Educação é um direito, mas tem que ser do nosso jeito!

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1 Ação violenta da PF contra o povo Pataxó no sul da Bahia Página 5 Liderança Guarani-Kaiowá é brutalmente assassinada no MS Página 6 ISSN Em defesa da causa indígena Ano XXXVI N Brasília-DF Novembro 2014 R$ 5,00 Povo Awá-Guajá (MA) - Foto: Greenpeace Título: Palavra de ordem do Encontro Nacional de Professores Indígenas Educação é um direito, mas tem que ser do nosso jeito! Por uma educação que valorize os saberes tradicionais e contemple as especificidades de cada etnia, mais de 50 povos participaram do 2 Encontro Nacional de Professores Indígenas Páginas 8 e 9

2 Novos desafios para os povos indígenas no Brasil Egon Heck Secretariado Nacional Cimi Cimi teme pioras na questão indígena. A criminalização das lideranças, divisão das comunidades e aldeias, pressão sobre os recursos naturais, violação dos territórios com a implantação de grandes projetos são alguns dos indicativos de que o cerco está se fechando. Esta foi uma das constatações do Conselho nacional do Cimi, reunido no Centro de Formação Vicente Canhas, em Luziânia, de 5 a 8 de novembro. Na análise de conjuntura ficou evidenciado uma atuação nefasta da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) que está promovendo a divisão em muitas comunidades provocando tensionamentos e fracionamento das aldeias, buscando afastar aliados, como o Cimi. A Sesai está exercendo o papel que fazia a Funai no período da ditadura. A crescente judicialização dos processos de regularização das terras indígenas dificulta ainda mais os processos de demarcação configurando um quadro paralisante com relação a esse direito sagrado dos povos indígenas. Foi visto com muita preocupação o crescente número de índios presos e criminalizados, bem como a atuação da polícia federal, na repressão a índios. A fome mata MARISAN Artigo Mais uma vez a situação dos povos indígenas no Mato Grosso do Sul, em especial dos Kaiowá Guarani, ficou evidenciada pela gravidade da realidade encontrada na maioria das aldeias e acampamentos. Na visita de membros do Cimi a um acampamento, estranhando o continuado choro de uma criança, foi perguntado sobre a razão de tão persistente choro. A resposta foi imediata e contumaz desde ontem ela não come pois não temos alimentos ; A isso foi acrescentado o fato de ter havido morte de crianças por fome. Essa realidade, que não é isolada, exige uma campanha imediata e emergencial para que não sejamos surpreendidos com mais óbitos por esta razão. Indígenas deste povo já estiveram dezenas de vezes em Brasília exigindo providencia com relação à demarcação das terras. Em nada se avança neste direito fundamental, sem o qual as situações de fome, morte e violências tendem a se agravar. Resistência e desafios No encontro foi destacado a importância da articulação dos povos indígenas e aliados em nível do continente e em instâncias mundiais, levando a realidade dos povos indígenas do Brasil para instâncias como a NU (rganização das Nações Unidas), EA (rganização dos Estados americanos) e IT (rganização Internacional do Trabalho), pois infelizmente se percebe que a efetiva realidade e desafios dos povos indignas do Brasil não chegam a essas instâncias. A resistência histórica e atual dos povos originários é surpreendente. Nos últimos anos vem fazendo um enfrentamento permanente contra seus inimigos históricos, articulados no latifúndio e no agronegócio. Além disso, tem se mobilizado para evitar retrocessos com relação a seus direitos constitucionais. Para o próximo ano, com o avanço das forças conservadoras e reacionárias, os desafios e embates prometem ser ainda mais duros. possível cenário mais adverso exigirá, além de maior união dos povos, um maior número de aliados e apoiadores desta causa. Cimi continuará seu compromisso e apoio incondicional aos povos indígenas e seus direitos, na certeza de que juntamente com os povos tradicionais e oprimidos desse país poderemos avançar na conquista dos direitos e aprofundamento da democracia, na perspectiva do Bem Viver. Porantinadas Bovinos ganham ministra... Notícias de bastidores dão conta de que a nomeação da senadora ruralista Kátia Abreu (PMDB-T) como ministra da Agricultura, exigência da presidente Dilma Rousseff, não apenas celebrou uma união programática intensamente costurada nos últimos quatro anos no âmbito governamental. Contam as fontes que como um boi passou a ocupar mais hectares no Brasil do que um cidadão qualquer, conforme dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), nada mais natural do que garantir representação aos bovinos no primeiro escalão do governo. Sem terras, indígenas e quilombolas perderam não só hectares, mas também o pequeno terreno político....ministra ganha dinheiro... A nova ministra da Agricultura, no entanto, chegou tendo que se explicar: sua campanha de reeleição ao senado, vencida por um garrote de diferença na frente do candidato adversário, recebeu R$ 350 mil do produtor rural Marino José Franz, preso pela Polícia Federal na peração Terra Prometida. produtor de picaretagem, tudo indica, está envolvido na comercialização ilegal de terras destinadas a reforma agrária. Kátia ligou para Franz um dia antes dele ser preso....de esquema coordenado por ex-ministro... Só a Polícia Federal sabe o que a ministra conversou, mas o que todos sabem, não sabemos se a população de bovinos, é que se por um lado Kátia recebeu dinheiro e ficou de ti-ti-ti com Franz, o ex-ministro da Agricultura Neri Geller (PMDB-MT) também recebeu dinheiro de Franz em sua campanha à Câmara Federal (2010). Não por coincidência, Geller é acusado de ter colaborado com o esquema de comercialização de terras destinadas à reforma agrária. Dois irmãos do ex-ministro foram presos nas negociatas fraudulentas....para bovinos terem mais terras Agora é ficar de olho em Kátia para ver se ela não manterá os esquemas ilegais para destinar mais terras não só aos bovinos, mas aos monocultivos e à acumulação latifundiária. ISSN Publicação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). APIADRES Na língua da nação indígena Sateré-Mawé, PRANTIM significa remo, arma, memória. Dom Erwin Kräutler Presidente do Cimi Emília Altini Vice-Presidente do Cimi Cleber César Buzatto Secretário Executivo do Cimi EDIÇÃ Luana Luizy CNSELH DE REDAÇÃ Antônio C. Queiroz, Benedito Prezia, Egon D. Heck, Nello Ruffaldi, Paulo Guimarães, Paulo Suess, Marcy Picanço, Saulo Feitosa, Roberto Liebgot, Elizabeth Amarante Rondon e Lúcia Helena Rangel REPRTAGEM: Carolina Fasolo, Luana Luizy ADMINISTRAÇÃ: Marline Dassoler Buzatto SELEÇÃ DE FTS: Aida Cruz Fotos: Arquivo Cimi EDITRAÇÃ ELETRÔNICA: Licurgo S. Botelho (61) IMPRESSÃ: Mais Soluções Gráficas (61) REDAÇÃ E ADMINISTRAÇÃ: SDS - Ed. Venâncio III, sala 310 CEP Brasília-DF Tel: (61) Fax: (61) editor.porantim@cimi.org.br Registro nº 4, Port , Cartório do 2º fício de Registro Civil - Brasília Faça sua assinatura pela internet: adm.porantim@cimi.org.br PREÇS: Ass. anual: R$ 60,00 Ass. de apoio: R$ 80,00 Ass. dois anos: R$ 100,00 América latina: US$ 50,00 utros Países: US$ 70,00 Novembro Permitimos a reprodução de nossas matérias e artigos, desde que citada a fonte. As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores.

3 Conjuntura Povos Indígenas: criminalização e resistência S em sinalizações de que a conjuntura poderá ser mais favorável aos povos indígenas no próximo período, estabelecido pela reeleição de Dilma Rousseff e a configuração do novo Congresso Nacional (cuja maior bancada será a ruralista), além de um quadro agravado de violência e criminalização partindo do governo federal e de grupos anti-indígenas, o Conselho Diretor do Cimi, composto pela diretoria e coordenações dos 11 Regionais da entidade, reunido no Centro de Formação Vicente Cañas, em Luziânia (G), entre os dias 5 e 8 de novembro, através desta Nota pública, pronuncia-se diante dos fatos da atual conjuntura. Cumprindo papel semelhante ao do Serviço de Proteção aos Índios (SPI) e da Fundação Nacional do Índio (Funai) no período da ditadura militar ( ), a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), vinculada ao Ministério da Saúde, tem priorizado ações políticas entre os povos com o objetivo de aprovar a privatização do setor através da criação do Instituto Nacional de Saúde Indígena (Insi). Desse modo, a Sesai omite-se de sua função original de promover políticas públicas de saúde e executá-las. Tal intervenção da Sesai acontece ao arrepio do direito de consulta dos povos, estabelecido pela Convenção 169 da rganização Internacional do Trabalho (IT), e estimula divisões no seio das comunidades, entre os povos indígenas e destes com aliados históricos ( dividir para governar ). Tudo isso na base da instrumentalização da política, da coerção e da calúnia. Enquanto isso, nas aldeias, são altos os índices de mortalidade infantil, suicídios, fome e desassistência diversa. Enquanto a privatização da saúde indígena no atual governo relembra o período neoliberal de FHC, a paralisação das demarcações de terras indígenas segue causando terríveis consequências aos povos, suas comunidades e lideranças. Em todas as regiões do país, avolumam-se os casos em que a decisão governamental de não demarcar tem provocado o aumento exponencial da tensão, do conflito, da violência e da criminalização dos povos e de suas lideranças. povo Guarani-Kaiowá (MS), nas retomadas, tem sido atacado reiteradamente por jagunços e é ameaçado permanentemente por despejos judiciais e extrajudiciais. Nos acampamentos, às margens das rodovias, quem ataca os Guarani-Kaiowá é a fome, que nos últimos meses vem ceifando a vida de suas crianças. s Munduruku, no Médio Tapajós (PA), iniciaram a autodemarcação da terra tradicional Sawré Muybu, ameaçada de alagamento pela construção do Complexo Hidrelétrico do Tapajós, depois da Funai ter descumprido acordos de publicação do relatório circunstanciado de identificação e delimitação. As mesas de diálogo estabelecidas ao longo dos anos 2013 e 2014 pelo governo Dilma, por meio do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, têm cumprido a função de protelar a tomada de decisões, enquanto os inimigos dos povos se fortalecem e atacam seus direitos. Entre os objetivos das mesas, segundo o ministro, estariam a redução de conflitos e a não judicialização das demarcações. A enxurrada de processos movimentados nos últimos meses, com reintegrações de posse e suspensão de demarcações, inclusive em áreas com mesas instaladas, como é o caso dos Terena, no Mato Grosso do Sul, além do quadro de violência e criminalização contra indígenas em todo o país, comprovam a falácia e os prejuízos causados aos povos por esta estratégia governamental. Passado o processo eleitoral, diante da promessa de que o novo governo será de novas idéias, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) confia e espera que a presidente Dilma dará um sinal positivo e imediato aos povos, assinando os decretos de homologação das 17 terras que estão sobre sua mesa, bem como, determinando a assinatura das Portarias Declaratórias das 12 Terras que estão sobre a mesa do ministro da Justiça, além das Portarias de Identificação e Delimitação das cinco terras que estão sobre a mesa da Presidência da Funai - todas sem qualquer impedimento jurídico e ou administrativo. Sob a batuta de Cardozo, a Polícia Federal mostrase profundamente parcial contra os povos indígenas. Por um lado, realiza uma devassa na vida de lideranças indígenas, levando-as, por intermédio de inquéritos evasivos e mega-operações, à prisão. Tenharim, Tupinambá, Pataxó, Kaingang e Suruí são exemplos de povos que tiveram ou ainda estão com lideranças presas apenas neste ano de Não é coincidência que tais prisões ocorrem em áreas de interesse da mineração, de retirada ilegal de madeira, do agronegócio e de grandes empreendimentos do governo. Por outro lado, reina a omissão e a impunidade em relação aos crimes cometidos contra os povos e suas lideranças pela própria Polícia Federal e outras forças policiais, como no caso dos assassinatos de Adenilson Kirixi Munduruku e de ziel Terena, e também por fazendeiros e seus pistoleiros, casos dos assassinatos de Julite Lopes Guarani-Kaiowá, rtiz Lopes Guarani-Kaiowá e svaldo Pereira Guarani-Kaiowá, dentre outros. Para investigar e prender indígenas, a Polícia Federal tem realizado operações grandiosas, com centenas de homens fortemente armados, mas diante das denúncias e cobranças sistemáticas de povos para a retirada de madeireiros de suas terras, a exemplo dos Ka apor, no Maranhão, a resposta da Polícia Federal tem sido sempre a mesma, de que não há efetivo para atuar. Por que a Polícia Federal, órgão do Estado brasileiro, atua com dois pesos e duas medidas contra os povos indígenas? É preconceito institucional ou são ordens superiores? Em vários Regionais do Cimi, caso do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Norte I (Amazonas e Roraima) e Norte II (Pará e Amapá), incursões da Polícia Federal, da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e do Exército foram notificadas pelas coordenações. Seja por telefone, visitas ou convocação. São fortes os indícios de que inquéritos policiais estão em curso e interceptações telefônicas de vários missionários da entidade foram comprovadas. A sede do Regional Amazônia cidental (Acre) foi invadida duas vezes em menos de um mês, sem que qualquer informação sobre os autores tenha sido apontada pelas autoridades policiais. Cimi espera que o governo federal paralise a utilização de dispositivos aplicados por regimes autoritários, como aqueles revelados pelos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade (CNV), para intimidar a ação indigenista e o direito de resistência dos povos. Diante deste quadro, o Conselho Diretor do Cimi chama atenção para a importância da articulação dos povos indígenas e de seus aliados no Brasil, na América Latina e no mundo. A situação interna potencializa a demanda por denúncias internacionais e maior atuação junto a instâncias da rganização das Nações Unidas (NU), da rganização dos Estados Americanos (EA) e da rganização Internacional do Trabalho (IT), dentre outras, a fim de demonstrar as contradições do discurso governamental nessa esfera segundo o qual, no Brasil, os direitos indígenas estariam sendo respeitados e efetivados. Dada a correlação de forças adversas no país, a resistência e a luta dos povos originários é marcante e elogiável. Nos últimos anos, os povos têm se mobilizado permanentemente para evitar retrocessos com relação a seus direitos constitucionais, fazendo um enfrentamento destemido contra seus inimigos históricos e, de modo especial, contra os interesses e representantes do latifúndio, do agronegócio, das mineradoras, das empreiteiras e do próprio Executivo Federal. Para o próximo ano, com o recrudescimento das forças conservadoras e reacionárias, os desafios e embates prometem ser ainda mais duros. possível cenário ainda mais adverso exigirá, além de maior união e entendimento entre os povos, a ampliação das forças sociais aliadas e apoiadoras desta causa. A necessária Reforma Política deve ser profunda e as mobilizações sociais para a sua concretização devem estar diretamente vinculadas à luta pelas mudanças estruturantes almejadas historicamente. É imprescindível que o governo Dilma implemente a demarcação das terras indígenas, a reforma agrária, a titulação dos territórios quilombolas, a criação de Unidades de Conservação Ambiental e acabe com o ciclo de altos subsídios públicos ao latifúndio no Brasil. Por fim, o Cimi reafirma o compromisso de estar ao lado dos povos nas suas lutas, debates e embates na defesa e pela efetivação de seus direitos e por condições de vida plena. Contra a onda reacionária, integracionista e criminalizante, todo o apoio e empenho pela autodeterminação dos povos e em defesa de uma transformação radical, descolonial do Estado brasileiro, rumo ao exercício pleno da pluralidade dos vários modos próprios de ser que compõem o nosso país. Conselho Diretor do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Luziânia, 8 de novembro de Novembro 2014

