informa tributário ALTERAÇÕES DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA Maio de 2014 ICMS/SP - NOVO PROGRAMA ESPECIAL DE PARCELAMENTO Nesta edição:

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1 Maio de 2014 informa tributário Nesta edição: Alterações da Legislação Tributária e Decisões em Matéria Tributária do mês de abril de 2014 ALTERAÇÕES DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA Esta seção divulga as principais alterações na legislação tributária ocorridas no mês O Boletim Informa Tributário é uma publicação mensal das principais alterações da legislação tributária e decisões administrativas e judiciais em matéria tributária. Destina-se aos clientes e integrantes do Souza, Cescon, Barrieu & Flesch Advogados. Este Boletim não tem por objetivo prover aconselhamento legal sobre as matérias aqui tratadas e não deve ser interpretado como tal. ICMS/SP - NOVO PROGRAMA ESPECIAL DE PARCELAMENTO Por meio do Decreto nº , o Estado de São Paulo instituiu novo Programa Especial de Parcelamento (PEP) para liquidação de débitos de ICMS decorrentes de fatos geradores ocorridos até Podem ser inseridos no PEP débitos constituídos ou não, inscritos ou não em dívida ativa, inclusive ajuizados. De acordo com o PEP, os débitos poderão ser pagos em até 120 parcelas, com redução de 50% a 75% do valor atualizado das multas punitiva e moratória e de 40% a 60% do valor dos juros incidentes sobre o imposto e sobre a multa punitiva, a depender do número de parcelas escolhido pelo contribuinte. Em se tratando de débitos exigidos por Auto de Infração (AIIM) e ainda não inscritos em dívida ativa, sobre o valor atualizado Roberto Barrieu roberto.barrieu@scbf.com.br Hugo Barreto Sodré Leal hugo.leal@scbf.com.br Rafael Macedo Malheiro rafael.malheiro@scbf.com.br Ramon Castilho ramon.castilho@scbf.com.br 1

2 da multa punitiva serão ainda aplicados os seguintes descontos (cumulativamente com aqueles referidos no parágrafo anterior): (i) 70% no caso de recolhimento em parcela única mediante adesão ao programa no prazo de até 15 dias contados da data da lavratura do AIIM, (ii) 60% no caso de recolhimento em parcela única mediante adesão ao programa no prazo de 16 até 30 dias contados da lavratura do AIIM, ou (iii) 45% nos demais casos de ICMS exigidos por AIIM. O prazo para adesão ao parcelamento se encerra no dia O contribuinte que optar pelo novo PEP formalizará sua adesão ao programa por meio do acesso à página ICMS/SP - IMPLEMENTAÇÃO DA CONSULTA TRIBUTÁRIA ELETRÔNICA Por meio do Decreto nº , o Estado de São Paulo alterou o procedimento para fins da apresentação de consultas por parte dos contribuintes. As novas regras estão em vigor desde e preveem a substituição da consulta em papel pela consulta eletrônica. O novo sistema, denominado Consulta Tributária Eletrônica - e-ct, está disponível no site da Secretaria da Fazenda ( IPVA E ITCMD/SP - NOVO PARCELAMENTO O Estado de São Paulo, por meio da Lei nº e do Decreto nº , instituiu e regulamentou o programa de parcelamento para liquidação de débitos inscritos em dívida ativa, ajuizados ou não, relacionados ao IPVA, ITCMD, taxas estaduais e multas administrativas denominado Programa de Parcelamento de Débitos - PPD. O referido programa prevê redução de 50% a 75% dos valores das multas punitiva e moratória e de 40% a 60% do valor dos juros, a depender do número de parcelas escolhido pelo contribuinte. A lei aplica-se aos débitos de natureza tributária decorrentes de fatos geradores ocorridos até e aos de natureza não-tributária vencidos até a referida data. A adesão ao PPD deverá ser realizada mediante acesso ao endereço eletrônico até o dia

