PEDAGOGIA LITERATURA INFANTO-JUVENIL

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1 PEDAGOGIA LITERATURA INFANTO-JUVENIL

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3 Universidade Estadual de Santa Cruz Reitor Prof. Antonio Joaquim da Silva Bastos Vice-reitora Profª. Adélia Maria Carvalho de Melo Pinheiro Pró-reitora de Graduação Profª. Flávia Azevedo de Mattos Moura Costa Diretora do Departamento de Ciências da Educação Profª. Raimunda Alves Moreira Assis Ministério da Educação

4 Ficha Catalográfica L776 Literatura infanto-juvenil: pedagogia módulo 5, volume 1, EAD / Elaboração de conteúdo: Sandra Maria Pereira do Sacramento, Inara de Oliveira Rodrigues. [Ilhéus, BA]: EDITUS, [2011]. 141p. : il. ISBN Literatura infantojuvenil Estudo e ensino. I. Sacramento, Sandra Maria Pereira do. II. Rodrigues, Inara de Oliveira. III. Pedagogia. CDD

5 Pedagogia EAD. UAB UESC Coordenação UAB UESC Profª. Drª. Maridalva de Souza Penteado Coordenação do Curso de Pedagogia (EAD) Drª. Maria Elizabete Sauza Couto Elaboração de Conteúdo Profª. Drª. Sandra Maria Pereira do Sacramento Profª. Drª. Inara de Oliveira Rodrigues Instrucional Design Profª. Msc. Marileide dos Santos de Olivera Profª. Msc. Cibele Cristina Barbosa Costa Profª. Msc. Cláudia Celeste Lima Costa Menezes Revisão Profª. Msc. Sylvia Maria Campos Teixeira Coordenação de Design Profª. Msc. Julianna Nascimento Torezani Diagramação Jamile A. de Mattos Chagouri Ocké João Luiz Cardeal Craveiro Capa Sheylla Tomás Silva

6 PARA ORIENTAR SEUS ESTUDOS SAIBA MAIS Aqui você terá acesso a informações que complementam seus estudos a respeito do tema abordado. São apresentados trechos de textos ou indicações que contribuem para o aprofundamento de seus estudos. PARA CONHECER Aqui você será apresentado a autores e fontes de pesquisa a fim de melhor conhecê-los. VOCÊ SABIA? Esses são boxes que trazem curiosidades a respeito da temática abordada. LEITURA RECOMENDADA Indicação de leituras vinculadas ao conteúdo abordado.

7 Sumário PARTE I Profª. Drª. Sandra Maria Pereira do Sacramento UNIDADE I A LITERATURA INFANTO-JUVENIL E A FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS EUROPEUS 1 INTRODUÇÃO A LITERATURA INFANTIL E OS ESTADOS-NAÇÃO CIÊNCIA E RAZÃO NO CONTEXTO DA LITERATURA INFANTIL. 15 ATIVIDADES RESUMINDO REFERÊNCIAS UNIDADE II A QUESTÃO DO CÂNONE E A LITERATURA INFANTO-JUVENIL 1 INTRODUÇÃO O LITERÁRIO: DO MUNDO GREGO ÀS COMUNIDADES IMAGINADAS A LITERATURA INFANTIL E SUA FUNÇÃO PROPEDÊUTICA ATIVIDADES RESUMINDO REFERÊNCIAS UNIDADE III LITERATURA INFANTO-JUVENIL E O LUDOS 1 INTRODUÇÃO DE ARISTÓTELES AO LUDOS A CRIANÇA COMO PERSONAGEM NA LITERATURA INFANTIL.. 49 ATIVIDADES RESUMINDO REFERÊNCIAS... 55

8 UNIDADE IV A LITERATURA INFANTO-JUVENIL E A REPRODUTIBILIDADE TÉCNICA 1 INTRODUÇÃO A LITERATURA INFANTO-JUVENIL E SEU ESTIGMA ATIVIDADES RESUMINDO REFERÊNCIAS UNIDADE V A LITERATURA INFANTO-JUVENIL E A FORMAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO 1 INTRODUÇÃO A FORMAÇÃO DO ESTADO-NAÇÃO BRASILEIRO A LITERATURA INFANTIL E OS DADOS CONTEUDÍSTICOS ATIVIDADES RESUMINDO REFERÊNCIAS PARTE II Profª. Drª. Inara de Oliveira Rodrigues UNIDADE VI A LEITURA NA ESCOLA E NA SOCIEDADE: PAPEL E IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INFANTO-JUVENIL 1 INTRODUÇÃO LOBATO, O SÍTIO E MUITAS HISTÓRIAS POR CONTAR LEITURA COMO PRÁTICA SOCIAL ATIVIDADES RESUMINDO REFERÊNCIAS... 98

9 UNIDADE VII A DIMENSÃO DO IMAGINÁRIO NA LITERATURA INFANTO-JUVENIL 1 INTRODUÇÃO MUDAM-SE OS TEMPOS, MUDAM-SE AS HISTÓRIAS E OS VERSOS IMAGINÁRIO, FANTASIAS E MARAVILHAS ATIVIDADES RESUMINDO REFERÊNCIAS UNIDADE VIII AS ESTRATÉGIAS LITERÁRIAS E OS DIFERENTES SUPORTES DA LITERATURA INFANTO-JUVENIL 1 INTRODUÇÃO ESTRATÉGIAS LITERÁRIAS: A INTERTEXTUALIDADE NA LITERATURA INFANTO-JUVENIL Conhecendo alguns autores e pressupostos A literatura infanto-juvenil, a intertextualidade e outras estratégias literárias LIVROS, MÍDIAS, REDE: OS ITINERÁRIOS ABERTOS DA LITERATURA INFANTO-JUVENIL ATIVIDADES RESUMINDO REFERÊNCIAS

10 AS AUTORAS Profª. Drª. Sandra Maria Pereira do Sacramento Doutora em Letras Vernáculas, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Coordenadenou até o Programa de Pós-Graduação em Letras: Linguagens e Representações da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Professora Associada à Cátedra UNESCO de Leitura, Professora Plena em Teoria da Literatura do DLA/ UESC. Possui vários textos publicados em periódicos na área de Letras, disponíveis on line. Profª. Drª. Inara de Oliveira Rodrigues Doutora em Letras (Teoria da Literatura) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do SUL (PUCRS), professora do curso de Letras e Vice-Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Letras: Linguagens e Representações da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Possui artigos publicados em periódicos na área de Letras e desenvolve pesquisas no campo das literaturas de línguas portuguesas.

11 DISCIPLINA LITERATURA INFANTO-JUVENIL Profª. Drª. Sandra Maria Pereira do Sacramento Profª. Drª. Inara de Oliveira Rodrigues EMENTA Literatura infanto-juvenil: discussões sobre o panorama histórico e gênero literário e suas características. Produção literária. A prática da leitura na escola e na sociedade. Pesquisa sobre literatura infanto-juvenil na escola, na biblioteca (livros, gibis etc.), na televisão, CDROM e sites. A dimensão do imaginário na Literatura Infantil e a intertextualidade. CARGA HORÁRIA: 60h

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13 1 UNIDADE I Unidade A LITERATURA INFANTO-JUVENIL E A FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS EUROPEUS OBJETIVO Identificar as relações entre a origem dos estados-nação europeus e da literatura infantil, com destaque para os seus principais representantes. 1 INTRODUÇÃO Nesta unidade, vamos mostrar a você a relação estabelecida entre os estados nacionais europeus e o início da literatura infantil. A literatura infanto-juvenil, como se concebe hoje, tem sua origem vinculada ao nascimento dos estados-nação burgueses europeus, a partir do século XVIII, com a valorização dos ideais forjados de tradição dos capitalistas, então em ascensão. UESC Pedagogia 13

14 Literatura Infanto-Juvenil A Literatura Infanto-juvenil e a formação dos estados nacionais europeus 2 A LITERATURA INFANTIL E OS ESTADOS-NAÇÃO Para o Estado-nação, a língua nacional e o limite territorial eram vistos como elementos indispensáveis, capazes de imporem uma identidade à nação (RENAN, 1997). Entretanto, de acordo com Nelly Novaes Coelho, em Panorama Histórico da Literatura Infantil /Juvenil: Quando hoje falamos nos livros consagrados como clássicos infantis, os contos-de-fada os-de-fada ou contos maravilhosos de Perrault, Grimm ou Andersen, ou nas fábulas de La Fontaine, praticamente esquecemos (ou ignoramos) que esses nomes não correspondem aos verdadeiros autores de tais narrativas. São eles alguns dos escritores que, desde o século XVII, interessados na literatura folclórica criada pelo povo de seus respectivos países, reuniram as estórias anônimas, que há séculos vinham sendo transmitidas, oralmente, de geração para geração, e as transcreveram (COELHO, 1991, p.12). SAIBA MAIS No texto abaixo, apresentamos mais informações sobre o conceito de Estado- Nação. Leia com atenção e converse com um colega sobre o mesmo. Estado-nação: quando se pensa em Estado-Nação, estamos longe de tratar de uma experiência político-institucional simples. Muitas vezes não paramos para indagar sobre o quanto o seu surgimento alterou as relações inter-humanas por todo nosso planeta. Em primeiro lugar, deve-se romper com qualquer linha de abordagem que insira a experiência histórica do Estado-Nação numa longa duração ligada aos Estados dos monarcas absolutos europeus. Contando de hoje, a experiência histórica do Estado-Nação ainda não completou dois séculos, tal como o Brasil mal tem 150 anos. Em segundo lugar, no rigor do conceito e da cronologia, a formação do Estado antecede ao surgimento daquilo que definimos como burocracia. Inicialmente, a experiência do Estado-Nação é circunscrita à Europa e às suas projeções coloniais no século XIX, sendo antecipada culturalmente pelos debates intelectuais e políticos do contexto do Iluminismo, quando houve a gradativa transformação no sentido que se dava à noção de Razão na prática administrativa, que passou da condição de mero cálculo/ratio para aquela de força constituidora das coisas. Nesse sentido, e somente nesse sentido, o Estado da Razão do final do século XVIII, diferentemente da Razão de Estado dos séculos XVI e XVII, não seria mais um simples mecanismo resultante da soma das partes através de um pacto, como pretendera Thomas Hobbes ( ) em 1651 com seu Leviathan, mas a coisa pública em que os objetivos públicos deixavam de ter nos corpos estamentais de privilégios os suportes ou intermediários da ação político-administrativa estatal. Portanto, o Estado da Razão de finais do século XVIII pressupôs um tipo novo de poder/potência pública que aos poucos abandonou uma atitude jurisdicionalista (centrada na acomodação das partes de privilégio) e tornou-se apenas disciplina (ou seja, atitude constituidora da natureza de suas partes). Tal mudança de paradigma é historicamente indissociável do processo de burocratização formação de um corpo de agentes da administração separados patrimonialmente dos meios administrativos e da uniformização legislativa e fiscal do Estado. Fonte: 14 Módulo 5 I Volume 1 EAD

15 3 CIÊNCIA E RAZÃO NO CONTEXTO DA LITERATURA IN- FANTIL Além dessas informações, também podemos acrescentar os textos da tradição oriental e mesmo da grega, que foram trazidos pelos estados modernos, em forma de adaptação, como As Mil e Uma Noites, que chegou ao continente europeu no século XVIII; por Galland; da mesma forma que La Fontaine, ainda no século XVII, traduz as fábulas de Esopo, com a presença de animais falantes sempre com moralidade, como, por exemplo, A galinha dos ovos de ouro, A cigarra e a formiga, A Raposa e a Cegonha, entre outras. 1 Unidade PARA CONHECER Leia mais sobre os escritores falados acima e sua importância para a Literatura Infantil do Ocidente. Galland: Antoine Galland, escritor francês nascido no século XVII, introduziu no Ocidente inúmeras histórias de tradição oral do Oriente. Galland nasceu em uma família de camponeses na província de Somme, em 1646, e morreu em Ele era especialista em História, manuscritos antigos, línguas orientais e moedas. Galland esteve no Oriente, a convite do rei francês Luís XIV, com várias personalidades da política, das letras e da ciência. Era um colecionador de manuscritos e, em sua passagem pela Síria, descobriu os originais de As Mil e Uma Noites, feitos entre 1704 e O escritor levou-os para a França, traduziu e publicou os contos mais importantes dessa obra e, ainda, acrescentou alguns outros, que circulavam oralmente como o de Ali Babá e os Quarenta Ladrões. Para não chocar seus contemporâneos, Galland retirou do texto as passagens picantes. O sucesso foi imediato. Essa tradução de Galland não é a única, mas é a mais famosa. Especialmente nesse livro, a história de Ali Babá foi adaptada por Luc Lefort. Homem excepcional, seu diário testemunha a paixão pelo saber e pela verdade. Durante toda sua vida, Galland foi um homem simples. Ele foi um pouco a imagem da obra que nos fez descobrir. Fonte: La Fontaine: francês de origem burguesa, nascido na região de Champagne, foi autor de contos, poemas, máximas, mas com as fábulas ganhou notoriedade mundial. Resgatando fábulas do grego Esopo (século VI a. C.) e do romano Fedro (século I d. C.), os textos de La Fontaine não apresentam grande originalidade temática, mas recebem um tempero de fina ironia. O autor francês não só tornou mais atuais as fábulas de Esopo, como também criou suas próprias, dentre elas A cigarra e a formiga e A raposa e as uvas. Contemporâneo de Charles Perrault, frequentava a corte do Rei Sol - Luís XIV, de onde extraiu informações para sua crítica social. Integrou o chamado Quarteto da Rue du Vieux Colombier, composto também por Racine, Boileau e Molière. Participou da Academia Francesa com ingresso em 1683, em que sucedeu o famoso político Colbert, a quem se opunha ideologicamente. Estreou no mundo literário em 1654 com uma comédia. A publicação da primeira coletânea de fábulas data de 1668, sucedida de mais onze, lançadas até No prefácio dessa primeira coletânea, deixa bem clara suas intenções na constituição dos textos: Sirvo-me de animais para instruir os homens. Morreu aos 73 anos sendo considerado o pai da fábula moderna. As narrativas de La Fontaine estão per- UESC Pedagogia 15