4 Criminalização PF e Brigada Militar fazem operação de busca e apreensão na comunidade Kaingang de Kandóia Equipe Porto Alegre Cimi Regional Sul N a madrugada do dia 17 de novembro, a Polícia Federal (PF) e a Brigada Militar ocuparam a estrada em frente à comunidade Kaingang de Kandóia, município de Faxinalzinho, no Rio Grande do Sul. Numa operação que mobilizou centenas de homens equipados com armamentos pesados, viaturas, helicópteros, cães e cavalos. As Polícias executaram mandados de busca e apreensão na área, relativos ao inquérito policial que investiga as mortes de dois agricultores ocorridas no mês de abril na região. que chamou a atenção dos indígenas nessa mega-operação foi a desproporcionalidade: contingente superior a 200 homens, cavalaria montada, 70 viaturas, policiais acompanhados de cães, helicópteros, Corpo de Bombeiros, armamento pesado e a presença da mídia. Assim como ocorreu por ocasião da prisão de cinco lideranças, em 9 de maio, a RBS e outros veículos de imprensa estavam acompanhando a polícia. s policiais adentraram nas casas a partir das 6h, mas não encontraram nada. Levaram um veículo de um morador da aldeia e fotografaram todos os homens da comunidade, incluindo adolescentes. brigaram a todos o fornecimento de saliva, possivelmente para a realização de análise genética. procurador da República de Erechim estava com os policiais. s advogados dos indígenas e a Defensoria Pública da União, que prestam apoio jurídico no caso em investigação, não foram informados da operação policial. A Funai, órgão indigenista oficial, também não foi informada e portanto não esteve presente na operação. A pergunta que se deve fazer nesta ocasião é: por que a Polícia Federal chamou a imprensa e não foi capaz de informar a Funai sobre a operação? Ao que parece, a Polícia Federal se preocupa em dar espetáculo ao invés de concluir um inquérito que já dura oito meses. utras perguntas que se fazem necessárias diante da mega-operação policial contra a comunidade indígena: por que a Polícia não age da mesma forma quando é para investigar crimes praticados contra a vida de indígenas, como foi o caso do assassinato de ziel Terena, morto com um tiro disparado por policial numa operação de reintegração de posse no Mato Grosso do Sul? Por que a Polícia Federal não tem o mesmo empenho em investigar adequadamente os fatos criminosos praticados contra o povo Tenharim, no Amazonas? Por que a Polícia Federal não tem o mesmo empenho em coibir extração ilegal de diamantes na Terra Indígena Suruí, em Rondônia? Por que a Polícia Federal não tem o mesmo empenho em combater o narcotráfico? Por que não empreende o mesmo esforço para investigar a ação violenta ocorrida na terra do povo Munduruku, no Pará, quando um indígena foi executado por um delegado da Polícia Federal? Por que não há o mesmo empenho na investigação e no combate às milícias armadas, contratadas por fazendeiros, em Mato Grosso do Sul, para atacarem comunidades indígenas que lutam pelo seu direito constitucional à demarcação de terras? E no caso do povo Tupinambá, quando agentes da PF torturaram cinco indígenas em 2009 e o processo penal foi arquivado porque a Polícia alegou não ser possível identificar os culpados? Há que se perguntar quanto investimento de recursos públicos foi destinado a esta ação policial em Faxinalzinho, para mais uma vez a Polícia Federal dar espetáculo às televisões, rádios e jornais? Há que questionar também, neste momento, o fato de que, para dar espetáculo, são disponibilizados centenas de policiais, recursos, veículos, helicópteros e quando há efetivamente demanda pública, como a proteção das fronteiras e o combate ao contrabando, narcotráfico e todos os demais ilícitos que ocorrem nas faixas de fronteira, não há homens, não há recursos e muito menos viaturas. Contra os pequenos, aqueles a quem os poderes públicos sonegam os direitos humanos, as ações são abruptas, truculentas e desproporcionais. E quando agem contra setores mais abastados, como é o caso dos que roubam o dinheiro público, a Polícia Federal atua com delicadeza e conduz os suspeitos presos em jatinhos pagos com o erário público. n Elton está sendo perseguido e processado simplesmente por está à frente do seu povo defendendo os direitos da sua comunidade, negados e negligenciados historicamente pelo Estado Brasileiro Novembro Cacique Elton Suruí é preso por denunciar corrupção na política de saúde indígena Da redação cacique Elton John liveira Suruí, da aldeia Itahy, do povo Aikewara (também conhecido como Suruí do Pará ), foi preso no dia 29 de outubro, na sede da Funai, em Marabá e trazido para Belém. cacique é importante liderança do povo Aikewara e vem conduzindo, desde 2013, uma série de mobilizações reivindicando a solução de problemas no atendimento à saúde do povo indígena e a compensação pela construção da BR-153, que corta a terra indígena. Familiares de Elton acusam a Polícia Federal de agir politicamente. Segundo Clelton Suruí, irmão do cacique, a prisão está ligada a denúncias de corrupção no sistema de saúde feitas pelos indígenas. Elton teria descoberto desvio de verba na saúde indígena e denunciou isso. A partir daí, o cacique começou a ser alvo de perseguição política, inclusive feita Sesai. Por fatos supostamente ocorridos no dia 5 de agosto, a delegacia da Polícia Federal de Marabá abriu um inquérito, datado de 22 de setembro. E no dia 2 de outubro, o delegado responsável pela investigação enviou pedido à Funai de Marabá para que o cacique comparecesse à delegacia e agendou o depoimento para o dia 3 de fevereiro Felipe Milanez de Porém, duas semanas após designar para fevereiro a data da oitiva, a autoridade policial representou pela prisão preventiva, sem que houvesse qualquer fato novo nos autos. MPF lembra também que segundo jurisprudência no Supremo Tribunal Federal só é admitida a prisão preventiva após demonstração da gravidade concreta dos fatos e não apenas uma gravidade abstrata, suposta ou pressuposta. corre que, mesmo com vários argumentos jurídicos concretos, a Justiça Federal em Marabá negou, na noite de 31 de outubro, recursos do Ministério Publico Federal e da Funai pedindo a liberdade provisória de Elton. Elton é vítima de um perverso processo de omissão, negligência e descaso do governo brasileiro para com os direitos dos povos indígenas do Brasil. É claro para todos que a política de atendimento à saúde indígena é precária e continua matando centenas de crianças no Brasil a fora e mais uma vez, e o Estado não toma providência alguma para mudar essa realidade. A prisão e os processos jurídicos contra o cacique repetem práticas que acontecem por todo país, que perpassa pela criminalização dos povos indígenas e a de todos aqueles que lutam e defendem os direitos dos povos. n