3 DECISÕES DO PODER JUDICIÁRIO Esta seção contém decisões relevantes do Poder Judiciário em matéria tributária STF DECLARA A INCONSTITUCIONALIDADE DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE COOPERATIVAS DE TRABALHO O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a inconstitucionalidade do inciso IV do artigo 22 da Lei nº 8.212/91, que estabelece a incidência de contribuição previdenciária no percentual de 15% sobre o valor bruto da nota fiscal ou da fatura referente à prestação de serviços de cooperativas de trabalho. Segundo o ministro Dias Toffoli, relator do recurso, esse inciso extrapola o artigo 195, inciso I, alínea a da Constituição Federal, no que diz respeito à competência para se instituir a contribuição sobre a folha de salários, pois a base de cálculo não poderia ser outra senão o valor da remuneração desse serviço (RE nº ). Ainda de acordo com o relator, houve também violação ao princípio da capacidade contributiva previsto no artigo 145, 1º da Constituição Federal, já que os pagamentos realizados por terceiros às cooperativas de trabalho, em decorrência de serviços prestados, não se confundem com os valores efetivamente pagos ou creditados aos cooperados. Assim, afirmou que o legislador, ao descaracterizar a contribuição incidente sobre os rendimentos do trabalho dos cooperados, tributando o faturamento da cooperativa, instituiu nova fonte de custeio, o que só poderia ser feito por meio de lei complementar. STJ - NOVAS SÚMULAS EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA O Superior Tribunal de Justiça (STJ) consolidou o entendimento acerca de dois temas tributários relevantes por meio da aprovação das Súmulas nº 508 e 509. A Súmula nº 508 consignou que a isenção da COFINS, concedida às sociedades civis de prestação de serviços profissionais pelo artigo 6º, II, da Lei Complementar nº 70/91, foi revogada pelo artigo 56 da Lei nº 9.430/96, na esteira da jurisprudência do STF firmada nos autos do Recurso Extraordinário nº Importante ressaltar que a Súmula nº 508 terminou por revogar a Súmula nº 276 do próprio STJ, a qual entendia pela manutenção da isenção da COFINS mesmo após o advento da Lei nº 9.430/96. Já a Súmula nº 509 assegura o direito ao crédito de ICMS ao contribuinte de boa-fé que adquiriu mercadorias por meio de notas fiscais posteriormente declaradas inidôneas, desde que comprovada a veracidade da operação de compra e venda. Atualmente, os Tribunais vêm entendendo que os registros fiscais e contábeis, os comprovantes de pagamento, os conhecimentos de transporte e o extrato do Sistema Integrado de Informações sobre Operações Interestaduais com Mercadorias e Serviços (SINTEGRA) são os documentos aptos a comprovar a efetiva ocorrência da circulação da mercadoria. STJ DECIDE PELA INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE HORAS EXTRAS A 1ª Seção do STJ decidiu, em sede de recurso repetitivo, pela incidência da contribuição previdenciária sobre horas extras, adicional noturno e de periculosidade (REsp nº ). O contribuinte, em sua defesa, alegou que as verbas em questão teriam natureza indenizatória e, portanto, não corresponderiam a serviços prestados ou ao tempo colocado à disposição do empregador, de forma que as contribuições não seriam devidas. O Tribunal, todavia, acolheu a tese apresentada pelo Procurador da Fazenda Nacional e se posicionou no sentido de que as verbas possuem natureza salarial e, portanto, devem integrar a base de cálculo das contribuições previdenciárias. 3

4 STJ AFASTA TRIBUTAÇÃO DE LUCROS DE CONTROLADAS LOCALIZADAS EM PAÍSES QUE TENHAM CELEBRADO ACORDO COM O BRASIL O STJ proferiu recente decisão afastando a tributação dos lucros auferidos por controladas localizadas em países com o qual o Brasil tenha firmado acordo para evitar a dupla tributação (REsp ). O caso envolvia a discussão sobre a possibilidade de tributação automática no Brasil dos lucros auferidos por entidades controladas localizadas na Bélgica, Dinamarca, Luxemburgo e Bermudas com base no artigo 74 da Medida Provisória nº /2001. Por três votos a um, a 1ª Turma do STJ posicionou-se no sentido de que os lucros de controladas