com atividades de Lazer e atividades cotidianas, que não deixam espaço para decisões a respeito de fazê-las ou não, em função de vontade ou gosto do indivíduo. O objetivo de validar um domínio que demande pouco tempo para seu preenchimento e com características psicométricas satisfatórias, adaptado ao WHOQOL-100, foi atingido. O coeficiente alfa de Cronbach de valor =0,8032 alcançado no teste e de =0,8357 no re-teste indica que o instrumento apresenta, com base na classificação proposta por Freitas e Rodrigues (2005), elevada consistência interna. Assim, com base na validação do LQOL-70, pode-se inferir que a qualidade de vida apresenta uma proximidade muito grande das esferas sociológica, psicológica e fisiológica. O índice de insatisfação, de 42%, pode ser considerado elevado. É perceptível, também, que o aspecto Atividade de lazer e recreação apresenta, juntamente com o aspecto Sentimentos negativos, o pior dos escores do instrumento, com um índice de insatisfação superior a 53%. Em contrapartida, o aspecto Independência, com seus 26% de insatisfação, apresenta o melhor dos

44 escores, seguido pelos aspectos Transporte e Trabalho e atividades da vida cotidiana, ambos com um índice de insatisfação de 28%. Com a ferramenta foi possível a realização do cálculo dos resultados e análise estatística do LQOL-70, através do software Microsoft Excel. Tal ferramenta realizou automaticamente todos os cálculos de resultados dos escores das esferas e aspectos, além de efetuar a estatística descritiva das questões, aspectos e esferas do instrumento. Dessa forma, o LQOL-70 não necessita da utilização da sintaxe SPSS, proposta pelo Grupo WHOQOL para o cálculo dos resultados dos instrumentos desenvolvidos. De forma adicional, pode-se inferir que, mesmo se tratando de um instrumento de base quantitativa, a sua estrutura é pensada de forma que permita uma análise também qualitativa, ainda que este não seja um objetivo presente na proposta. 3.9 Referências ALMEIDA, M. A. B. de. Desenvolvimentismo e lazer. Revista Lecturas. Vol. 10, n. 87, ALMEIDA, M. A. B. de.; GUTIERREZ, G. L. A busca da excitação em Elias e Dunning: uma contribuição para o estudo do lazer, ócio e tempo livre. Revista Lecturas. Vol. 10, n. 89, ANDUJAR, A. M. Modelo de qualidade de vida dentro dos domínios bio-psico-social para aposentados f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. AYRES, K. V.; SILVA, I. P. Stress e Qualidade de Vida no Trabalho: a percepção de profissionais do setor de hotelaria. In: Fórum Internacional de Qualidade de Vida no Trabalho, 4., 2004, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: ISMA-BR, ELIAS, N.; DUNNING, E. A Busca da Excitação. Tradução Maria Manuela Almeida e Silva. Lisboa: DIFEL, FAMED UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL/HCPA. Versão em português dos instrumentos de avaliação de qualidade de vida (WHOQOL) Disponível em: < Acesso em: 25 ago FLECK, M. P. A. et al. Aplicação da versão em português do instrumento de avaliação de qualidade de vida da Organização Mundial de Saúde (WHOQOL-100). Revista Saúde Pública. Vol. 33, n. 2, p , FRANÇA, T. L.; CAVALCANTI, K. B. Um olhar histórico acerca do lazer: o encantamento crítico científico sensível de uma pesquisadora no domínio da educação, educação física, esporte. In: Congresso Brasileiro de História da Educação Física, Esporte, Lazer e Dança. 8., 2002, Ponta Grossa. Anais... Ponta Grossa: UEPG, FRANÇA JÚNIOR, N. R.; PILATTI, L. A. Gestão de qualidade de vida no trabalho (GQVT): modelos que os líderes e gestores podem utilizar para propiciar uma melhor qualidade de vida no trabalho. In: Simpósio de Engenharia de Produção, 11., 2004, Bauru. Anais... Bauru: UNESP, 2004.

45 FREITAS, A. L. P., RODRIGUES, S. G. A avaliação da confiabilidade de questionário: uma análise utilizando o coeficiente alfa de Cronbach. In: Simpósio de Engenharia de Produção, 12., 2005, Bauru. Anais... Bauru: UNESP, GASPAR, C. A. F. Qualidade de vida de trabalhadores que participam de práticas externas de cidadania empresarial: possibilidades de transformações individuais e coletivas f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. GEBARA, A. O Tempo na Construção do Objeto de Estudo da História do Esporte, do Lazer e da Educação Física. In: Encontro Nacional de História do Esporte, Lazer e Educação Física, 2., 1994, Ponta Grossa. Anais... Ponta Grossa: UEPG, p , MION JÚNIOR, D.; PIERIN, A. M. G.; GUSMÃO, J. L. de. Desafios no controle da pressão arterial no Brasil: a qualidade de vida e a terapêutica anti-hipertensiva. Disponível em: < Acesso em: 19-set PILATTI, L. A. Qualidade de vida no trabalho: perspectivas na sociedade do conhecimento. In: VILARTA, R. et al (Orgs.). Qualidade de vida e novas tecnologias. Campinas: IPES Editorial, REIS, N. SOARES, T. Lazer e envelhecimento saudável: um recorte sobre a relevância dos conteúdos culturais. Revista Lecturas. Vol. 11, n. 99, SANTOS, S. R. dos. et al. Qualidade de vida do idoso na comunidade: aplicação da Escala de Flanagan. Disponível em < Acesso em: 19 set STURION, L.; CABRAL, S. G. O Lazer após a revolução industrial. Disponível em: < Acesso em 31 jul

46 4. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: UMA ADAPTAÇÃO DO MODELO DE WALTON Luciana da Silva Timossi Bruno Pedroso Antonio Carlos de Francisco Luiz Alberto Pilatti 4.1 Introdução O cenário contemporâneo retrata que, cada vez mais, as empresas estão buscando acompanhar as modificações ocorridas no ambiente empresarial que, conseqüentemente, concentram grande parte dos seus esforços na tentativa de possuir um diferencial, para garantir vantagem competitiva no mercado. Assim, algumas empresas começaram a perceber que focar os indivíduos que compõem a organização pode ser uma boa estratégia empresarial. A mobilização e a valorização das pessoas em suas atividades têm se dado, ultimamente, em conseqüência das mudanças de conceitos e alterações de práticas gerenciais ocorridas nas organizações. As empresas, ao invés de investirem diretamente em produtos e serviços, estão investindo nas pessoas que os entendem, sabem como criá-los, desenvolvê-los e melhorá-los (ZANETTI, 2002). Dessa forma, a investigação em Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), o desenvolvimento e a aplicação de programas que incrementem melhorias no ambiente de trabalho podem trazer benefícios para a empresa nas relações com seus trabalhadores e, como conseqüência, na qualidade de seus produtos, tornando-os, assim, mais competitivos no mercado. Uma abordagem diferenciada no que diz respeito à Qualidade de Vida (QV) das pessoas, apontando a uma valorização de fatores inerentes ao ser humano, como o grau de satisfação, realização tanto profissional como pessoal, bom relacionamento com a sociedade e acesso à cultura e ao lazer, como exemplos reais de bem-estar, é o que se percebe atualmente no universo empresarial. A discussão sobre a QVT não é recente. Após uma investigação no Banco de Teses da Capes, foram encontradas dissertações e teses na área de Administração a respeito da QVT a partir de 1989 e, após 1996, na área de Engenharia de Produção. Em geral as pesquisas em torno da questão da QVT visam à compreensão a respeito de situações individuais dos trabalhadores em seus ambientes laborais, incluindo aspectos comportamentais e de satisfação individuais (LIMONGI-FRANÇA, 2004). Para avaliar a QVT, os modelos mais freqüentemente encontrados nas literaturas são de Hackman e Oldham (1975), Westley (1979), Wether e Davis (1983), Walton (1975) e Fernandes (1996). No Brasil o modelo de Walton (1975) é um dos mais aceitos e utilizados por pesquisadores da QVT. Durante o desenvolvimento de alguns estudos relacionados a QVT e após várias aplicações do modelo de Walton para avaliação da QVT, notou-se o fato de que alguns colaboradores, quando submetidos à avaliação de QVT, apresentaram dificuldades em interpretar e entender a forma original do modelo, em virtude da utilização de termos e expressões mais cultas. Outro ponto de dificuldade foi em relação à ausência de perguntas diretas e específicas para a definição de cada

47 critério. Com base nessa perspectiva, verificou-se a necessidade de um instrumento de fácil compreensão para atender a colaboradores com um menor nível de escolaridade. Nesse contexto, o objetivos deste estudo foram: adaptar o modelo de avaliação da QVT proposto por Walton em 1975 em uma linguagem mais simples e direta, permitindo sua aplicação em indivíduos com baixo nível de escolaridade; apresentar o desenvolvimento da versão adaptada, ressaltando que este estudo não objetivou a criação de um novo modelo de avaliação da QVT, mas visou adequá-la a um modelo já existente e amplamente utilizado. 4.2 Qualidade de Vida no Trabalho O trabalho, em sua finalidade e também em seu conceito, evoluiu ao longo do tempo. Deixou de ser um simples instrumento ou meio de subsistência para um processo multifatorial, no qual o ser humano coloca-se como centro motriz. Acompanhando essa evolução do trabalho surgiu a QVT, cujo foco está centrado no indivíduo, procurando oferecer ao trabalhador boas condições laborais para que ele desenvolva sua tarefa com satisfação e bem-estar. De acordo com Walton (1975), a QVT vem recebendo destaque como forma de resgatar valores humanos e ambientais, que vêm sendo negligenciados em favor do avanço tecnológico, da produtividade e do crescimento econômico. Para Fernandes (1996, p.43), a QVT abrange a conciliação dos interesses dos indivíduos e das organizações, ou seja, ao mesmo tempo em que melhora a satisfação do trabalhador, melhora a produtividade da empresa. Cole et al. (2005, p. 54) afirma que A qualidade de vida no trabalho inclui largos aspectos do ambiente do trabalho que afetam o colaborador em sua saúde e seu desempenho. Com a tecnologia ao alcance de todos, as empresas começaram a investir na transformação do ambiente laboral, procurando adequá-lo às necessidades físicas, psíquicas e sociais do seu trabalhador, como um meio para impor seu diferencial perante o mercado. De acordo com Limongi-França (2004, p. 10), [...] quando esta visão está consolidada, o empresário deixa de ver o dinheiro que aplica em melhores condições de vida no trabalho como gasto, mas sim como investimento, que certamente lhe trará retorno num círculo virtuoso, onde a qualidade de vida no trabalho representa a qualidade de seus produtos, produtividade e consequentemente maior competitividade. Dentro dessa perspectiva, é factível afirmar que, ao passo que a tecnologia deixa de ser um diferencial na empresa, são as pessoas nela inseridas que promovem, ou não, o sucesso desta. Assim, intensifica-se a preocupação com a saúde, o bem-estar e, conseqüentemente, a QTV dos colaboradores Modelo de Walton para avaliação da qualidade de vida no trabalho Para a adaptação à realidade do trabalhador, proposta deste trabalho, foi selecionado o modelo proposto por Walton (1975), o qual entende serem oito dimensões que influenciam diretamente o trabalhador. A escolha desse modelo se justifica pois os oito critérios abordados abrangem com uma boa amplitude aspectos básicos das situações de trabalho, de ser um instrumento amplamente utilizado em avaliação de QVT no Brasil.

48 Os critérios enumerados que compõem o modelo de Walton (1975) não estão em ordem de prioridade, por isso podem ser rearranjados de maneira distinta para assumir outras importâncias, de acordo com a realidade em cada organização. A tabela 1, a seguir, indica os critérios e subcritérios presentes no modelo de Walton (1975). Critério de avaliação da QVT modelo de Walton (1975) 1. Compensação justa e adequada 5. Integração social na organização Remuneração justa Discriminação Equilíbrio salarial Relacionamento interpessoal Participação em resultados Compromisso da equipe Benefícios extras Valorização das idéias 2. Condições de trabalho 6. Constitucionalismo Jornada semanal Direitos do trabalhador Carga de trabalho Liberdade de expressão Tecnologia do processo Discussão e normas Salubridade Respeito à individualidade Equipamentos de EPI e EPC 7. O trabalho e o espaço total de vida Fadiga Influência sobre a rotina familiar 3. Uso e desenvolvimento de Possibilidade de lazer capacidades Autonomia Horário de trabalho e descanso Importância da tarefa 8. Relevância social do trabalho na vida Polivalência Orgulho do trabalho Avaliação do desempenho Imagem institucional Responsabilidade conferida Integração comunitária 4. Oportunidade de crescimento e Qualidade dos produtos/ serviços segurança Crescimento profissional Política de recursos humanos Treinamentos Demissões Incentivo aos estudos Fonte: Detoni (2001), adaptado de Walton (1975) Tabela 1 Critérios e subcritérios de qualidade de vida no trabalho 4.3 Metodologia Este estudo desenvolveu-se em quatro contextos diferenciados: primeiramente no contexto da literatura acadêmica atual sobre o assunto QVT e seus modelos de avaliação; em seqüência na investigação sobre a consistência interna de questionários. Após essas etapas foi realizada a organização e a adaptação das questões e, finalmente, seguiu-se a aplicação propriamente dita do instrumento e a análise dos coeficientes encontrados por critério e, de maneira geral, do instrumento como um todo. A descrição mais detalhada das etapas é apresentada a seguir Desenvolvimento das perguntas O processo de desenvolvimento das perguntas e a adaptação dos termos técnicos para termos mais simples e usuais sem, no entanto, alterar o seu significado envolveu alguns passos: a) Aplicação do instrumento em sua forma original e a identificação dos termos que seriam adaptados. Alguns destes termos estão indicados na tabela 2 a seguir:

49 Termos originais remuneração justa benefícios extras salubridade fadiga polivalência constitucionalismo Termos adaptados salário alimentação, transporte, médico, dentista etc. condições de trabalho cansaço possibilidade de desempenhar vários trabalhos respeito às leis e normas Fonte: Dados do estudo, 2008 Tabela 2 Exemplos de alguns termos alterados e adaptados no instrumento b) Elaboração de um conjunto de perguntas envolvendo os termos âncoras e os termos adaptados. c) A permanência do termo âncora original do instrumento, entre parênteses na pergunta, ao lado do termo que corresponde ao seu sinônimo alterado, conforme representado na figura 1. d) Padronização do questionário envolvendo os oito critérios propostos por Walton (1975) e 35 subcritérios, cada qual sendo representado por uma questão. e) Formulação de uma escala de resposta equivalente para todas as questões, conforme ilustração a seguir. Figura 1 Exemplo da questão presente no instrumento Fonte: Dados do estudo (2008) Desenvolvimento das escalas de respostas Para a identificação da percepção do colaborador em relação à sua QVT foi utilizada uma escala do tipo Likert, polarizada em cinco pontos. A proposta dessa escala, exemplificada na tabela 3, é verificar a satisfação do colaborador em relação ao critério indicado, levando em conta suas necessidades e anseios individuais. Escala 0% âncora 25% 50% 75% 100% âncora Avaliação nem satisfeito do nível muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito muito satisfeito de insatisfeito satisfação Grau numérico Fonte: Adaptado de Fleck (1999) Tabela 3 Escala de níveis de satisfação Essa escala fundamentou-se no modelo de resposta utilizado pela Organização Mundial da Saúde no instrumento WHOQOL-100. Para facilitar a compreensão e padronizar as respectivas respostas aos questionamentos, foi

50 utilizada apenas uma escala de resposta referente à avaliação da intensidade de satisfação para todas as perguntas Verificação da consistência do instrumento Para garantir a consistência interna do presente instrumento utilizou-se do coeficiente alfa de Cronbach. Desenvolvido por Lee Cronbach em 1951, o coeficiente alfa de Cronbach é uma ferramenta estatística que avalia a confiabilidade através da consistência interna de um questionário. Para a utilização do coeficiente alfa de Cronbach, é requisito que todos os itens do instrumento utilizem a mesma escala de medição. (FREITAS; RODRIGUES, 2005). O alfa de Cronbach é obtido a partir da variância dos componentes individuais e da variância da soma dos componentes de cada avaliado, buscando investigar as possíveis relações entre os itens. Dessa forma, as variáveis utilizadas no cálculo do coeficiente de Cronbach são as seguintes: o número de questões do instrumento 2 2 (K), a variância de cada questão ( S i ) e a variância total do instrumento ( S t ). O coeficiente alfa de Cronbach pode ser calculado através da seguinte equação: k 2 Si K i1 * 1 2 K 1 S t Equação 1 Cálculo do coeficiente alfa de Cronbach Fonte: Freitas e Rodrigues (2005) É importante salientar que, mesmo sendo amplamente utilizado em diversas áreas do conhecimento, ainda não existe um consenso quanto à avaliação do coeficiente alfa de Cronbach. Algumas literaturas consideram satisfatório um instrumento de pesquisa que obtenha =0,70. Entretanto, cabe ao pesquisador decidir qual o valor mínimo de confiabilidade aceitável para o seu respectivo instrumento. (FREITAS; RODRIGUES, 2005). Com relação à verificação da consistência do instrumento, tomar-se-á como base a classificação proposta por Freitas e Rodrigues (2005), que sugerem a seguinte escala para análise do coeficiente alfa de Cronbach: Valor de Confiabilidade Muito baixa 0,30< Baixa 0,60< Moderada 0,75< Alta >0,90 Muito alta Fonte: Freitas e Rodrigues (2005) Tabela 4 - Escala de confiabilidade do alfa de Cronbach De acordo com Freitas e Rodrigues (2005), os fatores que podem influenciar na confiabilidade de um questionário são o número de itens, o tempo de aplicação do questionário e a amostra de avaliadores.