5 Criminalização Terror no Sul da Bahia: operação policial termina com disparos de borracha e bombas de gás contra o povo Pataxó Domingos de Andrade Cimi Equipe Itabuna E m ação truculenta para cumprir mandado de reintegração de posse na Aldeia Boca da Mata, a Polícia Federal com apoio da Polícia Militar e Civil do estado da Bahia, disparou balas de borracha e bombas de gás contra os indígenas Pataxó. Segundo relatos, os policiais não pouparam nem crianças e mulheres, no dia 26 de novembro, por volta de 5h da manhã. Uriba Pataxó informou muitos indígenas que fugiam do ataque da polícia ficaram desaparecidos nas matas, o representante da Funai na região, Tiago de Paula, estava na área e segundo indígenas ele também foi agredido. Bateram em nossos parentes, nossas crianças e mulheres. Tem índio que ainda tá perdido no mato. Chegaram botando terror. São mais de 30 viaturas que estão no território, PF, Polícia Civil e Polícia Caema. Então é muita policia, já chegaram espancando os índios, estamos preocupados com nossos parentes que ainda estão perdidos no mato, lamenta Antônio José Pataxó, que vive na Aldeia Guaxuma, outra área de retomada distante 11 km de Barra Velha, local onde aconteceu a barbárie. A Polícia pretende cumprir todas as liminares favoráveis aos fazendeiros que reivindicam a posse do território tradicional dos Pataxó. As lideranças indígenas ainda não informaram data, mas vão se articular para ver o que fazer diante dessa situação. Devido à morosidade do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em assinar as Portarias Declaratórias, os fazendeiros estão entrando com liminares reivindicando as terras ancestrais Marcelo Christovão Marcelo Christovão dos indígenas. Deixando-os vulneráveis e expostos a ataques, um verdadeiro contexto de insegurança e violência. São 13 portarias declaratórias de terras em todo o Brasil que estão na mesa do ministro só a espera da assinatura. Nos últimos quatro anos, foram três audiências dos Pataxó com o ministro da Justiça, inclusive a última, no dia 20 de outubro deste ano, a audiência foi em uma das áreas de retomadas dos indígenas. nde estavam presentes o Ministério Público Federal, a Funai e o MJ. s indígenas afirmam que uma base da polícia esta instalada no território, onde permanecerá durante três dias. A Terra Indígena Barra Velha do Monte Pascoal, situada nos municípios de Porto Seguro, Prado, Itamaraju, região do extremo sul da Bahia é área tradicionalmente ocupada pelos Pataxó, conforme vários relatos históricos desde de e tem o território delimitado e homologado conforme processo Funai com hectares, entretanto, os indígenas reivindicam hectares, área que incide no Parque Nacional Monte Pascoal, sobreposto a Terra Indígena. Em desacordo com a reivindicação da comunidade indígena, a terra indígena foi demarcada em 1981 e declarada como posse permanente da comunidade por meio da Portaria de nº 1.393, em Área que é insuficiente para uma população de mais de 5 mil indígenas espalhados em cerca de 17 aldeias. Com a revisão de limites essa área passa para hectares, sendo que desse total, pertence ao Parque Nacional do Monte Pascoal, criado em 29 de novembro de Na década de 1970, a área foi reduzida. Devido a demora do governo na regularização territorial em abril de 2014, as lideranças e membros de várias comunidades indígenas deram início ao processo de retomadas em fazendas que estão dentro da área delimitada pela Funai, totalizando cerca de 27 propriedades, para pressionar o Ministério da Justiça a expedir Portaria Declaratória. Atualmente existem cerca de 13 interditos proibitórios, 12 mandados de reintegrações e manutenção de posse na Justiça Federal de Eunápolis e Teixeira de Freitas, aguardando cumprimento pela Polícia Federal. n Polícia Federal tem sido criticada por abuso de força e truculência nas suas ações. Há uma crescente criminalização de reivindicações políticas dos movimentos indígenas pela PF e MJ, com aval da Justiça Federal Paraná Contra empreendimento em tekoha, indígenas Guarani retomam área tradicional e são ameaçados Tekoha Guarani Y Hovy s Guarani do Tekoha Y Hovy, município de Guaíra, oeste do Paraná, retomaram no dia 4 de novembro área do território tradicional onde a iniciativa privada pretende construir um condomínio fechado. Desde então, passaram a sofrer ameaças e intimidações. local é reivindicado pelos Guarani e faz parte do Y Hovy. Nele fazem coleta e reproduzem o modo próprio de vida. Conforme relatos dos indígenas, mais de 50 caminhonetes chegaram ao local, durante o dia e a noite do dia 4 de novembro para intimidar a comunidade. Tiros de rojão foram disparados na direção dos indígenas. A mobilização Guarani teve início depois que a área, com mata preservada, foi cercada pelo proprietário do imóvel rural, impedindo a livre circulação da comunidade, e árvores foram derrubadas com a ajuda de máquinas para o início das obras do condomínio. No dia 3 de novembro, os Guarani encaminharam uma carta ao Ministério Público Federal (MPF) descrevendo a situação e pedindo providências antes que a área indígena, parte integrante do território tradicional, seja completamente destruída. Na carta, os indígenas pediram a suspensão da construção de um condomínio fechado que incide no território tradicional. Segundo os indígenas, a mata que está sendo destruída tem uma importância muito grande para a comunidade. s Guarani ainda pediram apoio do CTI, Comissão Yvyrupá, APIB, Grande Conselho Guarani-Kaiowá da Aty Guasu, Secretaria dos Direitos Humanos (SDH) e Cimi. n 5 Novembro 2014

6 Violência Corpo de liderança Kaiowá vítima de 35 facadas é encontrado às margens de rodovia no MS Marinalva foi brutalmente assassinada, caso não é isolado. Em um contexto de violência e fome estão expostos os Guarani- Kaiowá Matias Rempel Cimi Regional Mato Grosso do Sul corpo da jovem liderança Kaiowá, Marinalva Manoel, de apenas 27 anos, foi encontrado na manhã do dia 1 de novembro, às margens da rodovia BR-163, na cidade de Dourados, Mato Grosso do Sul. Importante lutadora na luta pela demarcação da Terra Indígena de Nu Porã, a jovem compôs a comitiva que, junto a integrante do Grande Conselho Guarani-Kaiowá da Aty Guasu, esteve em Brasília no mês de outubro para manifestar repúdio à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) quanto a anulação do processo de demarcação da Terra Indígena Guyraroká. Morte brutal e nada casual A brutalidade do assassinato deixou no corpo de Marinalva as marcas de 35 facadas que foram desferidas contra a indígena. s golpes acertaram a jovem nas regiões do tórax, pescoço, rosto e mão esquerda. Estas últimas sugerem que a indígena tentou se defender do ataque. Uma vez que o corpo da indígena foi encontrado nu, seu cadáver foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (lml) com o intuito de que o órgão possa comprovar também se houve abuso sexual. Conselho da Aty Guasu emitiu uma carta direcionada ao Ministério Publico Federal (MPF) em Dourados e à 6ª Câmara do MPF em Brasília informando da morte da liderança Kaiowá e cobrando providências imediatas em relação ao caso. As demandas sobre a segurança dos Guarani-Kaiowá já foram levadas de forma direta e por diversas vezes até o Ministério da Justiça, mas nenhuma medida foi tomada e os órgãos responsáveis continuam completamente omissos. Segundo as lideranças da Aty Guasu, em inúmeras assembléias, Marinalva vinha relatando o aumento das ameaças e das perseguições que sofria de fazendeiros locais e de pessoas contratadas por eles. Para as lideranças do Conselho, a morte da NU Mulheres pede rigor na apuração da morte da jovem A rganização das Nações Unidas (NU) Mulheres Brasil pediu rigor e celeridade na apuração da morte de Marinalva. Em nota, a NU manifestou extremo pesar pela violência e pela truculência com que foi a liderança Kaiowá. A nota da NU destaca que Marinalva era uma jovem obstinada, que ousou defender os direitos dos povos indígenas, e diz que, nas ameaças recebidas por ela, eram evidentes os elementos de feminicídio, o assassinato de mulheres por razão de gênero. jovem não se trata, portanto, de um acidente ou uma casualidade, mas é o resultado do silêncio das autoridades em relação a uma morte muitas vezes anunciada. Sem lugar nem para e nterrar os mortos A causa pela qual Marinalva lutou ao longo de sua vida foi sentida de maneira triste pelos parentes e amigos no momento de sua morte. Vivendo sem terra, a comunidade não tem cemitério tradicional, e o corpo da jovem, que deveria repousar junto à terra pela qual lutava, teve de ser enterrado numa área de banhado. Mal a cova foi aberta, a água tomou conta do leito de descanso improvisado para a jovem guerreira. Lágrimas de tristeza e indignação misturavam-se pelos rostos indígenas enquanto a terra ia cobrindo pouco a pouco o corpo. Conselho Indigenista Missionário (Cimi) manifesta sua solidariedade com o povo Guarani-Kaiowá através da dor partilhada por seus missionários e missionárias com as famílias de Nu Porã. Reafirmamos também o compromisso na luta pela demarcação dos territórios indígenas e pelo acesso dos povos originários a uma vida digna dentro de seus costumes e tradições. Marinalva Manoel vive na luta da Aty Guasu e no caminhar incessante do povo Guarani-Kaiowá. Que seus filhos colham as sementes por ela plantadas em território de Nu Porã. n Professor Kaingang é covardemente assassinado em Vicente Dutra Novembro Roberto Antonio Liebgott Cimi Sul/Equipe Porto Alegre professor Kaingang Davi Limeira de liveira de 22 anos, da Terra Indígena, Rio dos Índios, foi covardemente assassinado em Vicente Dutra (RS) no dia 7 de novembro. município está localizado numa região, onde ocorrem há décadas, sérios conflitos contra os indígenas em função da luta da comunidade Kaingang pela demarcação e garantia das terras. s Kaingang vivem em acampamento há décadas e aguardam que a terra seja demarcada e regularizada pelo governo federal. Segundo informações repassadas por lideranças indígenas, o professor Davi participava de um evento festivo no município de Vicente Dutra na noite de sexta-feira, 07, de novembro. Por volta de 1h da manhã ocorreu uma pequena confusão entre alguns participantes. Davi foi envolvido e acabou sendo esfaqueado pelas costas. Teve os pulmões perfurados e veio a falecer quase que instantaneamente. Cimi Sul espera que efetivamente o assassino seja punido. Imaginemos, neste contexto, se fosse o contrário: se um indígena tivesse esfaqueado pelas costas um branco de Vicente Dutra. A repercussão do fato seria absurdamente grande e criminalizariam todos os povos e comunidades indígenas do estado. Este fato não pode ser caracterizado como caso isolado. Há na região uma forte campanha contra os indígenas, especialmente no norte do Rio Grande do Sul, por conta da luta dos povos pela demarcação de suas terras. Não podemos esquecer que foi naquela região que os deputados federais Luiz Carlos Heinze (PP/RS) e Alceu Moreira (PMDB/RS) conclamaram toda a população a se manifestar contra os indígenas. Foi lá que eles incitaram a violência e chegaram a sugerir que as pessoas se armassem para enfrentar os indígenas e afirmaram que indígenas, quilombolas, gays e lésbicas são tudo o que não prestam. Foi em Vicente Dutra também que no final do ano de 2013, os comerciantes do município se negaram a vender alimentos paras os indígenas. Assusta constatar que em nosso país seja permitido a segmentos da economia e da política - contrários aos direitos constitucionais dos povos indígenas e quilombolas - agirem impunemente quando promovem o preconceito e as mais variadas formas de violações ao direito à vida. Até quando as autoridades públicas de nosso Brasil continuarão governando, legislando e julgando tendo como horizonte a defesa destes segmentos, que deveriam ser caracterizados como criminosos? Nossa solidariedade e apoio aos familiares do professor Davi que foi covardemente assassinado e ao povo Kaingang que luta pela defesa de seus direitos. n

