Evidências científicas sobre o soco do karateca no makiwara
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- Maria Vitória Machado Anjos
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1 Evidências científicas sobre o soco do karateca no makiwara Las evidencias científicas del golpe del karateca en la makiwara Mestre em Ciência da Motricidade Human pela UCB, RJ (Brasil) Nelson Kautzner Marques Junior nk-junior@uol.com.br Resumo Makiwara significa palha enrolada. É uma tábua posicionada na vertical que fica fixada na terra. Karatecas da faixa preta efetuam um soco com uma força equivalente a 306,18 kg, enquanto que os lutadores da faixa preta que praticam soco no makiwara possuem uma força no soco de 680,4 kg. Qual é a velocidade do soco no makiwara? Qual é a resposta eletromiográfica do soco no makiwara? Qual madeira é mais dura e mais flexível para o soco no makiwara? O objetivo desse artigo de revisão foi apresentar a resposta cinemática e eletromiográfica do soco no makiwara, identificar a madeira mais flexível e mais dura para a prática do soco do makiwara. Os resultados foram os seguintes: o estudo sobre a cinemática e a eletromiografia (EMG) evidenciaram que os karatecas possuem uma melhor performance balística, detectado através do pico de velocidade angular e pelo pico da EMG. A pesquisa sobre a cinemática do soco no makiwara evidenciou que os karatecas são mais velozes na flexão do ombro do que os não lutadores e do que as karatecas. Foi detectado um similar atraso eletromecânico dos karatecas masculinos e femininos no makiwara. O tipo de madeira do makiwara está de acordo com o princípio da sobrecarga, um karateca mal condicionado deve socar numa madeira mais flexível e um karateca treinado merece socar na madeira menos flexível. Em conclusão, são necessários mais estudos para corroborar as evidências científicas sobre o soco do karateca no makiwara. Unitermos: Karatê. Soco. Makiwara. Luta. Esporte. Combate. Abstract The translation of makiwara is straw rolled, is a board that is positioned vertically and fixed on the earth. Karatekas of the black belt perform a punch with a force equivalent to 306,18 kg, while the fighters of the black belt that practicing punch in the makiwara have a force in the punch of 680,4 kg. What is the velocity of the punch in the makiwara? What is the response electromyographic of the punch in the makiwara? Which wood is less flexible and more flexible to the punch in the makiwara? The aim of this review article was to present the response kinematics and electromyographic of the punch in the makiwara, identify the wood more flexible and less flexible for the practice of the punch in the makiwara and show the impact of the makiwara on the karateka after the punch. The results of the punch in the makiwara were as follows: the study about the kinematics and the electromyography (EMG) evidenced that the karatekas have better ballistic performance, detected by the peak angular velocity and peak EMG. The study about the kinematics of the punch in the makiwara evidenced that the male karatekas are faster in shoulder flexion than the non-fighters and female karatekas. It has detected a similar elctromechanical delay of male and female karatekas in the makiwara. The type of wood of the makiwara is of accordance with the overload principle, a karateka poorly conditioned shall punch in a wood more flexible and a karateka trained shall punch in a wood less flexible. In conclusion, more studies are needed to corroborate the scientific evidences about the punch of the karateka in the makiwara. Keywords: Karate. Punch. Makiwara. Fight. Sport. Combat. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 189, Febrero de / 1 Introdução O makiwara foi criado na ilha de Okinawa, Japão, no início do karatê. Makiwara significa palha enrolada, sendo o local onde o karateca efetua o soco 1, atualmente é colocado uma borracha de 0,5 mm a 1 cm de espessura para amortecer o impacto do golpe do lutador 2. O makiwara é uma tábua de ipê ou de peroba fixada na terra e ficando na vertical, possui 2,10 m de comprimento, 60 cm fica no buraco coberto de terra e com pedra e 1,50 m é aparente para o lutador 3,4. A largura do makiwara é de 8 a 10 cm, a espessura é de 6 cm na base e de 2 cm na região de soco.
