A QUALIDADE DO OVO (COR DA CASCA; DUREZA DA CASCA; TAMANHO) A actual crise do sector avícola, justifica por si só o presente artigo.
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- Luiz Gustavo da Silva Mangueira
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1 N 45 A QUALIDADE DO OVO (COR DA CASCA; DUREZA DA CASCA; TAMANHO) A actual crise do sector avícola, justifica por si só o presente artigo. Qual a fábrica de alimentos compostos que não recebe reclamações por parte dos produtores de ovos (mais intensas em épocas de crise), sobretudo no que respeita aos seguintes parâmetros?: RECLAMAÇÕES a) Cor da casca mais clara do que o desejável b) Dureza da casca fragilidade c) Tamanho do ovo pequeno Vamos abordar de uma forma sucinta e objectiva os factores que influem naqueles parâmetros e quais os que dependem directamente dos fabricantes de alimentos compostos (alimento). a) COR DA CASCA Com excepção de alguns processos infecciosos (ex: colibacilose crónica do oviduto) a cor da casca, mais ou menos castanha, depende exclusivamente da genética da estirpe, não havendo por parte do alimento qualquer influência na cor da casca (Nicrazina baixa a postura e origina ovos brancos). A maior heterogeneidade da cor da casca a partir das 40 semanas é uma consequência directa da produção de ovos em séries mais curtas: - Por exemplo: No ínicio da postura a 1ª série chega a atingir nalgumas galinhas mais de 100 ovos, enquanto que a partir das 40 semanas vamos encontrar séries de 12 a 14 ovos. 1
2 Como os primeiros ovos de uma série são de pior qualidade, nomeadamente mais claros, quanto maior for o número de séries (séries curtas) maior heterogeneidade da cor, isto é, maior número de ovos com casca mais clara. b) DUREZA DA CASCA b.1) FACTORES NÃO ALIMENTARES Idade do bando mais velho, pior qualidade da casca C R D afecta negativamente a qualidade da casca Bronquite infecciosa afecta negativamente a qualidade da casca D. Newcastle afecta negativamente a qualidade da casca Laringotraqueite infecciosa afecta negativamente a qualidade da casca Temperatura ambiente a partir de 27ºC, a qualidade da casca piora Deficiências no sistema de recolha de ovos Número de tiragens de ovos apenas uma tiragem diária aumenta o nº. de ovos partidos. Aumentar pelo menos para 2 tiragens diárias e se possível 3. b.2) FACTORES ALIMENTARES 2.1 Carências de cálcio, fósforo, magnésio e vitamina D3 diminuem a dureza da casca. Utilizar os seguintes níveis: Cálcio: 3,2 a 3,85% Fósforo disponível: 0,30 a 0,33% Vitamina D3: minimo UI/Kg de alimento Magnésio: Não se torna necessária a suplementação devido à riqueza das matérias primas neste elemento. * NOTA IMPORTANTE: DO CÁLCIO SUPLEMENTADO 60% DEVE SER SOB A FORMA GRANULADA (partículas de 2 a 4 mm melhor encascamento) E 40% SOB A FORMA DE PÓ (evitar a mobilização de cálcio dos ossos compridos) Excesso de fósforo diminui a qualidade da casca, pois o aumento do fósforo inórgânico no plasma sanguíneo inibe a formação dos cristais de carbonato de cálcio constituintes da casca. 2
3 2.3 - Suplementação de bicarbonato de sódio o bicarbonato promove o apport de iões sódio (Na + alcalinizantes) e simultâneamente evita o apport de iões cloro (Cl acidificantes). Assim ao provocar uma alcalose metabólica nas glândulas calcáreas, consegue-se uma melhoria na qualidade da casca. Utilizar um nível mínimo de 0,15% e um máximo de 0,25% Suplementação de cloreto de sódio um excesso de cloro provoca acidose metabólica, logo piora a qualidade da casca e simultâneamente origina fezes húmidas. No entanto uma deficiência naquele elemento não só provoca uma uma queda da postura e do tamanho do ovo, como uma diminuição do peso da galinha. Assim, a utilização do cloreto de sódio deve ser cirteriosa: Impor um mínimo de 0,14% de Cl e um máximo de 0,18 a 0,20% (para evitar fezes húmidas). A incorporação de cloreto de sódio deve ser no mínimo de 0,15%. c) TAMANHO DO OVO O tamanho do ovo constitui