51 Número de itens: um questionário com um extenso número de itens pode ocasionar respostas impulsivas e relapsas, além de tender a aumentar o número de itens sem resposta. Tempo de aplicação do questionário: limitar um intervalo de tempo préestabelecido também pode ocasionar os mesmos problemas descritos no item anterior. É comumente observado que, devido à falta de tempo para o preenchimento do questionário, as últimas questões não sejam respondidas. Amostra de avaliadores: aplicar um questionário a uma amostra muito semelhante deve reduzir a confiabilidade de um questionário, pois, quanto mais homogênea a amostra, a variância tende a se tornar nula. Em se tratando dos itens anteriores, pode-se afirmar que nenhum deles sofrem alteração na presente pesquisa, visto que este estudo não se pautou em criar um novo instrumento, mas, sim, em facilitar o entendimento e compreensão dos itens de um instrumento já existente e validado Aplicação do instrumento Para testar a consistência interna do presente instrumento, utilizou-se de uma aplicação em uma amostra de 99 respondentes. Procurou-se utilizar, quanto ao nível educacional, uma amostra o mais heterogênea possível, para que se possibilite e exeqüidade do instrumento de forma a ampliar a compreensão das questões e da escala de respostas. Assim sendo, a distribuição da amostra com relação à escolaridade se configura da seguinte forma: Figura 2 - Escolaridade dos respondentes Fonte: Dados do estudo (2008) 4.4 Resultados e discussão A aplicação do coeficiente alfa de Cronbach, com o intuito de testar a consistência interna da adaptação do instrumento, apresentou os seguintes resultados quanto aos oito critérios de QVT propostos por Walton (1975): Critério Valor de Compensação justa e adequada 0,86 Condições de trabalho 0,84

52 Uso das capacidades 0,86 Oportunidades 0,79 Integração social 0,66 Constitucionalismo 0,88 Trabalho e vida 0,84 Relevância social 0,81 TOTAL 0,96 Fonte: Dados do estudo (2008) Tabela 5 - Coeficiente alfa de Cronbach do instrumento adaptado Com base na classificação dos valores de alfa, proposta por Freitas e Rodrigues (2004), pode-se afirmar que o critério Integração social é o único que apresenta consistência moderada, enquanto os demais critérios são classificados com uma consistência alta. Por sua vez, o alfa do total do instrumento foi calculado em 0,96, o que garante uma consistência interna muito alta na adaptação proposta neste estudo. Dessa forma, os resultados obtidos com a aplicação da versão adaptada do modelo de Walton indicaram que a adaptação proposta apresenta elevada consistência interna, o que a torna, assim como o modelo original proposto por Walton (1975), adequada para subsidiar pesquisas na área da QVT. Na avaliação dos escores obtidos com a aplicação da versão adaptada do modelo de Walton, foi estabelecido que os critérios cuja média fosse acima do escore 3, que corresponde a 50% na escala de 1 a 5 pontos, foram considerados positivos ou fatores de satisfação no ambiente de trabalho. Os critérios que indicassem média abaixo de 3 seriam classificados como negativos/insatisfatórios na QVT. A figura 3 apresenta os resultados de acordo com os oito critérios investigados. 3,60 3,80 3,64 3,69 3,64 3,82 Insatisfação l Satisfação 3,30 Compensação Justa e Adequada Condições de Trabalho Uso das Capacidades 3,38 Oportunidades Integração Social Constitucionalismo Trabalho e Vida Relevância Social Figura 3 - Nível de satisfação dos indivíduos avaliados com os critérios de QVT Fonte: Dados do estudo (2008) De acordo com a figura acima, todos os critérios apresentaram um nível de satisfação superior a 50%. O fator compensação justa e adequada (3,3) apresentou o menor índice de satisfação adotado, podendo estar interferindo negativamente na QVT. Os critérios: oportunidades (3,38), condições de trabalho (3,60), trabalho e vida (3,64) e integração social (3,64) apresentaram índices acima de 3, porém muito próximos ao limite de insatisfação, o que pode estar indicando relações de conflito entre estes fatores e aquilo que seria representado

53 como ideal pelos colaboradores, considerando especificamente o item trabalho e vida (3,64), já que este avalia a influência do trabalho sobre a vida geral do sujeito, abordando questões como a influência do trabalho sobre a vida familiar, lazer e descanso. A tabela 6 apresenta a estatística dos critérios de QVT: Nível de Satisfação Critérios Desv. Coef. Média Pad. Variação 1. Compensação justa e adequada 3,30 0,9 3,66 2. Condições de trabalho 3,60 0,71 5,07 3. Uso e desenvolvimento de 0,65 5,85 capacidades 3,80 4. Oportunidade de crescimento e 0,83 4,08 segurança 3,38 5. Integração social na organização 3,64 0,62 5,87 6. Constitucionalismo 3,69 0,79 4,67 7. O trabalho e o espaço total de vida 3,64 0,76 4,79 8. Relevância social do trabalho na vida 3,82 0,58 6,59 Fonte: Dados do estudo (2008) Tabela 6 - Média, desvio padrão e coeficiente de variação dos critérios de QVT. Neste estudo, encontram-se classificados como indicadores de satisfação os critérios constitucionalismo (3,69), uso das capacidades (3,80) e relevância social com o maior escore (3,82). Com esses resultados em mãos é possível orientar a tomada de decisão da empresa na busca por melhores condições laborais. Como salienta Lima (2004), no atual ambiente competitivo, as organizações necessitam de uma força de trabalho saudável, motivada e preparada para a competição. E acrescenta uma importante observação a respeito da QVT, frisando não ser única e exclusiva responsabilidade da empresa, mas que o próprio indivíduo deve ter a consciência de sua importância neste processo ou, então, a organização deve ter o compromisso de incentivá-lo ou instruí-lo para tal. Pode-se então pensar que uma boa QVT irá existir se o indivíduo atentar para o seu comportamento em relação à sua saúde e QV em geral, procurando eliminar ou reduzir seus hábitos negativos que podem comprometer seu bem-estar. Para tanto, as empresas precisam ter uma visão holística e mais humanizada em relação ao trabalhador, pois o indivíduo fora da empresa e o funcionário dentro dela são a mesma pessoa. 4.5 Conclusão É perceptível o fato de que a gestão das organizações vem sofrendo alterações. A busca pela qualidade, antigamente direcionada apenas aos aspectos organizacionais e produtivos, agora também é voltada para a QV dos colaboradores. Tornou-se de conhecimento público que, assim como o trabalho é uma necessidade do ser humano, a satisfação provinda dele representa também uma necessidade. Dessa forma, os gestores têm sustentado o preceito de que, melhorando a QV dos colaboradores, estar-se-á melhorando a organização como um todo. O objetivo de propor um instrumento com características psicométricas satisfatórias, adaptado ao modelo de Walton, foi atingido. O coeficiente alfa de Cronbach de valor =0,96 alcançado na aplicação do instrumento indica que este apresenta, com base na classificação proposta por Freitas e Rodrigues (2005),

54 consistência interna muito alta. Dessa forma, pode-se afirmar que a adaptação do modelo de Walton, proposta neste estudo, permite, através de questões mais esclarecidas e uma escala de resposta mais objetiva, a sua aplicação em pessoas com baixa escolaridade, garantindo a obtenção de resultados fidedignos sem alterar critérios e objetivos do instrumento original. 4.6 Referências DETONI, D. J. Estratégias de avaliação da qualidade de vida no trabalho: estudos de casos em agroindústrias. Florianópolis, f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) Universidade Federal de Santa Catarina. COLE, D. C. et al. Quality of working life indicators in Canadian health care organizations: a tool for healthy, health care workplaces?. Occupational Medicine, Vol. 55, n.1, p , FERNANDES, E. C. Qualidade de vida no trabalho: como medir para melhorar. Salvador: Casa da Qualidade, FREITAS, A. L. P., RODRIGUES, S. G. A avaliação da confiabilidade de questionário: uma análise utilizando o coeficiente alfa de Cronbach. In: Simpósio de Engenharia de Produção, 12., 2005, Bauru. Anais... Bauru: UNESP, LIMA, W. D.; STANO, R. C. T. M. Pesquisa de clima organizacional como ferramenta estratégica de gestão da qualidade de vida no trabalho. In: Simpósio de Engenharia de Produção, 11., 2004, Bauru. Anais... Bauru: UNESP, LIMONGI-FRANÇA, A. C. Qualidade de Vida no Trabalho: QVT. 2. ed. São Paulo: Atlas, WALTON, R. E. Criteria for quality of work life. In: DAVIS, L. E. et al. Quality of working life: problems, projects and the state of the art. New York: Macmillian, p , ZANETTI, E. M. S. P. Gerenciamento de recursos humanos: o caso das micro e pequenas indústrias de confecções do município de Colatina-ES. Florianópolis, f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) Universidade Federal de Santa Catarina. Agradecimento Os autores agradecem o apoio concedido pela Capes através do suporte financeiro recebido à elaboração da pesquisa. ANEXO

55 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO SEGUNDO O MODELO DE WALTON ESCALA DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO Instruções Este questionário é sobre como você se sente a respeito da sua Qualidade de Vida no Trabalho. Por favor, responda a todas as questões. Se você não tem certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha entre as alternativas a que lhe parece mais apropriada. Nós estamos perguntando o quanto você está satisfeito(a), em relação a vários aspectos do seu trabalho nas últimas duas semanas. Escolha entre as alternativas e coloque um círculo no número que melhor represente a sua opinião. Em relação ao salário (compensação) justo e adequado: 1.1 O quanto você está satisfeito com o seu salário (remuneração)? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito O quanto você está satisfeito com seu salário, se você o comparar com o salário dos seus colegas? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito O quanto você está satisfeito com as recompensas e a participação em resultados que você recebe da empresa? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito O quanto você está satisfeito com os benefícios extras (alimentação, transporte, médico, dentista etc.) que a empresa oferece? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito Em relação às suas condições de trabalho: 2.1 O quanto você está satisfeito com sua jornada de trabalho semanal (quantidade de horas trabalhadas)? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito Em relação à sua carga de trabalho (quantidade de trabalho), como você se sente? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito Em relação ao uso de tecnologia no trabalho que você faz, como você se sente? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito O quanto você está satisfeito com a salubridade (condições de trabalho) do seu local de trabalho? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito O quanto você está satisfeito com os equipamentos de segurança, proteção individual e coletiva

56 disponibilizados pela empresa? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito Em relação ao cansaço que seu trabalho lhe causa, como você se sente? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito Em relação ao uso das suas capacidades no trabalho: 3.1 Você está satisfeito com a autonomia (oportunidade tomar decisões) que possui no seu trabalho? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito Você está satisfeito com a importância da tarefa/trabalho/atividade que você faz? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito Em relação à polivalência (possibilidade de desempenhar várias tarefas e trabalhos) no trabalho, como você se sente? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito O quanto você está satisfeito com a sua avaliação de desempenho (ter conhecimento do quanto bom ou ruim está o seu desempenho no trabalho)? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito Em relação à responsabilidade conferida (responsabilidade de trabalho dada a você), como você se sente? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito Em relação às oportunidades que você tem no seu trabalho: 4.1 O quanto você está satisfeito com a sua oportunidade de crescimento profissional? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito O quanto você está satisfeito com os treinamentos que você faz? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito nem insatisfeito satisfeito muito satisfeito Em relação às situações e à freqüência em que ocorrem as demissões no seu trabalho, como você se sente? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito nem insatisfeito satisfeito muito satisfeito Em relação ao incentivo que a empresa dá para você estudar, como você se sente? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito nem insatisfeito satisfeito muito satisfeito

57 Em relação à integração social no seu trabalho: 5.1 Em relação à discriminação (social, racial, religiosa, sexual etc.) no seu trabalho, como você se sente? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito Em relação ao seu relacionamento com colegas e chefes no seu trabalho, como você se sente? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito Em relação ao comprometimento da sua equipe e colegas com o trabalho, como você se sente? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito O quanto você está satisfeito com a valorização de suas idéias e iniciativas no trabalho? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito Em relação ao constitucionalismo (respeito às leis) do seu trabalho: 6.1 O quanto você está satisfeito com a empresa por ela respeitar os direitos do trabalhador? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito O quanto você está satisfeito com sua liberdade de expressão (oportunidade dar suas opiniões) no trabalho? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito O quanto você está satisfeito com as normas e regras do seu trabalho? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito Em relação ao respeito à sua individualidade (características individuais e particularidades) no trabalho, como você se sente? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito Em relação ao espaço que o trabalho ocupa na sua vida: 7.1 O quanto você está satisfeito com a influência do trabalho sobre sua vida/rotina familiar? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito O quanto você está satisfeito com a influência do trabalho sobre sua possibilidade de lazer? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito

58 7.3 O quanto você está satisfeito com seus horários de trabalho e de descanso? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito Em relação à relevância social e importância do seu trabalho: 8.1 Em relação ao orgulho de realizar o seu trabalho, como você se sente? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito Você está satisfeito com a imagem que esta empresa tem perante a sociedade? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito O quanto você está satisfeito com a integração comunitária (contribuição com a sociedade) que a empresa tem? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito O quanto você está satisfeito com os serviços prestados e a qualidade dos produtos que a empresa fabrica? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito O quanto você está satisfeito com a política de recursos humanos (a forma de a empresa tratar os funcionários) que a empresa tem? muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito muito satisfeito nem insatisfeito

59 5. A ERGONOMIA E O CONHECIMENTO CIENTÍFICO: UMA ANÁLISE TEMÁTICA A PARTIR DAS PUBLICAÇÕES DO ENEGEP ORIENTADA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Maria Helena Bessa Barros Luis Mauricio Resende 5.1 Introdução A evolução contínua da tecnologia em engenharia sobrepujou um aspecto fundamental: os fatores humanos no ambiente de trabalho. Pode-se inferir que a evolução humana encontra seu notório desempenho quando o homem teve de adaptar-se, bem ou mal, às condições impostas pelos maquinismos que, por sua vez, impeliam a uma resposta física ou cognitiva àquele que operava. Para entender todo o complexo característico humano nas suas atividades laborativas, surge uma nova ciência que tem por objeto de estudo a interface entre o homem e os sistemas que ele utiliza. Esta nova ciência é a Ergonomia e nasce com o propósito de resolver problemas práticos do homem no seu ambiente de trabalho. É a partir desta forma de atuação que esta ciência encontra-se sob o jugo de dois tipos de avaliação: a avaliação sob critérios científicos acerca de suas modelagens e formulações de problemas do trabalho e a avaliação sob critérios econômicos e sociais de valor de suas propostas de soluções. (VIDAL, 2002) Portanto os critérios científicos da Ergonomia frente à realidade da indústria de manufatura constituem o objeto de estudo desta pesquisa. Para a sua caracterização, como área do conhecimento, torna-se primordial entender o que determina uma situação em ser precursora de problemas científicos em Ergonomia e de que modo esta nova visão sobre a realidade do trabalho permite a continuidade do ciclo de criação, organização e difusão do conhecimento à prática e o desenvolvimento industrial. Para Tenopoir e King (2001), os artigos científicos passam a fomentar o conhecimento específico sobre determinada ciência. Em razão desta função de geração de informações novas que determinam uma verdade provisória sobre um assunto, há uma considerável controvérsia e ambivalência no que diz respeito a sua importância. Muitas vezes o artigo científico constitui o meio para obtenção das primeiras informações sobre descobertas importantes. Bufrem et al. (2006) entendem que a análise das produções científicas se justifica pela necessidade sentida pelos pesquisadores a respeito das fontes que determinam o domínio de uma verdade ainda que provisória da literatura de sua área e dos meios existentes para a sua divulgação de suas próprias pesquisas. Uma vez que a realidade serve como instrumento balizador na tomada de decisão, torna-se primordial compreendê-la a partir uma perspectiva tanto do passado quanto do presente. É inquestionável o papel crítico e observador que todo pesquisador possui na responsabilidade de provedor do conhecimento perante o embate científico que desponta entre o crescimento de produções científicas e o crescimento nos aspectos arbitrários em relação à subjetividade dos periódicos que