2 O treino no makiwara costuma ser através de socos com o intuito de aumentar a força do golpe do karateca 5. Segundo Cox 6, karatecas da faixa preta efetuam um soco com uma força equivalente a 306,18 quilogramas (kg), enquanto que os lutadores de karatê da faixa preta que praticam regularmente o soco no makiwara possuem uma força no soco de 680,4 kg. Esse aumento da força do soco com o uso do makiwara pode quebrar telhas, tijolos e similares ou até matar uma pessoa com um único golpe. Os socos mais exercitados no makiwara pelo karatecas graduados (lutadores com faixa próxima da preta ou faixas pretas) são o gyaku zuki e o kizami zuki, esses dois golpes são muito praticados porque proporcionam maior pontuação na competição 7. A figura 1 mostra o treino de soco no makiwara. Figura 1. Karatecas praticando gyaku zuki no makiwara (foto de Sensei Nandana, Canadá) Sabendo da importância do treino de soco no makiwara para o karateca, torna-se relevante efetuar um estudo de revisão sobre esse tema. Qual é a velocidade do ombro, do cotovelo e do antebraço que fazem o soco no makiwara? A resposta eletromiográfica do soco no makiwara difere do soco sem esse implemento? O atraso eletromecânico do soco no makiwara difere entre karatecas masculinos e femininos e em não lutadores? Qual madeira é mais dura e mais flexível para a prática do soco no makiwara? A maioria das referências do karatê não podem responder essas questões 8,9, então, o objetivo desse artigo de revisão foi apresentar a resposta cinemática e eletromiográfica do soco no makiwara, identificar a madeira mais flexível e mais dura para a prática do soco do makiwara. Método Nesta revisão de literatura foram selecionadas pesquisas sobre o soco do karateca no makiwara. A coleta dos estudos aconteceu no buscador Bireme, PubMed, Periódicos CAPES,
3 DOAJ, EBSCO, SCIELO, ScienceDirect, OASISBR e Google Acadêmico, sendo utilizadas as palavras-chave karate, makiwara, punch in makiwara, karate punch. Foram encontrados 5 estudos sobre o soco do karateca no makiwara. O critério de inclusão dos estudos nessa revisão seguiu as seguintes características de codificação: 1) lutadores de karatê, 2) sexo masculino e feminino, 3) soco no makiwara, 4) análise cinemática e eletromiográfica do soco no makiwara, 5) impacto do makiwara no karateca após o soco e 6) dureza do makiwara conforme o tipo de madeira. Apesar do makiwara ser muito utilizado no karatê, foram encontrado poucos estudos em língua portuguesa, inglesa e espanhola, não podendo ser identificado o motivo. Resultados Cinemática e eletromiografia do soco no Makiwara O conhecimento da cinemática e da eletromiografia do choku zuki (soco direto) permite um acompanhamento da evolução e piora da habilidade do golpe e serve para identificar a diferença do soco de karatecas iniciantes e altamente treinados. O professor de karatê pode definir estratégias de ensino para ocasionar uma melhor performance, evitar erros de aprendizagem e prevenir o karateca de possíveis lesões no membro superior. Assim, Vencesbrito et alii 10 tiveram o objetivo de identificar a diferença cinemática e eletromiográfica do soco direto (choku zuki) no makiwara (Obs.: O makiwara utilizado no estudo foi o indoor) de karatecas e de não lutadores. Foram selecionados 18 karatecas faixas pretas de 26,1±4,6 anos da seleção portuguesa de karatê (10 homens e 8 mulheres) (não informou o estilo) com prática de 15 anos. Os sujeitos não lutadores eram compostos por 19 pessoas e tinham 25,1±4,1 anos (9 homens e 10 mulheres). O sujeito (karateca ou não lutador) se posicionou em pé (base heiko dachi), de frente para o makiwara com a mão direita fechada na posição de soco, essa mão ficou encostada no tronco, pouco acima da crista ilíaca ânterosuperior, estando o ombro em extensão e o cotovelo em flexão com o intuito de posteriormente realizar o soco direto (choku zuki). O membro superior esquerdo ficou com o cotovelo em extensão e o ombro em flexão, formando um ângulo de 90º com o tronco do lutador. Os sujeitos realizaram na base heiko dachi (em pé) o choku zuki (soco direto) no makiwara por cinco vezes, sendo efetuado em quatro séries e com intervalo de cinco minutos entre as séries. Durante o choku zuki foram coletados os sinais da eletromiografia (EMG) dos músculos (deltóide anterior e posterior, peitoral maior clavicular e esternocostal, infraespinhal, bíceps braquial, tríceps braquial lateral, braquiorradial e pronador redondo) envolvidos no soco através de eletrodos bipolares de superfície (National Instrument, Frankfurt, Alemanha) que transferiram os dados para o software (System Ascension Technology, Motion Monitor version 6.05). Os sinais da EMG dos músculos foram normalizados tendo como referência o sinal da