16 Literatura Infanto-Juvenil A Literatura Infanto-juvenil e a formação dos estados nacionais europeus meadas de pensamentos filosóficos com forte moralidade didática e, apesar de tão antigas, mantêm-se vivas até hoje. Fonte: Esopo: foi um célebre fabulista grego, provavelmente nascido no ano de 620 a. C. Segundo o historiador Heródoto, Esopo teria nascido na Trácia, região da Ásia Menor, tornando-se escravo na Grécia. Outro historiador, Heráclites do Ponto, afirma ser o roubo de um objeto sagrado a causa da morte do fabulista. Como era costume no caso de sacrilégios, Esopo teria sido atirado do alto de um rochedo. Discute-se a sua existência real, assim como acontece com Homero. Assim, há ainda alguns detalhes atribuídos à biografia de Esopo, cuja veracidade não se pode comprovar: seria aleijado, com dificuldades de fala e seria um protegido do rei Creso. Levanta-se a possibilidade de a obra esopiana ser uma compilação de fábulas ditadas pela sabedoria popular da antiga Grécia. Seja lá como for, o realmente importante é a imortalidade das fábulas a ele atribuídas. As primeiras versões escritas das fábulas de Esopo datam do séc. III d. C. Muitas traduções foram feitas para várias línguas, não existindo uma versão que se possa afirmar ser mais próxima da primordial. Destaca-se, entre os estudiosos da obra esopiana, Émile Chambry, profundo conhecedor da língua e da cultura gregas. Chambry publicou, em 1925, Aesoi - Fabulae, em que trabalha com 358 fábulas. Características das fábulas esopianas: narrativas, geralmente, curtas, bem-humoradas e relacionadas ao cotidiano; encerram em si uma linguagem simples, pois se dirigem ao povo; contêm simples conselhos sobre lealdade, generosidade e as virtudes do trabalho; a moral é representada por um pensamento, nem sempre relacionado diretamente à narrativa; personagens são, basicamente, animais que apresentam comportamento humano Fonte: A célebre fábula A Raposa e as Uvas, atribuída a La Fontaine, é, na verdade, uma tradução do grego para o francês. Veja a sua reprodução abaixo: A Raposa e as Uvas Certa raposa matreira, que andava à toa e faminta, ao passar por uma quinta, viu no alto da parreira um cacho de uvas maduras, sumarentas e vermelhas. Ah, se as pudesse tragar! Mas lá naquelas alturas não podia alcançar: Então falou despeitada: - Estão verdes essas uvas. Verdes não servem pra nada! 16 Módulo 5 I Volume 1 EAD

17 Como não cabem quatro mãos em duas luvas, Há quem prefira desdenhar a lamentar. (La Fontaine) Nesses textos, sempre em uma linguagem metafórica, os animais têm um comportamento humano, como falar, ter ressentimentos e covardia; trazem em seu final uma mensagem moral, de cunho pedagógico; também em forma figurativa, conotativa, que, quando passada para a linguagem de denotação, presta-se a uma aplicação prática. Em outras palavras, Como não cabem quatro mãos em duas luvas, Há quem prefira desdenhar a lamentar., quer dizer que, diante do inevitável, por conta, talvez, da incapacidade, é mais fácil desdenhar a assumir a incompetência. Essa volta ao passado desempenhou um papel preponderante na busca de sedimentação dos valores então em voga; pois, desde o século XVII, com a troca de eixo da ordem cosmológica teocêntrica pela antropocêntrica, que a Europa sofreu sérios abalos em seu pilar ideológico medieval. Ocorreu a laicização do saber, antes restrito à visão dogmática da Igreja, tendo levado Galileu, com o seu heliocentrismo, a permanecer em prisão domiciliar por ter ousado questionar a fé corrente de que a Terra era o centro do Universo, lugar escolhido por Deus para morada do homem. A Reforma Protestante de Lutero incide na Igreja outro duro golpe, quando esse questionou as ações papais, como a venda de indulgências. A ciência engatinha, porém, através de seu método investigativo, deixa de lado o saber contemplativo e volta-se para a realidade de forma experimental. Fé e razão passam a ter esferas distintas, a primeira condicionada à metafísica, à verdade revelada, e a segunda busca, através do método rigoroso de explicação dos fenômenos, a verdade científica. Segundo o professor Antônio Cândido, em Formação da Literatura Brasileira (1976): 1 Unidade Por Ilustração, entende-se o conjunto das tendências ideológicas próprias do século XVIII, de fonte inglesa e francesa na maior parte: exaltação da natureza, divulgação apaixonada do saber, crença na melhoria da sociedade por seu intermédio, confiança na ação governamental para promover a civilização e bemestar coletivo. Sob o aspecto filosófico, fundem-se nela racionalismo e empirismo; nas letras, pendor didático e ético, visando empenhá-las na propagação das Luzes (CÂNDIDO, 1976, p.43-44). Tomando-se Ilustração como sinônimo de Iluminismo, - que UESC Pedagogia 17

18 Literatura Infanto-Juvenil A Literatura Infanto-juvenil e a formação dos estados nacionais europeus SAIBA MAIS Aufklärung: Iluminismo, Esclarecimento ou Ilustração (em alemão Aufklärung, em inglês Enlightenment, em italiano Iluminismo, em francês Siècle des Lumières, em espanhol Ilustración) designam uma época da história intelectual ocidental. No espaço cultural alemão, um dos traços distintivos do Iluminismo (Aufklärung) é a inexistência do sentimento anticlerical que, por exemplo, deu a tônica ao Iluminismo francês. Os iluministas alemães possuíam, quase todos, profundo interesse e sensibilidade religiosas, e almejavam uma reformulação das formas de religiosidade. O nome mais conhecido da Aufklärung foi Immanuel Kant. Outros importantes expoentes do iluminismo alemão foram: Johann Gottfried von Herder, Gotthold Ephraim Lessing, Moses Mendelssohn, entre outros. Fonte: na Alemanha ganhou o nome de Aufklärung - percebe-se o quanto o movimento racionalista foi importante, no sentido da busca pela explicação das demandas, sejam elas no campo da representação governamental, científica ou religiosa. Tais indagações passaram a ser embasadas no princípio da racionalidade, encerradas na expressão de Descartes: Penso, logo existo. O filósofo francês Descartes, trazendo do século anterior alguma coisa do método de Galileu, eleva-o ao sentido primeiro do filosofar, com a dúvida metódica, isto é, a partir da dúvida, da não certeza, investiga-se e chega-se à descoberta e, mais do que tudo, com a possibilidade da demonstração. Descartes, seguindo rigorosamente o caminho, o método por ele estabelecido, começa duvidando de tudo, até reconhecer como indubitável o ser do pensamento. É na descoberta da subjetividade que residem as variações do novo tema. O filósofo passa a se preocupar com o sujeito cognoscente (o sujeito que conhece) mais do que com o objeto conhecido. [...] Outros filósofos, além de Descartes, também se dedicam ao problema do método, tais com Bacon, Locke, Hume, Spinoza (ARANHA,1993, p. 154). Tal cenário sustenta-se no triunfo da razão sobre a fé, com contribuições de filósofos franceses como D Alembert, Diderot, Voltaire, Montesquieu e Rousseau chamados de enciclopedistas. No Discurso Preliminar da Enciclopédia, de 1751, afirma o primeiro: Descartes teve pelo menos a ousadia de ensinar os espíritos bons a sacudir o jugo da Enciclopédia, da opinião, da autoridade, em uma palavra, dos preconceitos e da barbárie; e por meio desta revolta,cujos frutos hoje recolhemos, prestou à filosofia um serviço talvez mais essencial do que todos os que deve aos seus ilustres sucessores [...] Embora acabasse por acreditar que podia explicar tudo, começou, pelo menos, duvidando de tudo; e as armas de que nos servimos para combatê-lo, embora contra ele,nem por isso lhe pertencem menos [...] (apud MOUSNIER et al., 1961, p.16). Logo, D Alembert mostrou que aqueles que criticaram Descartes, se valiam da mesma estrutura mental, ou seja, da 18 Módulo 5 I Volume 1 EAD

19 dúvida, para chegarem a tal fim. Em Do contrato social, Rousseau atribui a obediência à Lei como a verdadeira liberdade, em nome da soberania: Aquele que recusar obedecer à vontade geral a tanto será constrangido por todo um corpo, o que não significa senão que o forçarão a ser livre, pois é essa a condição que, entregando cada cidadão à pátria, o garante contra qualquer dependência pessoal (1973, p. 42). 1 Unidade Esses pensadores foram bastante tributários dos avanços ocorridos na Inglaterra, ainda no século XVII, amparados no também filósofo Locke, levando à Revolução Gloriosa de cunho liberal. Locke foi muito influenciado pelo pensamento de Descartes, logo depois, deixa o aparato da lógica, para se voltar para o dado psicológico, no entendimento do ser humano. Entretanto, a ascensão da burguesia, no território franco, só ocorre com a chamada Revolução Francesa de Finalmente, a sociedade francesa é agitada por uma série de convulsões que se repercutem, graças à analogia das circunstâncias, por toda a Europa Ocidental. A resultante histórica das várias forças que participaram na Revolução Francesa é o primeiro triunfo decisivo da alta burguesia no terreno político, ao cabo de uma sucessão de fases, em que o dinamismo revolucionário pertenceu sucessivamente a uma fração de alta nobreza, à noblesse de robe, aos camponeses, à burguesia provinciana (Girondinos), aos pequenos burgueses (Terror de Robespierre) a outras camadas mais populares (Babeuf) (SARAIVA; LOPES, 1971, p.599). Por isso, torna-se importante destacar que o papel da família, como núcleo societário, contrário ao modelo estamental da monarquia, estabeleceu esferas de ação, de modo hierárquico, para o homem, para a mulher e para os filhos. E Pedro Paulo de Oliveira, em A Construção da Masculinidade, confirma a afirmação: A assimetria de poder na família era reforçada pela disposição da nova ordem em promover uma separação total entre homens e mulheres: pensava-se na época que quanto mais feminina a mulher e mais masculino o homem, mais saudáveis a sociedade e o Estado. Nessa separação, a autonomia do gênero masculino contrastava com SAIBA MAIS Estamental: relativo a estamento. Constitui uma forma de estratificação social com camadas sociais mais fechadas do que as classes sociais; e mais abertas do que as castas (tipo de sociedades ainda presentes na Índia, no qual o indivíduo desde o nascimento está obrigado a seguir um estilo de vida pré-determinado), reconhecidas por lei e geralmente ligadas ao conceito de honra. Historicamente, os estamentos caracterizaram a sociedade feudal durante a Idade Média. Fonte: < hp?palavra=estamento&id=7 342>. UESC Pedagogia 19

20 Literatura Infanto-Juvenil A Literatura Infanto-juvenil e a formação dos estados nacionais europeus Figura Cena da Família de Adolfo Augusto Pinto, Fonte: < _de_fam%c3%adlia_de_adolfo_augusto_pinto,_1891.jpg>. a submissão feminina. A subjugação da mulher ia ao encontro da constituição de uma família nuclear para a qual o lar, com os afazeres domésticos e os cuidados com as crianças, se tornaria seu espaço legítimo, enquanto aos homens ficaria destinada a esfera pública, a esfera do poder. Na sociedade burguesa as funções da mulher foram postas com clareza: mãe, educadora, controladora dos empregados (quando eles existirem), provedora de afeto e carinho (OLIVEIRA, 2004, p.49). Campesinato s.m. Conjunto de agricultores de uma região, de um Estado. Condição dos camponeses. Fonte: com. br/campesinato/ Esse modelo comportamental vem a reboque de amplas mudanças na vida urbana europeia, de forma mais ampla, já que o campesinato, quase sempre, com o início da industrialização, migra para os grandes centros europeus, como Paris e Londres, para formar a massa do operariado. Para se ter uma ideia da projeção do crescimento populacional nessas capitais europeias, no século XVIII, a população das cidades representava 2%; enquanto que, em meados do século XIX, 42 % da população europeia vivia em zona urbana (RÉMOND, 1976). A Alemanha e a Itália optam pela unificação de seus territórios devido à crescente industrialização e esse processo: Atendeu basicamente aos interesses de uma burguesia desejosa de formar um amplo mercado nacional para seus produtos. Assim ocorreu na Itália, onde a unificação partiu do Reino do Piemonte-Sardenha (Norte Industrial) para o Sul, destacando-se as figuras de Vítor Emanuel II e seu Ministro Cavour. Na Alemanha, a unificação econômica, através da União Aduaneira (Zollverein), antecedeu à unificação política. Essa foi realizada sob a direção da Prússia em três guerras sucessivas, que afastam a Dinamarca, a Áustria e a França de seu caminho (AQUINO, 1993, p. 107). Como se vê, a unificação de condados levou a estados europeus fortes, que necessitaram de parâmetros comportamentais, contrários aos do passado, coincidindo com o Romantismo literário. E a mulher ganha destaque nessa divisão de papeis já que deve assumir uma função pedagógica diante do filho, ainda que, socialmente, esteja condicionada ao marido e à prole, isto é, sua autonomia está em não ter autonomia nenhuma. É o que Rousseau, filósofo do Iluminismo francês, vai sublinhar: A razão que leva o homem ao conhecimento de seus deveres não é muito complexa; a razão que leva a mulher ao conhecimento dos seus é ainda mais sim- 20 Módulo 5 I Volume 1 EAD