60 divulgam a informação científica. Esse caráter subjetivo refere-se à respeitabilidade e prestígio dos diferentes meios de divulgação (eventos científicos, meios eletrônicos, anais de congresso, revistas etc.). (STRHEL E SANTOS, 2002) Desta forma, este estudo pretende refletir sobre o papel da Ergonomia como instrumento de aplicação prática das pesquisas geradas no meio acadêmico no âmbito industrial e governamental e também como meio de contribuição para o desenvolvimento sustentável das organizações. Tal reflexão origina-se do seguinte questionamento: qual a contribuição do conhecimento científico em Ergonomia para o desenvolvimento sustentável da indústria brasileira? A construção da resposta compreende a sistematização e articulação dos conceitos referentes à Ergonomia, como ciência e desenvolvimento sustentável, bem como a análise de 311 títulos da base de dados dos anais eletrônicos do ENEGEP, entre o período de 2002 a 2007, na área de Ergonomia e Segurança do Trabalho, de modo a delinear o contexto da contribuição ergonômica no campo da engenharia de produção. 5.2 Ergonomia e Desenvolvimento Sustentável Como ciência, a Ergonomia é relativamente nova. Muito embora o homem tenha, desde civilizações antigas, procurado adaptar as ferramentas e utensílios de uso cotidiano, a origem e evolução foram marcadas pelas transformações sócioeconômicas e, sobretudo, tecnológicas que vêm ocorrendo no mundo do trabalho. (IIDA, 1990). É datado de 1949 o batismo da Ergonomia como ciência, uma vez que esta se caracteriza como campo de saber específico com objetivos próprios e particulares. A perspectiva histórica da evolução ergonômica permite fundamentar os princípios que a definem. Moraes e Mont alvão (2000) entendem que a Ergonomia tem a sua ação pela interação entre os fatores humanos e o tecnológico. Enquanto ciência, procura fornecer as bases para adaptar o homem aos meios e métodos de produção e resolver os conflitos da relação entre a inteligência natural e artificial. Esta abordagem sistêmica aplica-se tanto a um posto de trabalho com um operador, quanto às instalações complexas com vários trabalhadores. A literatura científica apresenta diversas definições para este campo do saber. Entretanto, todos esses conceitos apresentam em comum o propósito da adaptação das condições de trabalho às características do homem a fim de atingir por meio de critérios como segurança, eficiência, satisfação e bem estar dos trabalhadores a modificação do relacionamento com os sistemas produtivos. Desta forma, a Ergonomia atualmente se propõe a produzir um entendimento fundamentado cientificamente de modo a torná-lo aplicável e viável na produção industrial. É esta combinação entre ciência e aplicabilidade que revela o seu caráter útil por tratar eficientemente problemas onde outras abordagens têm deixado a desejar; científico por configurar no cruzamento interdisciplinar de várias disciplinas; prático, pois busca soluções adequadas aos usuários; e aplicado por trazer os resultados para a concepção dos sistemas de produção. (Vidal, 2002). A evolução industrial tem determinado uma abrangência maior da responsabilidade organizacional. Isto é, se antes os esforços das empresas limitavam-se aos fatores internos das corporações como produtividade e diferencial

61 competitivo, atualmente as empresas vêem-se compelidas a repensarem o seu papel econômico, social e ambiental no meio em que atuam. Assim o crescimento tão almejado pelas empresas cede lugar a uma nova linguagem: o desenvolvimento. Não basta gerar riquezas, tem de distribuí-las sob a ótica da eqüidade, promover qualidade de vida de toda a população e permitir que as gerações futuras tenham recursos naturais para a sua sobrevivência. Quelhas e Rodriguez (2007) entendem o desenvolvimento sustentável como a triangulação de três macrotemas, como os aspectos ambientais, sociais e econômicos, os quais, quando valorizados, conseguem promover níveis mínimos de acidentes e doenças, concomitantemente aos benefícios econômicos, sociais e ambientais. Cabe ressaltar que o bem-estar é resultado tanto da atuação ergonômica quanto do desenvolvimento sustentável. A primeira considera o bem-estar do trabalhador como um dos fatores resultantes de sua aplicação e o último prima pelo bem-estar de toda uma sociedade. No entanto, ambos tratam de um dos pontos de vulnerabilidade das organizações: o fator humano - seja como meio do processo produtivo para a Ergonomia ou como consumidor direto ou indireto deste processo perante o desenvolvimento sustentável. No entanto, a consolidação de uma estratégia de sustentabilidade torna-se viável quando ou se o homem no contexto do trabalho tem suas capacidades e limitações garantidas no ambiente produtivo pois, no mundo corporativo de globalização, flexibilidade, vantagem competitiva, o fator humano da produção tem impacto direto na viabilidade econômica e social de toda organização. 5.3 A Ergonomia e a Ciência A Ergonomia, como ciência, busca consolidar os conhecimentos obtidos com a sua práxis. Tal proposição justifica a atuação ergonômica, que nasceu, segundo Wisner (1994), para dar respostas às situações de trabalho insatisfatórias, com o objetivo de gerar melhorias no ambiente de trabalho conforme as capacidades e limitações humanas. Desta forma, a aplicação deste conhecimento de interface entre o humano, tecnológico e ambiental deve ser construída pela ótica de métodos de investigação que permitam corroborar ou aceitar uma verdade prévia ou pressuposto não testado ainda. Alves (2000), a partir do pensamento de Marx, coloca que o pesquisador deve procurar o invisível ou a natureza das coisas, que é aquilo que elas possuem de verdadeiro e permanente, pois a experiência só capta a superficialidade das coisas. O invisível a que o autor se refere é a situação problema, a geradora do conhecimento. Entretanto, o invisível em Ergonomia provém da interface entre o homem e o trabalho - situações abstratas em que o fenômeno se manifesta a partir da realidade do trabalho ou do constrangimento físico ou psíquico do trabalhador perante a atividade laboral de modo que o aprofundamento nesta realidade problemática exige do pesquisador um conhecimento acurado a respeito de dois paradigmas: o antropológico e o administrativo produtivo. Ainda segundo Alves (2000), o conhecimento científico inicia-se com a tomada de consciência de que houve uma anormalidade que interrompe uma determinada ação. A partir dessa tomada de consciência busca-se a solução de

62 problemas para que se retorne a ordem desta determinada ação. Esse é o processo de construção do modelo ideal de funcionamento sem o erro e que se aplica a qualquer situação de desvio da normalidade. Uma vez identificado o erro e restabelecida como seria a ordem normal elabora-se a causa que gerou o defeito e finaliza-se com as simulações ideais das possíveis causas. Assim define-se o método de pesquisa. 5.4 O Método Científico Muitas são as definições e controvérsias sobre a unidade de métodos nas diversas ciências. Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (2004) discutem que o método utilizado nas ciências naturais não cabe nas ciências sociais. Isso porque o objeto de estudo nas ciências sociais, o comportamento humano, quando avaliado pelas ciências naturais, deixa de lado aquilo que caracteriza as ações humanas: as intenções, significados e finalidades que lhe são inerentes. (ALVES-MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER 2004, p. 100). A transformação de paradigmas dessas duas formas de ciências questiona a objetividade do conhecimento, se os valores do cientista interferem no seu estudo e se estes conhecimentos gerados não são falíveis, assim como os critérios para distinguir o que é e o que não é ciência ao longo da história. Considerando a ausência de um consenso, os autores propõem não um método científico acabado para um determinado tipo de ciência, mas a adoção do modelo adequado ao que se pretende estudar. Como a Ergonomia insere-se nestes dois campos de ciência, é necessário apreendê-los a fim de formar uma crítica daquilo que se produz enquanto conhecimento ergonômico. Os autores explicam que, há alguns anos, o conhecimento proveniente das ciências sociais era calcado no empirismo lógico cujo cunho científico fundamentava-se em fenômenos observáveis testados empiricamente para a validação ou refutação. Era a construção indutiva da teoria que permitia o progresso da ciência por meio da acumulação do conhecimento de maior poder explicativo e preditivo. O método indutivo, para Alves (2000), parte da observação dos fatos, e a verdade resultante não provém de uma dedução, mas sim da repetição de um hábito. O raciocínio indutivo é tido então como uma forma de ampliação do saber em que o passado é conhecido pela experiência e o futuro é conhecido pela teoria balizado pela crença de que esta verdade irá continuar se repetindo. Na visão de Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (2004) a produção de conhecimento social pelo método indutivo corroborou frente a sua forma de validação. Isto porque para que haja a validação de tal método deve-se haver a repetição de hábitos e que a verdade continuará se repetindo. E no conhecimento social aquele composto pelo comportamento humano, suas intenções e significados não são passíveis de uma repetição padrão ou que se aplique a todas as pessoas ou mesmo que todas as pessoas sempre tenham os mesmos padrões de respostas. Alves-Mazzotti (2004) afirma que tanto as ciências naturais quanto as ciências sociais apresentam em comum uma característica essencial: o objetivo de explicar os fenômenos e não apenas descrevê-los. Ambas as ciências são consideradas

63 tanto explicativas quanto interpretativas e, nesta última, as ciências sociais utilizam métodos e procedimentos diferentes das ciências naturais à medida que são válidos os mesmos instrumentos e procedimentos para a característica explicativa. É colocado por esta autora que o atual panorama nas pesquisas sociais é demasiadamente complexo. Buscar alternativas que se adaptem às necessidades e propósitos deste campo do saber tem resultado em uma multiplicidade de procedimentos, técnicas, pressupostos, lógicas de investigação e principalmente a ambigüidades e questionamentos. A cientificidade de um fato deve vir acompanhada por sua reflexão e não somente pelo acréscimo de fatos novos. O que o cientista deseja não é o rol dos fatos, mas a sua integração num esquema teórico explicativo (ALVES, 2000, p.141). A ciência é identificada pelo método utilizado, conforme Lakatos e Marconi (2001). Desta forma, Alves (2000) também entende que a ciência é definida pelo seu método e não em função do seu conteúdo. Portanto, a cientificidade de um estudo é balizada pela maneira como se trabalham as idéias do pesquisador e da forma como ele constrói o seu caminho. Muitas vezes a pesquisa científica foge do rigor metodológico de concepção das idéias. Equívocos são cometidos na interpretação daquilo que realmente é ciência quando as idéias são embasadas pelas evidências. Alves (2000) afirma que toda visão carece de fundamentos, e que uma nova teoria ou nova realidade podem ser testadas por métodos a fim de que se chegue a uma nova conclusão: verdade ou falsidade. O autor justifica a verificabilidade de uma teoria com base nos argumentos de Popper, pelos quais defende que uma teoria não se justifica pelo processo de construção. Ou seja, a indução não existe como credencial para a ciência, e os únicos testes possíveis são aqueles evidenciados pela experiência e que podem demonstrar a falsidade de seus enunciados. Isto significa que, se tida como falsa, não quer dizer que eventualmente não possa ser corrigida pela experiência, e sua aceitação depende de sua capacidade de previsão dos fatos de modo a reduzir o desconhecido ao conhecido. 5.5 A qualidade do conhecimento científico e sua interface com o mercado de trabalho Qualidade, para Strehl e Santos (2002), é avaliada sob duas formas distintas: a forma absoluta e a forma relativa. Segundo esses autores, os critérios absolutos seriam baseados na presunção de que trabalhos de boa qualidade são aqueles que incorporam a verdade científica ou na prática representados pela possibilidade de melhor compreensão dos fenômenos empíricos. A qualidade de uma contribuição científica só poderia ser medida a partir de uma retrospectiva histórica. O modo relativo, por outro lado, utiliza uma definição social e tem como base o ponto de vista filosófico, segundo o qual a verdade absoluta não existe. Assim, a qualidade de um trabalho é definida como o que está sendo útil para a comunidade em um dado momento. Ainda, segundo os autores é extremamente complexa a tarefa de avaliar a qualidade de um trabalho científico de acordo com a perspectiva histórica, com exceção dos trabalhos clássicos e já consagrados.

64 De maneira também complexa, o modo relativo aponta para um indicador de qualidade socialmente e mundialmente aceito pela comunidade científica: o número de citações que um trabalho publicado recebe. Na maioria das vezes, há uma forte correlação entre o número de citações e a qualidade de um artigo científico. Porém o fato de um conjunto particular de trabalhos ser momentaneamente ou temporariamente ignorado não significa baixa qualidade. Assim, a relevância de um trabalho científico pode ser indicada pelo número de pesquisadores interessados no problema. (STREHL; SANTOS, 2002, p.36) Para Demo (1992) a avaliação do trabalho científico pode ser avaliado pela sua qualidade política e pela sua qualidade formal. Qualidade política refere-se fundamentalmente aos conteúdos, aos fins e à substância do trabalho científico. Qualidade formal diz respeito aos meios e formas usados na produção do trabalho. Também se refere ao domínio de técnicas de coleta e interpretação de dados, manipulação de fontes de informação, conhecimento demonstrado na apresentação do referencial teórico e apresentação escrita ou oral em conformidade com os ritos acadêmicos. Garvey (1979) descreve duas formas de construção do conhecimento científico e tecnológico: os canais informais, que têm a função de disseminação da informação entre os pares (pesquisadores) e os canais formais que realizam a comunicação oficial dos resultados da pesquisa. A publicação passa então a proporcionar o controle de qualidade de uma área, conferir o reconhecimento da prioridade ao autor e possibilitar a preservação do conhecimento, como estar em atividade de pesquisa e participar de um processo permanente de transações e mediações comunicativas. O conhecimento quando analisado pela perspectiva da realidade do mercado de trabalho delimita outra visão. Este outro olhar é entendido por De Ferranti (apud SCHWARTZMAN, 2005) como oriundo do desenvolvimento da sociedade do conhecimento que, por sua vez, alimenta-se diretamente da expansão do ensino superior. Assim, a competência técnica tem sua base no conhecimento científico gerado pela formação da força de trabalho em centros universitários com acesso a pesquisas. Schwartzman (2005) corrobora a idéia de que, quanto maior a qualificação da mão-de-obra, maiores são as condições de participação de um mercado internacional competitivo. Tal realidade vem sendo demonstrada, ainda segundo Schwartzman (2005), pela postura adotada por países desenvolvidos e em desenvolvimento que elevam o mais possível a capacidade técnica e profissional para competir internacionalmente em termos de eficiência e qualidade de produtos. É entendimento para estes países que a competitividade internacional não depende somente da qualidade dos produtos, que se articulam diretamente com a capacitação de recursos humanos, mas também nos custos da mão-de-obra. Ainda segundo o autor, as situações de alta competitividade são mantidas por investimentos contínuos na formação e qualificação dos recursos humanos, cujos altos custos são compensados pela conquista de mercados diferenciados em qualidade. Tem-se então uma situação de equilíbrio mais elevada, isto é, os produtos de mercadorias de maior valor agregado geram mais riqueza e melhor distribuição de renda.

65 5.6 Metodologia A análise qualitativa da produção científica em Ergonomia foi realizada através de uma pesquisa exploratória, em um recorte de 311 artigos referentes ao período de 2002 a 2007 dos anais eletrônicos do ENEGP, com o objetivo de identificar a contribuição do conhecimento científico para a indústria brasileira, nos últimos seis anos, pelo ENEGEP e verificar as transformações deste conhecimento no período. 5.7 Análise e discussão dos resultados Até o ano de 2005, as áreas temáticas foram divididas em subáreas permitindo uma primeira conclusão sobre o objeto de estudo em Ergonomia e Segurança do Trabalho. A classificação dos estudos no ano de 2006 e 2007 não contemplou a classificação por subáreas sendo todos os artigos científicos classificados sob uma área temática: Ergonomia e Higiene e Segurança do Trabalho. Esta última classificação prevê mais um campo do saber, a Higiene do Trabalho. A tabela seguinte demonstra a estruturação dos artigos segundo a produção total em cada ano e em cada subárea de pesquisa: SUBÁREA ANO Organização do Trabalho Ergonomia do Produto Ergonomia do Processo Psicologia do Trabalho Segurança do Trabalho Biomecânica Ocupacional / Gerência de Riscos Outros em Ergonomia e Segurança do Trabalho 9 11 / / TOTAL Tabela 1 Número total de publicações por ano A tabela acima aponta para uma realidade já verificada por Strehl e Santos (2002) em relação ao número total de publicações por ano: o aumento da quantidade de publicações sugere o aumento da quantidade de pesquisadores. Isto também se deve ao caráter interdisciplinar da Ergonomia, que pode ser utilizada a partir da perspectiva que o objeto de estudo de uma área lhe confere. O objeto de estudo mais pesquisado pela Ergonomia, segundo o número total de publicações, refere-se à Segurança do Trabalho. Tanto que no último ano sobrepujou como tema de pesquisa a Higiene do Trabalho junto à área principal de Ergonomia e Segurança do Trabalho. Isso evidencia que a Ergonomia no Brasil possui como principal área de trabalho a Segurança do Trabalho. No tocante a esta subárea, percebe-se que os estudos abordam principalmente as condições ambientais, os acidentes de trabalho, os fatores de risco no ambiente de trabalho, as condições de segurança e os modelos e normatizações em segurança. É mister frisar que os temas abordados nas publicações analisadas possuem uma diversidade de variáveis, impossibilitando, assim, de organizá-los em grupos específicos de acordo com os temas estudados. Dentro de cada área, um mesmo tema é abordado de diferentes formas, e a tentativa de sistematizá-lo acaba por descaracterizá-lo, perdendo o referencial que demandou a pesquisa.