4 EMG da contração voluntária máxima isométrica (CVMI) do testado, sendo realizado com os segmentos posicionados de maneira que cada músculo agonista tivesse máxima ativação. Essa CVMI foi realizada três vezes para cada músculo com 1 minuto de descanso entre cada CVMI. O registro da EMG foi coletado simultaneamente com o registro dos sinais cinemáticos através de um conversor 12 bits A/D (DaqCardTM 700, Multifunction 1/0 from National Instruments), com uma taxa de amostragem de 1600 Hz. Posteriormente os sinais da EMG foram tratados no MatLab. Os resultados do estudo de Vencesbrito et alii 10 identificaram que o choku zuki no makiwara começa com uma pronação do antebraço seguida da flexão do ombro, respectivamente, o ombro faz rotação interna e o cotovelo extensão. A flexão do ombro do karateca inicia mais cedo o movimento, mas demora mais para concluir a ação (237±65 milésimos de segundo, ms) do que o não lutador (200±48 ms), sendo identificada diferença significativa (p 0,05) através do teste t independente. Os não lutadores possuem uma flexão do ombro mais veloz. A rotação interna do ombro entre karatecas (161±9 ms) e não lutadores (176±53 ms) não teve diferença significativa (p>0,05), mas a extensão do cotovelo e a pronação do antebraço inicia mais cedo e termina mais breve em karatecas (112±42 ms da extensão do cotovelo e 242±91 ms da pronação do antebraço) do que em não lutadores (150±63 ms da extensão do cotovelo e 348±7 ms da pronação do antebraço), tendo diferença significativa (p 0,05) nas duas comparações do choku zuki no makiwara. Vencesbrito et alii 10 também identificaram que o choku zuki no makiwara de karatecas atinge o pico de velocidade angular do ombro (rotação interna do ombro e flexão do ombro), da extensão do cotovelo e da pronação do antebraço mais próximo da execução do soco no makiwara, talvez isso aconteça como uma pré-ativação muscular protetora para o futuro impacto da mão no makiwara. O teste t independente detectou diferença significativa (p 0,05) no pico de velocidade angular da pronação do antebraço, os sujeitos não lutadores (2,6±1,5 radianos por segundo, rad.s -1 ) foram mais velozes do que os karatecas (3,87±2 rad.s - 1 ). As demais comparações não tiveram diferença significativa (p>0,05) entre karatecas (10,8±1,8 rad.s -1 da rotação interna do ombro, 2,9±1,8 rad.s -1 da flexão do ombro e 8,9±1,9 rad.s -1 da extensão do cotovelo) versus não lutadores (10,1±2,2 rad.s -1 da rotação interna do ombro, 2,9±1,6 rad.s -1 da flexão do ombro e 8,8±2,1 rad.s -1 da extensão do cotovelo). A intensidade da atividade muscular de cada músculo através do RMS (root mean square, raiz quadrática média) em percentual (%) da contração voluntária máxima isométrica o teste t independente detectou diferença significativa em apenas uma comparação (p 0,05), o RMS em % do bíceps braquial dos karatecas (35±21%) foi mais alto do que os dos não lutadores (25±15%). As demais comparações entre karatecas versus não lutadores não tiveram diferença
5 significativa (p>0,05) na execução do choku zuki no makiwara 10. Sendo apresentada na tabela 1. Tabela 1. Intensidade da atividade muscular de cada músculo através do RMS em percentual durante a execução do choku zuki no makiwara O pico eletromiográfico (EMG) da atividade dos músculos da flexão do ombro e da rotação interna do ombro (peitoral maior clavicular, peitoral maior esternocostal e do deltóide anterior) acontecem antes do contato do soco do karateca no makiwara, enquanto que os antagonistas, o pico EMG ocorre mais perto do instante do contato (infraespinhal e deltóide posterior). No karateca, o músculo responsável pela extensão do cotovelo (do tríceps braquial) e pela pronação do antebraço (pronador redondo) atinge o pico EMG próximo do contato do soco no makiwara, os agonistas dessa ação (bíceps braquial e braquiorradial), tem um pico EMG mais tarde, quando ocorre o impacto do soco no makiwara para estabilizar o segmento e proteger o membro superior de alguma lesão. O teste t independente detectou diferença significativa (p 0,05) no pico EMG, o choku zuki do karateca no makiwara foi mais breve do que do que o choku zuki do não lutador no makiwara nas seguintes comparações que são apresentadas na tabela 2.