localizadas em países com acordos para evitar a dupla tributação não poderiam ser tributados no Brasil em função da superioridade do disposto no artigo 7 dos acordos em face da legislação interna. De acordo com tal artigo, os lucros de uma sociedade seriam tributáveis apenas em seu Estado de residência, a menos que a entidade exerça sua atividade no outro Estado Contratante por meio de um estabelecimento permanente. Em vista do disposto no artigo 7º, as disposições do artigo 74 da MP nº /2001 seriam inaplicáveis para os casos envolvendo sociedades localizadas em países com os quais o Brasil tenha celebrado os respectivos acordos. Vale ressaltar que tal posicionamento não foi estendido ao lucro auferido por controladas localizadas em países com tributação favorecida (i.e., Bermudas). Nesses casos, o Tribunal entendeu que os lucros auferidos por sociedades domiciliadas em países com tributação favorecida estariam sujeitos à tributação no Brasil ao término de cada ano calendário. STJ DECLARA A INCIDÊNCIA DO IRPJ E CSLL SOBRE OS JUROS EM DEVOLUÇÃO DOS DEPÓSITOS JUDICIAIS E EM REPETIÇÃO DE INDÉBITO O STJ decidiu, sob a sistemática dos recursos repetitivos, que incide o IRPJ e a CSLL sobre os juros incidentes quando da devolução dos depósitos judiciais, bem como da repetição de indébitos tributários (REsp n ). De acordo com o entendimento da Corte, os juros incidentes no momento da devolução ao depositante, da quantia depositada judicialmente, teriam natureza remuneratória e não moratória, como alegou o contribuinte, tendo em vista que o fato gerador dos juros não decorreria de mora da Fazenda Pública, mas da existência de depósito voluntariamente efetuado pelo contribuinte em instituição financeira. Quanto aos juros em repetição de indébito, a Corte decidiu que teriam natureza de lucros cessantes, salvo a existência de norma isentiva específica ou a constatação de que a verba principal a que se referem os juros é verba isenta ou fora do campo de incidência do imposto. Portanto, a Primeira Seção do STJ se posicionou no sentido de que, em ambos os casos, os juros compõem a esfera de disponibilidade patrimonial do contribuinte, de modo que devem sujeitar-se à incidência do IRPJ e da CSLL. TRF DA 3ª REGIÃO AFASTA RESPONSABILIDADE DE SÓCIO QUE CONSTAVA DA CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA Em recente acórdão publicado, a Primeira Turma do TRF da 3ª Região decidiu que deve ser afastada a responsabilidade de sócio que constava da Certidão de Dívida Ativa, uma vez que só se admite a corresponsabilidade dos sócios quando comprovado dolo ou fraude, excesso de poderes ou infração à lei, ou contrato social ou ao estatuto da empresa (EDcl na Apelação nº ). Para o Tribunal, a simples ausência de pagamento de tributo não configura circunstância que acarrete a responsabilidade do sócio. O acórdão foi fundamentado no recurso julgado pelo STF (RE ) sob a sistemática de repercussão geral, no qual foi reconhecida a inconstitucionalidade material do artigo 13 da Lei 8.620/93, que determinou que os sócios das empresas por cotas de responsabilidade limitada responderiam 4

5 solidariamente, com seus bens pessoais, pelos débitos junto à Seguridade Social. Fundamentaram a decisão também no artigo 135, inciso III, do Código Tributário Nacional (CTN), que responsabiliza apenas aqueles que estejam na direção, gerência ou representação da pessoa jurídica e tão somente quando pratiquem atos com excesso de poder ou infração à lei, contrato social ou estatutos. O entendimento do TRF da 3ª Região também está em sintonia com a orientação da Primeira Seção do STJ que, além das hipóteses mencionadas acima, só admite a responsabilização dos sócios quando flagrante a dissolução irregular da sociedade, conforme enunciado da Súmula 435/STJ. TRF DA 3ª REGIÃO INDEFERE DECRETAÇÃO DE INDISPONIBILIDADE DE BENS DE DEVEDOR Em decisão monocrática, a Desembargadora Alda Basto