66 A qualidade de vida no trabalho é um tema que passou a ser destacado nas publicações do ENEGEP a partir de Os artigos produzidos evidenciam os aspectos do trabalho que podem contribuir para fragilizar a saúde física e psíquica dos funcionários assim como a produtividade das empresas. Entretanto, o foco constante da delimitação da situação problema é a organização do trabalho. A organização do trabalho tem se demonstrado patológica em todos os setores da economia, conforme demonstrado em estudos de diversas áreas assim como as condições ambientais tem sido identificado como deletérias para o fator humano das empresas. Ainda são incipientes os estudos sobre mobiliário e demais produtos utilizados no ambiente de trabalho que garantam melhor usabilidade pelos trabalhadores dos vários tipos de trabalho (predominantemente físico, cognitivo ou ambos). Este dado evidencia a ausência de uma característica fundamental para qualquer ciência: a falta de inovação tecnológica. A isto se podem relacionar várias hipóteses: falta de perfil empreendedor e tecnológico dos pesquisadores em Ergonomia, falta de tecnologia para as empresas, falta de incentivo para as universidades, entre outros, frente a uma demanda crescente de novos usuários no ambiente de trabalho. O enfoque centrado nas atividades, tarefas e na organização do trabalho demonstra uma visão brasileira da Ergonomia à luz da Ergonomia européia, na qual se estudam os aspectos cognitivos do trabalho. Este aspecto ratifica o dado encontrado anteriormente referente ao desenvolvimento de novos produtos, a falta de inovação tecnológica para desenvolver postos de trabalho em função das capacidades e limitações humanas, assim como desenvolver pesquisas em áreas como biomecânica ocupacional. Os estudos sobre as características físicas do trabalhador têm surgido pontualmente a cada ano. A antropometria é primordial na concepção e adaptação de postos de trabalho. Portanto é forçoso conhecer a população para a qual os postos são adaptados. A principal característica encontrada nos artigos é o método de construção do conhecimento científico. Verifica-se o método indutivo como o principal recurso de elaboração do conhecimento, em que os autores partiram de uma realidade específica para a sua generalização como conhecimento. Percebe-se a repetição de fatos, experiências e utilização de ferramentas já validadas pela ciência, ocorrendo o que Alves (2000) define como raciocínio indutivo para a ampliação do saber. O estudo confronta duas situações antagônicas na geração do conhecimento em Ergonomia: por um lado tem a explicação de fenômenos que geraram os problemas de pesquisa e, de outro lado, tem-se a repetição de fatos. Isto é, a maior parte das publicações refere-se à análise ergonômica do trabalho como ferramenta para diagnóstico de uma situação problema. Alves (2000) coloca que a ciência não se faz pelo acréscimo de fatos novos e que o mais importante é o método e não o seu conteúdo. A cientificidade de um estudo deve ser balizada pela maneira como as idéias do pesquisador são trabalhadas e da forma como ele constrói o seu caminho. No período entre 2002 a 2005 prepondera uma Ergonomia construída para corrigir diversas situações geradoras de problemas em vários ramos econômicos. Em 2006 e 2007, tem-se uma publicação mais abrangente e que não se limita à

67 correção de problemas específicos, mas à aplicação e reflexão do conhecimento ergonômico sobre a realidade multifatorial, que acompanha as transformações tecnológicas, gerenciais e o contexto em que este trabalho se desenvolve. Porém não se verifica a articulação das pesquisas ergonômicas com conceitos de desenvolvimento sustentável. A ênfase dada por tais pesquisas baliza a Ergonomia pelos critérios sociais como bem-estar e segurança dos trabalhadores. O estado da arte ergonômica, segundo as pesquisas analisadas, refere-se a uma realidade que visa à correção das inadequações ergonômicas, seja no ambiente industrial, seja no ambiente governamental. A aplicação ergonômica mostra-se tímida no campo da prevenção, situação confrontada pelo exíguo número de propostas de modelos, instrumentos ou metodologias que objetivem o gerenciamento dos fatores humanos do trabalho à luz da administração da produção. As metodologias encontradas buscam o gerenciamento das condições de saúde e segurança pelas ferramentas gerenciais em uso e difundidas pelos sistemas de certificação da qualidade. A análise da publicação em Ergonomia pelo evento científico ENEGEP reflete o que Streahl e Santos (2002) colocam como critério de qualidade em ciência: a expressão da verdade científica pela compreensão dos fenômenos empíricos. Devido ao caráter de interface da Ergonomia e sua aplicabilidade a partir das situações práticas de incompatibilidade entre o ser humano e o ambiente produtivo, as pesquisas partem de situações problemas reais dos diversos setores da economia (produtivo, prestação de serviço e governamental) a fim de contribuir para a comunidade que utiliza os sistemas de produção. Esta comunidade é delimitada pelos usuários desses sistemas, os trabalhadores, e pelas indústrias, governo etc. As publicações do evento também são descritas como critério de qualidade por si só. Essa afirmação se fundamenta nos argumentos de Garvey (1979), que defende ser a própria publicação um meio de controle de qualidade de uma área, pois permite a prioridade ao autor e a preservação do conhecimento em meio ao processo permanente de transações e mediações, pela comunicação oficial dos resultados da pesquisa e da divulgação do conhecimento entre os pesquisadores. 5.8 À guisa da conclusão Discutir pesquisa científica é uma tarefa complexa que exige de quem o faz um senso crítico a despeito daquilo que se estabelece como qualidade em ciência. Verificar se os temas pesquisados em uma determinada área do conhecimento são relevantes requer conhecimento apurado desta área. Os assuntos abordados nas pesquisas durante os últimos seis anos no evento em discussão revelam que os temas abordados buscam por soluções de problemas vivenciados no cotidiano das empresas. Esta constatação demonstra que o conhecimento produzido e divulgado tem como característica o acréscimo de fatos novos, porém de qualidade, como demonstrado por Strehl e Santos (2002). Isso é ratificado ao considerar que o conhecimento científico em Ergonomia, segundo o ENEGEP, ser de boa qualidade, uma vez que as afirmações produzidas são úteis tanto para a indústria quanto para o trabalhador ao proporcionar medidas que visam desde a proteção da capacidade psicofisiológica do indivíduo no seu

68 ambiente laboral até os riscos e os benefícios que as empresas podem agregar ao seu negócio pela adoção de tais medidas. Ao considerar a construção do conhecimento ergonômico pelo raciocínio indutivo, pode ocorrer a invalidação da indução. Esta constatação é explicada pelo fato de que o raciocínio indutivo em Ergonomia demonstra-se pela definição que toda situação de trabalho com fatores de risco ergonômicos (como, por exemplo, força, repetitividade, postura inadequada) são situações de comprometimento para a saúde do trabalhador. No entanto, Couto (2000), em sua pesquisa, irrompe tal forma de raciocínio metodológico científico. O autor demonstra que condições ergonômicas inadequadas não são suficientes para desenvolver um processo de adoecimento do trabalhador ou condição de segurança insuficiente. É necessário considerar questões gerenciais e a presença de mecanismos regulatórios e compensatórios adotados pelos trabalhadores. Isto infere que mesmo a condição de trabalho apresentada como risco ergonômico pode não ser fonte geradora de não conformidades ergonômicas. Em relação ao perfil dos pesquisadores, delimita-se uma característica de retentores de conhecimentos prévios do que produtores ou geradores de conhecimentos novos. Isto quer dizer que, se a produção científica atual possui como característica principal a modelagem e formulações dos problemas assentadas em bases científicas já consolidadas, como psicologia, fisiologia, biomecânica etc., verificam-se na prática industrial os desajustes entre o humano e o tecnológico. A Ergonomia pode ser utilizada tanto pelas ciências naturais quanto pelas ciências sociais, já que ela se apresenta de forma multifacetada que ora coloca os aspectos humanos como objeto de estudo e ora coloca os aspectos físicos ou ambientais como ponto central de discussão. Infere-se que, devido aos critérios sociais e econômicos que a balizam no campo científico, a Ergonomia deve ter o seu papel ampliado ao contexto econômico da indústria. Isto é, no desenvolvimento sustentável que atua como norteador das ações industriais verificam-se fundamentos ergonômicos. Assim, a pesquisa ergonômica deve voltar-se para ampliação de sua atuação tanto nas estratégias das empresas quanto meio primário para o desenvolvimento de políticas sociais que garantam, além da qualidade de vida do trabalhado, mecanismos de incentivo desta qualidade de vida no âmbito governamental. Em suma, a evidência de seu caráter útil e aplicado na realidade organizacional. Pode-se entender o processo de evolução do conhecimento científico em Ergonomia pela perspectiva do evento científico de maior respeitabilidade e prestígio - o ENEGEP - no campo da engenharia de produção nacional. Tal condição de qualidade das publicações desse evento fundamenta-se na constatação de que as informações produzidas servem para uma melhor compreensão dos fenômenos empíricos e que estão sendo úteis para a comunidade neste dado momento. Verifica-se, pela análise realizada neste estudo, que a Ergonomia vem cumprindo a sua finalidade científica e social ao propor soluções para os conflitos entre a inteligência natural e artificial. Porém deve-se considerar qual o impacto do benefício social na conjuntura econômica das organizações. A resposta deste questionamento pode contextualizar a Ergonomia no escopo da administração

69 estratégica das organizações, de modo a contribuir efetivamente para o seu desenvolvimento sustentável. Entretanto, cabe aos pesquisadores agregar novos conhecimentos sobre métodos e técnicas que minimizem as perdas humanas e produtivas. A situação problema delimita-se de forma clara, objetiva e amplamente verificada; porém o que se mostra aquém do conhecimento científico é o dissenso entre a prática de pesquisa e a sua validação num contexto teórico metodológico que permita a evolução dos paradigmas do conhecimento ergonômico articulada ao conceito de desenvolvimento sustentável. 5.9 Referências ALVES, R. Filosofia e ciência: introdução ao jogo e suas regras. 2 ed. São Paulo: Edições Loyola, ALVES-MAZZOTTI; A. J. & GEWANDSZNAJDER, F. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa qualitativa e quantitativa. 2 ed. São Paulo: Thompson, BUFREM, L.S de; SILVA, H. F. N; FABIAN, C. l. S. e M; SORRIBAS, T. V. Produção científica da informação: análise temática em artigos de revistas brasileiras. Perspectivas em Ciência da Informação. Vol. 12, n. 1, p.38-49, COUTO, H. DE A. As Novas Perspectivas na Abordagem Preventiva das LER/DORT Fenômeno LER/DORT no Brasil: Natureza, Determinantes e Alternativas das Organizações e dos demais atores Sociais para Lidar com a Questão. Belo Horizonte: UFMG/FACE, DEMO, P. Pesquisa: princípio científico e educativo. São Paulo: Cortez, IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgar Blücher Ltda, LAKATOS, E. M. & MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. 4 ed. São Paulo: Atlas, MORAES, A. & MONT ALVÃO, C. Ergonomia: conceitos e aplicações. 2 ed. Rio de Janeiro: 2AB, QUELHAS, A. & RODRIGUEZ, M.V.R. A gestão de segurança e saúde ocupacional alinhadas ao conceito de sustentabilidade. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ENEGEP, XXVII, Foz do Iguaçu. Anais. Foz do Iguaçu, CD-ROM. SCHWARTZMAN, S. A expansão do ensino superior, a sociedade do conhecimento e a educação tecnológica. Disponível em: <htpp:// Acesso em: 25 de abril de STREAHL, L. & SANTOS, C. A. Indicadores de qualidade da atividade científica. Revista Ciência Hoje. Vol. 31, n 186, p.34-39, TENOPIR, C. & KING, D. A importância dos periódicos para o trabalho científico. Revista de Biblioteconomia de Brasília. Vol. 25, n. 1, p.15-26, VIDAL, M.C.R. Ergonomia na empresa: útil, prática e aplicada. 2 ed. Rio de Janeiro: Editora Virtual Científica, 2002.

70 WISNER, A. A inteligência no trabalho: textos selecionados de ergonomia. São Paulo: Fundacentro, 1994.

71 6. A TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTOS E TECNOLOGIA À AGRICULTURA FAMILIAR PARA O CULTIVO DE OLEAGINOSAS: UMA EXPERIÊNCIA NO SETOR DE BIOENERGIA Adriane Carla Anastácio da Silva Maria de Fátima Tondelli Antonio Carlos de Francisco João Luiz Kovaleski 6.1 Introdução A busca pelo desenvolvimento sustentável é uma preocupação mundial, gerada, entre outras razões, pela necessidade de utilização dos recursos disponíveis valendo-se da preservação ambiental e da inclusão social, para a viabilização de um mundo justo e economicamente possível, que integre as nações e promova crescimento em todos os níveis. A preocupação com as condições ambientais, atuais e futuras, reflete o estado crítico no qual o planeta se encontra em relação a suas reservas de energia, pois aproximadamente 80% delas são de origem fóssil e não renovável, além de emitirem gases, causadores do efeito estufa. O Brasil, buscando o desenvolvimento sustentável, vislumbrou a oportunidade de utilizar e promover estudos quanto a fontes alternativas de energia limpa e renovável. Uma das oportunidades vislumbradas é o incentivo ao uso e produção de biocombustíveis, etanol e biodiesel, como atitude gradativa de substituição do óleo diesel na matriz energética nacional e mundial, representando uma alternativa de mitigação da dependência dos derivados do petróleo. A utilização do biodiesel oferece vantagens consideráveis uma vez que, além de ser uma fonte de energia renovável e ter um balanço positivo de CO2, é agente promotor de crescimento regional sustentado e viabiliza a expansão da agroindústria. Além disso, incrementa a produtividade nacional e aprimora os processos produtivos e, ainda, incentiva e valoriza as culturas de fontes alternativas renováveis, aproveitando ao máximo as potencialidades regionais, ao transferir tecnologia às culturas tradicionais soja, mamona, girassol, amendoim - e às novas pinhão manso, nabo-forrageiro, pequi, dentre outras - na grande variedade que ainda requer P&D&I, destacadas pelo Governo Federal, que provê condições para a inclusão da agricultura familiar neste processo. O mercado promissor e emergente oferecido pelo Brasil, o setor de biocombustíveis e a posição que o país ocupa na fronteira tecnológica da sua produção atraem os investimentos nacionais e estrangeiros para o setor, que são utilizados para a aquisição e construção de unidades industriais. Essas empresas que atendem a critérios do Governo Federal, descritos no Programa Nacional e Produção e Uso do Biodiesel PNPB, recebem incentivos para produção de biodiesel. Os critérios do programa visam incentivar a inclusão dos agricultores familiares na cadeia produtiva do biodiesel, por isso obrigam as indústrias a comprarem parte da matéria-prima utilizada na sua produção, estimulando-as a

72 investir e acreditar na competência dos agricultores familiares nesta tarefa, promovendo o aumento de renda para esta parcela de agricultores. Assim, o objetivo deste artigo é apresentar um estudo de caráter exploratório, com abordagem qualitativa, realizado em uma indústria do setor de bioenergia, traduzindo as ações de transferência de conhecimentos e tecnologia aos agricultores familiares, colaboradores da cadeia produtiva do biodiesel, dos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, onde a empresa atua. 6.2 O Biodiesel na Matriz Energética Brasileira O Brasil, em busca do desenvolvimento sustentável, vislumbrou a oportunidade de utilizar e promover estudos quanto a fontes alternativas de energia limpa e renovável, aproveitando suas condições favoráveis e seu potencial de produção de biocombustíveis, etanol e biodiesel, como atitude gradativa de substituição do óleo diesel na matriz energética brasileira. Uma das ações foi a adição do biodiesel à matriz energética brasileira, a partir do marco regulatório, instituído pela Lei Federal /2005, que estabelece valores percentuais mínimos de mistura de biodiesel ao diesel de 2% neste ano, 5% em 2013 e de 10% a partir de 2020 (BRASIL, 2005). A Agência Internacional de Energia IEA estima que a matriz energética brasileira é a mais limpa do mundo, com um índice de 35,9% de energia renovável, em comparação com os 13,5% do mundo, observados na Tabela 1, de percentual de energia renovável, considerando os dados de 2004 (BRASIL B, 2006). Tabela 1. Percentual de energia renovável. Fonte: PNA (BRASIL B, 2006) Os dados apresentados demonstram o potencial e a importância das fontes de energia renováveis para o Brasil e o mundo. Neste contexto, o setor industrial, centros de pesquisa e sociedade promovem iniciativas visando desenvolver e gerar inovações que aproveitem este potencial e consolidem a posição ocupada pelo país no cenário mundial. Outra ação que o Governo Federal desenvolveu foi o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel PNPB (BRASIL A, 2005), definindo políticas de apoio à produção de biodiesel, incentivando a integração de agricultores familiares à sua cadeia produtiva e contribuindo para o fortalecimento destes atores, ao aumentar