6 Tabela 2. Pico EMG dos músculos durante a execução do choku zuki no makiwara. Em conclusão, os karatecas possuem uma melhor performance balística do choku zuki no makiwara, sendo evidenciado através do pico de velocidade angular e pelo pico EMG. Vencesbrito 11 teve o objetivo de averiguar a cinemática e o comportamento eletromiográfico do soco direto (choku zuki) no makiwara (Obs.: O makiwara utilizado no estudo foi o indoor) e sem o makiwara (golpe no ar). Foram selecionados 10 karatecas masculinos de 25±3 anos da seleção portuguesa de karatê (não informou o estilo) com prática de 15±4 anos. O karateca se posicionou em pé (base heiko dachi), de frente para o makiwara com a mão direita fechada na posição de soco. Todo esse posicionamento inicial foi igual ao do estudo de Vencesbrito et alii 10. Os karatecas realizaram o choku zuki no makiwara por cinco vezes, sendo efetuada em duas séries e com intervalo de cinco minutos entre cada série. A partir da 3ª e 4ª série, o karateca fez o mesmo tipo de soco, com o mesmo estímulo anterior (repetição, série e pausa), mas o golpe do lutador finalizava alguns centímetros antes do makiwara. Os instrumentos da coleta dos dados foram iguais ao do estudo de Vencesbrito et alii 10. Os resultados do estudo de Vencesbrito 11 identificaram que o choku zuki no makiwara começa com uma pronação do antebraço seguida da flexão do ombro, respectivamente, o ombro faz rotação interna e o cotovelo extensão. A pronação do antebraço do choku zuki no makiwara começa antes, mas demora mais tempo do que na execução do choku zuki sem impacto. Nessa ação o teste t independente detectou diferença significativa (p 0,05), o choku zuki sem impacto é mais veloz (207±85 milésimos de segundo, ms) do que o choku zuki no makiwara (295±70 ms). A figura 2 ilustra a duração em ms dos movimentos articulares do choku zuki.
7 Figura 2. Movimentos articulares do choku zuki em ms Vencesbrito 11 também identificou que o choku zuki no makiwara atinge o pico de velocidade angular do ombro (rotação interna do ombro e flexão do ombro), da extensão do cotovelo e da pronação do antebraço mais próximo da execução do soco no makiwara, talvez isso aconteça como uma pré-ativação muscular protetora para o futuro impacto da mão no makiwara. O teste t independente detectou diferença significativa (p 0,05) no pico de velocidade angular da flexão do ombro e na pronação do antebraço. O choku zuki no makiwara teve um pico de velocidade angular mais breve na pronação do antebraço (2,2±1 radianos por segundo, rad.s -1 ) do que o choku zuki sem impacto (3,8±1,9 rad.s -1 ), enquanto que o choku zuki sem impacto teve um pico de velocidade angular mais breve na flexão do ombro (1,4±0,9 rad.s -1 ) do que o choku zuki no makiwara (3,6±1,5 rad.s -1 ). A figura 3 apresenta o pico de velocidade angular em rad.s -1 do choku zuki. Figura 3. Pico de velocidade angular do choku zuki em rad.s -1
8 A intensidade da atividade muscular de cada músculo através do RMS (root mean square, raiz quadrática média) em percentual da contração voluntária máxima isométrica o teste t independente não detectou diferença significativa (p>0,05) na execução do choku zuki no makiwara versus o choku zuki sem impacto 11. Sendo apresentada na tabela 3. Tabela 3. Intensidade da atividade muscular de cada músculo através do RMS em percentual durante a execução do choku zuki no makiwara e sem impacto O pico eletromiográfico (EMG) da atividade dos músculos da flexão do ombro e da rotação interna do ombro (peitoral maior clavicular, peitoral maior esternocostal e do deltóide anterior) acontecem antes do contato do soco no makiwara, enquanto que os antagonistas, o pico EMG ocorre mais perto do instante do contato (infraespinhal e do deltóide posterior). O músculo responsável pela extensão do cotovelo (tríceps braquial) e pela pronação do antebraço (pronador redondo) atinge o pico EMG próximo do contato do soco no makiwara, os agonistas dessa ação (bíceps braquial e do braquiorradial), tem um pico EMG mais tarde, quando ocorre o impacto do soco no makiwara para estabilizar o segmento e proteger o membro superior de alguma lesão. O teste t independente detectou diferença significativa (p 0,05) no pico EMG, o choku zuki sem impacto é mais breve do que do que o choku zuki no makiwara nas seguintes comparações que são apresentadas na tabela 4.