do TRF da 3ª Região indeferiu pedido de decretação de indisponibilidade de bens de um devedor por não estarem presentes os requisitos prescritos no artigo 185-A do CTN (Agravo de Instrumento nº ). Referido enunciado autoriza a adoção desta medida apenas quando presentes os seguintes requisitos: (i) citação do executado; (ii) ausência de pagamento e não indicação de bens à penhora pelo devedor; e (iii) não localização de bens penhoráveis. No caso concreto, todavia, o devedor já havia oferecido bens à penhora, de forma que, ainda que tais bens fossem insuficientes para garantir a dívida, não seria cabível a medida excepcional antes de preenchidos todos os citados pressupostos. É preciso ressaltar, no entanto, que o STJ, apesar de entender que a decretação de indisponibilidade é medida excepcional, já fixou em recurso repetitivo (REsp ) posicionamento no sentido de que, com a entrada em vigor dos artigos 655 e 655-A do Código de Processo Civil, não seria necessário o exaurimento de diligências extrajudiciais a fim de se autorizar a indisponibilidade de depósitos ou aplicações financeiras. NÃO INCIDÊNCIA DE ICMS E ISS SOBRE A PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE TRANSMISSÃO DE VOZ E IMAGEM PELA INTERNET (VOIP) A Justiça Estadual de São Paulo decidiu, em primeira instância, favoravelmente a uma empresa paulistana que impetrou dois Mandados de Segurança para questionar a incidência do ICMS (Processo nº ) e do ISS (Processo nº ) na comercialização de planos de ligação via internet realizada por meio de transmissão de voz e imagem (VoIP). A incidência do ISS foi afastada tendo em vista que o VoIP não foi incluído na lista de serviços anexa à Lei Complementar nº 116/03, que veicula o rol daqueles serviços sujeitos ao imposto de competência municipal. o fundamento adotado foi de que o serviço de VoIP não seria um serviço de comunicação, mas sim um serviço de valor adicionado, ou seja, atividade que acrescenta a um serviço de telecomunicação e que lhe dá suporte, com o qual não se confunde, tal como definido na Lei Geral de Telecomunicações. Vale ressaltar que o assunto ainda não foi analisado pelos Tribunais Superiores ou mesmo pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, motivo pelo qual os referidos precedentes, embora importantes, não devem ser considerados como a posição final da jurisprudência sobre o assunto. Já na decisão que isentou a empresa de recolher o ICMS, 5

6 DECISÕES DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS Esta seção contém decisões relevantes dos Tribunais Administrativos em matéria tributária CARF PROFERE DECISÕES DESFAVORÁVEIS AO CONTRIBUINTE EM CASOS ENVOLVENDO O APROVEITAMENTO DE ÁGIO O CARF proferiu decisões desfavoráveis aos contribuintes em casos envolvendo a amortização de ágio pago com base em rentabilidade futura (Acórdãos nº , e nº ). As primeiras decisões versam sobre o mesmo caso (Acórdãos nº e ) que envolveu a aquisição de uma instituição financeira brasileira por uma sociedade localizada no exterior. Posteriormente, as ações da instituição financeira foram conferidas em aumento de capital de uma sociedade Holding constituída no Brasil, que foi então incorporada pela instituição financeira, possibilitando a amortização do ágio. A mesma operação foi julgada pelo CARF no passado, conforme divulgado em nosso Informa Tributário de novembro de Por voto de qualidade, o Tribunal, ao analisar os períodos de apuração de 2002 a 2004, concluiu que a amortização do ágio seria uma espécie de benefício fiscal, cuja fruição não poderia ser obstada desde que cumpridos os requisitos legais: efetivo pagamento do ágio, operação entre partes independentes e lisura na apuração do fundamento econômico (verificada por meio da apresentação de um laudo idôneo). Todavia, agora, ao analisar a glosa do ágio correspondente aos períodos de 2005 a 2007, o CARF se posicionou no sentido de que a