7 Articulação Copipe: 15 anos de luta e resistência Saulo Ferreira Feitosa Cimi Regional Nordeste A Comissão de Professores Indígenas de Pernambuco (Copipe) realizou, entre os dias 13 a 16 de novembro, o seu 29 Encontrão. evento ocorreu na Ilha da Assunção, uma grande ilha do rio São Francisco que corresponde à maior extensão da porção insular do território tradicional do povo Truká. Participaram 11 dos 12 povos do estado. Apenas o povo Fulni-ô não pôde comparecer em razão de seu período ritual. Anualmente os Fulni-ô realizam o Ketxatkhalhá (uricuri), que corresponde ao período de três meses, geralmente entre final de agosto e início de dezembro. Além dos povos indígenas, também se fizeram representar várias comunidades quilombolas (Cruz dos Riachos, Jatobá, Santana, Tiririca dos Crioulos e Conceição das Crioulas) o que expressa a consciência de indígenas e quilombolas sobre a importância de estabelecerem alianças. encontrão é uma atividade permanente da Copipe, desde a sua fundação a organização tem conseguido promover dois grandes encontros anuais que contam com ampla participação de professores indígenas e lideranças de todos os povos e das pessoas da comunidade anfitriã. público varia entre 700 a 1000 pessoas. Nesse encontrão de agora, somados os 700 participantes de fora mais o público local, atingiuse o um número de pouco mais de mil participantes. Além das discussões políticas, o encontro também foi marcado pela celebração dos 15 anos da Copipe, razão pela qual esse encontrão teve como tema Copipe: 15 anos de luta e resistência. No primeiro dia foi feita uma breve memória sobre a história da organização, destacando-se o processo de criação da mesma e sua consolidação através das lutas em defesa da educação escolar indígena sempre em articulação com as lutas pela demarcação e garantia dos territórios tradicionais dos povos, nas quais acontece o envolvimento de professores e alunos. Dois motes norteiam a atuação da Copipe ao longo desses anos: Educação é um direito, mas tem que ser de nosso jeito e Escola formadora de guerreiros e guerreiras. A demarcação e/ou desintrusão da terra apareceu como a principal Elisa Urbano Ramos Pankararu Professora e liderança da Copipe P ara entender a importância da Comissão de Professores e Professoras Indígenas de Pernambuco (Copipe) hoje, bem como a sua missão juntos aos povos deste estado, se faz necessário viajar por um contexto histórico que explica a criação da comissão. Se faz necessário voltar ao passado das escolas localizadas no interior das aldeias. Vamos fazer referência desde as escolas que foram da Funai até a passagem da educação escolar para os municípios. que podemos dizer sobre a época da Funai? Escola em terras indígenas, mas não escola indígena. Ainda com a administração das escolas pelo município, em especial na década de 1990, quando por ocasião havia encontro entre os indígenas professores e professoras, era momento de lamentações. Éramos perseguidos, ameaçados, na maioria das vezes por conta da terra, uma vez que os políticos municipais, na maioria das vezes, eram posseiros, fazendeiros e pistoleiros, portanto inimigos dos indígenas. Em 1999 aconteceu o que podemos chamar de um divisor de águas. Em Retrospectiva Angelo Bueno virtude da Resolução CEB nº 03 de 10 de novembro de 1999, que Fixa Diretrizes Nacionais para o funcionamento das escolas indígenas e dá outras providências. No dia 20 do mesmo mês acontece o I Encontrão da Copipe, na Aldeia Pé de Serra, território Xukuru. Já naquela ocasião os povos participaram do evento se responsabilizando pelo transporte, algo fantástico, que caracteriza os encontrões até hoje. Essas assembleias juntavam mais de pessoas: tudo bancado exclusivamente pelos próprios povos. Sem governo, nós por nós mesmos. Já naquele encontro, um dos encaminhamentos foi organizar uma comissão representativa. No dia 6 de janeiro de 2000, em uma reunião na Aldeia Pedra D água, território Xukuru, aconteceu o que chamamos de formatação da Copipe, pois sua missão e objetivos estavam definidos, com direção composta por duas lideranças de cada povo, algo que permanece até os dias atuais. Em meio ao conjunto de problemáticas, uma se destacava: queríamos que a escola refletisse a educação indígena dos nossos povos, ou seja, diferenciada e específica. A resolução apontava para esse encaminhamento, uma vez que estava posta a proposta de estadualização das prioridade para 2015, por essa razão os povos identificaram a importância de continuar as mobilizações contra os projetos de lei (PLs) e propostas de emenda à Constituição (PECs) que pretendem subtrair direitos indígenas, a exemplo da PEC 215 que propõe transferir do poder executivo para o legislativo a competência para decidir sobre demarcação de terras indígenas, o que representaria o fim das demarcações uma vez que a bancada ruralista já detém grande representação no Congresso Nacional e a ampliará na nova legislatura ( ). Durante todo o evento as lideranças religiosas se encarregaram de cuidar da espiritualidade, assegurando uma mística suave através dos toantes e linhas de toré cujos conteúdos reportavam-se às cosmovisões dos vários povos ali representados. Na noite do sábado houve um grande ritual intercultural e inter-religioso, no qual todos os povos fizeram suas celebrações no terreiro sagrado do povo Truká. As águas do São Francisco e a o frescor espiritual aliviaram do forte calor que castigou os participantes durante todos os dias. escolas. E durante três anos travamos essa luta, sempre a partir de encontros e reuniões de professores e lideranças. Nesse sentido podemos dizer que tivemos conquistas, pois se antes estávamos submetidos ao conjunto de prefeituras, situação que tirava a autonomia da organização social dos nossos povos, hoje nos remetemos à Secretaria de Educação do Estado e, em última instância, ao Ministério da Educação. Deixamos de ver nossos direitos no poder de decisão de quem nos ameaçava de morte e contratava pistoleiros para matar nossas lideranças. Na conjuntura da estadualização houve mudanças, no entanto, diversos elementos precisam ser ajustados, como, por exemplo, o concurso público e a criação da categoria professor e professora indígena. A Copipe é uma organização indígena, que tem importância e responsabilidade na busca por direitos, enquanto instituição representativa e parte do movimento indígena nesse país. Só há luta por direitos quando há direitos negados. Para a luta ser digna é necessário o fortalecimento, que requer a todos e todas indígenas conhecer a história e participar da história. E esse dever de socialização cabe à Copipe. n encontrão é uma atividade permanente da Copipe, desde a sua fundação a organização e conta com ampla participação de professores indígenas e lideranças de todos os povos e das pessoas da comunidade anfitriã 7 Novembro 2014

8 Educação escolar indígena Um instrumento Gustavo hara de resistência e de libertação Tecendo com as próprias mãos uma educação descolonizadora. Mais de 50 etnias participaram do 2 Encontro Nacional de Professores Indígenas, em Luziânia, Goiás Novembro N a defesa de uma educação que valorize saberes tradicionais e contemple as especificidades de cada etnia, mais de 50 povos se reuniram entre os dias 28 a 31 de outubro em Luziânia (G), no 2 Encontro Nacional de Professores Indígenas. A afirmação da identidade étnica e cultural, o respeito à memória histórica e a consideração dos projetos societários definidos de forma autônoma por cada povo foram pautas reivindicadas por cerca de 100 indígenas presentes no evento. A gente enfrenta muitos problemas na área de educação e já escutamos tantas recusas, temos direito a especificidade, mas quando buscamos melhorias escutamos não. nde está meu direito de ser específico? Da minha comunidade ter a sua forma de ser respeitada? governo só quer nosso atraso, protesta Flaubert Guajajara. No encontro, o debate sobre a garantia da autonomia indígena foi tema de debate. Autonomia não significa estar isolado e não se relacionar com o outro. Autonomia significa não estar subordinado ao outro. Acho que cada povo tem que ter o seu projeto próprio e na conjuntura há uma disputa permanente entre projetos dos povos e externos, aponta Cleber César Buzatto, secretário-executivo do Cimi. A disputa apontada por Buzatto é a de setores do agronegócio, empreiteiras, mineradoras e fazendeiros contra os povos originários, nesse sentido, a autonomia indígena é importante na defesa dos direitos e no enfrentamento a medidas que subordinam e aniquilam o projeto dos indígenas. Se a autonomia não partir do Luana Luizy próprio povo não vai haver perspectivas para a educação melhorar, corrobora Vanice Domingos da etnia Kaingang. Muitos povos sofrem no Brasil com a falta de uma infraestrutura escolar que abarque e respeite seu modo de ser. s professores apontaram também a necessidade de diferenciação entre escola indígena e educação indígena. Educação Escolar Indígena se resume a políticas públicas como: professor remunerado, com todos os agentes de apoio técnico educacionais, por aí vai. Quanto educação indígena é aquela educação própria, originária, autóctone de cada povo, distinta entre si, mas baseada na oralidade dos seus saberes e fazeres que não são reconhecidos pela academia. São saberes e fazeres construídos durante milênios, carregada de simbolismo e signos, afirma Félix Bororo. É preciso reconhecer a diversidade sociocultural e linguística dos povos, assim como a participação dos indígenas na formulação e execução de políticas públicas em projetos desenvolvidos em seus territórios. Falta muito para que nossas escolas tenham suas especificidades que contemplem nossa língua para que tenhamos nossa alteridade protegida. Hoje embora a escolarização indígena tenha sido positiva, por um lado foi negativa, pois quer separar tudo. Para nós o mundo espiritual e o físico estão unidos, mas os gestores municipais e federais erram achando que os cosmos estão reunidos em caixinhas. Ah agora vamos estudar física, química e matemática. s povos indígenas não conseguem ver dessa forma, pois são povos que estão ligados a natureza, complementa Félix Bororo. Lançamento da publicação: Por uma Educação Descolonial e Libertadora Manifesto sobre a Educação Escolar Indígena no Brasil D urante o encontro, o Manifesto sobre Educação Escolar Indígena no Brasil, Por Uma Educação Descolonial e Libertadora foi lançado na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, uma publicação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Manifesto é dividido em 12 capítulos e aborda questões como o histórico da educação escolar indígena; os princípios já consagrados na legislação; a situação dos docentes indígenas; a infraestrutura das escolas indígenas; e ainda os territórios Luana Luizy etnoeducacionais e a posição do Estado brasileiro. A conclusão do texto mostra os desafios e perspectivas para os povos indígenas. professor indígena Flauberth Guajajara reforçou que a luta é pelo reconhecimento e efetivação de direitos já conquistados pelos povos indígenas. Nossas principais reivindicações no âmbito da educação escolar indígena é que aconteça o tratamento específico e diferenciado que está na Constituição Federal e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).