9 Tabela 4. Pico EMG dos músculos durante a execução do choku zuki no makiwara e sem impacto Em conclusão, foi evidenciado que o choku zuki no makiwara apresenta um melhor desempenho balístico, sendo identificado que o pico de velocidade angular do ombro (rotação interna do ombro e flexão do ombro), da extensão do cotovelo e da pronação do antebraço ocorre mais próximo da execução do soco no makiwara, e também, foi detectado que o pico eletromiográfico do infraespinhal, do deltóide posterior, do tríceps braquial e do pronador redondo acontece momentos antes do contato do soco no makiwara. Provavelmente, o treino de soco no makiwara possibilita uma breve pronação do antebraço, sendo benéfica para essa ação, diminuindo no tempo de realização do soco do karateca 11. Cinemática e atraso eletromecânico do soco no Makiwara O atraso eletromecânico é definido como o intervalo de tempo do início eletromiográfico até o início do movimento. Ferreira e Vencesbrito 12 tiveram o objetivo de verificar a diferença cinemática e do atraso eletromecânico do soco direto (choku zuki) no makiwara (Obs.: O makiwara utilizado no estudo foi o indoor) de karatecas e de não lutadores. Foram selecionados 10 karatecas faixas pretas masculinos de 25±3 anos da seleção portuguesa de karatê (não informou o estilo) com prática de 15±4 anos, competidores de kumite (luta). Os não lutadores eram compostos por 9 homens de 25,7±4,7 anos. Os sujeitos realizaram na base heiko dachi (em pé) o choku zuki (soco direto) no makiwara por cinco vezes, sendo efetuada em duas séries e com intervalo não mencionado entre cada série. Os instrumentos da coleta dos dados foram iguais ao do estudo de Vencesbrito et alii 10.
10 Os resultados do estudo de Ferreira e Vencesbrito 12 evidenciaram através do teste t independente diferença significativa (p 0,001) em milésimos de segundo (ms) da flexão do ombro durante o choku zuki no makiwara, os karatecas realizaram a flexão do ombro mais veloz (285±58 ms) do que os não lutadores (174±43 ms). A extensão do cotovelo não teve diferença significativa (p>0,05) entre karatecas (108±60 ms) versus não lutadores (118±13 ms). O atraso eletromecânico em milésimos de segundo (ms) do choku zuki no makiwara teve diferença significativa (p 0,05) entre várias comparações dos karatecas versus não lutadores, sendo interpretado como mais veloz a atividade muscular de menor média ou com menor média negativa. Sendo apresentado na tabela 5. Tabela 5. Atraso eletromecânico do choku zuki no makiwara de karatecas e de não lutadores Em conclusão, os karatecas na prática do choku zuki no makiwara foram mais velozes na flexão do ombro e possuem uma estratégia diferente dos não lutadores no atraso eletromecânico 12. Ferreira e Vencesbrito 13 tiveram o objetivo de verificar a diferença cinemática e do atraso eletromecânico do soco direto (choku zuki) no makiwara (Obs.: O makiwara utilizado no estudo foi o indoor) de karatecas masculinos versus karatecas femininas. Foram selecionados 10 karatecas faixas pretas masculinos de 25±3,02 anos da seleção portuguesa de karatê (não informou o estilo) com prática de 15±2 anos, competidores de kumite (luta). As karatecas femininas eram um total de 8, eram faixas pretas com idade de 27,38±6 anos e sendo da seleção portuguesa de karatê (não informou o estilo) com prática de 16±2 anos, competidoras de kumite. Os sujeitos realizaram na base heiko dachi (em pé) o choku zuki (soco direto) no makiwara por cinco vezes, sendo efetuada em duas séries e com intervalo não mencionado. Os instrumentos da coleta dos dados foram iguais ao do estudo de Vencesbrito et alii 10.