21 ples. A obediência que deve aos filhos são conseqüências tão naturais e tão visíveis de sua condição, que ela não pode, sem má-fé, recusar sua aprovação ao sentimento interior que a guia, nem desconsiderar o dever na inclinação que ainda não se alterou (ROUSSEAU, 2004, p.558). 1 Unidade A construção do Estado-nação estruturou-se em bases etnocêntricas e falocêntricas e creditou ao homem, branco, burguês, europeu, a razão, o espaço público e a cultura; enquanto à mulher, coube a não-razão, o privado e a natureza. E a literatura daí advinda traz as marcas de origem da pretensão de uma unidade republicana; uma vez que o princípio hierarquizador da modernidade, calcado em pares dicotômicos do público/privado; homem/mulher; adulto/criança; centro/periferia, alto/baixo, branco/negro, não levou em conta, na pauta da racionalidade ocidental, a alteridade encerrada nos segundos desses mesmos pares. Dessa sorte, os enredos das histórias infantis tendem a dissolver os conflitos, quase sempre, pela via do fantástico, sem que haja, de fato, intervenção racional na ordem dos acontecimentos. Por exemplo, o conto Os sete corvos, dos irmãos Jakob e Wilhelm Grimm, encerra os objetivos pedagógicos esperados para um texto voltado para o público infantil. Nele, a bondade da irmãzinha fez com que os sete irmãos voltassem a ser gente novamente, depois do encantamento a que foram submetidos pelo pai, ao se tornarem corvos porque se atrasaram para trazer a água do poço para o batismo da menininha doente. A narrativa encerra os valores do catolicismo, isto é, os enfermos não batizados devem receber o sacramento antes da morte, caso contrário, se morrerem pagãos, é possível não irem para o céu. A figura do pai se faz presente com sua autoridade; bastou esse dizer: - Tomara que eles todos virem corvos! (2002, p. 58), e automaticamente, as crianças viraram sete animais. Por outro lado, os pais, ao revelarem à menina que os irmãos tinham virado corvos, e explicarem que: o que aconteceu tinha sido um desígnio do céu, e que o nascimento dela não tinha culpa de nada (2002, p.61). Tal atitude encerra a crença no ente sobrenatural que determina o que acontece na Terra. Assim, a fala do pai dá início ao encantamento e o encontro do anel da menina por um dos irmãos precipita o fim do encantamento: Mas quando o sétimo corvo acabou de esvaziar seu copo, o anel caiu lá de dentro. Ele olhou bem e reconheceu que era um anel do pai e da mãe deles... Então, [...] a menina, que estava escondida atrás da porta, ouviu esse desejo, apareceu de repente e todos os corvos viraram gente outra vez (2002, p.63). UESC Pedagogia 21

22 Literatura Infanto-Juvenil A Literatura Infanto-juvenil e a formação dos estados nacionais europeus ATIVIDADES ATIVIDADES Leia a fábula A Galinha dos ovos de ouro de La Fontaine e responda às questões propostas: A Galinha dos ovos de ouro Havia um homem que tinha uma galinha que punha ovos de ouro. Por avidez e burrice, pensou: se a galinha abrisse, encontraria um tesouro. Ah, cobiça desastrada! Morta e aberta a galinha viu que lá não tinha nada! Por excesso de ambição, Podes perder teu quinhão. (La Fontaine) a) Por que o homem resolveu abrir a barriga da galinha? b) O narrador faz a seguinte exclamação: Ah, cobiça desastrada! Desastrada é o adjetivo atribuído à cobiça, isto é, uma cobiça capaz de causar um desastre. Você concorda com o narrador? c) Transforme o ensinamento expresso em linguagem metafórica, conotativa, em linguagem denotativa, isto é, aplicável no cotidiano: Por excesso de ambição, Podes perder teu quinhão. RESUMO RESUMINDO Você viu nesta Unidade I, que a literatura infantil tem sua origem nos estados-nação europeus, ainda no século XVIII, quando destacam a importância de um território, uma língua, como elementos da tradição nacional. 22 Módulo 5 I Volume 1 EAD

23 REFERÊNCIAS Referências: AQUINO, Rubim Santos Leão de; et al. Histórias das sociedades: das sociedades modernas às sociedades atuais. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, Unidade ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, Pires. CÂNDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, COELHO, Nelly Novaes. Panorama Histórico da Literatura/ Juvenil: das origens Indo-Européias ao Brasil Contemporâneo. São Paulo: Ática, GRIMM, Jakob. Contos de Grimm: animais encantados. Apresentação, Tradução e Adaptação de Ana Maria Machado. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, LA FONTAINE, Jean de. Fábulas. Tradução de Ferreira Gullar. Rio de Janeiro: Revan,1999. MOUSNIER, Roland; LABROUSSE, Ernest. O século XVIII, o último século do antigo regime....(org). História geral das civilizações. Tradução de Vitor Ramos. São Paulo: DIFEL, (tomo V) OLIVEIRA, Pedro Paulo de Oliveira. A construção social da masculinidade. Belo Horizonte; Rio de Janeiro: UFMG/IUPERJ, RÉMOND, René. O Século XIX: Tradução de Frederico Pessoa de Barros. São Paulo: Cultrix, RENAN, Ernest. O que é uma nação. In: ROUANET, Maria Helena. Nacionalidade em questão. Universidade do Rio de Janeiro: IL, ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emílio ou da educação. Tradução de Roberto Leal Ferreira. São Paulo: Martins Fontes, ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social; Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens e outros. Tradução de Lourdes Santos Machado. São Paulo: Abril Cultural, Col. Os pensadores. SARAIVA, António José; LOPES, Óscar. História da Literatura Portuguesa. Porto: Porto Editora, UESC Pedagogia 23

24 Literatura Infanto-Juvenil A Literatura Infanto-juvenil e a formação dos estados nacionais europeus ANEXOS D Alembert: Foi muito influenciado por Descartes, conservando, portanto, a visão mecanicista do mundo, sendo a matéria, constituída de átomos que se repelem continuamente. Fonte: Diderot: Denis Diderot ( ), filósofo francês. Elaborou juntamente com D Alembert a Enciclopédia ou Dicionário racional das ciências, das artes e dos ofícios, composta de 33 volumes publicados, pretendia reunir todo o conhecimento humano disponível, que se tornou o principal vínculo de divulgação de suas ideias naquela época. Também se dedicou à teoria da literatura e à ética trabalhista. Fonte: Voltaire: Pode ser considerado como o filósofo que encerra o espírito do século XVIII. Por ser muito crítico da nobreza, foi exilado várias vezes. Em um desses exílios, teve contato, na Inglaterra, com as ideias de Locke, onde escreveu as famosas Cartas Inglesas, também chamadas de Cartas Filosóficas, criticando a política francesa. Foi um liberal convicto, ao defender os direitos civis, ainda que para aquele momento visse a necessidade do Despotismo Esclarecido, com a presença de filósofos junto ao rei. Fonte: Montesquieu: Ainda que tenha nascido em uma família de nobres, tornou-se crítico da monarquia absolutista e do clero. Sua obra mais significativa foi O espírito das leis, em que propõe uma teoria de governo, baseada no constitucionalismo e na separação dos poderes. A democracia como o filósofo concebeu via os poderes: executivo, legislativo e judiciário como instâncias autônomas e comandadas por pessoas diferentes, para que fosse evitado o arbítrio e a violência, levando-o a afirmar: Para que não se possa abusar do poder é preciso que, pela disposição das coisas, o poder freie o poder. Fonte: Rousseau: Alguns não veem o genebrino, radicado em Paris, como um enciclopedista racional, na medida em que valoriza a natureza, ainda que critique o poder absolutista, vindo a influenciar, já no Romantismo, seus escritores. Escreveu, entre outras obras: Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, na qual defende os homens vivendo na natureza, sem a propriedade privada, responsável pela miséria e a escravidão. Fonte: 24 Módulo 5 I Volume 1 EAD

25 Suas anotações

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27 UNIDADE II 2 A QUESTÃO DO CÂNONE E A LITERATURA INFANTO-JUVENIL Unidade OBJETIVO Identificar como a literatura infantil, em seu início, vinculase à tradição ocidental, na linha platônica, ao dar ênfase a um conteúdo a ser ensinado. 1 INTRODUÇÃO Nesta unidade, vamos mostrar a você como certa literatura infantil mantém-se, por sua postura, na tradição do cânone literário, quando se vincula à concepção de ver o artístico comprometido com o conteudismo platônico; da mesma forma seu menos valor, ao ser associada ao popular, por sua origem; à mãe ou à criança. UESC Pedagogia 27

28 Literatura Infanto-Juvenil A questão do Cânone e a Literatura Infanto-juvenil 2 O LITERÁRIO: DO MUNDO GREGO ÀS COMUNIDADES IMAGINADAS Ainda que a literatura infanto-juvenil tenha surgido na modernidade ocidental, vinculada aos interesses dos estados-nação europeus, faz-se necessário retomar o conceito de literatura, para a tradição greco-latina, que se confundia com a gramática (gramma), pois significava, assim como litteratus, a arte de conhecer a gramática e a poesia. Chega ao século XVIII, vinculada à noção de valor, portanto, ao ideológico, na medida em que fazia parte da formação educacional do cidadão. Ernest Curtius, em Literatura Européia e Idade Média Latina, justifica a ligação da literatura aos valores gregos: Simulacro [Do lat. simulacru.] Substantivo masculino Ant. 1.Imagem de divindade ou personalidade pagã; ídolo, efígie. 2. Ação simulada para exercício ou experiência:um simulacro de vestibular. 3.Falsificação, imitação: Não passa de um simulacro de herói. 4.Fingimento, disfarce, simulação. 5.Cópia ou reprodução imperfeita ou grosseira; arremedo: O cenário de O Guarani era apenas um simulacro de floresta brasileira; Se, abastados e engrandecidos, viemos de humildes e pobres, pretendemos muitas vezes fazer esquecer ao mundo o nosso berço; mas no abrigo familiar, deixada tão viciosa vergonha, abrimos o larário doméstico e tiramos dele os deuses da meninice, grosseiros simulacros das imagens paternas (Alexandre Herculano, Opúsculos, V, p ). 6.V. fantasma (3). Porque os gregos encontraram num poeta o reflexo de seu passado, de seus deuses. Não possuíam livros nem castas sacerdotais. Sua tradição era Homero. Já no séc. VI era um clássico. Desde então é a literatura disciplina escolar, e a continuidade da literatura européia está ligada à escola (1957, p.38). Nada podia abalar essa integração entre o poético e o político, pois a poesia, sendo simulacro, constitui imitação da aparência e não da realidade, só se justificando se estivesse a serviço da educação do povo grego. Com admissão da poesia em sua ágora, que se adequasse à Lei e à razão humana, através dos hinos aos deuses e em louvor aos homens famosos. Platão, em diálogo com Glauco, afirma: Quanto a seus protetores, que, sem fazer versos, amam a poesia, permitiremos que defendam em prosa e nos mostrem que não só é agradável, mas também útil, à república e aos particulares para o governo da vida. De bom grado os ouviremos, porque com isso só temos a lucrar, se nos puderem provar que aí se junta o útil ao agradável (PLA- TÃO,1994, p.403). 28 Módulo 5 I Volume 1 EAD

29 PARA CONHECER A filosofia platônica teve grande importância para a tradição ocidental. Leia o que vai abaixo e depois se informe mais sobre esse grande filósofo e suas obras. PLATÃO: nasceu em Atenas, em 428 ou 427 a.c., de pais aristocráticos e abastados, de antiga e nobre casta. Ao seu temperamento artístico deu, na mocidade, livre curso, que o acompanhou durante a vida toda, manifestandose na expressão estética de seus escritos. Suas obras, até hoje, são objeto de análise e apreciação, a mais conhecida, entretanto, é A República, em que defende, na forma de diálogo, um modelo aristocrático de poder, governado pelos intelectuais. Fonte: 2 Unidade Coloca, portanto, o literário a serviço do ideológico, na medida em que, para ter existência reconhecida, necessita ser útil à sociedade grega na formação de seus concidadãos. A razão deve conter a emoção, contrária a qualquer manifestação do desejo, fazendo, entretanto, concessão ao Belo, Bom e Justo, ao colocar o artístico em comum acordo com a ética. A literatura do período romântico, por outro lado, endossará as ideias correntes burguesas, e coloca-se disponível para compor as comunidades imaginadas (ANDERSON, 2008). O romantismo reflete a ambiência então operante. O romantismo alemão, - ainda que a princípio a Alemanha não estivesse unificada - procura nas raízes folclóricas, na tradição das narrativas orais, uma forma de sedimentar o seu cânone, com o culto ao Volksgeist, com forte valorização do dado local. Participantes do Círculo intelectual de Heidelberg, Jacob e Wilhelm Grimm, - filólogos, grandes folcloristas, estudiosos da mitologia germânica e da história do Direito alemão recolhem diretamente da memória popular as antigas narrativas, lendas ou sagas germânicas, conservadas por tradição oral. [...]. Buscando encontrar as origens da realidade histórica nacional, os pesquisadores encontraram a fantasia, o fantástico, o mítico... e uma grande Literatura Infantil surge para encantar crianças do mundo todo (COELHO, 1991 p.140). É, nesse cenário, que Goethe propõe o conceito de Literatura Universal (Weltliteratur), em atenção aos valores e crenças da modernidade europeia, sustentados na nação e em suas tradições, no progresso e na ciência. SAIBA MAIS O conceito de comunidades imaginadas trazido por Benedict Anderson embasa toda a argumentação desse estudioso, nascido na China, filho de pais ingleses, para explicar como um modelo imposto, coletivamente, é seguido por todos como algo tido como natural e espontâneo. Comunidades imaginadas: é o conceito que intitula uma obra de referência para os estudiosos das identidades nacionais e os processos de construção da nação. Anderson tem repensado as bases para o estudo da identidade nacional com um estudo teórico e empírico sistemático e aprofundado. Aqui, Anderson coloca que as comunidades nacionais são produto de um processo de desenvolvimento político, social e cultural que resulta na geração de uma relação imaginária com seus concidadãos nas imediações do Estado-Nação. A recuperação do conceito de imaginação nega a conotação pejorativa do termo, em oposição à realidade (realidade versus imaginação). Anderson examina a base material da imaginação para entender como se conforma uma comunidade nacional. Fonte: br/resumos/ver_resumo_c_ html UESC Pedagogia 29