amortização do ágio exige a incorporação entre investida e investidora original, com a consequente extinção do investimento, o que não teria sido observado no presente caso. Concluiu-se assim que, ao término das operações, a estrutura societária não teria sido alterada, uma vez que a sociedade domiciliada no exterior que adquiriu a instituição financeira brasileira permaneceu com a mesma quantidade de ações e na mesma condição de controlador. Nesse sentido, ficou decidido que a amortização promovida pela empresa brasileira seria indedutível, porque o ágio não seria uma despesa própria da Holding, mas sim despesas do adquirente original do investimento, que subsistiu ativo. O segundo caso (Acórdão ) envolveu a aquisição de uma determinada sociedade (Adquirida) por outra sociedade (Adquirente), que registrou o ágio com base na rentabilidade futura. Após a aquisição, a Adquirente comprou uma sociedade Holding constituída por outra empresa do mesmo grupo e aumentou o capital da Holding com a participação societária detida na Adquirida, juntamente com o ágio pago. Em seguida, a Adquirida incorporou a Holding, iniciando o aproveitando do ágio em questão. A fiscalização glosou o ágio amortizado em razão das seguintes alegações: (i) laudo posterior (elaborado três meses após o pagamento do ágio) e impreciso; (ii) ausência de individualização de rentabilidade de cada empresa do grupo no laudo; (iii) utilização indevida de empresa veículo uma vez que esta foi criada apenas para transferir o ágio gerado; (iv) inexistência de propósito negocial; (v) ágio gerado intragrupo. Foi aplicada a multa de 150% uma vez que a fiscalização entendeu dolosa a sequência de operações, com utilização de empresa veículo apenas para fins fiscais. A DRJ se manifestou de forma favorável à utilização de empresa veículo, mas entendeu que o laudo posterior não seria válido. Assim, manteve a glosa da amortização do ágio, mas cancelou a multa qualificada, aplicando a multa de 75%. O CARF todavia, ao analisar a questão, considerou válido o laudo apresentado, pois o contribuinte apresentou estudos complementares anteriores ao laudo, que validavam a rentabilidade futura. O Tribunal entendeu que a lei não exige uma forma ou conteúdo para comprovação do ágio e que grandes transações levam alguns meses para se 6

7 concretizar, de forma que seria normal a emissão de um laudo posterior, que consolidaria todos os dados dispersos que lastrearam as discussões entre as partes. Por outro lado, apesar de considerar existente o ágio efetivamente pago e afastar os argumentos da fiscalização de ágio interno, o Tribunal entendeu que houve simulação no tocante ao uso da Holding (empresa veículo), que teria servido para transferir o ágio, ou seja, com objetivos puramente fiscais. Nesse sentido, o CARF manteve a autuação e restituiu a aplicação da multa qualificada de 150%. CSRF JULGA OPÇÃO DE MÉTODO PARA FINS DE APLICAÇÃO DAS REGRAS DE PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA A Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) julgou a possibilidade de a pessoa jurídica optar entre os métodos de preço de transferência praticados em negociações de compra e venda de mercadorias ou prestação de serviços entre empresas vinculadas, estipulados pela Lei nº 9.430/96 (Acórdão ). O contribuinte foi autuado em razão de suposta desobediência à Instrução Normativa nº 38/97, ao adotar o método de Preço de Revenda menos Lucro (PRL) para a importação de algumas mercadorias. A fiscalização argumentou que o método de PRL não seria aplicável, já que o contribuinte não realizaria atividade de revenda, mas apenas de importação de produtos para aplicação na produção de medicamentos, de forma que o Método de Preços Independentes Comparados (PIC) seria apropriado. Todavia, a Câmara Superior, ao julgar a questão, entendeu que a escolha do método para fins de aplicação das regras de preços de transferência