73 sua competência na geração de renda, por meio do cultivo de oleaginosas, em alguns casos de ordem majoritária, utilizadas em produção. O PNPB deu origem ao Plano Nacional de Agroenergia , que objetivava organizar uma proposta de pesquisa, desenvolvimento, inovação e transferência de tecnologia para a área de agroenergia (BRASIL A, 2006, p. 32). Essa proposta visa a sustentabilidade, competitividade e menor desigualdade entre os atores da cadeia da agroenergia, em consonância com as diretrizes políticas do programa. Algumas dessas diretrizes políticas recebem destaque neste estudo, como o desenvolvimento e a expansão da agroenergia, a promoção do desenvolvimento tecnológico no setor agrícola e industrial e a geração de emprego e renda no campo (BRASIL B, 2006), pois oferecem benefícios econômicos, ambientais e sociais ao mercado de agroenergia. Os benefícios econômicos atraem investimentos internos e externos ao setor. Os investimentos estrangeiros vislumbram uma oportunidade para a aquisição e construção de unidades industriais, motivados pelo desenvolvimento e a expansão do setor de agroenergia no país, alicerçada por políticas de incentivo e valorizada pela posição de destaque na fronteira tecnológica da produção de biocombustíveis. O desenvolvimento tecnológico nos setores agrícola e industrial pode ser observado com os investimentos em P&D&I, traduzidos em benefícios ambientais, originados das culturas com fins energéticos e produção dos biodiesel, criando novas oportunidades de emprego e renda no campo (BRASIL B, 2006). Os benefícios ambientais podem ser observados considerando o ciclo fechado de carbono estabelecido na produção e uso do biodiesel (HOLANDA, 2004). Os óleos vegetais utilizados na produção do biodiesel são extraídos de oleaginosas, fonte de energia que absorve o CO2 durante o período de crescimento e o libera no processo de combustão do motor, promovendo uma melhora na qualidade do ar, reduzindo os impactos ambientais e mitigando, assim, a emissão de gases causadores do efeito estufa (GEE). Os benefícios sociais da produção de biodiesel, considerados um dos objetivos deste estudo, serão abordados a seguir e tratarão da oportunidade oferecida pelas empresas do setor aos agricultores familiares para participarem da cadeia produtiva do biodiesel, em níveis competitivos, atendendo à política do PNPB. 6.3 O Biodiesel e seus benefícios sociais Como já mencionamos, a produção do biodiesel gera vantagens econômicas e cria oportunidades e ampliação da renda no campo, inserindo os agricultores familiares devido ao cultivo das matérias-primas, insumos de sua cadeia produtiva. A inclusão do agricultor familiar na cadeia produtiva de biodiesel atende às políticas de inclusão social do Governo Federal. O Ministério de Desenvolvimento Agrário MDA, órgão participante da definição dessas políticas, tem um papel fundamental neste processo posto que, dentre suas responsabilidades, está a concessão do Selo Combustível Social.

74 O Selo Combustível Social SCS concede aos produtores de biodiesel a habilitação para operar na sua produção e comercialização, dando-lhes o direito de participar dos leilões de compra de combustível, a isenção parcial ou total de tributos federais e a possibilidade de usá-lo como certificado para diferenciar a origem/marca do biodiesel no mercado (BRASIL A, 2005). Todavia, para que isto ocorra, os produtores de biodiesel são obrigados a adquirir a matéria-prima da agricultura familiar. Segundo o MDA, o percentual mínimo para aquisição da matéria-prima dos agricultores familiares enquadrados no Programa Nacional da Agricultura Familiar PRONAF e com situação regular no Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores SICAF é de 50% no Nordeste e Semi-Árido, de 10% nas regiões Norte e Centro Oeste e de 30% nas regiões Sudeste e Sul (BRASIL C, 2005). A compra de matéria-prima originada da agricultura familiar promove a integração de agricultores familiares à oferta de biocombustíveis, promovendo oportunidades a esta parcela agricultores do país. Outro requisito para a concessão do SCS aos produtores de biodiesel é o estabelecimento, em seus contratos com os agricultores, dos prazos, das condições de entrega da matéria-prima, dos preços e da assistência técnica, própria ou terceirizada, a ser prestada (BRASIL C, 2005). Os contratos entre as empresas e os agricultores familiares promovem parcerias econômicas, formalizam compromissos de responsabilidade técnica, tecnológica, ambiental e social, gerando empregos e incrementando a renda, diversificando as culturas e aproveitando o potencial agrícola da região. Preservam, assim, a biodiversidade. A diversificação de cultura aproveitando o potencial agrícola da região beneficia o uso de matérias-primas alternativas, pouco empregadas na produção de biodiesel, conforme citam Abramovay e Magalhães (2007): a mamona e o dendê, [são] conhecidos pela eficiência energética e por sua compatibilidade com os sistemas produtivos característicos da agricultura familiar (ABRAMOVAY; MAGALHÃES, p.19, 2007). Ou seja, o aproveitamento do potencial agrícola da região é uma das responsabilidades das empresas de biodiesel. Considerando as empresas instaladas no Centro-Oeste, região de cerrado, este estudo destaca as culturas potenciais de oleaginosas, com fins energéticos, como alternativas para a agricultura familiar dessa região brasileira. 6.4 O Biodiesel no cerrado brasileiro O PNA indica o potencial do cerrado que, com uma considerável extensão de terras disponíveis e agricultáveis, boa topografia e ótima regularidade climática, é favorável para o cultivo de oleaginosas com fins energéticos. A matéria-prima na produção do biodiesel, consolidando um novo negócio para a agricultura familiar em pequenas e médias propriedades, promove, assim, o desenvolvimento desta região (BRASIL B, 2006). Apesar de o cultivo de matérias-primas, oleaginosas, utilizadas na produção de biodiesel ser estimulado em muitas regiões do país, o potencial oferecido pelo cerrado atrai muitas empresas para a região Centro-Oeste, como é o caso da Agrenco Bioenergia, Granol, Brasil Ecodiesel, entre outras.

75 Siqueira (2007) apresenta, em seu estudo, o potencial de expansão agrícola no país, confirmando a indicação do PNA de que o cerrado brasileiro, com mais de 90 milhões de hectares disponíveis, pode ser utilizado para a agroenergia, com produção da maioria das matérias-primas utilizadas pelas empresas de biodiesel, como podemos observar na Tabela 2, referente a áreas do cerrado brasileiro. Tabela 2. Áreas do cerrado brasileiro. Fonte: adaptado de Siqueira (2007) O cultivo das oleaginosas é beneficiado nessa região pelas alternativas potencias para a produção com fins energéticos. Neste estudo são abordadas aquelas adaptáveis a pequenas propriedades de agricultores familiares, considerando as características do cerrado. 6.5 Matérias-primas alternativas para agricultores familiares do cerrado Segundo Sluszz e Machado (2006), há muitas alternativas de cultivo de oleaginosas que viabilizam a inclusão da agricultura familiar na cadeia produtiva do biodiesel, considerando as características de cada região. As características do cerrado e a grande quantidade de pequenas propriedades de agricultores familiares, localizadas nesta região (IBGE, 2008), oferecem a oportunidade de cultivo de oleaginosas com fins energéticos nestas áreas, promovendo a inserção destas propriedades na cadeia produtiva. Kucek (2004) destaca as oleaginosas mais indicadas para cultivo no cerrado, avaliadas suas características e viabilidade: soja, mamona, algodão, girassol, milho e nabo-forrageiro. Contudo, nem todas são viáveis ao sistema de produção da agricultura familiar. Sluszz e Machado (2006) apresentam as oleaginosas mais viáveis à agricultura familiar, nesta região, para produção de matéria-prima para o biodiesel: a mamona, o girassol, o algodão e o pinhão manso, considerando principalmente sua forma de manejo e o custo de produção, fator importante para a geraçã de renda. A mamona pode ser considerada a principal oleaginosa para a produção de biodiesel, pois seu cultivo facilitado, a um custo baixo, e sua enorme resistência à seca (BRASIL D, 2008) oferecem a oportunidade de cultivo aos agricultores familiares, que ainda podem utilizá-la consorciada a outras culturas, aproveitando ainda mais sua pequena propriedade. O girassol é adaptado ao cultivo de safrinha e pode fornecer uma alternativa aos pequenos agricultores, uma vez que seu aproveitamento é quase total,

76 considerando a utilização de hastes e folhas na adubação e como ração animal. No cerrado ele pode ser plantado aproveitando as ultimas chuvas de verão (SLUSZZ; MACHADO, 2006). O algodão fornece variados produtos, mas o óleo do caroço, ainda que seja utilizado na produção de biodiesel, é ainda uma alternativa pouco divulgada (BRASIL D, 2008). No entanto, a Embrapa Algodão desenvolveu alguns cultivares adaptados ao cerrado, indicados aos produtores familiares, de alta resistência a doenças, trabalhados a custos baixos, rusticidade e que podem ser colhidos manualmente (SLUSZZ; MACHADO, 2006). O pinhão manso é uma oleaginosa com alta produtividade e teor de óleo, de 50% a 52%. O alto índice de produtividade e facilidade de manejo, além de sua resistência a doenças e insetos, oferece à agricultura familiar uma oportunidade de cultivo (PINHAO MANSO, 2008). A Tabela 3 apresenta as características de culturas de oleaginosas para cultivo no cerrado, desconsiderando-se o porte da propriedade. Tabela 3 Características das oleaginosas adaptáveis ao cerrado Fonte: adaptado BRASIL B (2006), PINHAO MANSO (2008), TECBIO (2008), BRASIL E (2007) Segundo o MDA, a mamona é o principal produto da agricultura familiar para a produção de biodiesel. Na região Centro-Oeste representa 46% da área plantada (ha), junto com 15% de girassol e 39% de soja, perfazendo o universo de matériaprima com fins energéticos para a venda às empresas produtoras de biodiesel. Avaliando esses números consideramos que as culturas alternativas ainda poderão ser exploradas nesta região do país. As empresas produtoras de biodiesel cumprem os compromissos adquiridos na habilitação pelo SCS, adquirindo a matéria-prima da agricultura familiar e valorizando o potencial agrícola da região onde estão instaladas. Outro compromisso se refere à prestação de assistência técnica aos agricultores; uma responsabilidade técnica que requer, em alguns casos, a transferência de tecnologia como meio de viabilizar a preparação da terra, plantio e colheita das oleaginosas. A transferência de tecnologia TT, para produção de oleaginosas com fins energéticos, é um dos objetivos do PNPB (BRASIL A, 2004) que inclui ainda P&D&I e TT em agroenergia, que permitam desenvolver e transferir conhecimento e tecnologias, contribuindo para a produção sustentável e para o uso racional da energia renovável, ampliando a competitividade do agronegócio brasileiro e o suporte às políticas públicas.

77 Abramovay e Magalhães (2007) consideram que a abordagem dada pelo SCS às empresas produtoras de biodiesel está próxima das dimensões sociais estratégicas do contexto competitivo, buscando aumentar seu nível de competitividade por meio de mudanças no contexto social em que está instalada, explorando novas oportunidades de negócio e ampliando sua eficiência produtiva. 6.6 Metodologia Para atingir o objetivo proposto para este estudo exploratório, foi realizada uma revisão bibliográfica sobre o tema e a empresa pesquisada; entrevistas semiestruturadas com o coordenador da agricultura familiar nos estados, técnicos, agrônomos e agricultores familiares, visando relatar a experiência da empresa como agente de transferência de tecnologia para os agricultores familiares na produção de oleaginosas com fins energéticos e relatando as ações da empresa, considerando sua responsabilidade na produção de biocombustível através das fontes alternativas de energia limpa e renovável, ambientalmente sustentáveis. A escolha do caso em estudo é justificada pelas seguintes razões: (1) é uma empresa do setor de bioenergia, localizada no cerrado mato-grossense; (2) oferece recursos de transferência de tecnologia aos agricultores familiares durante o processo de produção das oleaginosas, matéria-prima na produção de biodiesel; (3) está dentro de um contexto para o estudo exploratório; (4) permitiu livre acesso ao ambiente. As entrevistas semi-estruturadas focaram os seguintes aspectos: escolha das regiões de atuação na agricultura familiar; quantidade de contratos; estimativa de safra; características da assistência técnica; logística; treinamentos; formas de acesso à informação técnica dos cultivares; tecnologias utilizadas no plantio; ações sustentáveis da empresa. Os dados apresentados nas tabelas explicitam as fontes de energia renováveis utilizadas no Brasil e em alguns países, a área potencial agricultável do cerrado e as características das oleaginosas viáveis à agricultura familiar. Foram coletados do material pesquisado, em alguns casos adaptado ao contexto abordado, bem como ilustram as fontes de evidências, sugeridas por Yin (2005) para se obter um bom estudo de caso, documentação, registro em arquivos e entrevistas Caracterização da organização O complexo industrial de bioenergia é uma das empresas de um grupo multinacional, que opera no Brasil desde 1997, com 15 anos de atuação no mercado, especializada no fornecimento de soluções, integrada e personalizada, para toda a cadeia do agronegócio. O grupo está construindo mais duas indústrias de biodiesel no Brasil, uma no Mato Grosso do Sul, com capacidade de esmagamento de 450 mil t/ano de soja e outra no Paraná, com a mesma capacidade, com inauguração prevista para este ano de Inaugurado em março deste ano, o complexo industrial está localizado no Mato Grosso, na cidade de Alto Araguaia, e possui a capacidade de recebimento de 900 mil t/ano de soja, 180 mil t/ano de caroço de algodão, 120 mil t/ano de semente de girassol, entre outras oleaginosas. Sua planta industrial está construída em uma área de 32 hectares, possui tecnologia flex, capaz de produzir diversos tipos de

78 farelos, óleo comestível, biodiesel, glicerina e energia elétrica. A produção estimada é de 630 mil t/ano de farelo de soja super-hipro (SHP), um produto inovador, 42 mil t/ano de farelo de semente de girassol, 88 mil t/ano de farelo de semente de caroço de algodão, 180 mil t/ano de óleo de soja, 180 mil t/ano de óleo refinado e/ou biodiesel, 26 mil t/ano de óleo de caroço de algodão e 48 mil t/ano de óleo de girassol, produzindo ainda 200 mil MW h/ano de energia elétrica, utilizadas para consumo próprio e venda do excedente à concessionária. Trata-se da primeira usina brasileira dedicada ao biodiesel, cuja produção, contratada no regime turn-key de uma única vez no Brasil, é integrada ao recebimento e ao processamento de soja até a produção de óleo. Com maior capacidade de produção, está distribuída em quatro unidades, sendo uma de esmagamento de soja, a seguinte para prensagem de oleaginosas - como girassol, caroço de algodão, amendoim, pinhão manso -, outra para a produção de óleo vegetal refinado e/ou biodiesel B-100, com padrão europeu e norte-americano, e a última para cogeração de energia elétrica e térmica A transferência de tecnologia para os agricultores familiares A organização tem como meta tornar-se a maior processadora da América Latina de sementes alternativas. Um exemplo é o incentivo à produção de oleaginosas, em parceria com os agricultores familiares, com investimento capaz de elevar a área plantada desses cultivares. O projeto da agricultura familiar está amparado no tripé de sustentabilidade: economicamente viável, socialmente justo e ecologicamente correto. A empresa mantém parcerias neste projeto com os agricultores familiares, os sindicatos de trabalhadores rurais de cada município, a Federação dos Trabalhadores FETAGRI de cada estado, a Confederação Nacional dos Trabalhadores CONTAG, em Brasília, e MDA. A parceria com os agricultores familiares para a produção de oleaginosas atendeu às condições previstas para a habilitação do SCS, que a empresa possui desde abril deste ano, e possibilitou a sua participação em um primeiro leilão, com venda de de litros de biodiesel. Os contratos realizados com as famílias de agricultores, com prazo de três anos, garantem a compra de 100% da produção para a safra deste ano, com a garantia de preço mínimo por quilo acima do preço de mercado de R$ 0,75 para a mamona, R$ 0,60 para o girassol e de R$ 1,00 para a soja. A assistência técnica é gratuita, em no mínimo seis (6) fases. Os acordos prevêem a doação de até 2 toneladas de calcário por hectare para até 5 hectares, sem frete incluso, doação da semente certificada para até 5 hectares, doação de 25% do frete para transporte da produção e disponibilização gratuita de debulhadora de mamona e pinhão manso. Constam também dos contratos alguns itens, como a elaboração da proposta de crédito, o adiantamento com pagamento na colheita de insumos agrícolas adubo, uréia, fungicida e o adiantamento de pagamento na colheita por serviços da patrulha agrícola terceirizada para as propriedades que não possuem estrutura de preparação do solo, em áreas em que não é possível o plantio direto. Os números fornecidos pela empresa garantem o sucesso inicial do projeto e abrangem os três estados pesquisados. A empresa firmou aproximadamente 1200 contratos com os agricultores familiares para esta safra e tem a perspectiva de aumentar em 100% este número na próxima safra. Os critérios adotados para selecionar a região de atuação na agricultura familiar são os de melhor logística:

79 quantidade de agricultores interessados e áreas adequadas ao cultivo de oleaginosas. Na atualidade, a área de atuação abrange vinte municípios, sendo dois em Goiás ( Doverlândia e Santa Rita do Araguaia), dez no Mato Grosso ( Alto Araguaia, Pedra Preta, São José do Povo, Tabaporã, Itanhangá, Campo Verde, Dom Aquino, Campo Novo do Parecis, Várzea Grande e Ipiranga do Norte) e oito no Mato Grosso do Sul (Caraapó, Mundo Novo, Itaquiraí, Juti, Amambaí, Naviraí, Eldorado e Ponta Porã). A seleção da oleaginosa para o plantio em uma determinada região considera as condições adequadas de solo, topografia, clima e logística. A estimativa de safra para este ano é apresentada de acordo com a cultura: 3 t/ha para a soja, 1,5 t/ha para o girassol, 2 t/ha para a mamona, 1 t/ha para o pinhão manso e 2 t/ha para o amendoim. O acompanhamento técnico é realizado por três engenheiros agrônomos e sete técnicos agrícolas que visitam as áreas através de alguns critérios: a partir da escolha da área de plantio; na distribuição de insumos, sementes e fertilizantes; no pré-plantio; no plantio; na fase de condução e de colheita. Todas as fases são observadas de maneira a evitar a infestação de doenças que possam comprometer a produtividade, e a cada visita é elaborado um laudo técnico. Na fase de planejamento e entrega de insumos, cada agricultor familiar recebe-os pessoalmente ou por meio de associações e/ou cooperativas de agricultores familiares que estejam trabalhando na parceria. A transferência de tecnologia e conhecimento na empresa é valorizada e considerada uma ação diferencial no sucesso da execução do projeto. As ações são focadas nos atores do processo o pessoal técnico e os agricultores familiares. Aos primeiros se oferecem capacitação e aperfeiçoamento técnico, como treinamentos, cursos, palestras, dias de campo com especialistas nas oleaginosas, que estão sendo trabalhadas pela empresa, e ainda disponibiliza equipamentos e materiais impressos que oportunizam a busca de novas informações e são utilizados na preparação de instruções entregues aos agricultores, durante as diversas etapas do processo. Aos agricultores familiares são oferecidas palestras, cursos e/ou treinamentos sobre as oleaginosas que estão sendo cultivadas naquela localidade, utilizando materiais audiovisuais e impressos, além da entrega de instruções técnicas para a execução do cultivo da oleaginosa, consideradas fundamentais pelos agricultores, pois muitos não têm experiência no cultivo da variedade de oleaginosa com as quais estão trabalhando. Outra ação é a oportunização de equipamentos, como a debulhadora de mamona e pinhão manso, visando ao maior rendimento e rapidez no processo, comparado ao processo manual, tanto para a empresa quanto para o agricultor familiar, e a disponibilização de recursos, quando necessário, para contratar tratores e implementos utilizados na preparação do solo. O plantio e a adubação, na maioria dos casos, é manual, utilizando matracas, como permite a cultura. O transporte da colheita será realizado por terceirizados, quando os agricultores não tiverem outra opção. A totalidade da produção será entregue à empresa nos seus galpões espalhados nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. As cidades de Goiás entregarão no Mato Grosso, devido à proximidade do armazém. As preocupações com sustentabilidade e redução dos impactos ambientais são marcas registradas da empresa, como podemos observar nas seguintes ações: instalação do complexo industrial, preservando 12 dos 32 hectares; conformidade

80 com padrões mundiais de poluição ambiental; produção de energia limpa e renovável; redução da emissão de CO2 no ambiente, já que a queima da biodiesel na atmosfera, na maioria das vezes, é compensada pela absorção no plantio da oleaginosa; venda de créditos de carbono ao mercado; reutilização da água utilizada na caldeira; incentivo a plantio direto, utilização de oleaginosas alternativas, que requeiram menos mecanização, entre outras. O sistema de gestão ambiental do grupo do qual o complexo faz parte é orientado à valorização da vida e pelo compromisso da empresa em apresentar uma atuação socialmente responsável, ambientalmente correta e economicamente viável princípios do desenvolvimento sustentável que podem ser observados pelas alternativas criadas, as quais, quando convertidas em ações, consideram estes princípios e a valorização do potencial agrícola da região, a recuperação de terras degradadas, a utilização de fontes de energia renováveis, a utilização de resíduos do processo produtivo, a reutilização da água das caldeiras, a valorização do cultivo de plantio direto e a geração de novos empregos. 6.7 Considerações Finais O estudo realizado contribui para destacar as ações de transferência de conhecimento e tecnologia de uma empresa multinacional aos agricultores familiares, viabilizando o cultivo de oleaginosas, alternativas para a produção de biodiesel. As ações realizadas não são inovadoras, contudo ilustram a importância desses atores para sua cadeia produtiva e reconhecem sua contribuição para um setor estratégico do país o setor de biocombustíveis e podem ser praticadas com o mesmo fim por outras empresas localizadas que venham a investir nesta região do país, o cerrado mato-grossense. A produção de biodiesel, a partir de oleaginosas alternativas, incentiva e valoriza o potencial dos agricultores familiares e aproveita o potencial agrícola da região. A diversificação da produção gera uma nova fonte de renda, agregando mãode-obra da própria família na atividade primária de produção, recupera áreas de pastagens degradas, potencializa o consórcio destas oleaginosas com outras culturas e evita o êxodo rural. Além do que, o cultivo de matéria-prima para biodiesel viabiliza uma renda alternativa extra aos agricultores familiares, que resulta em um incremento bastante importante na sua renda familiar. Os princípios de desenvolvimento sustentável norteiam a empresa pesquisada e orientam seu compromisso, com o ambiente, a sociedade e a vida, de produzir bens ambientalmente corretos e economicamente viáveis. 6.8 Referências ABRAMOVAY, R., MAGALHÃES, R. Acesso dos agricultores familiares aos mercados de biodiesel, parceria entre as grandes empresas e movimentos sociais. Texto de discussão n 6. FIPE. São Paulo, BRASIL. Lei n , DOU de 13 de janeiro de 2005, Brasília, Disponível em: < Acesso em: 22 abr

81 BRASIL A, MME (Ministério de Minas e Energia). Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel. Brasília, Disponível em : <http// > Acesso em: 23 abr BRASIL B, MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Plano Nacional de Agroenergia , Brasília, Disponível em: <http// > Acesso em: 23 abr BRASIL C, MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário). Instrução Normativa nº 01 e nº 02, de Brasília, BRASIL D, MME (Ministério de Minas e Energia). Biodiesel. Disponível em: <http// Acesso em: 23 abr BRASIL E. MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Balanço Nacional de Cana-de-acúcar e Agroenergia Disponível em: < Acesso em: 05 mai HOLANDA, A. Biodiesel e a inclusão social. Brasília: Câmara dos Deputados, PINHAO MANSO. Pinhão manso: uma planta do futuro. Disponível em: <http// Acesso em: 23 abr SIQUEIRA, J. O. Painel sobre políticas públicas e inovação para o desenvolvimento da bioenergia. BIOCONFE. São Paulo, Disponível em: < 09.pdf>. Acesso em: 22 de abr. de 2008 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: < Acesso em: 23 abr KUCEK, K.T. Otimização da transesterificação etílica de óleo de soja em meio alcalino. Curitiba, Dissertação (Mestrado em Química) Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PINHAO MANSO. Pinhão manso: uma planta do futuro. Disponível em : <http// Acesso em: 23 abr SLUSZZ, T., MACHADO, J.A. D. Características das potenciais culturas de matérias-primas do biodiesel e sua adoção pela agricultura familiar. Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural. XLIV Congresso. Fortaleza, TECBIO. Tendências para o biodiesel no Brasil. Tecnologias Bioenergéticas Ltda. Disponível em: < Acesso em: 02 mai YIN, R. K. Estudo de Caso: planejamento e método. Porto Alegre: Bookman, 2005.

82 7. A PERCEPÇÃO DOS MESTRANDOS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ (UTFPR) - CAMPUS PONTA GROSSA - SOBRE A EXISTÊNCIA DE AMBIENTES DE CRIAÇÃO DO CONHECIMENTO Lucyanno Moreira Cardoso de Holanda Hélio Gomes de Carvalho João Luiz Kovaleski 7.1 Introdução O atual contexto organizacional é caracterizado pela mutação constante, concorrência cada vez mais acirrada e a necessidade de as organizações buscarem os mecanismos e ações mais adequadas para o alcance de maior competitividade. Nessa perspectiva, o novo parâmetro para análise organizacional tem sido o conhecimento, o qual pode ser gerenciado, buscando a sua adequação para a estrutura, formas de funcionamento e as estratégias empresariais. Este estudo pautou-se em responder a seguinte hipótese inicial: como facilitar a emergência de contextos favoráveis ao processo de criação e compartilhamento de conhecimento? Para responder à essa hipótese, os autores Nonaka e Takeuchi (2002) enfatizam que as condições favoráveis para criação do conhecimento organizacional passam pelo processo denominado SECI (Socialização, Externalização, Combinação e Internalização) e necessitam de um contexto físico, virtual e mental, que os japoneses denominam de Ba. A partir dele o conhecimento é criado, compartilhado e utilizado. Diante disso, o presente artigo tem por objetivo identificar os quatro tipos de contextos (originating ba, dialoguing ba, systemizing ba e exercising ba) e apontar seus benefícios para a criação e o compartilhamento de conhecimentos, através da percepção dos mestrandos dos cursos de Engenharia de Produção da UTFPR, campus Ponta Grossa, de acordo com a metodologia proposta por NONAKA, TOYAMA E KONNO (2002). O artigo caracteriza-se como um estudo de caso, com a utilização de técnicas qualitativas para coleta e análise dos dados. Além dessa parte inicial, que contextualiza a Gestão do Conhecimento e a necessidade da criação do conhecimento, são abordados no referencial teórico os conceitos principais de Gestão do Conhecimento, o modelo SECI (socialização, externalização, combinação e internalização) e os espaços de criação do conhecimento Ba (Originating ba, Dialoguing ba Systemizing ba e Exercising ba). Em seguida são explicitados os procedimentos metodológicos para coleta e análise dos dados. Depois disso, são apresentados os resultados da pesquisa. E, finalmente, são feitas as considerações finais, mencionando a necessidade da realização de outros estudos para confirmar base conceitual e conhecer como, em outros contextos organizacionais, são aplicados os mecanismos da Gestão do Conhecimento Gestão do Conhecimento

83 A Gestão do Conhecimento é um conceito que surgiu no final da década de 80, com o objetivo de promover ( gerenciar ) o conhecimento como um recurso organizacional para obtenção de vantagem competitiva. É um tema que vem ganhando espaço tanto no campo acadêmico quanto no organizacional, pois transforma o conhecimento individual em conhecimento organizacional, inserindo-o em produtos e serviços. Existem várias formas de abordagens conceituais para a Gestão do Conhecimento, com destaque para as seguintes: Abordagem de Wiig (1993), baseada nas práticas de exploração do conhecimento e sua adequação a partir de práticas de gestão específicas. Abordagem de Leornard-Barton (1995), foco em atividades que envolvem: 1) busca de soluções criativas, de forma compartilhada; 2) implementação e integração de novas metodologias e ferramentas nos processos atuais; 3) prática de experimentos, a partir de protótipos e projetos piloto para desenvolvimento de competências; 4) importação e absorção de metodologias e tecnologias externas. Abordagem de Nonaka e Takeuchi (1997), baseada na transformação do conhecimento explícito em conhecimento tácito e vice-versa, a partir das práticas de socialização (tácito p/ tácito), externalização (tácito p/ explícito), combinação (explícito p/ explícito) e internalização (explícito p/ tácito). Abordagem de Barclay e Murray (1997), com ênfase em aspectos culturais e de redefinição de processos. Abordagem de Von Krogh, Ichijo e Nonaka (2001), baseada nos capacitadores do conhecimento: (1) instilar a visão do conhecimento; (2) gerenciar conversas; (3) mobilizar os ativistas do conhecimento; (4) criar um contexto adequado; (5) globalizar o conhecimento local. Além disso, os autores explicitam a necessidade de haver solicitude entre as pessoas e estratégias focadas para o conhecimento. Abordagem de Nonaka, Toyama e Konno (2002): ênfase nas condições favoráveis para criação do conhecimento organizacional, essas condições necessitam de um ambiente físico, virtual e mental, a que os japoneses denominam Ba. Abordagem de Probst, Raub e Romhardt (2002): aplicação de gestão do conhecimento com base na abordagem de elementos construtivos. Abordagem de Choo (2003), baseada na organização do conhecimento a partir do uso estratégico da informação. Este estudo envolve a identificação dos espaços organizacionais mais adequadas para a Gestão do Conhecimento e, especificamente, capazes de criar e potencializar o uso mais intensivo das informações e do conhecimento. Deste modo, optou-se pela abordagem de Nonaka, Toyama e Konno (2002), considerando que os autores exploram de forma mais específica os espaços e os processos de criação do conhecimento O modelo SECI (Socialização, Externalização, Combinação e Internalização)

84 O conhecimento organizacional é constituído por dois componentes principais: as formas de interação do conhecimento e os níveis de criação do conhecimento (NONAKA; TAKEUCHI, 1997). Essas formas de interação entre o conhecimento tácito e conhecimento explícito e entre indivíduo e organização resultarão em quatro processos de conversão que constituem o modelo SECI (espiral do conhecimento), de acordo com a figura 1: Figura 1: O modelo SECI (a espiral do conhecimento) Fonte: Nonaka e Takeuchi (1997) Socialização (tácito para tácito): é o processo de compartilhamento de experiências que resulta na criação do conhecimento tácito, como modelos mentais ou habilidades técnicas compartilhadas. Sem alguma forma de experiência compartilhada, é quase impossível uma pessoa interpretar o raciocínio do outro (NONAKA; TAKEUCHI, 1997). Externalização (tácito para explícito): baseia-se na formulação do conhecimento explícito pelo compartilhamento do conhecimento tácito. Este é traduzido para explícito através do uso de palavras e/ou imagens, diálogo, reflexão coletiva, metáforas, analogias e hipóteses, além da dedução, indução e abdução. Segundo Nonaka e Takeuchi (1997), dentre os quatro modos de conversão do conhecimento esta fase é a mais importante, pois cria conceitos novos e explícitos para as organizações. Combinação (explícito para explícito): o conhecimento é fundamentado na análise do conhecimento codificado em documentos, memorandos, redes de comunicação computadorizadas, conversas ao telefone, banco de dados etc. É um processo de estruturação de conceitos em um sistema de conhecimento. Envolve a combinação de conjuntos diferentes de conhecimento explícito. Ocorrem troca e combinação de conhecimentos através de meios como documentos, reuniões ou redes de comunicação computadorizadas. Internalização (explícito para tácito): é o processo de incorporação do conhecimento explícito no conhecimento tácito. É intimamente relacionada ao aprender fazendo. Quando são internalizadas nas bases do conhecimento tácito dos indivíduos sob a forma de modelos mentais ou know-how técnico compartilhado, as experiências através da socialização, externalização e combinação tornam-se ativos valiosos. Esse conhecimento tácito acumulado precisa ser compartilhado com outros membros da organização, iniciando assim uma nova espiral de criação do conhecimento.