30 Literatura Infanto-Juvenil A questão do Cânone e a Literatura Infanto-juvenil SAIBA MAIS Volksgeist: segundo a Escola Histórica, o povo é um ser vivo marcado por forças interiores e silenciosas que segrega uma espécie de consciência popular, o espírito do povo (Volksgeist). O povo é anterior e superior ao Estado e é do espírito do povo que brota tanto a língua quanto o direito, consideradas produções instintivas e quase inconscientes que nascem e morrem com o próprio povo. No caso específico do direito, o costume teria de ser mais importante do que a lei, porque o que emana do Volksgeist tem de estar numa posição superior aos próprios ditames do Estado. Fonte: espritodo-povo-volksgeist.html Dentro desse processo renovador, a criança é descoberta como um ser que precisava de cuidados específicos para sua formação humanística, cívica, espiritual, ética e intelectual. E os novos conceitos de Vida, Educação e Cultura abrem caminho para os novos e ainda tateantes procedimentos na área pedagógica e na literária. Pode-se dizer que é nesse momento que a criança entra como um valor a ser levado em consideração no processo social e no contexto humano (COELHO, 1991, p.139). Escritores como Charles Perrault, na França; os irmãos Grimm, na Alemanha; Andersen, na Dinamarca; e Callodi, na Itália; não hesitaram em voltar às raízes folclóricas medievais, na linha de ação presa ao ideal da construção dos estados-nação, com suas comunidades imaginadas. O idealismo romântico, então, acabou por criar o mito da infância, esta vista como a idade de ouro do ser humano, e, ao mesmo tempo, a adolescência (COELHO, 1991). E a volta ao passado significou a pedra de toque necessária para que a burguesia se impusesse; então, nada melhor do que a busca em tempos imemoriais de suas narrativas e de suas manifestações populares, como acontece com as produções dos primeiros escritores voltados ao público infantil: Charles Perrault, no século 17, [na França] e os irmãos Grimm, no início do século 19, [na Alemanha] se apropriam dos contos de fadas. Estes relatos fundam-se preferencialmente numa ação de procedência mágica, resultante da presença de um auxiliar com propriedades extraordinárias que se põe a serviço do herói: uma fada, um duende, um animal encantado (ZILBERMAN; MAGALHÃES, 1984, p.15). É o que ocorre, por exemplo, em O Gato de Botas, de Charles Perrault, que traz em seu enredo o pragmatismo esperado para a nova sociedade. Como afirma Nelly Novaes Coelho, em Literatura Infantil: teoria, análise, didática (2000): Em épocas de consolidação, quando determinado sistema se impõe, a intencionalidade pedagógica domina praticamente sem controvérsias, pois o importante para a criação no momento é transmitir valores para serem incorporados como verdades pelas novas gerações (2000, p.47). 30 Módulo 5 I Volume 1 EAD

31 O conto O Gato de Botas reflete toda a necessidade de impor um modelo de homem empreendedor, que soubesse superar qualquer dificuldade. A narrativa gira em torno da divisão de uma herança: tendo o pai falecido, deixou para seus três filhos, os seguintes bens - um moinho, para o mais velho; um burro, para o do meio; e um gato, para o mais novo. O que fazer com um gato? Logo, o gato colocou-se disposto a ajudar o seu dono: De hoje em diante meu destino É ao meu dono servir. Hei de cobri-lo de ouro! Basta de me divertir! Figura 2.1. Edição de wallpaper Shrek. Gato de Botas 2 Unidade Com este saco de pano Vou para o bosque distante. Um cérebro que trabalha Faz fortuna num instante. (Fábulas Encantadas) A partir daí, fez de tudo para promover o rapaz e, após mil peripécias, acaba por aproximá-lo do rei e de sua filha, com quem se casa e vivem felizes para sempre. O que está subjacente a esse conto é a valorização da iniciativa, típica dos valores burgueses então em ascensão. Não interessa sua origem, ou classe social, na qual você nasceu, basta o talento, Um cérebro que trabalha que Faz fortuna num instante. É o self-made men do sistema liberal, capitalista, pois, a princípio, todos são iguais perante a Lei. 3 A LITERATURA INFANTIL E SUA FUNÇÃO PROPEDÊUTICA A questão da literatura infanto-juvenil passa, necessariamente, por aquilo que se atribui como literário e como não-literário de acordo com a tradição ocidental, no qual estão incluídas as obras tidas como canônicas, ancoradas em pressupostos que vem desde a Grécia antiga. Nesse sentido, por um lado, essa literatura reedita a velha fórmula, que vem de Platão do Docere cum delectare (= ensinar deleitando). Entretanto, desde o seu início, padeceu de uma espécie de menos valia; talvez não tanto por seu vínculo aos valores correntes, mas por sua origem, isto é, os contos populares apresentavam domesticidade e função propedêutica, em que a figura da mãe era chamada como a primeira preceptora do filho UESC Pedagogia 31

32 Literatura Infanto-Juvenil A questão do Cânone e a Literatura Infanto-juvenil Propedêutica: adj. 1. Que serve de introdução; preliminar. da burguesia e depois a escola assumia esse papel. Tal paradoxo, entre o ideário do Liberalismo e a promoção dos direitos da mulher, colocou-se de pronto, mesmo que o símbolo da Revolução tenha sido a Marianne, eternizada em suas vestes desnudas por Delacroix. SAIBA MAIS O conceito de cânone literário esteve presente desde os gregos, como algo a ser seguido pelos escritores. Canônicas: relativo ao cânone; termo derivado da palavra grega kanon, que designava uma espécie de vara com funções de instrumento de medida; mais tarde, o seu significado evoluiu para o de padrão ou modelo a ser aplicado como norma. É, no século IV, que encontramos a primeira utilização generalizada de cânone: trata-se da lista de Livros Sagrados, que a Igreja cristã homologou como transmitindo a palavra de Deus, logo representando a verdade e a lei que devia alicerçar a fé e reger o comportamento da comunidade de crentes. Após a rejeição de certos livros, denominados apócrifos, o cânone bíblico tornou-se fechado, inalterável, distinguindo-se nesse aspecto do outro referente do cânone teológico, o conjunto de Santos Padres a que a Igreja Católica periodicamente acrescenta novos indivíduos, através de um processo chamado canonização. Importante para a história posterior do conceito é, pois, a ideia de que canônica é uma seleção (materializada numa lista) de textos e/ ou indivíduos adotados como lei por uma comunidade e que lhe permitem a produção e reprodução de valores (normalmente ditos universais) e a imposição de critérios de medida que lhe possibilitem, num movimento de inclusão/ exclusão, distinguir o legítimo do marginal, do heterodoxo, do herético ou do proibido. Neste sentido, torna-se claro que um cânone veicula o discurso normativo e dominante num determinado contexto, teológico ou outro, e é isso que subjaz a expressões como o cânone aristotélico, cânones da crítica etc. Acompanhando o processo de secularização da cultura em marcha desde o Renascimento, o conceito e o termo vieram progressivamente a ser aplicados ao domínio da literatura, muitas vezes, sob a forma de expressões como os clássicos ou as obras-primas. O cânone literário é, assim, o corpo de obras (e seus autores) social e institucionalmente consideradas grandes, geniais, perenes, comunicando valores humanos essenciais, por isso, dignas de serem estudadas e transmitidas de geração em geração. Tal definição é válida, quer se trate de um cânone nacional, presumindo-se que o povo se reconhece nas suas características específicas, quer se trate do cânone universal, o que significa de fato, dada à própria origem histórica da categoria literatura, um cânone eurocêntrico ou, quanto muito, ocidental. Fonte: O quadro, constante da Figura 2.2, retrata os representantes da sociedade francesa da época e a Liberdade, encerrada em uma mulher, seria uma espécie de síntese de todas as classes sociais. O conto A Dama e o Leão, dos irmãos Grimm encerra as normas comportamentais a serem seguidas pelos gêneros, com destaque para valores como contenção, recato e incentivo à superação, e os dotes a serem preservados pela mulher: beleza, modéstia, pureza. 32 Módulo 5 I Volume 1 EAD

33 Unidade 2 Figura 2.2. Delacroix La Libertè guidant le peuple Fonte: < A narrativa apela sobremodo para o fantástico como solução para os problemas existenciais enfrentados pelos personagens. Assim, a menina pobre casa com o Príncipe, que se transveste de vários bichos, como leão: Ora, o leão era um príncipe encantado, que durante o dia era leão. Todo o seu séquito também se constituía de leões. À noite, porém, reassumia a forma humana (s/d, p.81). Entre outros animais, está a pomba: Mas o leão disse que seria perigoso demais, pois se um raio de luz tocasse nele o transformaria em pomba, e ele teria de voar durante sete anos. [...] - Durante sete anos devo voar pelo mundo disselhe a pomba.- A cada sete passos deixarei cair uma gota de sangue e uma pena branca, para te mostrar o caminho. Tu me seguirás e me libertarás. Dizendo isso, a pomba voou e saiu pela porta. Ela seguiu-a e a cada sete passos a ave deixava cair uma gota de sangue e uma pequena pena branca, a fim de mostrar o caminho (s/d, p.82). Em certo momento, deixaram cair a pena branca e a gota de sangue, com a pomba desaparecida. Para resgatá-la, a princesa correu mundo. Foi ao sol, à lua, ao vento da noite, ao vento leste e ao oeste. Aí o vento sul disse: UESC Pedagogia 33

34 Literatura Infanto-Juvenil A questão do Cânone e a Literatura Infanto-juvenil - Vi uma pomba branca. Voou para o mar Vermelho, onde se tornou de novo um leão, pois que os sete anos se passaram. E o leão está sempre lutando com um dragão que é uma princesa encantada (s/d, p.83). E o vento deu-lhe mais conselhos, mas, infelizmente, quando o dragão e a pomba tomaram a forma humana,... a princesa que tinha sido dragão se viu livre do encanto, tomou o príncipe nos braços, sentou-se nas costas do grifo e levou-o embora. E a pobre viajante, mais uma vez abandonada, sentou-se e pôs-se a chorar (s/d, p.84). No entanto, logo tomou uma resolução: Para onde o vento soprar eu irei, e enquanto o galo cantar eu procurarei e hei de achálo (p.84). E o vento levou-a a muitos lugares até chegar ao castelo aonde o príncipe e a princesa iam se casar. Lá, solicitou um encontro com o noivo e, enquanto esse dormia, falou ao seu ouvido: - Durante sete anos te segui. Estive com o sol, com a lua, com os quatro ventos, à tua procura. Ajudei-te a vencer o dragão, e agora me esquecerás? (s/d, p.85). O príncipe, de início, nada entendeu e perguntou ao camareiro que sons tinham sido aqueles, que ouvira durante a noite, ao que esse respondeu que lhe fora administrada uma droga sonífera, devido à presença de uma pobre moça. Então, o príncipe ordenou que permitisse a entrada novamente da moça em seus aposentos e que gostaria de tomar mais uma vez os comprimidos para dormir. Nesse tempo, ao começar a relatar sua história, o príncipe reconheceu a voz de sua querida esposa e falou: - Agora estou realmente livre, pela primeira vez. Tudo foi como um sonho, pois a princesa estrangeira lançou-me um encanto pelo qual esqueci de ti. Mas o céu, numa hora feliz, afastou de mim aquela cegueira (s/d, p.86). E foram felizes para sempre... mulheres: Badinter assinala a condição a que foram relegadas as Sem dúvida, as mulheres foram as deixadas-porconta da Revolução. No momento em que o ideal re- 34 Módulo 5 I Volume 1 EAD

35 volucionário colocava a igualdade formal abaixo das diferenças naturais, ao sexo resta o último critério de distinção. Os Judeus foram emancipados pelo decreto de 27 de setembro de 1791, a escravidão dos negros abolida (nas colônias francesas) em 4 de fevereiro de 1794, mas, apesar dos esforços de alguns, a condição das mulheres não foi modificada. Os direitos do Homem, direitos naturais ligados à pessoa humana não as reconhece. O Código Civil de Napoleão (1804) manteve a desigualdade dos sexos [...]. Aos homens, os direitos; às mulheres, os deveres. O imperador interveio pessoalmente para restabelecer em sua plenitude a autoridade do marido, ligeiramente abalada no fim do século XVIII. Insistiu para que, no dia do casamento, a mulher reconhecesse claramente que devia obediência ao marido (BADINTER, 1986, p ). 2 Unidade Sinalizam-se, assim, previamente, a ocupação dos lugares, em que a polis, da sociedade administrada, continuava sendo a seara do masculino, enquanto às mulheres ficava reservado, em uma espécie de não-lugar, o foyer, o emparedamento do restrito. Como afirma Almeida: A ideologia burguesa intentou mantê-las confinadas no espaço doméstico, e essa domesticidade era desejada e mantida a todo custo. Positivistas e higienistas foram determinantes para conseguir alicerçar a concepção da mulher-mãe, guardiã dos lares, mãe extremosa, tudo o mais que se seguiu ideologicamente foi preservar o culto ao feminino e manter a mulher intocada dos efeitos nocivos da vida terrena, em um espaço próprio, no qual dominavam os sentimentos, a espiritualidade e a superioridade do coração sobre a razão, o que significava o cerne de sua existência (ALMEIDA, 2007). Enquanto a mulher ocupava o espaço da invisibilidade, mulher-mãe, guardiã dos lares, mãe extremosa, deixava o espaço público livre para que o homem transitasse. Então, a literatura infanto-juvenil surge nessa dimensão de dependência aos valores do estado burguês, mas, a partir de uma não-cidadã, mas importante no arranjo dos interesses postos, sobre uma criança. Ambos, mãe e filho, são considerados infantis, vistos como menores, por isso, sem voz, uma vez que infantil é aquele, que não é sujeito de sua própria enunciação. O incentivo ao hábito de leitura ocorre paralelamente para a mulher e para a criança, como símbolo de civilidade urbana: [A] leitura, enquanto prática difundida em diferentes camadas sociais e faixas etárias, isto é, enquanto um procedimento de obtenção de informações [do] cotidiano e acessível a todos, e não raro erudito, é UESC Pedagogia 35