não sofre qualquer limitação pela lei. O Tribunal entendeu que a Instrução Normativa nº 38/97, editada com a finalidade de regulamentar o disposto no artigo 18 da Lei nº 9.430/96, inovou ao incluir limitação em relação à opção do método de cálculo de preço parâmetro a ser utilizado, o que não seria válido. CSRF E CARF ANALISAM PLANOS DE PLR A CSRF e o CARF, em recentes decisões, analisaram a incidência de contribuições previdenciárias sobre valores pagos a título de Participação nos Lucros e Resultados (PLR). No primeiro caso, julgado pela CSRF, a fiscalização considerou que o pagamento de valores não igualitários a empregados e diretores descaracterizaria o PLR. Também foi alegada a ausência de regras claras e objetivas estabelecidas em convenção coletiva, de forma que os valores pagos a título de PLR deveriam ser considerados como remuneração dos beneficiários, sujeitando-se, portanto, à incidência de contribuições previdenciárias (Acórdão nº ). Contudo, ao analisar a questão, a CSRF entendeu que não há impedimento legal para a empresa realizar pagamentos diferenciados, e a desproporcionalidade entre os pagamentos do PLR está alinhada com a própria distinção entre salários e atividades desenvolvidas por funcionários de áreas diferentes. Por fim, reconheceu que restou comprovado que, ainda que por meio de programa de avaliação de desempenho interno, os beneficiários do programa haviam sido cientificados das metas e objetivos a serem alcançados, não havendo, portanto, descumprimento de requisito legal relativo a esse ponto específico. Na segunda decisão, a 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento decidiu pela incidência de contribuições previdenciárias sobre os valores pagos a título de PLR, tendo em vista o descumprimento de requisitos da Lei nº /2000, quais sejam: (i) a ausência de elementos no plano que vinculassem o incentivo à produtividade; (ii) ausência, nos acordos coletivos, de regras claras e objetivas relacionadas à fixação dos direitos dos empregados ao PLR; (iii) não ocorrência de arquivo prévio de tais acordos junto ao sindicato dos trabalhadores; e (iv) pagamentos de valores de PLR em periodicidade inferior a um semestre civil e mais de duas vezes no mesmo ano civil (Acórdão nº ). 7

8 INCIDÊNCIA DA CIDE SOBRE AQUISIÇÃO DE DIREITOS DE TRANSMISSÃO DE SINAL DE PROGRAMAS TELEVISIVOS O CARF proferiu recente decisão desfavorável aos contribuintes em caso que envolveu a análise da incidência da CIDE sobre a remessa ao exterior para pagamentos por aquisição de direitos de transmissão de sinal de programa televisivos (Acórdão ). O contribuinte foi autuado pela ausência de recolhimento da CIDE sobre remessas ao exterior referentes à aquisição de direitos de transmissão. Em sua defesa, alegou que tais pagamentos estariam fora do campo de incidência da CIDE visto que: (i) não haveria transferência de tecnologia nas operações, e ainda que (ii) os pagamentos por aquisição de direitos de transmissão não teriam sido elencados dentre as hipóteses de incidência da CIDE previstos no artigo 10 do Decreto nº 4.195/02, que regulamenta a cobrança da contribuição. Ao analisar o caso, o CARF entendeu que a CIDE poderia incidir na remessa de direitos de transmissão, visto que a Lei nº /00 autoriza a cobrança de tal contribuição sobre royalties pagos, a qualquer título, independente da existência de transferência de tecnologia. Além disso, entendeu-se que o rol de atividades listadas pelo artigo 10 do Decreto nº 4.195/02 como passíveis de incidência da CIDE teria natureza meramente exemplificativa, uma vez que somente a lei poderia definir o fato gerador da obrigação principal de um tributo. Logo, por voto de qualidade, o recurso apresentado pelo contribuinte foi julgado improcedente. ICMS/SP - ADMISSÃO TEMPORÁRIA NÃO DEPENDE DO PAGAMENTO DE TRIBUTOS FEDERAIS O Tribunal de Impostos e Taxas (TIT) decidiu que o pagamento ICMS de