9 Ato no Palácio do Planalto pela demarcação das terras e melhorias na educação A pós o lançamento do manifesto, os indígenas caminharam até o Palácio do Planalto, onde protocolaram uma carta direcionada à presidência da República. No documento, os indígenas demandaram a implementação de seus direitos relativos à educação escolar e reivindicaram aceleração das demarcações que estão paralisadas no atual governo. Até hoje, a maioria das nossas terras não está demarcada e as que estão continuam sendo invadidas por traficantes de drogas e minérios. A maioria dos nossos povos deu um voto de confiança para Dilma, mas não vamos abrir mão dos nossos direitos, afirmou o professor indígena Agnaldo Pataxó- Hã-Hã-Hãe. Uma comissão foi recebida pela Secretaria- Geral da Presidência da República. s indígenas reclamaram da infraestrutura precária nas escolas, da situação de interinidade dos professores, da ausência de material pedagógico bilíngue ou na língua indígena, da falta de controle social e do desrespeito à cultura e aos conhecimentos e saberes acumulados milenarmente. Documento Final do 2 Encontro Nacional sobre Educação Escolar Indígena N ós, professores, professoras e lideranças indígenas, representantes de 52 povos de todas as regiões do Brasil, reunidos no Centro de Formação Vicente Cañas, em Luziânia (G), no 2 Encontro Nacional sobre Educação Escolar Indígena, debatemos e refletimos sobe a situação da educação indígena e a educação escolar indígena no Brasil. Considerando toda a caminhada das comunidades, professores e lideranças de todo o Brasil, nós professores indígenas, somos os pioneiros em abraçar a causa de uma verdadeira educação indígena e neste 2 Encontro soltamos os nossos gritos de guerra Educação é um direito, mas tem que ser do nosso jeito e Direitos conquistados não podem ser negados. Durante esses quatro dias analisamos a conjuntura política nacional e percebemos o aprofundamento do ataque aos nossos direitos. Diante disso, protocolamos no Palácio do Planalto um documento onde apontamos as dificuldades que encontramos para podermos fazer Do Palácio do Planalto, os indígenas seguiram para o Supremo Tribunal Federal (STF) onde pediram a nulidade de recentes decisões da 2 Turma referente às terras indígenas de Porquinhos (MA), do povo Canela-Apãniekra, e da Terra Indígena Guyraroká, do povo Guarani-Kaiowá (MS). Nos dois casos, atendendo a mandados de segurança impetrados por fazendeiros, os ministros do STF anularam as portarias declaratórias das respectivas t erras. No Supremo, um grupo se encontrou com o ministro, Celso de Mello, que segundo os indígenas foi bastante receptivo e sensível perante as decisões que prejudicam o reconhecimento das terras tradicionais. s professores e professoras indígenas manifestaram preocupação frente ao projeto político colocado em prática pelo governo. Se no Legislativo e Executivo diversas medidas tentam impedir as demarcações e mudar conquistas já garantidas na Constituição Federal, os indígenas se deparam agora com a judicialização do reconhecimento de suas terras. Para nós o mundo espiritual e o físico estão unidos, mas os gestores municipais e federais erram achando que os cosmos estão reunidos em caixinhas. Ah agora vamos estudar física, química e matemática. s povos indígenas não conseguem ver dessa forma, pois são povos que estão ligados a natureza Félix Bororo uma educação específica, diferenciada e de qualidade nas comunidades. Sabemos que a educação escolar indígena já é um direito conquistado e que vem sendo negado; conhecemos o Modelo de Educação Própria, ouvindo sobre a experiência do povo indígena Shuar, do Equador; refletimos sobre a escola colonizadora, que tem o currículo como conteúdo e a escola descolonizada, que tem o currículo como identidade; e refletimos ainda sobre sistemas abertos. Dessa forma, entendemos a Educação Escolar Indígena como um foco principal da nossa realidade, na luta pela sobrevivência em nossos territórios, pelos nossos saberes, pelas tecnologias, nossos modos de produção e nossas cosmologias. Diante dos fatos acontecidos nas escolas dentro das aldeias, viemos repudiar a omissão dos Estados e municípios, que não priorizam o investimento de recursos nas escolas indígenas, as interferências que vem sendo impostas como obstáculos para não sistematizar os Fotos: Gustavo hara currículos indígenas no sistema nacional de educação; a não consulta e participação ativa dos povos indígenas na criação das Universidades Indígenas e outras instâncias publicas; a não participação de professores e lideranças indígenas na reformulação dos currículos. Queremos através deste documento dizer aos governantes, que as nossas escolas indígenas sejam reconhecidas e respeitadas, obedecendo os sistemas de educação próprio de cada povo, cada um com suas especificidades, no seu modo de ser, viver, se organizar, de relacionar com o sagrado, reconhecendo nossas bibliotecas que oferecem nossos livros práticos, as nossas disciplinas tradicionais que se encontram dentro dos nossos territórios. Que as esferas federais, estaduais e municipais reconheçam a autonomia das escolas indígenas. Este encontro foi para nós um fortalecimento cultural tratando com muito respeito, delicadeza o conhecimento e as sabedorias dos nossos ancestrais. A luta por educação também representa a luta pela terra. Uma das expectativas dos indígenas é a de que a escola seja formadora de guerreiros e guerreiras 9 Novembro 2014

10 Articulação 1 Assembleia do povo Kinikinau fortalece a identidade na luta pelo bem viver Foto: Luiz Henrique Eloy Novo despertar do povo Kinikinau na luta pelos direitos originários. Dentre alguns pontos destacados da 1 Assembleia está o compromisso do Estado com a demarcação e devolução das terras tradicionais e instituição de um Conselho do povo Kinikinau Matias Rempel Cimi Regional Mato Grosso do Sul V ítimas de remoções forçadas, invasões de fazendeiros e posseiros, o povo Kinikinau foi expulso de seu território tradicional há mais de 100 anos. Porém, um novo despertar ressurge agora na luta pelos direitos originários. Dentre alguns pontos destacados da 1 Assembleia Kinikinau está o compromisso do Estado com a demarcação e devolução das terras tradicionais e instituição de um Conselho do povo Kinikinau. As políticas governamentais de redução territorial e uma onda sistemática de perseguições de fazendeiros, posseiros e invasores significaram para os Kinikinau, no Mato Grosso do Sul, o peso inimaginável de mais de cinco séculos de dispersões forçadas, o retalhamento de seu povo e o desmembramento total de seus territórios. Em 1940, após muito translado, um pequeno grupo fixou-se na Aldeia de São João em terras pertencentes ao povo Kadiwéu, local que em que vivem até hoje, muitos estragos já haviam sido infligidos a outros grupos Kinikinau. Estes, sistematicamente expulsos de suas terras tradicionais, acabaram por ter de viver de uma espécie de empréstimos territoriais, sendo acolhidos em meio a terras e grupos Indígenas Terena. Assim, os Kinikinau foram transformados em um povo forasteiro. Até hoje, os Kinikinau, por terem sido vítimas das pressões dos fazendeiros e políticas de esbulho, sofrem violência física e psicológica constantes em alguns dos territórios que ocupam. Sendo chamados até de povo que vive de favor entre outros povos indígenas e jamais conseguiram se enraizar de maneira plena, tendo por vezes seus membros menosprezados por alguns ocupantes tradicionais destas terras. Com as vidas fragmentadas passaram a ter negado também seu reconhecimento étnico pelos próprios órgãos indigenistas oficiais, primeiramente pelo Serviço de Proteção aos Índios (SPI) e depois pela Fundação Nacional do Índio (Funai). Como se não bastassem às perseguições e migrações físicas, os Kinikinau tiveram de enfrentar o peso da invisibilidade, alicerçado pelas mãos de estudiosos que passaram a tecer teorias do desaparecimento ou simplesmente pelo esquecimento seletivo da memória, deixando de constar referências desta etnia nos documentos oficiais. Perseguidos tiveram de trocar, sobretudo arbitrariamente, seus sobrenomes retirando de seus documentos e registros, as referências que os identificavam como pertencentes à etnia Kinikinau. Assumiu este povo, de maneira forçada, identidades alheias e impróprios destinos. Considerados subgrupo Terena por muitos anos, passaram a viver nas sombras de outros povos em aparente silêncio, mas nunca esqueceram de quem são e nem de sentir o que é ser Kinikinau. Esta 1 Assembleia pode ser considerada como um despertar coletivo dos Kinikinau por ser fruto proveniente de dor compartilhada e sentida nas mais União Europeia ouve clamores de comunidades tradicionais na BA e visita Novembro CPT e Cimi A violação de Direitos Humanos e o crescente aumento da violência contra as comunidades tradicionais trouxeram à região sul da Bahia, no dia 1º de novembro, diversos embaixadores da União Europeia e representantes da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, além da Secretária Estadual da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos da Bahia. Junto com estes representantes vieram os deputados estaduais Yulo iticica e Bira Coroa, que se somaram a dezenas de entidades da sociedade civil organizada, NGs, Pastorais da Igreja Católica, religiosos e religiosas, movimentos de luta pela terra, assentados, acampados, quilombolas, vereadores, comerciantes, empresários da região, e diversas etnias indígenas, para um encontro na Aldeia Serra do Padeiro, no município de Buerarema, com objetivo de refletir sobre esta problemática da violência, e juntos buscarem solução para esta situação que vivenciam estas comunidades. Josivaldo Dias Cerca de 400 pessoas tiveram, então, a oportunidade de ritualizarem seus anseios no grande Toré celebrado pelos Tupinambá e outros povos presentes no evento, socializaram suas angústias na grande plenária através das falas e entregas de documentos e dossiês, se alimentaram de esperança e força, não só da deliciosa e farta alimentação proporcionada pela comunidade da Serra do Padeiro, mas também da sua resistência e confiança nos encantados. A comitiva da União Europeia, com a presença de nove Embaixadas (Bélgica, Suécia, Reino Unido, Eslovênia, Finlândia, Espanha, França, Holanda, Irlanda), dois Consulados e a chefe da delegação da União Europeia, Ana Paula Zacarias Portugal, ouviram atentamente os relatos de violência física, psicológica e cultural, criminalização de lideranças, judicialização das lutas, desrespeito às culturas e povos, preconceito, genocídios, crimes contra a natureza, avanços de empreendimentos com o capital europeu sobre territórios tradicionais, violação de direitos, falta de políticas públicas, assim como descumprimento e ataques a direitos constitucionais duramente conquistados. Ao final dos relatos, a chefe da delegação se comprometeu em ler atentamente e divulgar os documentos entregues, além de recomendar às autoridades brasileiras mais atenção e cuidado com as comunidades, e lutar pela garantia dos Direitos Humanos. Ana Zacarias afirmou que: A defesa dos Direitos Humanos é fundamental para o povo, não queremos e não vamos interferir na política nacional, mas também entendemos que só juntos (todos os países) é que poderemos resolver os problemas de desigualdades. No dia 31 de outubro, no Palácio da Reitoria da Universidade Federal da Bahia, em Salvador, a Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República, em parceria com esta mesma Delegação da União Europeia no Brasil, realizou uma audiência pública. Diante do salão lotado de representantes das comunidades quilombolas, indígenas, fundo e fecho de pasto, pescadores, representantes de NG s e do governo, denunciaram atos de violência sofridos por eles. Chamou a atenção as graves