36 Literatura Infanto-Juvenil A questão do Cânone e a Literatura Infanto-juvenil uma conquista da sociedade burguesa do século 18. A expansão do mercado editorial, a ascensão do jornal como meio de comunicação, a ampliação da rede escolar, o crescimento das camadas alfabetizadas todos estes são fenômenos que se passam entre o Iluminismo, sendo esta filosofia a sistematização e culminância do processo civilizatório. O ler transformou-se em instrumento de ilustração e sinal de civilidade (ZILBERMAN; MAGALHÃES, 1984, p.21). A novela em verso Grisélidis, de Charles Perrault, trata-se de uma fábula, no sentido de algo fantasioso, do folclore francês, em que tece elogios aos atributos femininos como a fidelidade, a paciência e a submissão ao homem, bem nos moldes esperados Figura La Lecture ( ), de Berthe Morisot. Fonte: < para esse gênero. Grisélidis não tem voz e o príncipe, ao procurar a sua pretendente, valorizava a submissão feminina ao esposo. É o que ele afirma: Seus caminhos são tais, com tantas variantes, Que uma só coisa eu encontrarei Em que estão todas concordantes, É em querer ditar a lei. Ora, estou convencido, em nenhum casamento Se pode ter felicidade Quando os dois têm autoridade; Se pois quereis que a ele dê consentimento, Buscai-se jovem muito bela Livre de orgulho e de vaidade, De total obediência total, De uma paciência sem igual, E que não possua vontade; Quando a encontrardes, casarei com ela. (PERRAULT, 2007, p.22) Apesar de toda a maldade do príncipe, que, por ciúme, lhe rouba a filha e quase vem a se casar com ela, Grisélidis, a pobre pastorinha, comporta-se com resignação: Sois vós o meu Esposo, e meu Mestre, e Senhor, (Diz ela suspirando e quase a esvaecer), E, embora seja horrendo o que estejais a dizer, Quero fazer-vos sabedor 36 Módulo 5 I Volume 1 EAD

37 De que o que eu mais prezo é vos obedecer. (PERRAULT, 2007, p. 40) Assim o príncipe chega a conceder a glória a Grisélidis, reconhecendo-a como virtuosa, não por ela, mas por intermédio dele: Maior será minha solicitude Em prevenir os seus desejos De que já foi a minha inquietude Em oprimi-la de atos malfazejos; E se por todo o sempre há de estar a memória Dos desgostos que o seu coração tem sopeado, Quero que ainda mais celebrem essa glória Com que a virtude imensa eu lhe terei coroado. (PERRAULT, 2007, p. 46) 2 Unidade Tais atitudes são endossadas porque dos homens eram esperados vigor, coragem, perseverança, para que se tornassem vencedores. Por isso, Com a ascensão da burguesia, mais do que nunca a mulher passa a ser vista como um complemento do homem, que deveria ser aperfeiçoado e enobrecido pela afeição e o puro amor de uma mulher. Dessa foram ela se transforma em algo especialmente destinado à satisfação masculina (OLIVEIRA, 2004, p. 73). O filósofo Michel Foucault, crítico da modernidade, questionou não a relação da verdade com as coisas, mas a forma como os discursos são instituídos como princípio de verdade na sociedade, chamando atenção para como os jogos de verdade e exclusão são engendrados, isto é, organizados socialmente: Decifrar a história das idéias não é tanto visar um estabelecimento do verdadeiro e sim perceber arranjos que articulam jogos de verdade e de exclusão, que estabelecem o tolerado e o intolerável (apud DES- CAMPS, 1991, p.40). Para Foucault, o poder não se encontra em instâncias fechadas, isto é, em instituições, mas de forma difusa na estrutura social. Roberto Machado, estudioso da teoria foucaultiana, adverte, em Ciência e Saber: a trajetória da Arqueologia de Foucault (1981): Foucault: Michel Foucault ( ) foi professor de História dos Sistemas de Pensamento no Collège de France de 1970 a Autor das seguintes obras, nas quais analisa a construção da verdade os biopoderes e as disciplinas - para o Ocidente: História da loucura (1961), As palavras e as coisas, uma arqueologia das ciências humanas (1966), A Arqueologia do saber (1969), Vigiar e punir (1975) e História da sexualidade (1976). Fonte: PARA CONHECER HUISMAN, 2000, p.16, p. 270, p. 271, p.422, p UESC Pedagogia 37

38 Literatura Infanto-Juvenil A questão do Cânone e a Literatura Infanto-juvenil O Estado não é o ponto de partida necessário, o foco absoluto que estaria na origem de todo tipo de poder social e de que também se deveria partir para explicar a constituição dos saberes nas sociedades capitalistas (MACHADO, 1981, p.190). Alerta-nos, entretanto, que o poder do Estado instituído em uma sociedade também exerce sua coerção, sobre os cidadãos, entre outras microfísicas, isto é, aquilo que não é percebido, mas que coage para a manutenção de uma verdade. Então, as regras de sujeição disciplinar vão determinar as fronteiras do permitido e do não permitido, porque se embasam em pares que se opõem: alto/baixo, claro/escuro, natureza/cultura, homem/mulher, centro/periferia. Em Vigiar e punir, Foucault vai nos dizer que as disciplinas atravessam o corpo social e a realidade mais concreta do ser humano o próprio corpo como uma rede, sem que suas fronteiras sejam delimitadas, através de: Métodos que permitem o controle minucioso das operações do corpo, que asseguram a sujeição constante de suas forças e lhes impõem uma relação de docilidade-utilidade (FOUCAULT, 1977, p.139). Logo, os estados-nação impõem uma norma comportamental a ser vigiada e punida, em nome da ordem a ser mantida, tanto no espaço doméstico quanto no público. Os primeiros textos voltados para as crianças estiveram atrelados ao estado-nação e, portanto, à pedagogia, pois: O aspecto meramente lúdico de um texto não justificava a publicação, apenas o critério de utilidade educativa legitimava a difusão de histórias infantis (ZILBERMAN, 1984, p.41). A obra infantil, desse modo, assume o compromisso de transmitir as regras, através do sonho, de que a criança necessitava para transitar, de forma ajustada, na sociedade. Nesse sentido, a fatura estética voltada para a petizada acaba por se encerrar em duas chaves, uma voltada para a manutenção da ordem dominante, o docere platônico; outra que enseja a ousadia, o delectare, devido ao mundo do faz de conta, entretanto, pleno de verossimilhança, isto é, à luz de Aristóteles em Arte Retórica e Arte Poética (1964), aquilo que tem a aparência da verdade, no literário. Como afirma Coelho: Os que são impelidos mais fortemente pelas forças da renovação exigem que a literatura seja apenas entretenimento, jogo descompromissado (pois é justamente a atividade lúdica que tem por função desarticular estruturas estáticas, já cristalizadas com o tempo) (COELHO, 2000, p.47). 38 Módulo 5 I Volume 1 EAD

39 Assim, o lúdico, puro jogo, descola o texto infantil do pragmatismo ético-social, levando o leitor mirim à aventura espiritual, à fruição estética. 2 ATIVIDADES ATIVIDADES 1. Comente a intenção de Charles Perrault, acerca de seus escritos, a partir da seguinte citação de Contes du temps passé, avec des moralités, publicado em 1697: Unidade... Houve pessoas que perceberam que essas bagatelas não são simples bagatelas, mas que guardam uma moral útil e que a narração que as conduz não foi escolhida senão para fazer entrar (tal moral) de uma maneira mais agradável no espírito, e de uma maneira que instrui e diverte ao mesmo tempo. Isso me basta para não temer o ser acusado de me divertir com coisas frívolas. Mas como há pessoas que não se deixam tocar senão pela autoridade dos antigos Leia o conto Os dois Irmãos, dos irmãos Grimm, e, a partir dos fragmentos destacados a seguir, identifique o princípio pedagógico que encerra o conteúdo da narrativa: a) Era uma vez dois irmãos, um rico e outro pobre. O rico era ourives, e malvado até não poder mais. O pobre ganhava a vida fabricando vassouras, e era bom e honesto (GRIMM, 2002, p.25). b) Acontece que o ourives era esperto e sabia uma porção de coisas. Sabia que tipo de pássaro era aquele (GRIMM, 2002, p.27). c) Fique sabendo que esse pássaro não era como os outros. Tinha uma coisa maravilhosa: quem comesse o coração e o fígado dele passaria a achar, todas as manhãs, uma moeda de ouro debaixo do travesseiro (GRIMM, 2002, p.27). d) - Não há nada de mal nisso disse o caçador - desde que vocês continuem sendo bons e honestos e não comecem a ficar preguiçosos (GRIMM, 2002, p.29). e) - Seria muito melhor se quem não tivesse língua fossem os mentirosos. As línguas de um dragão são a presa do matador do dragão (GRIMM, 2002, p.50). UESC Pedagogia 39

40 Literatura Infanto-Juvenil A questão do Cânone e a Literatura Infanto-juvenil f) A misericórdia é mais importante que o direito. Pode ficar com sua estalagem. E também vou lhe dar mil moedas de ouro, de presente (GRIMM, 2002, p.52). g) Mas o caçador era muito esperto. Arrancou três botões de prata do paletó e carregou a arma com eles, porque contra a prata não havia poder mágico (GRIMM, 2002, p.56). h) Aí ele ficou sabendo como seu irmão lhe tinha sido fiel (GRIMM, 2002, p.58). RESUMINDO RESUMO Foram mostrados, nesta Unidade II, a origem do cânone literário e o modo como a Literatura infantil inseriu-se na tradição ocidental, vinculada, ainda que a sua manutenção encerre uma certa desvalorização em relação ao literário, sem adjetivação, talvez por seu vínculo à sua origem popular, à figura da mãe, sem peso político, fora do lar, e à criança, em sua dependência ao adulto. REFERÊNCIAS Referências ALMEIDA, J. S. de. Ler as letras: por que educar meninas e mulheres? São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo: Campinas: Autores Associados, ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. Tradução de Denise Bottman. São Paulo: Companhia das Letras, ARISTÓTELES. Arte Retórica e Arte Poética. Tradução de Antônio Pinto de Carvalho. São Paulo: Difusão Européia do Livro, BADINTER, Elisabeth. Um e o outro. Tradução de Carlota Gomes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, Módulo 5 I Volume 1 EAD

41 COELHO, Nelly Novaes. Panorama Histórico da Literatura/ Juvenil: das origens Indo-Européias ao Brasil Contemporâneo. São Paulo: Ática, COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna, CURTIUS, Ernest. Literatura Européia e Idade Média Latina. Tradução de Teodoro Cabral. Rio de Janeiro: INL, Unidade DESCAMPS, Christian. As Idéias Filosóficas Contemporâneas na França. Tradução de Arnaldo Marques. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, FOUCAULT, Michel. Fábulas Encantadas. São Paulo: Abril Cultural, FOUCAULT, Michel. A Arqueologia do Saber. Tradução de Luis Felipe Baeta Neves. Rio de Janeiro: Forense Universitária, FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas. Tradução de Salma Tannus Muchail. São. Paulo: Martins Fontes, FOUCAULT, Michel. História da loucura. Tradução de José Teixeira Coelho. São Paulo: Perspectiva, FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Tradução de Lygia M. Pondé Vassalo. Petrópolis: Vozes, GRIMM, Jakob. Contos de Grimm: animais encantados. Apresentação, Tradução e Adaptação de Ana Maria Machado. Ilustração de Ricardo Leite. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, MACHADO, Roberto. Ciência e Saber: a trajetória da arqueologia de Michel Foucault. Rio de Janeiro: Graal, PLATÃO. A República. Tradução de Jair Lot Vieira. São Paulo: EDIPRO,1994. ZILBERMAN, Regina; MAGALHÃES, Lígia Cademartori. Literatura infantil: autoritarismo e emancipação. São Paulo; Ática, UESC Pedagogia 41

42 Suas anotações

43 UNIDADE III LITERATURA INFANTO-JUVENIL E O LUDOS 3 OBJETIVO Compreender como o texto infantil pode despertar o prazer estético, distanciando-se, assim, de um conteúdo pedagógico de ensinamento. Unidade 1 INTRODUÇÃO Nesta unidade, vamos apresentar a você uma visão mais lúdica do texto da literatura infantil e como esse é capaz de despertar o prazer estético em seu leitor. UESC Pedagogia 43