forma proporcional ao tempo de permanência de bem importado ao amparo do regime de admissão temporária no Brasil não está condicionado ao recolhimento dos tributos federais, mas somente ao cumprimento dos requisitos previstos na legislação federal que disciplina o assunto (Processo DRTC-III /2006). No caso, as autoridades fiscais tentaram condicionar o aproveitamento da redução proporcional do ICMS à prova do pagamento dos tributos federais. Contudo, a Câmara Superior do TIT entendeu que para fins do pagamento do ICMS proporcional ao tempo de permanência do bem no Brasil, basta que o contribuinte tenha atendido aos requisitos previstos no RICMS, dentre os quais está o cumprimento das condições para aproveitamento da admissão temporária no âmbito federal, não sendo necessária a prova do recolhimento dos tributos federais. 8

9 NOTÍCIAS Esta seção divulga outras notícias em matéria tributária que são de interesse dos contribuintes PROJETO DE LEI DO SENADO REGULAMENTA NORMAS GERAIS SOBRE PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Está em votação no Congresso Nacional, o Projeto de Lei do Senado nº 222/13, que prevê a uniformização do processo administrativo fiscal no País, estabelecendo normas gerais para a administração tributária da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A proposta já foi aprovada pelo Senado Federal em e ainda deve ser analisada pela Câmara dos Deputados. Atualmente, para contestar na esfera administrativa, o contribuinte encontra um emaranhado de normas, tendo em vista a independência dos entes federativos para criálas. Assim, com a finalidade de unificar os procedimentos, o referido projeto, dentre outras questões, especifica quais são os meios possíveis para que o contribuinte apresente sua defesa, os prazos, a forma dos julgamentos, os recursos cabíveis, as regras para as decisões definitivas e a possibilidade de criação de súmulas vinculantes. a obrigação de tornar público todos os julgamentos administrativos, inclusive os de primeira instância, ressalvado os casos de sigilo previsto em lei, o que não se verifica na atual regulamentação no âmbito do processo administrativo federal; a adoção de prazos unificados para todos os tribunais administrativos: 30 dias para impugnar e recorrer à segunda instância; 15 dias para apresentação de Embargos de Declaração e recorrer à Câmara Superior; divulgação de todas as decisões dos tribunais por meio eletrônico; a previsão de uma instância responsável pela unificação da jurisprudência nos tribunais e criação de súmula de observância obrigatória. Dentre os principais pontos estabelecidos pelo projeto destacamos: TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DAS ATIVIDADES DE SECURITIZAÇÃO DE ATIVOS EMPRESARIAIS A Receita Federal (RFB), por meio do Parecer Normativo nº 05, se pronunciou acerca da possibilidade de as pessoas jurídicas que exploram as atividades de securitização de ativos empresariais adotarem a sistemática do lucro real. Nos termos do artigo 14 da Lei nº 9.718/98, estão obrigadas à apuração do imposto sobre a renda segundo o regime do lucro real, as pessoas jurídicas que explorem as atividades de factoring e as atividades de securitização de créditos imobiliários, financeiros e do agronegócio. Não há na lei qualquer menção à securitização de créditos comerciais, razão pela qual se entendia que as pessoas jurídicas que exploram essas atividades poderiam optar pela sistemática do lucro presumido. Todavia, ao analisar a questão, a RFB se posicionou no sentido de que não haveria qualquer justificativa para conferir um tratamento tributário distinto às empresas que exercem atividade de securitização de créditos comerciais, ainda que não haja regulamentação específica. Assim, as empresas dedicadas à compra e venda de créditos originários de vendas a prazo de bens e serviços se sujeitariam obrigatoriamente ao regime do lucro real. Ainda, a RFB analisou o conceito de receita bruta das securitizadoras e concluiu que a receita bruta, para fins de apuração das contribuições PIS e COFINS da atividade de securitização de ativos empresariais, é o deságio, assim definido como a diferença entre o valor de face dos títulos adquiridos e o custo de aquisição. 9