sem dúvida uma das reclamações mais frequentes do avicultor e, como tal, merece-nos atenção particular. Vejamos pois os factores que interferem com o peso do ovo. c.1) FACTORES ALIMENTARES Gordura no alimento a adição de gordura no alimento a níveis de 3 a 4% aumenta o tamanho do ovo Ácido linoleíco níveis altos de ácido linoleíco (acima de 2%) aumenta o tamanho do ovo. Impor no mínimo 1,5% de ácido linoleíco Metionina + Cistina níveis elevados de metionina + cistina favorecem o tamanho do ovo. Reduzindo o teor de metionina + cistina em 0,01% todas as semanas, o tamanho do ovo baixa 2g. O inverso também é verdadeiro até se atingir o limite fisiológico da estirpe. 3
4 Uma poedeira necessita de pelo menos 430 mg/dia de metionina e 760 mg/dia de metionina + cistina, o que para um consumo da ordem dos 118 g/ave/dia significará os seguintes teores: Metionina 0,37% Metionina + Cistina 0,65% Proteína da dieta 0,5% de abaixamento da proteína do alimento todas as semanas durante 4 semanas baixa o peso do ovo na ordem das 2g. O inverso é igualmente verdadeiro Energia da dieta não influi tanto no tamanho do ovo, pelo menos numa escala de redução da ordem dos 5 a 10%. Reduções de 15% baixam o tamanho do ovo, embora o valor energético do alimento influa mais no consumo diário Restrições alimentares a diminuição do consumo afecta negativamente o peso do ovo. Atenção a consumos inferiores a 115g a partir do pico Maneio alimentar o maneio alimentar deve estar perfeitamente coordenado com o programa de luz (ver programa de luz). Como conselhos práticos propomos: a) Levar o alimento de iniciação (na maioria dos casos 102) pelo menos até às 10 semanas. b) O alimento de iniciação será prolongado por mais algum tempo caso as frangas não tenham o peso dentro do Standard (durante os meses quentes alimentar pelas horas mais frescas e se necessário aumentar fotoperíodo durante estas horas). c) O alimento de crescimento (na maioria dos casos 111) será levado até às 18 semanas. d) O peso médio do ovo aumenta 1g se retardarmos em 1 semana a maturidade sexual; em contrapartida verifica-se uma diminuição de produção da ordem de 4,5 ovos. 4
5 Tendo em conta os itens referidos de a) e b), torna-se imprescindível um programa de luz correcto: PROGRAMA DE LUZ PARA PAVILHÕES COM JANELAS PROGRAMA DE LUZ PARA PAVILHÕES COM AMBIENTE CONTROLADO (SEM JANELAS) 1-2 dias 3-7 dias 2ª semana 3ª semana 4ª semana 5ª semana 6ª semana 7ª semana 8ª semana 9ª semana 10ª semana 11ª semana 12ª semana 13ª semana 14ª semana 15ª semana 16ª semana 17ª semana 18ª semana 19ª semana 20ª semana 21ª semana Luz Luz 23 H de Luz 21 H de Luz 19 H de Luz 18 H de 17 H de 16 H ½ de Luz 16 H de Luz 15 H ½ de Luz 15 H de Luz 14 H ½ de Luz 14 H de Luz 13 H ½ de Luz 13 H de Luz 12 H ½ de Luz 1-2 dias 3-4 dias 5-6 dias 2ª semana 3ª semana 4ª semana 5ª semana 6ª semana 7ª semana 8ª semana 9ª semana 10ª semana 11ª semana 12ª semana 13ª semana 14ª semana 15ª semana 16ª semana 17ª semana 18ª semana 19ª semana 22 H de Luz 20 H de Luz 1 16 H de Luz 14 H de Luz 11 H de Luz 10 H de Luz 9 H de Luz 9 H de Luz 10 H de Luz 11 H de Luz 12 H ½ de Luz 12 H ½ de Luz A partir de 22ª semana aumentar o fotoperíodo em ½ H/semana até às 15 H/16 H A partir da 20ª semana aumentar o fotoperíodo em ½ H/semana até às 15 H/16 H 5
6 e) Uma forma de aumentar o tamanho do ovo consiste na implementação do seguinte programa: e.1) Aumentar o fotoperíodo só a partir dos 50% de postura. e.2) Quando o bando atingir 5% de postura, reduzir a 50% o consumo de alimento durante 2 dias; ao 3º dia não dar alimento; administrar 50% de alimento durante o 4º e 5º dias; a partir do 6º dia dar alimento à descrição. NOTA: O programa atrás referido só deve ser implantado em bandos muito precoces (ovos muito pequenos), pois pode comprometer o pico e a persistência da curva de postura. Aveiras de Cima, 03 de Março de 1995 SERVIÇOS TÉCNICOS LB/LF 6
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