44 Literatura Infanto-Juvenil Literatura Intanfo-juvenil e o Ludos 2 DE ARISTÓTELES AO LUDOS Se voltarmos aos conceitos aristotélicos, podemos dimensionar a literatura infanto-juvenil além da ênfase conteudística, isto é, que destaca o conteúdo inserido na obra, na linha da tradição platônica. Aristóteles, discípulo de Platão, distancia-se do mestre em suas colocações acerca do artístico. para ele, a literatura é verdadeira e séria, por princípio, uma vez que o poeta se ocupa do que poderia ter acontecido, segundo a verossimilhança ou a necessidade, e não com o que aconteceu, como o faz o historiador. PARA CONHECER Aristóteles: nasceu em Estagira, na península macedônica da Calcídica (por isso é também chamado de o Estagirita). Era filho de Nicômaco, amigo e médico pessoal do rei Amintas 2 o, pai de Filipe e avô de Alexandre, o Grande. Aristóteles mudou-se para Atenas, então o centro intelectual e artístico da Grécia, e estudou na Academia de Platão até a morte do mestre, no ano 347 a.c. Depois disso, passou algum tempo em Assos, no litoral da Ásia Menor (atual Turquia), onde se casou com Pítias, a sobrinha do tirano local. Sendo este assassinado, o filósofo fugiu para Mitilene, na ilha de Lesbos. Foi depois convidado para a Corte da Macedônia onde, durante três anos, exerceu o cargo de tutor de Alexandre, mais tarde o Grande. Em 355 a.c., voltou a Atenas e fundou uma escola próxima ao templo de Apolo Lício, de onde recebeu seu nome: Liceu. O caminho coberto ( peripatos ) por onde costumava caminhar enquanto ensinava deu à escola outro nome: Peripatética. A escola se tornaria a rival e, ao mesmo tempo, a verdadeira herdeira da Academia platônica. Aristóteles é considerado um dos mais fecundos pensadores de todos os tempos. Suas investigações filosóficas deram origem a diversas áreas do conhecimento. Entre outras, podem-se citar a biologia, a zoologia, a física, a história natural, a poética, a psicologia, sem falar em disciplinas propriamente filosóficas como a ética, a teoria política, a estética e a metafísica. As obras de Aristóteles que sobreviveram ao tempo foram obtidas a partir de anotações do próprio autor para suas aulas, de textos didáticos, de anotações dos discípulos, ou ainda de uma mistura de várias fontes. De suas obras, destacam-se Organon, dedicada à lógica formal; Ética a Nicômaco (cujo título indica o tema; Nicômaco era também o nome de seu filho); Poética e Política. FONTE: No capítulo IX da sua Arte Poética, que nos chegou de forma incompleta, afirma: [...] a poesia [isto é, a literatura] é mais filosófica e de caráter mais elevado que a história, porque a poesia permanece no universal e a história estuda apenas o particular (ARISTÓTELES, 1964, p.278). Aristóteles, então, destaca a autonomia do artístico, na medida em que o vê como uma unidade, um todo orgânico, em transcendência com a realidade evocada. Por isso, o conceito de 44 Módulo 5 I Volume 1 EAD

45 cópia, de mímesis, deve ser entendido semelhante a uma espécie de recriação não assujeitada aos princípios da racionalidade, uma vez que essa é capaz de criar um mundo coerente em sua universalidade, com harmonia e perfeição. SAIBA MAIS MÍMESIS ou MIMESE. do gr. mímesis, imitação (imitatio, em latim), designa a ação ou faculdade de imitar; cópia, reprodução ou representação da natureza, o que constitui, na filosofia aristotélica, o fundamento de toda a arte. O fenômeno não é um exclusivo do processo artístico, pois toda atividade humana inclui procedimentos miméticos como a dança, a aprendizagem de línguas, os rituais religiosos, a prática desportiva, o domínio das novas tecnologias, etc. Por esta razão, Aristóteles defendia que era a mímesis que nos distinguia dos animais. Os conceitos de mímesis e poeisis são nucleares na filosofia de Platão, [ainda que Platão não tenha usado esses termos], na Arte Poética de Aristóteles e no pensamento teórico posterior sobre estética, referindo-se à criação da obra de arte e à forma como essa reproduz objetos pré-existentes. O primeiro termo aplica-se a artes tão autônomas e ao mesmo tempo tão próximas entre si, como a poesia, a música e a dança, nas quais o artista se destaca pela forma como consegue imitar a realidade. A mímesis pode indiciar a imitação do movimento dos animais ou o seu som, a imitação retórica de uma personagem conhecida, a imitação do simbolismo de um ícone ou a imitação de um ato musical. Esses exemplos podemos colher facilmente na literatura grega clássica. As posições iniciais de Platão, em A República, para quem a imitação é, sobretudo, produção de imagens e resultado de pura inspiração e entusiasmo do artista perante a natureza das coisas aparentemente reais (o que se vê em particular na comédia e na tragédia), e de Aristóteles, na Arte Poética, para quem o poeta é um imitador do real por excelência, mas seu intérprete, função que compete ao cientista, foram largamente discutidas até hoje. Em particular, a questão da poesia ainda permanece em aberto: seguimos com Platão se aceitarmos que a imitação fica no nível da lexis, ou seguimos com Aristóteles, se aceitarmos que todo o mundo representado ou logos está em causa e que não resta ao artista outra coisa que não seja descrever o mundo das coisas possíveis de acontecer, coisas a que chamamos verossimilhanças e não propriamente representações diretas do real? Os tratadistas latinos, como Horácio, defenderão o princípio aristotélico, reclamando que a pintura como a poesia (ut pictura poesis), por exemplo, são artes de imitação. O filósofo Jacques Derrida propõe uma reflexão mais radical sobre o conceito de mímesis: o real é, em síntese, uma replicação do que já está descrito, recontado, expresso na própria linguagem. Falar nesse caso de imitação do mundo é aceitar que repetimos apenas uma visão apreendida na linguagem. A semiótica contemporânea substituiu o conceito de imitação pelo conceito de iconicidade nos estudos literários. 3 Unidade Fonte: A obra tem o compromisso de transmitir as regras, entretanto, plena de verossimilhança, isto é, à luz de Aristóteles (1964), aquilo que tem a aparência da verdade, mundo do faz de conta, no literário, de que a criança necessita para transitar, de forma, ajustada, na sociedade. Nas palavras de Nelly Novaes Coelho; aliás já citada na aula anterior: UESC Pedagogia 45

46 Literatura Infanto-Juvenil Literatura Intanfo-juvenil e o Ludos Os que são impelidos mais fortemente pelas forças da renovação exigem que a literatura seja apenas entretenimento, jogo descompromissado (pois é justamente a atividade lúdica que tem por função desarticular estruturas estáticas, já cristalizadas com o tempo) (COELHO, 2000, p.47). Assim, o lúdico, puro jogo, descola o texto infantil do pragmatismo ético-social, levando o leitor mirim à aventura espiritual, à fruição estética. E o didatismo das produções voltadas às crianças começa a ser refutado na metade do século XIX, em nome do lúdico, em obras como Alice no país das maravilhas, de Lewis Carroll, [como As Aventuras de Pinóquio, de Carlo Collodi, A ilha do tesouro, de Robert L. Stevenson e as histórias de Mark Twain: As aventuras de Tom Sawyer e As aventuras de Huckleberry Finn (ZILBERMAN, 1984, p.41). PARA CONHECER Lewis Carroll: nasceu em Daresbury, Cheshire, 1832, e faleceu em Guildford, Surrey, Escritor e matemático britânico. Homem de caráter tímido adota esse pseudônimo para as suas obras literárias, o seu verdadeiro nome (Charles Lutwidge Dodgson) utiliza-o para as obras científicas. De formação universitária, é professor de matemática em Oxford e estudioso da lógica matemática. Escreve diversos relatos de falsa aparência infantil, cuja matéria narrativa está, ilusoriamente, próxima do absurdo. Amador entusiasta da fotografia elabora vários álbuns de retratos de meninas; e para uma delas, Alice Liddell, escreve a sua obra mais famosa, Aventuras de Alice no País das Maravilhas (1845), conto de surpreendente originalidade. Outras obras do mesmo gênero são Through the Looking-Glass and What Alice Found There (continuação da anterior, cujo grande êxito compartilha), Figura Lewis Caroll. Fonte: < Ficheiro:LewisCarrollSelfPhoto. jpg>. Sylvie and Bruno (carregada de um sentimentalismo moralizante) e The Hunting of the Snark. Esta última, que parece uma estranha poesia sem sentido, esconde possibilidades de interpretação simbólica que fascinam a crítica moderna. Carroll serve-se da capacidade infantil para observar a realidade com total ingenuidade, capacidade que utiliza para evidenciar os aspectos absurdos e incoerentes do comportamento dos adultos e para animar jogos encantadores baseados nas regras da lógica. Fonte: Carlo Collodi: Carlo Lorenzini nasceu em Florença em 24 de novembro de 1826, numa família modesta. Completados os estudos no seminário, colaborou em numerosos jornais, escreveu romances e peças de teatro. Começou a dedicar-se à literatura para a infância em 1875; adotou, entretanto o pseudônimo de Collodi, nome da terra natal de sua mãe. A sua obra-prima, As Aventuras Figura Carlo Collodi. Fonte: < Carlo_Collodi>. 46 Módulo 5 I Volume 1 EAD

47 de Pinóquio, foi inicialmente publicada em episódios no Giornale per i Bambini, surgindo em livro em Carlo Collodi morreu em Florença em 26 de outubro de Fonte: < q1area_--_3dcatalogo --_3D_obj_--_3D q236 q30 q41 q5.htm>. Robert L. Stevenson: (13 de novembro de 1850, Edimburgo 3 de dezembro de 1894, Apia, Samoa), foi um novelista, poeta e escritor de roteiros de viagem. Escreveu clássicos como A Ilha do Tesouro, O Médico e o Monstro e As Aventuras de David Balfour também traduzido como Raptado. Nascido em Edimburgo, capital da Escócia, Stevenson era filho de um engenheiro e de uma pastora puritana. Tanto o pai como a mãe carregavam uma tradição familiar em seus ofícios e isso determinou em muitos aspectos a vida do autor. Filho de engenheiro, ele acaba entrando, em 1866, na faculdade de engenharia de Edimburgo. Lá, estuda e escreve durante 1871 e 1872 para Figura 3.3 Robert L. Stevenson. Fonte: < wiki/robert_louis_stevenson>. o jornal universitário, o Edimburgh University Magazine, revelando seu gosto e talento para a literatura. No ano de 1873, após concluir a faculdade, Robert muda-se para a cidade de Londres, Inglaterra, pois sentia-se deslocado no ambiente familiar, marcado por um clima coercitivo e pela inexorável moral e religiosidade puritanas. Em sua curta estadia na cidade, passa a frequentar os salões literários para, algum tempo depois, partir por uma longa viagem pela Europa continental. O ano de 1876 é importante em sua vida particular, pois nesse ano conhece uma mulher norte-americana, Fanny Ousborne, com a qual se iria casar, em 1880, em São Francisco, Estados Unidos. Volta à Inglaterra e traz consigo a esposa e um enteado, chamado Lloyd. No ano seguinte, é internado na cidade de Davos, Suíça, para tratar sua tuberculose, que há anos o vinha acompanhando. A carreira de engenheiro, jamais exercida, é preterida pela de escritor, que, a partir de 1882, é marcada por uma acentuada proficuidade. Conhece a notoriedade artística ao escrever, em 1886 The Strange case of Dr.Jekyll and Mr.Hyde, um de seus maiores sucessos literários. Com a morte do pai, em 1887, Stevenson retorna aos Estados Unidos, onde volta a tratar de sua tuberculose. No ano seguinte, aventura-se num veleiro em diversos arquipélagos do Pacífico-Sul, junto com a esposa e o enteado. Apaixonado pela paisagem paradisíaca se estabelece definitivamente nas Ilhas Samoa, em Morre, prematuramente, em 3 de dezembro de 1894, vítima de um ataque cardíaco. 3 Unidade Fonte: < Mark Twain: Samuel Langhorn Clemens, mais conhecido como Mark Twain, foi um escritor estadunidense que nasceu na Florida, no dia 30 de novembro de 1835, e se criou às margens do rio Mississipi. Twain foi um aventureiro incansável, que encontrou em sua própria vida a inspiração necessária para sua obra literária. Aos doze anos, seu pai morreu, então, Mark largou os estudos e começou a trabalhar como aprendiz de topógrafo numa editora, onde começou a escrever seus primeiros artigos jornalísticos. Aos dezoito anos, saiu de casa para correr atrás de aventuras e fortuna. Trabalhou como tipógrafo, como aprendiz de piloto de uma embarcação movida a vapor, até que Figura Mark Twain. Fonte: < a Guerra da Secessão (1861) interrompeu sua carreira de piloto. Em seguida, partiu para o oeste, em direção às Twain >. montanhas de Nevada, onde trabalhou em campos de mineração. Seu desejo de enriquecer o levou a procurar ouro, sem muitos resultados, fato que o obrigou a trabalhar como jornalista. Seu primeiro êxito literário aconteceu, em 1865, com um conto de curta duração, chamado A Célebre Rã Saltadora do Condado de Calaveras, que apareceu num periódico já assinado como Mark Twain. Como jornalista, viajou a São Francisco, onde conheceu o escritor UESC Pedagogia 47