10 SOLUÇÃO DE CONSULTA ANALISA INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS SOBRE AVISO PRÉVIO INDENIZADO Por meio da Solução de Consulta nº , a 10ª Região Fiscal da RFB manifestou entendimento acerca da incidência da contribuição previdenciária sobre o aviso prévio indenizado. Nessa decisão, a RFB adotou o entendimento no sentido de que o legislador, ao definir a base de cálculo da contribuição previdenciária, enumerou, em rol taxativo, as parcelas não integrantes da remuneração e do salário-de-contribuição. Entendeu-se, portanto, que o aviso prévio não trabalhado (indenizado) não faz parte desse rol de exclusões, estando, portanto, sujeito à incidência da contribuição. Destacamos que a decisão foi proferida anteriormente ao julgamento do REsp no , submetido ao rito dos recursos repetitivos, que decidiu, ao contrário da RFB, pela não incidência da contribuição sobre tal verba. A jurisprudência judicial acerca da incidência de contribuição previdenciária sobre outras verbas de natureza trabalhista foi objeto do Informa Extra de abril de CPRB E CONTRATOS DE LONGO PRAZO COM PREÇO PRÉ-DETERMINADO Por meio do Ato Declaratório Interpretativo (ADI) nº 2, a RFB esclareceu que, para fins da apuração da base de cálculo da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB) relacionada a contratos de fornecimento de bens, a preço pré-determinado, com prazo de produção superior a um ano, devem ser aplicadas as normas do artigo 407 do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto nº 3.000/99). Para tanto, de acordo com referido artigo, deverão ser computados em cada período de apuração: (i) o custo de produção dos bens incorridos durante o período; e (ii) parte do preço total dos bens a serem fornecidos, determinada mediante aplicação, sobre esse preço total, da percentagem do contrato ou da produção executadas no período de apuração. Tal percentagem poderá ser determinada com base na relação entre os custos incorridos no período de apuração e o custo total estimado de produção, ou ainda com base em laudo técnico de profissional habilitado que ateste o progresso da produção de bens. INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA SOBRE INDENIZAÇÃO POR DESAPROPRIAÇÃO POR INTERESSE PÚBLICO A RFB, por meio da Solução de Consulta nº 105, reformou seu posicionamento no sentido de que incidiria o imposto de renda sobre os valores recebidos a título de indenização advinda de desapropriação imobiliária, seja por utilidade pública ou por interesse social. A consulente, ao ter seu imóvel desapropriado pelo Estado de Rondônia, submeteu o questionamento à RFB, afirmando a existência de dispositivos legais conflitantes: (i) o 2º do artigo 27 do Decreto-Lei nº 3.365/41 que previa a não incidência do imposto; e (ii) a Instrução Normativa nº 84/2001, fundamentada na Lei nº 7.713/88, que determinava o recolhimento do tributo nesta hipótese. Embora o entendimento fazendário tivesse se sedimentado no sentido da inequívoca revogação do 2º do artigo 27 do Decreto-Lei nº 3.365/41 pela Lei nº 7.713/88, considerou-se, no caso, o caráter vinculante da decisão do STJ no REsp nº Na ocasião, o STJ entendeu que a indenização decorrente de desapropriação não gera ganho de capital, visto que a propriedade é transferida ao Poder Público por valor justo e determinado pela Justiça, caracterizando indenização através da reposição do valor do bem expropriado, e não lucro tributável. Com o novo entendimento divulgado, reformam-se todas as Soluções anteriores em sentido contrário. SÃO PAULO RIO DE JANEIRO BELO HORIZONTE BRASÍLIA SALVADOR 10