85 7.1.3 Espaços para a criação do conhecimento Nonaka, Toyama e Konno (2002) definem Ba como um espaço compartilhado para as relações emergentes, podendo ser um espaço físico (um escritório, espaço de negócios redes etc.), virtual (um , uma teleconferência etc.), mental (das experiências compartilhadas, das idéias, dos ideais) ou uma múltipla combinação deles, ou seja, um espaço compartilhado que serve de base para a criação de conhecimento, seja individual ou coletivo. O que diferencia as empresas que utilizam o Ba daquelas que não o utilizam e dispõem apenas de interações normais humanas é o seu conceito de criação de conhecimento, uma vez que o Ba não trata somente de simples interações entre os indivíduos, mas também disponibiliza uma plataforma para o conhecimento individual/coletivo avançado para a criação de conhecimento. Nonaka e Konno (1998) ainda propõem que o Ba seja construído de informação necessária à criação de conhecimentos, tanto individuais quanto coletivos, sendo as interações, desse modo, condicionadas por esse contexto rico em conhecimentos. As trocas de dados, de informação, de opinião, de colaboração e de uma mobilização sobre um projeto, confrontados às necessidades e ao desconhecido convergem ao Ba dentro das organizações (FAYARD, 2003). O Ba é fundamentalmente subjetivo e relacional, envolvendo os atores pelo fato de ser orientado pelo interesse e por não existirem fortes conflitos nos relacionamentos humanos (FAYARD, 2003). Deste modo, o papel dos dirigentes e executivos dentro das organizações é disponibilizar o Ba para a criação de conhecimento, e sua tarefa é gerenciar a emergência do conhecimento. O Ba não vem à realidade por decreto, não é produzido pelo modelo do command and control próprio da gerência piramidal tradicional; ao contrário, é ajustado por atores voluntários dentro de um ambiente energize and stimulate com atenção ao respeito mútuo Os quatro Ba preconizados por Nonaka, Toyama e Konno (2002) Dentro do processo de criação de conhecimento, Nonaka, Toyama e Konno (2002) apresentam quatro tipos de Ba: originating ba, dialoguing ba, systemizing ba e exercising ba, cujas características são descritas na figura 2. Figura 2: Os quatro tipos de Ba Fonte: Nonaka, Toyama e Konno (2002)

86 Originating ba é o espaço em que o conhecimento é originado por meio da interação face a face, em que os indivíduos compartilham sentimentos, emoções, experiências e modelos mentais. É o primeiro ba no qual se inicia o processo de criação de conhecimento e é associado ao processo de socialização do conhecimento tácito. Experiências e habilidades transmitidas diretamente entre os indivíduos é a chave para converter conhecimento tácito em conhecimento tácito. É um espaço onde emerge o amor, a confiança, o comprometimento e forma a base para a criação de conhecimento entre indivíduos. O originating ba é responsável pela emergência de ativos de conhecimento como habilidades, know-how (NONAKA, TOYAMA E KONNO, 2002). Dialoguing ba é mais conscientemente construído em relação ao originating ba. Através do diálogo, indivíduos compartilham suas experiências e habilidades convertendo-as em termos e conceitos comuns. O dialoguing ba funciona como uma plataforma para o processo de externalização do conhecimento em que o conhecimento tácito é tornado explícito. Ele promove a criação de ativos de conhecimento como, por exemplo, conceitos de produtos, design e cenários futuros. Systemizing ba é definido como uma interação coletiva ou virtual e oferece um contexto para a combinação de novo conhecimento explícito gerado às bases de conhecimento existentes na organização. Nesta fase do processo, as tecnologias de informação, como redes on-line, groupware etc, podem exercer um papel relevante para a sistematização do conhecimento explícito gerado. Ele é responsável pela emergência de ativos de conhecimento como database, documentos, especificações, manuais, patentes e licenças. Exercising ba é definido como o espaço e momento em que o conhecimento que foi socializado, combinado e sistematizado é novamente interpretado e internalizado pelo sistema cognitivo dos indivíduos. Neste tipo de ba ocorre a transformação de conhecimento explícito em conhecimento tácito, ou seja, o conhecimento criado é internalizado em forma de novos conceitos e práticas de trabalho. Nesse ba são criados ativos de conhecimento como know-how, rotinas organizacionais e novos padrões de comportamento A Universidade Tecnológica do Paraná, campus Ponta Grossa - UTFPR PG O Campus Ponta Grossa da Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR foi inaugurado dia 20 de dezembro de 1992 pelo Ministro de Educação e Desporto Murilo de Avellar Hingel - portaria nº 1559, de 20 de outubro de 1992, na gestão do então Prefeito Municipal, Engenheiro Pedro Wosgrau Filho. ( O Campus Ponta Grossa da UTFPR, antiga Unidade do Centro Federal de Educação Tecnológica - Cefet-PR, iniciou suas atividades em 15 de março de As atividades educacionais iniciaram com a oferta dos Cursos Técnicos em Alimentos e Eletrônica. A partir de 1995, passou a ofertar também Curso Técnico em Mecânica. Em 1999, pautado na LDBE, passou a ofertar os Cursos Superiores de Tecnologia, uma forma de graduação plena, com o objetivo de formar profissionais focados em tecnologia de ponta. Atualmente, os cursos ofertados são: Curso Superior de Tecnologia em Alimentos, Curso Superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Curso Superior de Tecnologia em Automação, Curso Superior de Tecnologia em Fabricação Mecânica. (

87 Aprovada no final de 2003, a Pós-graduação Stricto-Sensu iniciou suas atividades em 2004, com a oferta do Curso de Mestrado em Engenharia de Produção com duas linhas de concentração Gestão do Conhecimento e Inovação e Gestão da Produção e Manutenção. Em 2008 foi aprovado o mestrado profissional em Ensino de Ciência e Tecnologia com duas linhas de concentração - Ciência e Tecnologia no Contexto do Ensino-Aprendizagem e Construção do conhecimento no ensino de ciência e tecnologia. ( 7.2 Aspectos Metodológicos Tipo de estudo A pesquisa realizada evidencia-se como descritiva, pois se desejou fazer uma análise e reconhecimento das características dos fatos ou fenômenos pertinentes ao objeto de trabalho, apresentando um fenômeno ou circunstância, de acordo com um estudo feito em determinado espaço de tempo, no qual se efetivou um levantamento de dados por tabulação e análise dos dados coletados (MARCONI; LAKATOS, 2003). A pesquisa descritiva procura descobrir, com a precisão possível, a freqüência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e características, além de buscar conhecer as diversas situações e relações que ocorrem na vida social, política, econômica e demais aspectos do comportamento humano, tanto do individuo tomado isoladamente como de grupos e comunidades mais complexas. Outras fontes de informação também foram utilizadas para compor e fundamentar ainda mais o estudo. Entre elas se encontram as pesquisas bibliográficas por fontes secundárias através da leitura de livros, revistas, internet e documentos oficiais, e também fontes primárias através do contato direto por meio da pesquisa de campo, tabulação e análise dos dados obtidos. O trabalho em questão também é um estudo de caso. O estudo de caso é um dos vários modos de realizar uma pesquisa sólida. Em geral, estudos de casos se constituem na estratégia preferida quando o "como" e/ou o "por que" são as perguntas centrais, tendo o investigador um pequeno controle sobre os eventos, e quando o enfoque está em um fenômeno contemporâneo dentro de algum contexto de vida real. Estudos de caso podem ser classificados de várias maneiras, porém o presente trabalho refere-se a um "estudo de caso qualitativo" Universo e amostra O universo ou população é o conjunto de seres animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum, e a amostra é a porção ou parcela convenientemente selecionada de um universo (MARCONI E LAKATOS, 2003). Sendo assim, tem-se neste caso o universo como sendo os 100% dos estudantes do mestrado da Universidade Tecnológica do Paraná, campus Ponta Grossa, formado por 79 alunos (referentes a alunos ingressos nos anos de 2007 e 2008), e a amostra foi feita por acessibilidade: os estudantes foram contatados e convidados a responderem ao instrumento de pesquisa, por livre e espontânea vontade. Entre eles, apenas 58 (73%) dos estudantes responderam ao questionário. A amostragem utilizada foi do tipo não probabilística, ou seja,que se refere àquela em que a seleção dos elementos da população que são usados para compor

88 a amostra depende ao menos em parte do julgamento do pesquisador ou do entrevistador no campo Técnica de coleta de dados O instrumento de pesquisa utilizado foi o questionário sugerido por Balestrin, Vargas e Fayard (2005), e adaptado para aplicação junto às pessoas que compuseram a amostra. É composto por sete questões que buscam identificar os quatro tipos de espaços organizacionais (originating ba, dialoguing ba, systemizing ba e exercising ba) e apontar seus benefícios para a criação de conhecimentos, de acordo com o quadro 1. Elemento conceitual Objetivo da pesquisa Variáveis da pesquisa Contexto capacitante (ba) e criação do conhecimento Identificar emergência de contextos favoráveis ao processo de criação de conhecimento 1) Você como aluno (a) identifica algum espaço de criação do conhecimento na UTFPR-PG e quais seus benefícios? 2) Você como aluno (a) utiliza esses espaços de criação do conhecimento com que freqüência de tempo? 3) Esses espaços identificados referem-se a espaços de criação do conhecimento formalizados pela UTFPR-PG ou são informais? 4) Quais tipos e quantidades de espaços (ba) dedicados à SOCIALIZAÇÃO do conhecimento na UTFPR-PG? - Originating ba 5) Quais tipos e quantidades de espaços (ba) dedicados à EXTERNALIZAÇÃO do conhecimento na UTFPR-PG? - Dialoguing ba 6) Quais tipos e quantidades de espaços (ba) dedicados à COMBINAÇÃO do conhecimento na UTFPR-PG? - Systemizing ba 7) Quais tipos e quantidades de espaços (ba) dedicados à INTERNALIZAÇÃO do conhecimento na UTFPR-PG? - Exercising ba Fonte: Balestrin, Vargas e Fayard (2005) [adaptado] Quadro 1: Operacionalização das variáveis da pesquisa A importância do questionário, segundo Roesch (1999), é que ele não é apenas um formulário ou um conjunto de questões listadas sem muita reflexão, mas representa um instrumento de coleta de dados que busca mensurar alguma coisa. Para tanto, requer esforço intelectual de planejamento, com base na conceituação do problema de pesquisa e do plano da pesquisa, e algumas pesquisas exploratórias preliminares. 7.4 Apresentação e Análise dos Resultados A pesquisa junto aos alunos do mestrado em Engenharia de Produção da UTFPR-PG possibilitou observar o funcionamento de ambientes no que diz respeito à criação e disseminação do conhecimento.

89 Os quadros de 2 a 8 apresentam os resultados obtidos da pesquisa junto aos alunos da UTFPR-PG sobre a existência de Ba (físico, mental e virtual) e seus benefícios para a criação e disseminação dos conhecimentos. Identificação de algum espaço de criação do conhecimento na UTFPR-PG TOTAL % Nunca 0 0 Algumas vezes Freqüentemente Sempre TOTAL ,00 Fonte: Pesquisa de Campo Quadro 2: identificação dos Ba pelos alunos na UTFPR-PG Diante dos dados observados é possível inferir que 100% dos respondentes identificam os espaços de criação do conhecimento na UTFPR-PG, sendo que 32% identificam algumas vezes, 50% freqüentemente e 17% sempre. Alguns dos principais Ba identificados foram reuniões, confraternizações, viagens e visitas, cursos, palestras etc. O principal benefício apontado pela identificação dos Ba foi o compartilhamento de informações e de conhecimentos entre os alunos. As informações compartilhadas que mais trouxeram benefícios estão relacionadas à criação e desenvolvimento de artigos, seminários, qualificação e defesa da dissertação. Já a maior dificuldade em relação a sua identificação está no fato de alguns Ba serem informais e/ou limitados a algum período de tempo e espaço. Em relação à freqüência de tempo da utilização dos Ba identificados, o quadro 3 apresenta os resultados. Freqüência de tempo da utilização desses espaços de criação do conhecimento TOTAL % Nunca 4 7 Algumas vezes (1 vez por semana) Freqüentemente (2 a 5 vezes por semana) Sempre (todos os dias) 2 4 TOTAL ,00 Fonte: Pesquisa de Campo Quadro 3: freqüência de tempo da utilização dos Ba pelos alunos Diante dos dados observados é possível inferir que 93% dos respondentes utilizam algum dos Ba identificados na UTFPR-PG, sendo que 67% utilizam algumas vezes (1 vez por semana), 22% freqüentemente (2 a 5 vezes por semana) e 4% sempre (todos os dias). No entanto, 7% dos alunos não utilizam esses espaços nenhuma vez por semana. Entre os motivos relatados para a sua não utilização, estão os seguintes: estar trabalhando e a empresa só liberar os espaços nos dias das aulas, residirem em outras cidades e de acharem que os espaços não trazem informações importantes para o seu interesse. Os principais benefícios para os 93% dos alunos que afirmam estar usando pelo menos uma vez na semana os Ba são: o contato direto com os alunos e

90 professores que ajudam a diminuir as dúvidas, aumentar as informações e conseqüentemente o conhecimento. Já o quadro 3 ilustra os dados obtidos sobre a formalização ou informalização dos Ba no mestrado da UTFPR-PG. Ba formais ou informais na UTFPR-PG (Questão de múltipla escolha) TOTAL % Formalizados Não formalizados TOTAL Fonte: Pesquisa de Campo Quadro 4: Tipos de Ba formais ou informais Os dados demonstram que 58% das respostas referem que os Ba são formalizados e 42% que não são formalizados. Esses dados evidenciam que existem ambientes formais, estruturados e visíveis aos alunos dentro do mestrado. A formalização de Ba pelo mestrado da UTFPR-PG proporciona mais interação entre os alunos e entre os professores, aumentando os níveis de confiança e criando redes de relacionamento. Além desses, existem ambientes informais que os alunos também buscam para esclarecer suas dúvidas e trocar informações. Devido ao fato de serem informais, grande parte dos alunos sente-se mais solícito em colaborar com seus colegas e conversar com outros professores. Já os quadros de 5 a 8 estão relacionados aos tipos de Ba proposto pelo modelo de Nonaka, Toyama e Konno (2002). O quadro 5 refere-se ao primeiro Ba, a socialização do conhecimento. Originating ba (Questão de múltipla escolha) TOTAL % Confraternizações Visitas à indústria Demais encontros informais Outros 0 0 TOTAL Fonte: Pesquisa de Campo Quadro 5: O Originating ba socialização do conhecimento As respostas obtidas sobre os Ba de socialização do conhecimento são: 36% confraternizações, 19% visitas a indústria, 45% a demais encontros informais. As confraternizações, que normalmente são churrascos na associação dos servidores da UTFPR-PG, são importantes momentos para solidificar as relações de confiança entre os alunos e professores e oportunizar, também, conversas informais sobre as oportunidades, os desafios e o futuro deles no mestrado. As visitas à indústria sempre são inclusas no calendário dos mestrandos da UTFPR-PG. Elas dão aos alunos a oportunidade de conhecer outras realidades e refletir conjuntamente sobre seus temas e observar a sua aplicabilidade. Os demais encontros informais são os espaços de socialização naturalmente ocupados pelos alunos: os encontros na hora do almoço, no laboratório e na sala de estudo. Nesses ambientes informais os alunos tentam conversar usando metáforas, gestos, desenhos para explicar sua(s) idéia(s) para seu(s) colega(s).

91 Para o segundo espaço de criação do conhecimento, externalização, o quadro 6 apresenta os resultados. Dialoguing ba (Questão de múltipla escolha) TOTAL % Reuniões formais Processo de tomada de decisão coletiva 0 0 Reuniões de planejamento Outros 7 12 TOTAL Fonte: Pesquisa de Campo Quadro 6: O Dialoguing ba externalização do conhecimento As respostas obtidas sobre os Ba de externalização do conhecimento são: 63% reuniões formais, 25% reuniões de planejamentos e 12% outros. No que diz respeito às reuniões formas, este Ba é sempre o primeiro contato do aluno com seu orientador. Elas acontecem em espaços onde os alunos e professores (principalmente os orientadores) compartilham suas experiências, emoções e sentimentos por meio da interação formal. As reuniões de planejamento acontecem normalmente a cada semestre, e o seu principal objetivo é esclarecer regras e procedimentos, assim como fornecer informações sobre o andamento do mestrado. Os outros Ba de externalização identificados pelos alunos, foram os seminários, que acontecem sempre em disciplinas do mestrado e têm por objetivo principal apresentar as idéias que serão desenvolvidas. Essas idéias são fruto de entendimento das opiniões dos alunos e professores para confecção de futuros artigos. Sobre o terceiro espaço de criação do conhecimento combinação -, o quadro 7 apresenta os resultados. Systemizing ba (Questão de múltipla escolha) TOTAL % Comunicação Eletrônica Documentos Formais Sistema de Gestão Compartilhado 0 0 Outros 0 0 TOTAL ,00 Fonte: Pesquisa de Campo Quadro 7: Systemizing ba combinação do conhecimento As respostas obtidas sobre os Ba de combinação do conhecimento são 76% - comunicação eletrônica - e 24% - documentos formais. A utilização de recursos eletrônicos como e telefone também foram observados na dinâmica de criação e disseminação do conhecimento. Deve-se destacar que o uso dessas tecnologias apresenta um papel importante para a comunicação e sistematização de conhecimento explícito. Os alunos utilizam os recursos eletrônicos para solicitar aos colegas informações sobre aulas e algum material (artigos, resumos, entre outros) que possam ser combinados com o que já estão disponíveis para sua pesquisa. Documentos formais existem e sempre são solicitados pelos alunos. Vale destacar o uso das dissertações já defendidas por outros alunos dos mestrados,