48 Literatura Infanto-Juvenil Literatura Intanfo-juvenil e o Ludos Bret Harte, que o incentivou a prosseguir na carreira literária. Foi à Polinésia e à Europa, cujas experiências foram relatadas no livro Os inocentes no Estrangeiro (1869). Depois de se casar, em 1870, com Olivia Langdon, estabeleceu-se em Connecticut. Seis anos depois, publicou a primeira novela que lhe daria fama: As aventuras de Huckleberry Finn (1882), obra também ambientada nas margens do rio Mississipi, mas não tão autobiográfica como Tom Sawyer, sua obra prima e uma das mais destacadas da literatura estadunidense. É preciso destacar também Vida no Mississipi (1883) que, além de uma novela, é uma esplêndida evocação do sul, não isenta de crítica, consequência do seu trabalho como piloto. Com um estilo popular e cheio de humor, Twain contrapõe estas obras ao mundo idealizado da infância, inocente e ao mesmo tempo astuta, com uma concepção desencantada do homem adulto, do homem da era industrial, da era dourada, enganado pela moralidade e pela civilização. Contudo, nas obras que se seguiram, o sentido de humor e a ternura do mundo infantil dão lugar a um pessimismo e amargura cada vez mais evidentes, expressados com ironia e sarcasmo. Uma série de desgraças pessoais, como o falecimento de sua esposa e de uma de suas filhas, bem como falta de dinheiro, escureceram seus últimos anos de vida. Depois de publicar mais de 35 livros, Mark Twain faleceu, em Redding, no dia 21 de abril de Fonte: < Alice no país das maravilhas narra o sonho de Alice, em que ela cresce e diminui várias vezes, transitando por mundos nunca vistos: Alice estava começando a se cansar de ficar ali sentada no barranco ao lado da irmã, sem nada para fazer. [...] Porém, quando o Coelho realmente tirou um relógio do bolso do colete, olhou as horas e seguiu caminho apressado, Alice ergue-se de um pulo, ardendo de curiosidade. Ela saiu correndo atrás dele pelo campo afora, alcançando-o bem a tempo de vê-lo pular para dentro de uma grande toca embaixo da sebe (2002, p.11). A partir daí, Alice percorre: 2. A lagoa de lágrimas; 3. Uma corrida política e uma história de cabo a rabo; 4. O Coelho envia um pequeno emissário; 5. Conselhos de um Bicho-da-Seda; 6. Porco e pimenta; 7. Um chá muito louco; 8. O campo de croquê da Rainha; 9. A história da Tartaruga de Imitação; 10. A Quadrilha das Lagostas; 11. Quem roubou as tortas? E, finalmente, 12. O depoimento de Alice; quando ela acorda com a cabeça no colo da irmã: - Este foi, certamente, um sonho curioso, querida - disse a irmã. - Mas já está ficando tarde. - Assim, Alice levantou e saiu correndo. [...] A grama alta farfalhou aos seus pés quando o Coelho Branco passou correndo. Ela podia ouvir o tilintar das xícaras de chá enquanto a Lebre de Março e seus amigos compartilhavam sua interminável refeição e, a distância, os soluços da infeliz Tartaruga de Imitação. Assim ficou sentada, de olhos fechados e meio acreditando, ela mesma, no País das Maravilhas, embora soubesse 48 Módulo 5 I Volume 1 EAD

49 que bastaria abri-los de novo, e a grama estaria farfalhando ao vento (2002, p ). Essa narrativa distancia-se da pretensão tradicional do didatismo, sem fechar-se em uma intenção calcada na lógica da causa e do efeito. Traz, através da ambigüidade, o sentido não fechado da imprevisibilidade. Como, por exemplo, na sentença lógica, em que Alice conversa com o Gatinho de Cheshire, isto é, gato fictício de sorriso largo, originário da Cheshire, região da Inglaterra: Bem, já vi muitos gatos sem sorriso, pensou Alice, mas nunca um sorriso sem gato (2002, p.51). Isto é, pode haver gatos que não sorriem, mas aquele gato, com certeza, sorri. Figura Gatinho de Cheshire. Fonte: < EL-GATO-DE-CHESHIRE-wallpaper/>. 3 Unidade 3 A CRIANÇA COMO PERSONAGEM NA LITERATURA INFANTIL Ligia Cademaroti Magalhães, em O Que é a Literatura Infantil, esclarece que o uso de personagens infantis na literatura, voltado a essa faixa etária, ocorre somente na segunda metade do século XIX, abrindo espaço para o lúdico, com o aproveitamento do universo da criança: A ligação entre o outro do narrador o leitor e o outro do leitor o narrador consiste num grande desafio de cuja superação também depende o estatuto literário do texto infantil. O entrecruzamento dessas duas vozes, juntamente a outras a que o texto pode dar espaço, não traria o caos, a dificuldade de compreensão, mas uma abertura para que muitas vozes se organizem sufocando o discurso pedagógico persuasivo e permitindo unidade na diversidade (CADEMARTORI, 1991, p. 24). A voz da criança, enquanto leitor, é levada em conta e a necessidade de impor um modelo comportamental vai sendo relativizado, em contraponto com a visão do adulto. Nesse raciocínio, vemos também os poemas de Cecília Meireles e Manuel Bandeira, escritores do modernismo brasileiro, na linha sucessória dos escritores acima referidos, uma vez que não se subjugam a nenhum preceito, além do que diz o próprio texto, por não estarem presos a um referente imediato. UESC Pedagogia 49

50 Literatura Infanto-Juvenil Literatura Intanfo-juvenil e o Ludos Colar de Carolina Com seu colar de coral Carolina Corre por entre as colunas da colina. O calor de Carolina colore o colo de cal, torna corada a menina. E o sol, vendo aquela cor do colar de Carolina, põe coroas de coral nas colunas da colina. (Cecília Meireles) O poema reproduzido, voltado para o público infantil, da poetisa brasileira Cecília Meireles, enquadra-se em uma concepção artística de que o texto vale por si só, não necessitando do contexto que lhe dá origem. Do mesmo, consta a possibilidade inventiva da criança diante do mundo e do trato com o código linguístico, muito próxima das brincadeiras infantis das parlendas e das travalínguas. SAIBA MAIS Parlendas: as parlendas são versinhos com temática infantil, recitados em brincadeiras de crianças. Possuem uma rima fácil e, por isso, são populares entre as crianças. Muitas parlendas são usadas em jogos para melhorar o relacionamento entre os participantes ou apenas por diversão. Muitas parlendas são antigas e, algumas delas, foram criadas há décadas. Elas fazem parte do folclore brasileiro, pois representam uma importante tradição cultural do nosso povo. Exemplo: Rei, capitão,/ soldado, ladrão./moça bonita/do meu coração. Fonte: Trava-línguas: podemos definir os trava-línguas como frases folclóricas criadas pelo povo com objetivo lúdico (brincadeira). Apresentam-se como um desafio de pronúncia, ou seja, uma pessoa passa uma frase difícil para outro indivíduo falar. Essas frases tornam-se difíceis, pois possuem muitas sílabas parecidas (exigem movimentos repetidos da língua) e devem ser faladas rapidamente. Esses trava-línguas já fazem parte do folclore brasileiro, porém estão mais presentes nas regiões do interior brasileiro. Exemplos: O rato roeu /a roupa do rei de Roma/. Atrás da pia tem um prato, um pinto e um gato./ Pinga a pia, para o prato, /pia o pinto e mia o gato/. Fonte: 50 Módulo 5 I Volume 1 EAD

51 O poema está estruturado em quatro estrofes, com números variados de versos. A primeira estrofe compõe-se de quatro versos; a segunda e a terceira estrofes, de três versos e a quarta e última estrofe, de um verso. No nível fônico, a sonoridade é obtida, em rima interna, aliterada, pela repetição indefinida do fonema consonantal /k/: Com seu colar de coral (1º verso da 1ª estrofe); Carolina (1º verso da 1ª estrofe); Corre por entre as colunas (1º verso da 1ª estrofe); da colina. (1º verso da 1ª estrofe). O calor de Carolina (1º verso da 2ª estrofe); colore o colo de cal, (2º verso da 2ª estrofe); torna corada a menina. (3º verso da 2ª estrofe). E o sol, vendo aquela cor (1º verso da 3ª estrofe); do colar de Carolina, (2º verso da 3ª estrofe); põe coroas de coral (3º verso da 3ª estrofe). nas colunas da colina. (único verso da 4º estrofe). O poema Debussy, de Manuel Bandeira encanta-nos pelo trato afetivo dado ao tema de seu texto, isto é, a ternura despertada em um adulto diante dos movimentos inocentes de uma criança, que se contenta com qualquer coisa para se distrair. Vejamos: 3 Unidade DEBUSSY Para cá, para lá... Para cá, para lá... Um novelozinho de linha... Para cá, para lá... Para cá, para lá... Oscila no ar pela mão de uma criança (Vem e vai...) Que delicadamente e quase a adormecer o balança - Psiu...- Para cá, para lá... Para cá e... - O novelozinho caiu. (Manuel Bandeira) Esse poema, de uma única estrofe, também se utiliza de recursos poéticos fônicos, que remetem à simplicidade e à espontaneidade dos movimentos infantis, com um novelo de linha nas mãos, Oscila no ar pela mão de uma criança (6º verso); (Vem e vai...) (7º verso); em que o verso Para cá, para lá... se repete por cinco vezes, e mais uma parte Para cá e..., ao constatar o eu poético que a criança dormiu, pois, logo em seguida O novelozinho caiu. (12º verso). O poeta, ao se valer do nome do músico Debussy, como título do poema, ao mesmo tempo em que presta uma homenagem ao grande inovador da música clássica, a ele se contrapõe, por enfatizar a simplicidade dos movimentos infantis com um novelo de linha nas UESC Pedagogia 51

52 Literatura Infanto-Juvenil Literatura Intanfo-juvenil e o Ludos mãos. Obtém, assim, uma espécie de antítese entre o simples (= criança) e o complexo (= arranjos musicais), deixando que somente a ternura se mantenha para o leitor. Dessa sorte, o poema não tem a função de ensinar nada sobre os acordes inusitados obtidos pelo artista francês, mas somente despertar o prazer estético no leitor. PARA CONHECER Achille-Claude Debussy ( ). Debussy nasceu em Saint-Germainen-Laye (França) no dia 22 de agosto de É considerado o pai da música moderna, apesar de ter vivido no tempo da belle époque. Sua obra musical libertou-se dos cânones tradicionais, das repetições e das cadências rítmicas, tendo dado extraordinária importância aos acordes isolados, aos timbres, às pausas. Inovador, desenvolveu novas escalas e arranjos de orquestra em blocos, em vez de melodia ou contraponto precisos. Introduziu novos modos de tocar o piano. A única obra de Debussy que pode ser considerada como música absoluta no sentido de Beethoven - Brahms é o Quarteto de cordas, construído na forma cíclica, que ele inventou. Usa uma sucessão de acordes isolados, como o pontilhismo dos pintores impressionistas, em vez da seqüência, conforme as regras da teoria. Desde então, a arte de Debussy foi chamada de Impressionismo. Suas obras consideradas mais impressionistas são Prèlude à l Après-Midi d un Faune (1894) e La Mer (1.904). Foi o compositor da poesia simbolista, musicando as Ariettes Oubliées e as Fêtes Galantes do poeta Verlaine. Os simbolistas franceses eram ferrenhos wagnerianos. O próprio Debussy, no início, admirava Wagner, mais tarde, censurou a primazia da orquestra, sufocando a voz humana, e a violenta efusividade dos sentimentos. Nesta época, escreveu a ópera Pelléas et Mélisande, que o tornou famoso. Todo o romantismo de Debussy é melhor visto no piano, onde seu estilo pianístico representa um mundo completo como o de Chopin e o de Schumann. Mais tarde, sua arte tornou-se mais áspera. A França, sacudida por movimentos nacionalistas, venerava Debussy, chamando-o de Claude de France, que teria derrotado os alemães, tirando-lhes a hegemonia no reino da música. Entre suas obras, podemos destacar: 24 Preludies; Estampes (1903), para piano; Música vocal: Pelléas et Mélisande (1902), Fêtes Galantes, nº 1 (1903) e nº 2 de (1904). Morreu em Paris, no dia 25 de março de 1918, no ano anterior ao da morte de Renoir. Fonte: ATIVIDADES ATIVIDADES 1. Comente o conteúdo da seguinte citação: A centralização da história na criança provocou outras mudanças: a ação tornou-se contemporânea, isto é, datada, e seu desdobramento apresenta o confronto entre o mundo do herói e o dos adultos. Desse modo, o leitor encontra um elo de ligação visível com o texto, vendo-se representado no âmbito ficcional. A nova orientação foi bastante fértil, já que a evolução posterior da literatura infantil demonstra 52 Módulo 5 I Volume 1 EAD

53 esta inclinação ao aproveitamento do universo da criança ou de heróis que simbolizam esta condição (animais, preferencialmente). O adulto não se viu banido do texto, pois os livros de aventuras continuam a atrair o leitor juvenil; porém, teve sua importância restringida no conjunto do gênero, fato que assinala a ascensão do adjetivo infantil como congênito à natureza dessa modalidade literária (ZILBERMAN; MAGALHÃES, 1984, p.87). 2. Leia os fragmentos abaixo reproduzidos de As aventuras de Tom Sawyer, de Mark Twain e responda o que se pede, utilizando-os em sua resposta: Enquanto Tom ceava e roubava torrões de açúcar sempre que podia, tia Polly lhe fez várias perguntas cheias de malícia e muito profundas, porque queria armar-lhe uma ratoeira e levá-lo a fazer revelações (1980, p.9). Chegou a casa tarde nessa noite e, ao trepar cautelosamente pela janela, descobriu a tia à sua espera (1980, p.15). Tom estava agora transformado num herói. Não ia correndo nem saltitando, mas com ar digno, como compete a um pirata que se sente o ponto de atração do público ( 1980, p.149). - Isso é verdade. Mas não posso ouvir acusarem-no [Muff Potter] dessa maneira, quando afinal não foi ele que fez aquilo (1980, p.178). Foi ele que disse a Jeff Thatcher e Jeff disse a Johnny Baker e Johnny disse a Jim Hollis e Jim disse a Bem Rogers e Bem disse a um preto; o preto é que me disse. E agora? - Ora! Todos eles mentem. Se não eles, pelo menos o preto. Eu não o conheço, mas nunca vi um preto que não mentisse. Agora me conte como é que o Bob Tauner fez isso (1980, p.55). Que estranhas são as meninas! Nunca foi castigada na escola. Imagine! Como se isso fosse uma grande coisa. Só uma menina, mesmo. São todas muito sensíveis e medrosas (1980, p.160). 3 Unidade a) Em que medida o menino da história se distancia de outros narrados em histórias anteriores de um Charles Perrault ou dos irmãos Grimm, por exemplo? b) O menino pode ser considerado um herói? c) Em qual(is) fragmento(s) se percebe uma visão datada, no modo de narrar seres e problemas? 3. Leia o poema O pingüim, do poeta brasileiro Vinicius de Moraes: UESC Pedagogia 53