11 Homenagem A despedida de Dom Tomás, no ritual dos Krahô Egon Heck diversas aldeias em que vivem os filhos deste povo. Preocupados com a continuidade de sua trajetória e com as futuras gerações, cansaram de viver alheios aos seus territórios e sem a possibilidade de dividir com os seus pares os hábitos e costumes que os caracterizam como grupo. A assembleia foi realizada na Terra Indígena Terena de Nioaque, o que já denuncia os problemas da falta de ocupação e de espaço próprio do povo Kinikinau. Porém, o fato também revela a solidariedade do povo Terena junto à luta dos Kinikinau que, assim como representantes do conselho Aty Guasu do povo Guarani e Kaiowá, se fizeram presentes no encontro e assumiram compromisso conjunto de buscar junto a este povo a superação destas mazelas históricas que há muito os afligem. Eu sou Kinikinau, vocês são Kinikinau, nós sabemos, sempre soubemos. Antes estávamos sozinhos. Era difícil dizer isso e por isso vivemos calados, mas agora com nossa união e nossos parentes não temos mais medo, não calaremos mais, diz Genilson Roberto Flores Kinikinau. n aldeia Tupinambá denúncias feitas pela representante do Quilombo Rio dos Macacos, Rosemeire dos Santos, que afirmou que o local é ocupado pela comunidade há mais de 200 anos, e atualmente a instituição militar reivindica sua desocupação para atender a necessidades futuras da Marinha. Já Edmilson dos Santos, presidente da Associação de Serra do Bode, em Monte Santo, a 352 km da capital, relatou o sofrimento dos pequenos produtores diante da expansão do agronegócio. Eles (os grandes produtores) matam mesmo, querem nos expulsar de nossas terras. Muitos são assassinados e depois os fazendeiros dizem que eram bandidos. Nesse evento, também foi lançado o livro 10 Faces da Luta pelos Direitos Humanos no Brasil. livro traz experiências de 10 destacados Defensores de Direitos Humanos, que estão inseridos no Programa de Proteção da Secretaria de Direitos Humanos, e que são expressão da luta por Direitos Humanos. Dentre eles se destacam na questão indígena os caciques Deoclides, da etnia Kaingang, e Rosivaldo Babau, da etnia Tupinambá. n E Egon Heck, Secretariado do Cimi le está aqui. Eu vi. Uma pessoa quando morre fica entre nós. Ele não foi embora. Ele está aqui. Ele está olhando por nós. São poucos os que ajudam os povos indígenas. Tem que continuar o trabalho, a luta de Dom Tomás. Gercília Krahô, importante liderança de seu povo, recebeu, na nova aldeia, com muito carinho, parentes e amigos de Dom Tomás, que ela tinha como tio. Para o povo Krahô, o tio tem uma relevância tão importante no papel da formação social quanto o pai. A homenagem ritual Amjĩkĩn Pàrcahàc acontece como a finalização do luto de um parente e, neste caso, seu inesquecível amigo Tomás. Este ritual compreende momentos marcantes de noites acordadas e embalados pelos cantos no pátio, pinturas corporais, cortes de cabelos e a corrida com a tora de buriti, que simboliza o corpo de Dom Tomás. Esse corpo pintado e empenado percorreu o pátio nos ombros dos indígenas e, em seguida, foi levado à casa de Gercília, onde foi envolto em um pano e, logo depois, despido para que as mulheres pudessem se despedir através do choro ritual, um lamento profundo de lágrimas e soluços, que toca e faz chorar muitos dos presentes. Cerrado já se vestia de verde e o rio se tingia de vermelho para participar desse momento ímpar da memória de um de seus filhos e defensores, intransigente e radicalmente comprometido com a diversidade da vida, dos povos e das comunidades originárias deste Brasil central. Cenário perfeito para um grande e inesquecível acontecimento. Beleza e simplicidade, alegria e lágrimas, gestos profundos de espiritualidade ritual. A celebração da memória de um kupen (não indígena) na aldeia é mais do que uma excepcionalidade, é um gesto de reconhecimento da permanência dentre eles. Presentes e compromisso Egon Heck Um dos momentos marcantes do ritual foi quando Dom Eugênio, bispo de Goiás, entregou à comunidade, através de Gercília, umas lembranças de Dom Tomás uma cruz simbolizando os mártires latino-americanos e uma vistosa estola, que ela imediatamente vestiu. Era mais do que memória. Foi o selado o compromisso da continuidade do trabalho em defesa da vida e dos direitos dos povos indígenas, em especial com os mehin (Krahô). De longe se ouvia a cantoria ritual no centro do pátio da aldeia. Era o último dia da celebração. Gercília aproximou-se de Dom Eugênio e num gesto perdido na noite, carregada de harmonia, revezando silêncios e maravilhosos cantos, tirou o colar que trazia no pescoço e colocou-o no bispo dizendo Agora você é compadre de Dom Tomás. Umas rápidas palavras, e estava selado o compromisso. Dom Eugênio declarou que sempre teve muita admiração por Dom Tomás, pelos seus trabalhos, pela sua luta. Por essa razão, estava junto aos Krahô, com o pessoal do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e outros amigos de Ddele. Simpatizo com a causa indígena e a da terra. É preciso defender essa gente e os empobrecidos da terra. Ele ainda afirmou ter achado ótima essa oportunidade de conhecer um pouco mais da cultura indígena. massacre continua No decorrer dos três dias celebrativos, inúmeros depoimentos foram sendo desfilados. Todos eles marcados por profunda indignação e revolta, por violências, omissões, preconceitos e massacres. Izabel Xerente verberou Vão entrar em nossas terras [grandes projetos] para massacrar. Nós vivemos lutando por todos. Tenho essas borduna pra dar na cabeça. Vários depoimentos lembraram o avanço do agronegócio, destruindo as matas, poluindo os rios, a expansão das monoculturas da soja e do eucalipto, o aumento da criação de gado, a contaminação que acaba envenenando e matando a terra e os animais, secando os rios. Foi lembrada a brava resistência das comunidades indígenas diante das políticas desenvolvimentistas do atual governo com a implantação de rodovias, hidrovias e hidrelétricas, dentre outros. Porém, nós, indígenas, somos a semente e as plantinhas dessa terra. Vamos continuar lutando. Vamos nos unir com os pobres. Vamos lutar unidos. povo Krahô, que faz parte da grande nação Timbira, tem hoje em torno de pessoas vivendo em 28 aldeias nos municípios de Goiatins e Itacajá, no Tocantins Gratidão e alegria. ritual que marcou o fim do luto de Dom Tomás entre os Krahô também nos traz a certeza de sua presença e a continuidade de sua luta entre nós e da vitória dos povos originários do país e do continente latino-americano. n Povo Krahô faz ritual para despedida de Dom Tomás. A celebração da memória de um kupen (não indígena) na aldeia é mais do que uma excepcionalidade, é um gesto de reconhecimento da permanência dentre eles 11 Novembro 2014

12 Resistência Governo tenta restringir consulta prévia da usina São Luiz do Tapajós Ministério Público Federal aponta desobediência à ordem judicial Marcelo Cruz/Agência Brasil Assessoria de Comunicação Procuradoria República Pará Novembro Ministério Público Federal se manifestou no processo que trata da consulta prévia, livre e informada da usina São Luiz do Tapajós, que o governo brasileiro quer construir na região de Itaituba, sudoeste do Pará, pedindo que o direito da consulta seja respeitado para todos os povos afetados. governo brasileiro está tentando restringir o direito da consulta, sustentando nos autos que a consulta só precisa ser feita com algumas aldeias do povo Munduruku, excluindo índios da mesma etnia e ribeirinhos que serão impactados no alto curso do rio Tapajós. direito da consulta prévia está previsto na Convenção 169 da rganização Internacional do Trabalho, da qual o Brasil é signatário, e nunca foi cumprido pelo governo federal nas usinas hidrelétricas que constrói na Amazônia. No caso da usina São Luiz do Tapajós, ao pedir uma suspensão de segurança no Superior Tribunal de Justiça para prosseguir com os estudos da obra, o governo foi surpreendido porque a decisão do ministro Félix Fischer liberou os estudos, mas obrigou a realização da consulta. que não se mostra possível, no meu entender, é dar início à execução do empreendimento sem que as comunidades envolvidas se manifestem e componham o processo participativo com suas considerações a respeito de empreendimento que poderá afetá-las diretamente. Em outras palavras, não poderá o poder público finalizar o processo de licenciamento ambiental sem cumprir os requisitos previstos na Convenção nº 169 da IT, em especial a realização de consultas prévias às comunidades indígenas e tribais eventualmente afetadas pelo empreendimento, diz a decisão do então presidente do STJ. Mesmo assim, no mês passado, o governo brasileiro chegou a agendar o leilão da usina para o dia 15 de dezembro. Depois, diante da pressão dos próprios atingidos, voltou atrás e desmarcou o leilão. Mas, no processo judicial, a União e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente continuam insistindo em restringir e negar o direito de consulta a boa parte dos atingidos, alegando que a Convenção 169 não foi regulamentada e que populações ribeirinhas não podem ser consideradas tribais. Em reunião com os atingidos recentemente, Nilton Tubino, da Secretaria-Geral da Presidência da República, avisou que as populações tradicionais do rio Tapajós não serão consultadas. que a gente tá discutindo é fazer um processo de informação lá com Mangabal, mas que não seria consulta. No entendimento do governo federal hoje, nessa fase aí, quem é ouvido na 169 são indígenas e quilombolas. Isso já tem referências. Comunidades tradicionais ainda não se chegou a esse acordo dentro do governo, como vão ser consultadas e em que estágio vão ser consultadas Beiradeiros, ribeirinhos e agroextrativistas são tão sujeitos de direitos da Convenção 169 quanto os indígenas e devem ter direito a uma consulta apropriada. Afirmar o contrário é mais uma vez incidir num discurso hegemônico, em que os diferentes modos de viver e se relacionar com a floresta são desconsiderados, diz a manifestação enviada à Justiça Federal de Santarém, assinada pelo procurador da República Camões Boaventura. É com muita perplexidade que o MPF avalia a defesa do Ibama. Esquece a autarquia que a Convenção 169 já foi reconhecida pelo STF como uma norma de status supralegal e goza de eficácia plena e imediata no ordenamento jurídico brasileiro, independendo, portanto, de regulamentação, diz a manifestação do MPF em resposta ao governo brasileiro. Para o MPF, a melhor solução para se identificar a forma apropriada de se realizar a consulta é fazer com que cada povo ou comunidade tradicional explicite, por meio oral ou escrito, a direito da consulta prévia está previsto na Convenção 169 da rganização Internacional do Trabalho, da qual o Brasil é signatário, e nunca foi cumprido pelo governo federal nas usinas hidrelétricas que constrói na Amazônia. depender de sua forma de organização, como deseja ser consultado. s ribeirinhos conhecidos como beiradeiros, da comunidade Montanha- -Mangabal, no alto Tapajós, diretamente afetados pela usina e a quem o governo brasileiro se recusa a consultar, elaboraram, com apoio do MPF, o seu próprio protocolo de consulta. Eles deixam claro seu intento de serem consultados nos termos da Convenção 169. Nós queremos ser consultados todos juntos, porque todo mundo aqui sabe de alguma coisa e luta por um só ideal. governo não pode consultar famílias separadamente. Nunca nos sentimos à vontade com as conversas em separado feitas por representantes do governo ou de empresas. Sabemos que nossos direitos não são favores. Por isso, não adianta o governo nos prometer nada em troca de aceitarmos sua proposta. governo também não pode nos consultar quando já tiver tomado uma decisão: temos direito à consulta prévia, dizem os beiradeiros no protocolo. direito dos beiradeiros, apesar das tentativas do governo de ignorá-los está assegurado não só na Convenção e expresso no protocolo, como foi afirmado pela ordem do ministro Félix Fischer, do STJ. Entendo que, para se dar fiel cumprimento aos dispositivos da Convenção, o governo federal deverá promover a participação de todas as comunidades, sejam elas indígenas ou tribais, a teor do seu art. 1º, que podem ser afetadas com a implantação do empreendimento, não podendo ser concedida a licença ambiental antes da sua oitiva, diz a decisão, de 18 de abril de s beiradeiros indicam que devem ser consultados, além de Montanha- -Mangabal, as comunidades de Mamãe- -Anã, Penedo, Curuçá, Pimental, São Luiz e Vila Rayol, e as aldeias como a do Chico Índio e a de Terra Preta (da etnia Apiaká). Para o MPF, o governo ignora a noção correta de bacia hidrográfica, ao limitar apenas a um trecho do rio e a alguns moradores o direito de consulta. MPF quer que a Justiça expressamente determine, novamente, que deverão ser consultadas de forma livre, prévia e informada todas as comunidades tradicionais (sejam elas indígenas ou tribais) situadas na bacia hidrográfica em que se pretende a construção da UHE São Luiz do Tapajós, nos termos da Convenção 169/IT, em especial aquelas situadas nos denominados cursos alto, médio e baixo do rio Tapajós. Boa-fé e má-fé Não são apenas os ribeirinhos e beiradeiros que o governo tenta excluir do direito de consulta. s próprios Munduruku vêm acusando o governo de tentar dividi-los, programando reuniões que excluem os caciques das aldeias e garantem a participação apenas de vereadores e indígenas do médio Tapajós. Em carta enviada ontem ao governo e também ao MPF, índios Munduruku reclamam que a reunião sobre a consulta prevista para os dias 4 e 5 de novembro, teve o local modificado pelo governo em cima da hora. Além disso, o governo se negou a dar a quantidade de gasolina que pedimos para garantir a ida de nossos parentes que moram mais longe de Jacareacanga. Acreditamos que é responsabilidade do governo garantir o transporte dos Munduruku do alto e médio Tapajós tanto por água e por terra até o local da reunião, mas o mesmo se nega a garantir recursos dizendo que o custo é muito alto. governo brasileiro age como a sucuri gigante, que vai apertando devagar, querendo que a gente não tenha mais força e morra sem ar. Vai prometendo, vai