92 livros dos seus professores e artigos. Esses documentos estão disponíveis na biblioteca do campus ou na página do programa do mestrado na internet. O quadro 8 apresenta os resultados sobre o último espaço de criação do conhecimento - internalização: Exercising ba (Questão de múltipla escolha) TOTAL % Novos Conceitos Novos Produtos e/ou novos serviços 0 0 Outras ações de aplicação do conhecimento Outros 0 0 TOTAL ,00 Fonte: Pesquisa de Campo Quadro 8: Exercising ba internalização do conhecimento As respostas obtidas sobre os Ba de internalização do conhecimento são: 45% - novos conceitos - e 55% - outras aplicações do conhecimento. O Ba de internalização novos conceitos acontece de forma inicial quando os alunos conseguem aprovar os artigos que escreveram nas disciplinas. A partir dessa internalização de conhecimentos, eles aproveitam os novos conceitos para usar em suas dissertações. Outras ações de aplicação do conhecimento: é o Ba de internalização mais usado. Por um período mínimo de um e máximo de dois anos, os alunos adquirem inúmeros conhecimentos que vão compor sua base cognitiva. Devido a esses novos conceitos eles vêem a possibilidade de inúmeras aplicações e vinculações com outras áreas do conhecimento, podendo utilizá-los também para um futuro ingresso em empresas ou num programa de doutorado. Na Figura 3 é retomado o modelo de Nonaka, Toyama e Konno (2002) na tentativa de classificar outros tipos de ba (Originating ba, Dialoguing ba, Systemizing ba e Exercising ba) identificados na dinâmica de criação de conhecimento pelos alunos do mestrado na UTFPR PG. Figura 3: Classificação dos diferentes tipos de ba Fonte: Pesquisa de campo Na UTFPR-PG, o originating ba é formado por diversos espaços, como, por exemplo, workshops, em que os alunos adquirem diretamente novas idéias advindas de renomados palestrantes. Existem também grupos de estudos e a aula inaugural

93 em que os alunos e professores compartilham suas experiências, emoções e sentimentos por meio da interação formal e informal. O espaço de criação de conhecimento, denominado de dialoguing ba, ocorre também nos corredores e no café. Essas atividades informais na UTFPR-PG servem de plataforma para os alunos, por meio do diálogo e reflexão coletiva, compartilharem suas idéias, experiências, modelos mentais convertendo-os em termos e conceitos comuns. O systemizing ba é um contexto que permite aos alunos integrarem novos conhecimentos explícitos aos conhecimentos existentes. Na UTFPR-PG, a utilização da biblioteca e do campus virtual (ferramenta que proporciona trocas de documentos e interação direta via chat ou indireta por ) é um exemplo, apesar de a ferramenta campus virtual ainda estar em fase de implementação, o que acarreta a não acessibilidade de algumas funções. A última fase do processo de criação do conhecimento exercising ba na qual o conhecimento é internalizado e aplicado em termos de novas práticas acadêmicas, apresentou resultados concretos no mestrado da UTFPR-PG, como, por exemplo, a publicação de artigos e dissertação. 7.5 Considerações Finais O presente estudo teve como principal objetivo buscar a compreensão da dinâmica de criação e utilização do conhecimento. A perspectiva de análise denominada pela expressão japonesa de Ba - foi referente ao contexto ou espaço físico, virtual e mental, dentro do qual o conhecimento é criado e utilizado. Partindo do princípio das dificuldades de criação do conhecimento, torna-se necessária a identificação dos meios que as organizações devem utilizar para conseguir gerenciar o conhecimento que é criado e potencializá-lo de forma que dele se criem inovações. Em função disto, a formação dos Ba organizacionais constituem-se em mecanismos capazes de potencializar a criação e disseminação do conhecimento. Os resultados demonstram que o uso de Ba proporciona, para o mestrado em Engenharia de Produção da Universidade Federal Tecnológica do Paraná, campus Ponta Grossa, condições favoráveis a uma dinâmica ativa aos processos de criação e ampliação de seus conhecimentos. O surgimento de alguns espaços formais e informais oferece aos alunos possibilidades de compartilhamento de suas habilidades, experiências, emoções e know-how, devido à comunicação face a face e compartilhamento e disseminação de conhecimento tácito, sendo que as características desse tipo de conhecimento são consideradas essenciais para a sustentabilidade das vantagens competitivas. Deve-se destacar que o conceito de Ba é de relevante importância para se entender a verdadeira natureza do processo de criação de conhecimento junto às organizações japonesas. No entanto, as teorizações e evidências apresentadas não têm a pretensão de serem definitivas e sim visam estimular o debate e a crítica sobre os conceitos de criação de conhecimento e Ba junto à comunidade acadêmica brasileira.

94 7.6 Referências BARCLAY, R. U. e MURRAY, P. What is Knowledge Management. In: A Knowledge Praxis BALESTRIN, A. VARGAS, L. M.; FAYARD, P. Ampliação interorganizacional do conhecimento: o caso das redes de cooperação. Revista eletrônica de administralçao READ, Vol. 11, n.1, jan-fev CHOO, C. W. A organização do conhecimento: como as organizações usam a informação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisões. São Paulo: Editora Senac São Paulo, FAYARD, P., Le concept de ba dans la voie japonaise de la création du savoir, Rapports d Ambassade, Ambassade de France au Japon, Juin HISTÓRIA DO CAMPUS PONTA GROSSA, UTFPR-PG. ( Acesso abril LEONARD-BARTON, D. Wellsprings of Knowledge. Boston: Harvard Business School Press, NONAKA, I.; TAKEUCHI, H., The knowledge-creating company: how Japanese companies create the dynamics of innovation. New York: Oxford University Press, MARCONI, M. de A,; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa, 5 ed. São Paulo: Atlas, NONAKA, I., KONNO, N., The Concept of Ba : Building a Foundation for Knowledge Creation, California Management Review, vol 40, n. 3, spring, NONAKA, I.; TOYAMA, R. E KONNO, N. SECI, ba and leadership: a unified model of dynamic knowledge creation. In: Managing knowledge an essential reader. London, Sage Publications, PROBST, G.; RAUB, S.; ROMHARDT,K. Gestão do Conhecimento: os elementos construtivos do sucesso. Tradução Maria Adelaide Carpigiani. Porto Alegre: Bookman, Tradução de: Managing knowledge: building blocks for success. VON KROGH, G.; ICHIJO, K.; NONAKA, I. Facilitando a criação do conhecimento: reinventando a empresa com o poder da inovação contínua. Rio de Janeiro: Campus, ROESCH, S. M. A. Projetos de estágio e de pesquisa em administração: guias para estágios, trabalhos de conclusão, dissertações e estudos de casos. 2 ed. São Paulo: Atlas, WIIG, K.M. Knowledge Management Foundations: thinking about-how people and organizations create, represent, and use knowledge. Arlington, Texas: Schema Press, 1993.

95 8. A COGERAÇÃO DE ENERGIA DO CAPIM BRACHIARIA: UM CASO DE INOVAÇÃO NA INDÚSTRIA DE BIOENERGIA Adriane Carla Anastácio da Silva Antonio Carlos de Francisco Luciano Scandelari 8.1 Introdução A crise energética iniciada no país desde o apagão de 2001, e as preocupações ambientais de caráter mundial, como o efeito estufa, o aquecimento global, o desmatamento de áreas nativas, a extinção de algumas espécies de animais e de plantas, o aumento da poluição ambiental, entre outras, levantaram a necessidade de se desenvolverem fontes de energia renováveis, que resultem de um processo limpo e sustentável. A geração da energia elétrica através de fontes renováveis vem se estabelecendo como uma alternativa cada vez mais importante, incorporando-se à matriz energética brasileira. Essa tendência é percebida em trabalhos de cenarização, que apontam a biomassa como uma das principais fontes de energia do século XXI, capaz de fornecer energia elétrica, térmica e mecânica. O potencial das fontes de energia renovável levou a um processo de inovação tecnológica forte no setor agrícola. O tipo de inovação sofre variação de acordo com as tecnologias empregadas no desenvolvimento de variedades de plantas ou nas técnicas aplicadas à agricultura, como na mecanização, na adução, na semeadura, no controle de pragas e na colheita, sendo um de seus objetivos a redução dos impactos ambientais na produção destes cultivares. O processo de cogeração de energia, combinando calor (energia térmica) e potência (energia elétrica), a partir da biomassa, constitui tema de estudo em diferentes centros de pesquisa do país. O CENBIO-USP/SP e NIPE-UNICAMP centram suas pesquisas no capim como fonte de energia, considerando o seu alto potencial energético e sua eficiência na fixação de CO 2 atmosférico durante o processo de fotossíntese. Considerando o objetivo deste estudo, combinar a sustentabilidade, a cogeração de energia limpa e renovável do capim brachiaria, analisaremos a experiência inovadora de um complexo industrial do setor de bioenergia, localizado no cerrado mato-grossense. 8.2 A biomassa e sua participação na matriz energética A biomassa em geral, considerada como fonte renovável e limpa, é capaz de fornecer diversos vetores energéticos, desde os tradicionais, como lenha e carvão vegetal, até alguns mais recentes que possam substituir derivados de petróleo, como é o caso do etanol, do biogás e do biodiesel, entre outros (PASCOTE, 2007). A utilização de fontes renováveis para a geração de energia se apresenta na matriz energética como uma alternativa importante e pode ser percebida em

96 trabalhos de cenarização, que apontam a biomassa como uma das principais fontes de energia do século XXI. Na composição matriz energética, foram utilizados pelo estudo do BRASILB (2008) os dados mundiais do IEA, ano base 2005 e, do Brasil, os dados do MME, de 2007, apresentados na Tabela 1, considerando a participação majoritária das fontes de carbono fóssil, com 81%, destes 35% de petróleo, 25,3 % de carvão e 20,7% de gás natural. Felizmente, o Brasil conta com uma elevada participação das fontes renováveis em sua matriz, destacando sua posição em relação às economias industrializadas mundiais. Tabela 1- Composição da matriz energética Fonte: adaptado do BRASIL B (2008) O destaque do Brasil na produção de energia deve-se a alguns fatores, como uma bacia hidrográfica favorável, com vários rios de planalto, essencial à produção de eletricidade, no interior da qual representa 14,9%, e o fato de ser o maior país tropical do mundo, o que lhe confere um diferencial para a produção de energia a partir da biomassa de 30,9%. O Brasil, valorizando este potencial, lançou um Plano Nacional de Agroenergia (PNA), com ações previstas para o setor até o ano de Nesse plano, a biomassa aparece como a maior e a mais sustentável fonte de energia renovável, composta por 220 bilhões de toneladas de matéria seca anual, disponível para uso energético (BRASIL A, 2006). O mesmo estudo considera que este tipo de energia tem potencial técnico para atender grande parte da demanda incremental de energia do mundo, independente da origem (eletricidade, aquecimento ou transporte). Segundo estimativas da Agência Internacional de Energia (IEA, 2004), a matriz energética brasileira é a mais limpa do mundo, com um índice de 35,9% de energia renovável, em comparação com os 13,5% do mundo, observados na Tabela 2, de Suprimento Mundial de Energia, considerando os dados de 2004.

97 Tabela 2 - Suprimento Mundial de Energia. Fonte: IEA (2004) Os dados apresentados demonstram o potencial e a importância das fontes de energia renováveis. Neste contexto, o setor industrial, centros de pesquisa e sociedade vêm realizando iniciativas, visando desenvolver e gerar inovações que aproveitem este potencial e consolidem a posição ocupada pelo país no cenário mundial. 8.3 A inovação tecnológica aplicada à geração de energia O potencial e a importância das fontes de energia renováveis do Brasil resultam em um esforço que pode ser observado no nível de inovação, decorrentes de pesquisas na área. As estruturas industriais e o comportamento competitivo do setor agroindustrial, procurando inovar em todos os elos da cadeia produtiva, influenciam consideravelmente a geração de novos produtos, processos e padrões de produção, o que, em muitos casos, determina um importante fator: a sustentabilidade. Para que isto ocorra, e a inovação se torne possível, devemos considerar a afirmação de Schumpeter (1982) quando diz que existem diversas possibilidades de inovação e que podem estar relacionadas a diferentes fatores, condicionados a um novo insumo, a um novo mercado. Referenda-se, assim, a idéia de Santini et al. (2006), quando se referem à geração de uma inovação pela oferta de uma nova fonte de matéria-prima. A oferta de matéria-prima, a biomassa capim, quando utilizada na cogeração de energia, demonstra um caso de inovação nesta área. A afirmação é resultado de estudos de centros de pesquisa, como o CENBIO-USP/SP e NIPE-UNICAMP, que figuram entre os mais relevantes do país quanto a pesquisas para geração de energia por biomassa (CARMEIS, 2003). Alguns projetos estão em andamento no país. Citamos o Projeto Integrado de Biomassa (PIB), envolvendo o IPT, a EMBRAPA-RJ, o RECOPE e UNICAMP, o qual tem o propósito de estudar a viabilidade do uso da gramínea, capim elefante, como fonte de energia renovável e limpa, observando aspectos, tais como: a interação bacteriana para a fixação do nitrogênio do ar visando diminuir o uso de fertilizantes, a queima direta, o seu potencial de carvoajamento e gaseificação, além da criação de um equipamento para colher o capim, um exemplo claro de inovação.

98 O PNA (BRASIL A, 2006) apresenta outros exemplos de inovação que ilustram nosso estudo, como a utilização da biomassa como matéria-prima, fonte para a geração de eletricidade a partir do sistema de gaseificação, acoplada a turbinas a gás (IBGT), turbinas de ciclo combinado gás/vapor (GTCC), cama de circulação fluidizada (CFB), a gaseificação integrada de ciclos combinados (IGCC) e a cogeração. Nesse aspecto, são considerados como inovação a melhoria de processos de produção, a armazenagem e o processamento de biomassa. As inovações na área de cogeração de energia são muitas e resultarão na identificação da viabilidade técnica e econômica das fontes renováveis de energia, permitindo a exploração comercial, o ganho de escala e a redução de custos (BRASIL A, 2006). Os resultados das pesquisas geradoras de inovações, o potencial agroenergético do país e a preocupação com a redução dos impactos ambientais, que afetam diretamente o efeito estufa são estímulos para constantes pesquisas e, em conseqüência, haja maior capacitação no trato do processo de valorização da vida no planeta. Neste estudo, destaca-se a inovação da biomassa para a geração e cogeração de energia, ressaltando o potencial energético da gramínea, o capim, em suas diversas variedades. 8.4 O capim utilizado com fins energéticos Inicia-se este tópico valorizando o resultado de uma década de pesquisas sobre uma variedade de gramínea, o capim-elefante; tais pesquisas renderam-lhe o título de campeão em biomassa energética ao Brasil. A afirmação é da Embrapa Agrobiologia, segundo a qual a pesquisa indica o alto potencial energético da gramínea, capaz de produzir de 30 a 40 toneladas de biomassa seca por hectare ao ano, sem adubação nitrogenada, podendo ser uma alternativa para solos pobres (OSAVA, 2007). As pesquisas anteriores, do mesmo órgão, afirmam que a cultura do capim elefante é altamente eficiente na fixação de CO 2, durante seu processo de fotossíntese, e que ele pode ser aproveitado para obter o carvão vegetal usado na produção de ferro gusa, depois do cumprimento de algumas exigências (EMBRAPA, 2004). Segundo o pesquisador Mazzarella, técnico do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), esta variedade continua sendo objeto de pesquisa, o que um dos desafios é melhorar o potencial de secagem da gramínea, pois a biomassa verde não seca na natureza, sendo necessário para isso um processo de secagem e compactação (MAZZARELLA, 2007). A extensão de terras do cerrado brasileiro e seu potencial agrícola apresentam uma oportunidade para o cultivo de biomassa para fins energéticos. O potencial de geração de energia do capim pode ser observado na Tabela 3, quantidade de energia produzida, em comparação a outras fontes renováveis.

99 Tabela 3 - Energia produzida por algumas fontes renováveis Fonte: adaptado de Vilela (2007, p.5) Hall et al. (2005) afirmam que um fator determinante para produzirmos a biomassa energética está na escolha do local do plantio e da espécie a ser plantada de maneira ambientalmente sustentável, envolvendo as pessoas da região, em todas as etapas do projeto. Assim, o setor que pretende utilizar a biomassa para gerar energia deve considerar as características e as potencialidades de cada região, fatores determinantes, segundo o mesmo autor, do sucesso da utilização da biomassa como fonte de energia renovável e sustentável. As fontes de energias renováveis a partir da biomassa podem ser convertidas em diferentes tipos de energia. Consideramos, no próximo tópico, a cogeração de energia elétrica resultante das energias térmicas e mecânicas O processo de cogeração de energia a partir da biomassa A Agência Nacional de Energia Elétrica (BRASIL, 2006, p. 01) define cogeração de energia como o processo de produção combinada de calor útil e energia mecânica, geralmente convertida total ou parcialmente em energia elétrica, a partir da energia disponibilizada por uma fonte primária. A energia elétrica convertida é utilizada para movimentar os equipamentos, em alguns casos a planta completa de uma indústria. Outros autores, como Oddone (2001), compartilham da mesma linha conceitual, considerando a cogeração de energia como o processo de transformação de uma forma de energia em energia útil, como a energia mecânica, utilizada para movimentar máquinas, e a energia térmica, utilizada para geração de vapor, frio ou calor. A conversão energética da biomassa pode ser realizada por meio de diferentes processos. Segundo Nogueira et al. (2003), são eles: físicos, que resultam em briquetes e pelletes, aparas e óleo vegetal; biológicos, que resultam em etanol e biogás; e termoquímicos, resultando em calor, gases, altas temperaturas. O resultado final do processo é a produção de combustíveis intermediários ou de energia. Destacam-se os processos termoquímicos citados por Nogueira et al. (2003), como a queima direta (combustão), gaseificação, pirólise e liquefação. O processo de conversão energética, a partir de biomassa, mais utilizado é o processo de

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