54 Literatura Infanto-Juvenil Literatura Intanfo-juvenil e o Ludos a) De que modo o mundo da criança se faz presente nestes versos? b) Há alguma intenção de ensinamento ou somente o lúdico é enfatizado? O pingüim Bom-dia, Pingüm Onde vai assim Com ar apressado? Eu não sou malvado Não fique assustado Com medo de mim. Eu só gostaria De dar um tapinha No seu chapéu jaca Ou bem de levinho Puxar o rabinho Da sua casaca. (Vinicius de Moraes) RESUMINDO RESUMO Nesta Unidade III, foi visto como o didatismo das produções voltadas às crianças começa a ser refutado na metade do século XIX, em nome do lúdico; através de obras como Alice no país das maravilhas, de Lewis Carroll, As Aventuras de Pinóquio, de Carlo Collodi, A ilha do tesouro, de Robert L. Stevenson e as histórias, de Mark Twain: As aventuras de Tom Sawyer e As aventuras de Huckleberry Finn. 54 Módulo 5 I Volume 1 EAD

55 REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS ARISTÓTELES. Arte Retórica e Arte Poética. Tradução de Antônio Pinto de Carvalho. São Paulo: Difusão Européia do Livro, BANDEIRA, Manuel. Poesia Completa e Prosa. Volume Único. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, CADEMARTORI, Ligia. O que é Literatura Infantil. São Paulo: Brasiliense, COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna, Unidade LEWIS, Carroll. Alice no país das maravilhas MEIRELES, Cecília. Obra Poética. Vol. Único. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, MORAES, Vinicius de. Poesia Completa e Prosa. Vol. Único. Rio de Janeiro: Aguilar, TWAIN, Mark. As aventuras de Tom Sawyer. Tradução de Luísa Derouet. São Paulo: Abril Cultural, ZILBERMAN, Regina; MAGALHÃES, Lígia Cademartori. Literatura infantil: autoritarismo e emancipação. São Paulo: Ática, UESC Pedagogia 55

56 Suas anotações

57 UNIDADE IV LITERATURA INFANTO-JUVENIL E A REPRODUTIBILIDADE TÉCNICA OBJETIVO ao final desta Unidade IV, você deverá identificar como a reprodutibilidade técnica é capaz de permitir o acesso à herança cultural da qual faz parte a literatura infantil. Unidade 4 1 INTRODUÇÃO Nesta unidade, você terá acesso a informações sobre a reprodutibilidade técnica tem papel preponderante na divulgação da Literatura Infantil e se constitui em uma forma de democratização da cultura. UESC Pedagogia 57

58 Literatura Infanto-Juvenil Literatura Infanto-juvenil e a reprodutibilidade técnica 2 A LITERATURA INFANTO-JUVENIL E SEU ESTIGMA A literatura infanto-juvenil, já afirmamos em outra ocasião, surgiu - ainda que importantíssima para a imposição e a manutenção do status quo dos estados-nação -, sob o estigma do menos importante: o popular (por sua origem); a criança (a quem de destina); a mulher, (mãe, primeira preceptora, responsável pelo lar) e o suporte de veiculação (jornal, edições baratas, etc.). Em relação a esse último aspecto, sobretudo quanto à reprodução em larga escala dos textos literários, deve-se considerar a perspectiva crítica de Walter Benjamin que, no capítulo, A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica, afirma: Na medida em que ela multiplica a reprodução, substitui a existência única da obra por uma existência serial. E, na medida em que essa técnica permite à reprodução vir ao encontro do espectador, em todas as situações, ela atualiza o objeto reproduzido. [...] Seu agente mais poderoso é o cinema. Sua função social não é concebível, mesmo em seus traços mais positivos, e precisamente neles, sem seu lado destrutivo e catártico: a liquidação do valor tradicional do patrimônio da cultura (BENJAMIN, 1994, p. 169). Cânone Já tratamos sobre o cânone na unidade II. Em contraposição à tradição estética da alta literatura, reivindicaram as correntes teóricas atuais da literatura, por seu turno, a ampliação investigativa, ao denunciarem a pretensão do literário de estar imune ao alarido das ruas, destacando, exatamente o cunho ideológico do cânone e a possibilidade da relativização das hierarquias conceituais, que pré-determinaram a alta cultura, a cultura de massa e a cultura popular, ainda que o aparato teórico dos estudos literários tenha sido aplicado aos estudos de recepção midiática, no início das investigações, atribuindo ao receptor da mensagem a função ativa de mediador do sentido. Tal perspectiva acaba por desentronizar as chamadas belas-letras, vistas abstraídas de uma contextualização maior, pois, se a representação do chamado real constitui uma produção discursiva, então, toda enunciação remete a um enunciado comprometido com determinada formação ideológica, como quer o pensamento pós-estruturalista. E a quebra do cânone advém exatamente da reprodutibilidade técnica. Walter Benjamin, nos anos quarenta do século passado, quando os seguidores da Escola de Frankfurt atribuíam à técnica algo danoso para a arte; ele, sem ser apocalíptico, vê o cinema e a fotografia como um modo de democratizar a herança cultural da 58 Módulo 5 I Volume 1 EAD

59 humanidade, que ficou, por muitos séculos, restrita a uma ritualística para poucos. Figura Fotografia antiga. Fonte: Jornal A tarde On-line - Banda da Polícia Militar da Bahia Unidade 4 Figura Cena de filme antigo. Fonte: Filme My fair lady A literatura infanto-juvenil muito tem se aproveitado dos outros suportes que não livro para a sua divulgação, ao mesmo tempo, para a sua popularização, com a possibilidade de acesso a um contingente maior da população infanto-juvenil. Isso porque: O modo pelo qual se organiza a percepção humana, o meio em que ela se dá, não é apenas condicionado naturalmente, mas também historicamente (BENJAMIN, 1994, p. 169). Não há como negar o poder de exposição que a arte ganhou. UESC Pedagogia 59

60 Literatura Infanto-Juvenil Literatura Infanto-juvenil e a reprodutibilidade técnica SAIBA MAIS A palavra Iconicidade é derivada de ícone. Para Peirce, um dos pais da Semiótica, há três tipos de signos: ícone, índice e símbolo O ícone é a coisa, o objeto, ser etc., representados por uma cópia similar ou não similar a eles. Por exemplo: a fotografia (cópia similar) do Monte Fuji. Ou uma réplica em miniatura do monte. Ou ainda um desenho, pintura... O índice, como a palavra explica, é o índice da coisa, objeto, ser etc. É o que os representa de forma mais íntima ou aproximada. Por exemplo: uma mecha de cabelo cortada é o índice de uma pessoa. O cheiro de churrasco é índice de que estão a assar carne. A fumaça é índice de fogo. O símbolo é todo o signo convencionado. Fonte: < social-sciences/ semi %C3%B3tica/>. Logo, a desierarquização ocorre no próprio fazer artístico, porque esse não pode ser visto desarticulado da cultura, no sentido pleno da palavra, enquanto solução de existência encontrada por seres humanos em condições específicas. Assim, a fatura estética ganha em amplitude e desvencilha-se, principalmente, a chamada erudita, da pecha do elitismo. E a questão da iconicidade já se encontra na própria ilustração dos livros infantis, ampliando, assim, o conceito de leitura e de texto, da mesma forma que as histórias-emquadrinho ganham, na linha da exposição, no Brasil, com O Tico- Tico, em 1905; fazendo-nos concordar com Nelly Novaes Coelho de Panorama Histórico da Literatura Infantil/Juvenil: Das Origens Indo-Européias ao Brasil Contemporâneo: Essa valorização da imagem, no processo da aprendizagem infantil, coincide com o aparecimento dos comics ou histórias-em-quadrinho, iniciando uma nova era no campo editorial. Nos Estados Unidos, o grande cartunista (Richard Felton) Outcault cria o Yellow Kid (1895) e, mais tarde, o Buster Brown (1902). É este garoto crítico e contestador que, na versão brasileira, se transforma no ingênuo/ travesso Chiquinho personagem principal de O Tico-Tico, o primeiro jornal infantil em quadrinhos editado no Brasil (1991, p ). Figuras Almanaque de O TICO-TICO. Fontes: < e < No entanto, é, a partir da década de 1960, no governo de João Goulart, na esteira da Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (Lei nº 4.024, de 20/12/1961), que se propõe a democratização do ensino, que ganham destaque as histórias-em-quadrinhos e o teatro infantil, quase sempre, importados: essa matéria estrangeira conta ainda com um mercado já trabalhado para consumi-la, pois seus heróis ou super-heróis são divulgados maciçamente através da televisão ou do cinema... (COELHO, 1991, p. 258). 60 Módulo 5 I Volume 1 EAD

61 Em termos de produção, eminentemente, nacional, contamos com Ziraldo e seu Pererê e, depois Zeróis, em sua crítica aos superheróis norte-americanos. Entretanto, façanha maior fica para Maurício de Sousa Produções Ltda., responsável pela Turma da Mônica, além de outros personagens. SAIBA MAIS Pererê: A Turma do Pererê foi lançada na revista O Cruzeiro, em 1959, e se tornou o marco do quadrinho nacional. Criada pelo cartunista Ziraldo, a coleção conta as travessuras de um grupo de amigos na Mata do Fundão. Pererê, um menino negro inspirado na figura folclórica do Saci, e seus amigos; o índio Tininim, o macaco Alan, a onça Galileu, o jabuti Moacir, a Boneca-de-Piche, a mãe Docelina vivenciam situações que estão no cotidiano das crianças, mas difíceis de tratar tanto na escola quanto em casa. Entre os assuntos, abordados com naturalidade por Ziraldo, estão saúde, ética, pluralidade cultural, preservação da natureza e drogas. Para o autor, a coleção procura ser uma nova abordagem na relação da escola com o aluno, uma extensão do aprendizado, uma inserção criança em um universo de curiosidade e emoção. Nas histórias de Ziraldo, aprendemos também com as brigas de seus personagens. Acompanhe a discussão entre Saci-Pererê e seu desafeto, o arrogante e chato duende irlandês. Os amigos fazem mil conjecturas sobre o motivo do mau-humor de nosso herói, por quem sentem imenso carinho. Daí tanta preocupação ética. Percebe-se a velada crítica do autor quanto ao desprezo dos estrangeiros, principalmente europeus, pelo Brasil em relação ao meio ambiente, considerando tudo o que já provocaram em seu próprio continente. A Turma do Pererê foi adaptada para TV, com estilo opereta e teve a direção de Guto Graça Mello, com direção geral de Augusto César Vannucci e produção de Gabriela Vannucci, veiculado pela Rede Globo em 12 de outubro de Fonte: < 4 Unidade Figuras Turma do Pererê. Fomte: < e arquivos UAB. Turma da Mônica: quem nunca se divertiu com a brabeza da Mônica, as trapalhadas do Cebolinha ou o jeito caipira do Chico Bento? Os personagens fazem parte da imaginação das crianças e de tantos adultos, que acompanham a evolução da Turma da Mônica. O criador desta turma divertida e de muito mais é o desenhista Mauricio de Sousa. Além das revistas, ele está na telona com o CineGibi, um filme onde Franjinha, o garoto inventor, resolve ler gibis com os quadrinhos em movimento. Wanessa Carmargo, Luciano Huck, a dupla Pedro e Thiago e a modelo UESC Pedagogia 61

62 Literatura Infanto-Juvenil Literatura Infanto-juvenil e a reprodutibilidade técnica Fernanda Lima fazem participações especialíssimas. Para a alegria da garotada, o filme já está em DVD e traz, ainda, uma versão na língua de sinais, para ser entendida pelos deficientes. Recentemente, a Turma ganhou um reforço: Xaveco, filho de pais separados, que estreou nas bancas em setembro. As novidades não param. O desenhista apresentou ao então ministro da Cultura Gilberto Gil o projeto Turma da Mônica na TV, uma série de 60 programas educativos e culturais para crianças de três a 12 anos. Mauricio de Sousa, pai de dez filhos e bisavô de Daniel, tem um carinho especial por todos os seus personagens. Agora, anuncia a chegada de mais dois: Bloguinho, menino que fala internetês, a linguagem da Internet, e Dorinha, uma menina cega. Ela vai mostrar às crianças como ouvir as coisas do mundo e ensinar a se tratarem de igual para igual, independentemente de serem portadoras de alguma deficiência física, diz Mauricio. Filho de poetas, Mauricio começou a carreira ainda jovem, desenhando cartazes e pôsteres. Além de ajudar no orçamento doméstico, ele sonhava em se tornar um desenhista profissional. O primeiro sucesso foram as tiras em quadrinhos com o cãozinho Bidu e seu dono. Depois vieram Cebolinha, Piteco, Chico Bento, Penadinho e, mais tarde, Horácio, Raposão e Astronauta. Mas foi em 1970 que Mauricio criou seu principal personagem, a dentucinha Mônica. Dois anos depois, Cebolinha, Magali, Pelezinho e muitos outros. Uma grande e divertida turma que faz sucesso até no exterior. Nossas histórias já estão nos Estados Unidos em vários países da Europa, como Grécia e Itália e até no Japão. Fonte: Figuras Turma da Mônica. Fonte: < Retomando-se as considerações do filósofo Walter Benjamin, o poder de exposição, de que ele já falava (1994), quando analisou a obra do poeta francês Baudelaire, ainda no século XIX, refletiu a tendência da reprodutibilidade técnica trazida pela industrialização do Ocidente. SAIBA MAIS Reprodutibilidade técnica: A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica, ensaio publicado em 1936, é o mais conhecido e citado dos textos do filósofo alemão Walter Benjamin. Benjamin discute, nesse artigo, as novas potencialidades artísticas -- essencialmente numa dimensão política -- decorrentes da reprodutibilidade técnica. Em épocas anteriores, a experiência da obra de arte era condicionada pela sua «aura», isto é, pela distância e reverência que cada obra de arte, na medida em que é única, impõe ao observador. Primeiro - nas sociedades tradicionais ou pré-modernas - pelo modo como vinha associada ao ritual ou à experiência religiosa; depois - com o advento da socie- 62 Módulo 5 I Volume 1 EAD

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