13 Arquivo Cimi mentindo, vai enganando, diz a carta. No processo judicial da consulta, os advogados da União tentam usar as dificuldades do processo de consulta, muitas vezes causadas pelo próprio governo, como justificativa para não realizar nenhuma consulta, sob a alegação de que os Munduruku se recusam ao diálogo. Para o MPF, é uma tentativa clara de falsear a verdade depois de tantas e seguidas violações do direito de consulta por parte do governo contra os Munduruku e índios de toda a bacia amazônica. MPF lembra que a consulta realizada pelo governo só ocorre em consequência de decisão judicial e que incomoda justamente aos Munduruku por não ser prévia, como exige a Convenção 169, uma vez que a decisão governamental de construir a usina já está consolidada. Não há limites para o perfil violador de direitos indígenas básicos daqueles que figuram no pólo passivo desta Ação e de outros interessados na construção da usina. Vigora para as rés (União, Aneel e Ibama) a máxima de que os fins justificam os meios! s fins, na hipótese, são a implantação do Complexo Hidrelétrico ora em comento e o agrado aos interesses econômicos que alimentam as campanhas políticas, arremata a manifestação do MPF. n Lideranças do povo Munduruku emitem comunicado ao governo sobre demarcação da Sawré Muybu Lideranças Munduruku N ós, povo Munduruku, aprendemos com nossos ancestrais que devemos ser fortes como a grande onça pintada e nossa palavra deve ser como o rio, que corre sempre na mesma direção. que nós falamos vale mais que qualquer papel assinado. Assim vivemos há muitos séculos nesta terra. governo brasileiro age como a sucuri gigante, que vai apertando devagar, querendo que a gente não tenha mais força e morra sem ar. Vai prometendo, vai mentindo, vai enganando. Abaixo destacamos alguns pontos que mostram a má fé do Governo com o povo Munduruku: Desde janeiro de 2001 o governo promete que vai fazer a demarcação da terra indígena Sawré Muybu. No ano passado toda a documentação para homologação e registro de nossa terra já estava pronta. Em setembro de 2013 o Relatório para delimitação foi concluído, mas não foi publicado. Ministério Público Federal teve que entrar com ação obrigando a FUNAI a publicar o relatório, o que não fez até agora. governo não quer fazer demarcação porque isso vai impedir as hidrelétricas que eles querem fazer em nosso rio, chamadas de São Luiz do Tapajós e Jatobá. Já que o governo não quer fazer a demarcação, decidimos que nós mesmos vamos fazer. Começamos a fazer a autodemarcação e só vamos parar quando concluir nosso trabalho. Assim como não quer fazer a autodemarcação, o governo age de má fé quando impõe sua agenda sem deixar espaço para nós ao menos indicar o local de reunião, como acontece agora com a reunião de 5 e 6 de novembro. Nós decidimos que a reunião seria realizada na Aldeia Sai Cinza, o que foi acordado na oficina de capacitação que ocorreu na Aldeia do Mangue nos dias governo brasileiro age como a sucuri gigante, que vai apertando devagar, querendo que a gente não tenha mais força e morra sem ar. Vai prometendo, vai mentindo, vai enganando 28 e 29 de outubro de 2014 e está registrado em ata. Passamos o mês todo em articulação para que as lideranças e os caciques pudessem participar dessa reunião tão importante que será discutida como queremos ser consultados. Governo mudou o local da reunião em cima da hora, faltando dois dias para ela acontecer. Agora não temos tempo nem condições de rearticular a mudança da reunião para o médio Tapajós. Além disso, o Governo se negou a dar a quantidade de gasolina que pedimos para garantir a ida de nossos parentes que moram mais longe de Jacareacanga. Acreditamos que é responsabilidade do governo garantir o transporte dos Munduruku do Alto e Médio Tapajós tanto por água e por terra até o local da reunião, mas o mesmo se nega a garantir recursos dizendo que o custo é muito alto. Queremos dizer ao governo que não precisa ter medo em vir nas Aldeias Munduruku, pois será muito bem tratado como foi o Nilton Tubino na Aldeia Sawré Muybu no dia 25 a 27 de agosto do deste ano. Queremos lembrar que é o próprio Governo que nos mete medo com sua força, a exemplo do que aconteceu com a operação eldorado na Aldeia Teles Pires que levou a óbito o nosso parente Adenilson Kirixi e a invasão da Aldeia Sawré Muybu pela Força Nacional em março de Queremos dizer também que estamos juntos, parentes do alto e baixo, lutando para a demarcação da terra indígena Daje Kapap Eipi, conhecida pelos pariwat como Sawré Muybu. Esse trabalho agora é prioridade para nós. Decidimos que os Munduruku que fazem parte do Movimento Munduruku Ipereg Agu, do alto Tapajós, e Associação Pahyhyp, do médio Tapajós, não vamos participar da reunião com o governo nos dias 05 e 06 de novembro. E só voltaremos a falar com o governo depois que a terra indígena Sawré Muybu for demarcada e homologada. n Assine o SLICITE SUA ASSINATURA PELA INTERNET: adm.porantim@cimi.org.br FRMA DE PAGAMENT DEPÓSIT BANCÁRI: BANC BRADESC Agência: Conta Corrente: CNSELH INDIGENISTA MISSINÁRI Envie cópia do depósito por , fax ( ) ou correio e especifique a finalidade do mesmo. PREÇS: Ass. anual: R$ 60,00 Ass. dois anos: R$ 100,00 *Ass. de apoio: R$ 80,00 América Latina: US$ 50,00 utros países: US$ 70,00 * CM A ASSINATURA DE API VCÊ CNTRIBUI PARA ENVI D JRNAL A DIVERSAS CMUNIDADES INDÍGENAS D PAÍS. 13 Novembro 2014

14 Mobilização Comitiva do Maranhão protesta contra a PEC 215 e pela retomada das demarcações Carolina Fasolo e Luana Luizy Ana Mendes Ana Mendes A nomeação da senadora ruralista Kátia Abreu como ministra da Agricultura reafirma o compromisso do atual governo com o agronegócio Novembro Maranhão foi o estado do Brasil que mais deu votos proporcionais para a reeleição da presidenta Dilma Roussef, no entanto, é um dos estados mais controversos no que tange a causa indígena. Com objetivo de reivindicar direitos garantidos na Constituição e Federal e protestar contra retrocessos, uma comitiva composta por 40 lideranças indígenas do Maranhão chegou no dia 25 de novembro a Brasília para protestar contra a nomeação da senadora Kátia Abreu (PMDB-T) como ministra da Agricultura, pela revogação da Proposta de Emenda Constitucional 215 (PEC 215) e pela continuação das demarcações. s indígenas participaram de uma audiência pública na Câmara dos Deputados com Padre Ton (PT-R), Janete Capiberibe (PSB-AP), Érika Kokay (PT-DF) e representante da rganização das Nações e Povos Não Representados, ou UNP (do inglês Unrepresented Nations and Peoples rganization). A nomeação da senadora ruralista Kátia Abreu como ministra da Agricultura reafirma o compromisso do atual governo com o agronegócio, sob pena de deixar indígenas, quilombolas e pequenos agricultores vulneráveis a ataques. Temos que começar a questionar o governo e não aceitar Kátia Abreu como ministra da Agricultura, já que fazemos parte dos 54 milhões que elegeram Dilma, precisamos avançar nas políticas sociais. Sou contra a nomeação de Kátia Abreu ao Ministério da Agricultura, tendo em vista o que isso significará, critica Padre Ton (PT-R). PEC 215 e inviabilização das demarcações A proposta de parecer da PEC 215 apresentada pelo deputado, smar Serraglio (PMDB-PR), tem pontos mais controversos e reforça o ataque as comunidades tradicionais, pois propõe mudanças no art Na nova proposta, os indígenas poderiam permutar terras, além de propor para os povos considerados em estágio avançado de integração poder celebrar o arrendamento de terras, uma estratégia utilizada pelo Estado no passado para o esbulho dos territórios tradicionais. novo texto também coloca aos procedimentos de demarcação que estão em desacordo possam ser revistos no prazo de um ano, o que possibilitaria criar uma grande instabilidade jurídica. A PEC 215 nos extermina e vai dar o direito dos latifundiários entrar em nossas terras, aponta Ana Cleide Guajajara. A representante da rganização dos Povos e Nações não representados (UNP) manifestou preocupação sobre o andamento das demarcações. A demarcação é uma etapa importante, pois indica reconhecer os povos, com Dilma as demarcações pararam e a Funai hoje sofre pressão para não publicar os Relatórios de Identificação e Delimitação. Entendemos que sem a demarcação e sem o reconhecimento das terras, os direitos indígenas podem ser violados e o meio ambiente destruído. governo brasileiro deve usar um diálogo de autodeterminação, terra e bem estar e a UNP vai continuar atuando na defesa dos povos indígenas, inclusive dos Awá-Guaja, que sofrem com a invasão de madeireiros em sua terra, diz Iva Petrovick UNP. colonialismo ainda não findou neste país, a PEC 215 é o sangrar de nossa CF. Todo dia arrancamos a condição de ser indígena. Será que alguém acha possível ser indígena sem rios, terra? É um epistemicídio contínuo com a negação da cultura dos povos, precisamos negar o colonialismo, contra uma ditadura que tirou o Brasil dele mesmo, assinala a deputada federal Érika Kokay (PT-DF). Luana Luizy Ato no Palácio do Planalto Ana Mendes Na manhã do dia 26 de novembro, os indígenas fizeram ato político em frente ao Palácio do Planalto para propor audiência com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e protocolar dois documentos destinados à presidente Dilma Rousseff, pela retomada dos processos de demarcação das terras indígenas e contra a indicação da senadora ruralista Kátia Abreu (PMDB- T) para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Seguranças impediram a entrada dos indígenas, que mantiveram suas danças e rituais em frente à sede do Poder Executivo Federal, espremidos entre as cercas impostas e o Eixo Monumental, que as lideranças ameaçaram bloquear caso não fossem recebidas. Só saibam que tem lei e a lei será cumprida. Se alguém morrer a culpa é de vocês, disse um assessor do ministro Gilberto Carvalho, que tentava negociar a desocupação da frente do edifício. Se alguém morrer a culpa é dos governantes, porque eles é que não cumprem as leis, rebateu o cacique Fred Guajajara. Viemos de tão longe porque está muito difícil o conflito com os fazendeiros e madeireiros que invadem nosso território. Sofremos ameaças constantes e o governo simplesmente nos ignora, disse Maria Helena, do povo Gavião. Desde 2007 nossa terra está em estudo para ser ampliada e até hoje não publicaram a portaria declaratória, explica. A Terra Indígena (TI) Governador, declarada em 1982 com 42 mil hectares, fica no município de Amarante (MA). No dia 27 de novembro, as lideranças estiveram no Ministério do Planejamento, rçamento e Gestão e protocolaram documento pelo fortalecimento da Fundação Nacional do Índio (Funai), com mais recursos para os processos de demarcação e proteção territorial e também a realização de concurso público para o órgão indigenista. Depois foram para o STF, lá os indígenas expressaram sua indignação e pediram a revisão, por meio de documento, das decisões da Segunda Turma que anularam as portarias declaratórias das Terras Indígenas Guyraroká, no Mato Grosso do Sul, e Porquinhos, no Maranhão. Agora a Justiça quer tirar até o que já foi reconhecido? s indígenas no Brasil estão cada vez mais encurralados e precisam reagir. No Maranhão, somos 10 povos e vamos continuar na luta pelas terras que nos são de direito, reforçou Fred Guajajara. Do povo Gamela, que luta por seu reconhecimento étnico e territorial no município de Viana (MA), vieram sete representantes. s fazendeiros querem tomar nossas terras. Precisamos de liberdade para trabalhar e do nosso reconhecimento como índios. Se não lutarmos por nossas terras e cultura, logo não teremos mais nada, disse Jaldenir Ribeiro, da TI Taquaritiua. n

15 Resenha Livro propõe interculturalidade como modalidade de ensino Lêda Bosi, Documentalista do Cimi s organizadores da publicação A temática indígena na sala de aula: reflexões para o ensino a partir da Lei selecionaram diversos textos como contribuição à presença indígena nas salas de aula, além de uma visão crítica que problematiza o lugar desses povos na História do Brasil. A Lei /208 determinou a inclusão da história e culturas afro- -brasileira e indígena nos currículos escolares, possibilitando o respeito aos povos indígenas e o reconhecimento da sociodiversidade no Brasil. Nos diversos textos temos uma visão da forma como essa legislação está sendo implantada, ou não, para o ensino das culturas indígenas. É dada significativa importância aos livros didáticos que tratam do assunto, com ressalvas à forma como a questão é apresentada, e enfatizando a necessidade da formação acadêmica dos professores que utilizam essa ferramenta para a transmissão de conhecimentos. Conforme Edson Silva, para a implementação da Lei /2008 é preciso ter claro os diferentes níveis de responsabilidade e os desafios para sua real efetivação. No âmbito federal, o MEC, além de acompanhar, fiscalizar a execução da lei, produzir subsídios didáticos destinados aos vários níveis do ensino para colocá-los à disposição principalmente de educadores nas escolas públicas. Inicialmente temos o texto de Edson Silva onde se reflete, minuciosamente, o interesse, no século 19, pelo índio como símbolo da nacionalidade brasileira. Eleito como expressão de patriotismo, o indígena Tupi Guarani era o personagem principal ao se reler epicamente a História do Brasil. A elite política da época encarnou o espírito indianista. Foi representado na literatura, nas artes plásticas, nos discursos políticos e de intelectuais. Entre os vários nomes citados temos como maiores representantes, na literatura, os nomes de José de Alencar que escreveu Guarani e Gonçalves Dias com o poema Y Juca Pirama. Vêse então tanto a representação do índio como imagem heroica, de bravura na luta contra o colonizador português, servindo para nomear jornais de oposição, quanto como releitura histórica idílica para favorecer aos grupos políticos da situação. No capítulo sobre as universidades e o ensino da história indígena analisamse questões que tratam do ensino da história indígena para os não índios e o papel das universidades nesse processo. A autora, Zeneide Rios de Jesus, destaca a importância da universidade na formação dos professores de história, visto as distorções que cercam a história dos povos indígenas. Insiste na necessidade de que as demandas da Lei /2008 só poderão ser atendidas com um real avanço na solução das questões que dificultam o ensino da História Indígena, e se houver um sério investimento no preparo dos professores para lidarem com a necessidade de se incorporar a história indígena nas grades curriculares, contribuindo em especial para que se lide melhor com a inclusão de alunos indígenas em seus cursos. artigo de Maria da Penha da Silva reflete sobre a educação intercultural, a presença indígena nas escolas da cidade e a respectiva legislação. Citando o último censo do IBGE, de 2010, constata que há cerca de indígenas vivendo em cidades. Essa população pertence a diferentes etnias com expressões socioculturais distintas. Dessa forma, deve-se considerar que os povos indígenas no Brasil não só são diferentes da sociedade não indígena, mas também são diferentes entre si. A partir disso, a autora enfatiza a necessidade de se aprimorar o ensino diferenciado, respeitando as diferenças dos diversos povos. Por exemplo, ao citar as línguas faladas no Brasil, ensinam que há língua portuguesa e língua indígena o que mostra falta de conhecimento da diversidade dos povos indígenas no Brasil onde são faladas cerca de 270 línguas indígenas. texto de Ana Cláudia liveira da Silva, mostra a importância dos movimentos sociais na reivindicação de uma forma mais justa de tratamento das diferenças em todos os setores da sociedade, incluindo aí o interesse deste livro no âmbito educacional. Cita a legislação que tratou sobre o assunto, desde a Constituição de Entre os mais representativos, temos os movimentos sociais negros e indígenas que, com suas articulações, vêm alcançando resultados em políticas públicas para a educação. A partir dessa constatação a autora faz uma incursão na história de suas lutas e conquistas. debate sobre discriminação e desigualdade etnicorracial vem, há muito, desde os anos 1950, sendo travado no Brasil, primeiramente com questões levantadas pelos movimentos sociais organizados, A autora enfatiza a necessidade de se aprimorar o ensino diferenciado, respeitando as diferenças dos diversos povos para serem posteriormente discutidas por contingentes da nossa sociedade. Essa luta foi sufocada pela ditadura militar voltando após esse período com a redemocratização do país e com a Constituição de A autora cita diversas ações como a reserva de vagas em universidades públicas para jovens negros e indígenas, ações essas que emanam dos poderes públicos a partir dos movimentos sociais representativos. Embora valorizando a implementação da Lei /2008, reflete-se sobre a responsabilidade da sociedade como um todo no sentido de se mobilizar para cobrar as condições efetivas de sua materialização. No trabalho apresentado por Gilberto Geraldo Ferreira, acompanhamos a análise dos livros didáticos de História de Alagoas, evidenciando como os textos e as imagens constroem os indígenas no ensino na Educação Básica. Segundo o autor, embora em Alagoas haja uma produção acadêmica significativa sobre a história indígena, sobretudo a partir da década de 1980, essa produção não tem interagido com a elaboração dos livros didáticos nem na formação de professores, na medida em que o ensino persiste em deslocar os indígenas para o passado colonial. Isso implica num distanciamento entre produção acadêmica, o ensino de História na Educação Básica, a sociedade alagoana e os principais sujeitos interessados nessa história que são os povos indígenas. Muitos livros utilizam os verbos no passado, assumem posturas de dizimação das populações indígenas em Alagoas, mesmo admitindo sua presença na atualidade quando se referem a Porto Real do Colégio e a Palmeira dos Índios. Que sejam apresentados como efetivos construtores e não como vítimas na/da História. As autoras Celenia de Souto Macedo e Mércia Rejane Rangel Batista buscaram analisar como a temática indígena é compreendida pelos alunos numa escola que se situa nas bordas de uma área indígena. local escolhido foi o outro lado do rio Camaratuba na Paraíba, onde há uma comunidade Potiguara. Assim como nos textos anteriores, se percebe uma grande preocupação neste trabalho sobre as dificuldades relacionadas aos materiais pedagógicos utilizados nas salas de aula e por outro lado as dificuldades vividas pelos professores e que decorrem do tipo de formação nos cursos de licenciatura. No caso da etnia Potiguar, os povoados e as pequenas cidades, todas litorâneas, com potencial turístico implicaram, de certa forma, numa diminuição do espaço geográfico para o atendimento das necessidades básicas e sua sustentabilidade do uso dos recursos naturais para uma existência mais autônoma desses recursos. E quando os alunos se deparam com fotos e textos mostrando que o índio é o guardião da natureza, isso é quase impossível no contexto de degradação ambiental que é vivenciada na região Nordeste. Encerrando a presente publicação, os autores Edson Silva e Maria da Penha da Silva reforçam as questões sobre as diversidades étnicas no Brasil e os desafios às práticas escolares. Defendem uma educação que favoreça a troca dos diversos conhecimentos, que venha contribuir para a construção de outro projeto de sociedade, fundamentado em princípios de justiça e igualdade social, e na erradicação dos preconceitos contra as diversidades etnicorraciais no país. s documentos e a legislação citada e a participação dos Movimentos Indígenas e o Pensamento Negro contribuíram no processo sobre a necessidade de se pensar em práticas educativas para a construção de relações interculturais numa perspectiva crítica, onde a interculturalidade possa ser pensada como um espaço de questionamento das relações de poder. Pensar a interculturalidade como uma via de mão dupla, onde a educação deve possibilitar o intercâmbio de conhecimentos, a troca, o diálogo, a igualdade de direitos e oportunidades. Pensar a educação numa perspectiva intercultural é ir além da educação específica e diferenciada que vivenciam os povos indígenas, é trazer os conhecimentos sobre esses povos para as demais modalidades de ensino. n 15 Novembro 2014

16 A DIFÍCIL CNQUISTA DA PARAÍBA APIADRES Novembro Benedito Prezia Historiador s Potiguara, Petiguara ou Pitaguara (petyn= fumo + guara= comedor), cuja tradução seria antes Comedores de fumo e não comedores de camarão, dominavam uma extensa região do Nordeste brasileiro, que ia da Paraíba até o noroeste do Ceará. Eram considerados os mais unidos e os valentes indígenas de toda a costa nordestina. Antes da invasão portuguesa, já haviam se aliado aos franceses, com os quais comercializavam pau-brasil. Vendo a resistência desse povo, auxiliado que eram pelos franceses, seus concorrentes, o rei de Portugal determinou uma ocupação imediata dessa região, pois o titular da capitania de Itamaracá assim chamada, Pero Lopes de Souza, irmão de Martim Afonso, nunca havia se interessado por aquelas terras. Resolveu, pois arrendá-la a alguns comerciantes, mas sem sucesso. Somente em 1579, Frutuoso Barbosa, que tinha empreendimentos nas Índias e também experiência com o comércio de pau- -brasil aceitou esse desafio. A primeira tentativa não resultou em nenhuma ação, pois na realidade embarcou para as Índias, onde além de não conseguir nada de relevante, perdeu a mulher e dois filhos menores. Em 1582 retomou a empreitada. Dessa vez, com mais apoio real, chegou muito arrogando, imaginando que sua experiência no riente seria suficiente para a conquista das terras selvagens. Trouxe um galeão e três navios menores, com muitos soldados, artesãos, colonos e alguns frades franciscanos e beneditinos que eram mais flexíveis em relação à escravidão indígena. Imaginava que com aquela força militar e com as bênçãos da Igreja teria uma fácil conquista. Tendo informação que navios franceses estavam na parte superior do rio Paraíba, preparando um carregamento de pau-brasil, mandou seu filho juntamente com uns 40 soldados atacá-los. Ali chegando, como os franceses e Potiguara estavam no corte de pau-brasil, queimou cinco caravelas que estavam praticamente sem tripulação, numa rápida e vitoriosa ação. Animado com esse sucesso, o grupo imagina-se dono da terra. Mas foram surpreendidos pelos indígenas, que os destroçaram, matando cerca de 40 portugueses, inclusive o filho desse capitão. Ficou tão abalado com esse revés, que resolveu se afastar da foz no rio, indo esperar mais ao Sul, um reforço militar de Pernambuco, que vinha por terra num esquema de retaguarda. Com esse reforço, Frutuoso Barbosa iniciou a construção de um arraial, mais ao norte, um pouco além da foz do rio Paraíba, pois na região sul, em Cabedelo, ficara inviável. A pressão dos Potiguara continuava grande e só não foram exterminados, graças ao empenho do ouvidor Martim Leitão, de linda, que solicitou a ajuda de Diogo Flores, que ali aportou com oito navios, vindos da conquista da Patagônia. Eram os sobreviventes de uma grande armada espanhola enviada para o Sul do continente. Com um reforço, recebido em Recife, com a participação de Jorge de Albuquerque, os portugueses chegaram até a foz do rio Paraíba, onde começaram a construir um forte, onde foram deixados 170 milicianos, que iriam dar apoio à vilazinha nascente. s soldados, imaginando que a terra já estava conquistada, partiram em busca de escravos indígenas. Dirigiram-se para o interior, atacando uma grande aldeia Potiguara, onde fizeram vários presos. No retorno, caíram numa cilada, onde morreram o comandante e cerca de 50 portugueses, além de vários Tobajara, seus aliados. Isso deixou muito vulnerável o forte, pois a maioria dos soldados não quis ficar na região, com medo de ser mortos por aqueles valentes guerreiros. Mais uma vez o grupo português teve que reconhecer a superioridade dos indígenas. retorno para linda foi muito humilhante para um grupo que se dizia conquistador. Através de outros emissários, Frutuoso Barbosa e o comandante do forte solicitaram com urgência uma ajuda à Pernambuco, caso contrário seriam todos mortos. Começa então uma nova etapa na conquista da Paraíba 1. 1 Para saber mais: ANÔNIM, História da conquista da Paraíba [1585]. Campina Grande: FURNe/UFPb-Campus II, 1983.

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