11 Os resultados do estudo de Ferreira e Vencesbrito 13 evidenciaram através do teste t independente diferença significativa (p 0,001) em milésimos de segundo (ms) da flexão do ombro durante o choku zuki no makiwara, os karatecas masculino realizaram a flexão do ombro mais veloz (285±85 ms) do que as mulheres karatecas (223±59 ms). A extensão do cotovelo não teve diferença significativa (p>0,05) entre karatecas masculinos (108±60 ms) e femininos (97±12 ms). O atraso eletromecânico em milésimos de segundo (ms) teve diferença significativa (p 0,05) apenas em uma comparação, os karatecas masculino foram mais velozes (3±1 ms) do que as karatecas femininas (61±46 ms) na atividade do deltóide anterior. O atraso eletromecânico em ms do choku zuki no makiwara é interpretado como mais veloz a atividade muscular de menor média ou com menor média negativa. A figura 4 mostra os resultados. Figura 4. Atraso eletromecânico em ms do choku zuki no makiwara dos karatecas Em conclusão, os karatecas masculinos foram mais velozes na flexão do ombro durante a prática do choku zuki no makiwara e também foi evidenciado que, karatecas masculinos e femininos possuem um atraso eletromecânico similar 13. Madeira mais flexível e mais dura para a prática do soco no Makiwara No Brasil, o makiwara é construído através da madeira de ipê ou de peroba por ser forte e flexível, a madeira tradicional do makiwara é o cedro japonês 2. Smith, Niller e McCullough 14 verificaram a dureza da madeira do makiwara através de um dispositivo de carga estática que era composto por um braço de força na horizontal que ficava fixo na parte inferior do makiwara (na base), sendo possível colocar pesos (foram utilizados pesos entre 11,34 kg a 102,06 kg) com intuito de determinar a inclinação ou desvio para trás
12 do makiwara (dureza da madeira). Todas as madeiras do makiwara tinham 10 cm de espessura por 10 cm de largura e as madeiras utilizadas foram o fresno branco do norte, o cerezo da Pensilvânia, o carvalho vermelho e o abeto Douglas (é o pinheiro da árvore de natal). Essas madeiras foram testadas com três madeiras empilhadas ou com uma madeira conforme a confecção tradicional do makiwara. Todos os resultados do estudo de Smith et alii 14 foram analisados através de Anova two way (2 tipos de tábuas x 4 tipos de madeiras) e pelo post hoc Newman-Keuls. Ocorreu diferença significativa (p 0,05) do desvio para trás em milímetros (mm) do makiwara, a inclinação para trás da madeira empilhada foi muito maior (102±68 mm) do que uma madeira conforme a confecção tradicional do makiwara (65±46 mm). Esse resultado foi retirado dos valores encontrados dos quatro tipos de madeira. Portanto, a madeira empilhada pode ser utilizada para karatecas iniciantes no soco no makiwara porque é menos dura, consequentemente oferece menos impacto ao praticante e menor intensidade na sessão. Em outro resultado, foram evidenciadas diferenças significativas (p 0,05) em todas as comparações, sendo observada a flexibilidade da madeira para trás conforme o tipo de madeira da confecção tradicional do makiwara. Quanto mais dura a madeira, menor forma os valores em mm da flexão ou inclinação para trás do makiwara, sendo ilustrado pela figura Figura 5. Inclinação para trás do makiwara de acordo com o tipo de madeira Através dos resultados da inclinação para trás do makiwara, pode-se aplicar o princípio da sobrecarga na prescrição do soco nesse implemento. Karatecas iniciantes nesse aparelho ou em
13 início de temporada devem começar o treino na madeira mais flexível (no cerezo da Pensilvânia), conforme os lutadores forem se condicionando, merecem socar nas madeiras mais duras. Em conclusão, sabendo a dureza da madeira do makiwara, é possível do treinador do karatê elaborar o treino embasado no princípio da sobrecarga 14. Conclusão Os karatecas possuem uma melhor performance balística na execução do soco no makiwara, sendo detectado um melhor desempenho no pico de velocidade angular e no pico eletromiográfico (EMG). Provavelmente, o treino de soco no makiwara possibilita uma breve pronação do antebraço, sendo benéfica para essa ação, diminuindo no tempo de realização do soco do lutador. Também foi evidenciado que os karatecas possuem uma estratégia diferente dos não lutadores no atraso eletromecânico. Outro achado importante foi detectado que a madeira pode ser mais dura ou mais flexível, tornado a sessão mais intensa ou não no makiwara. Em conclusão, apesar desses achados, são necessários mais estudos para corroborar as evidências científicas sobre o soco do karateca no makiwara. Referências 1. Spiezia F, Maffulli N (2010). Karate white belt finger. J Sports Sci Med 29(3): Souza V (2002). Análise de impacto e risco de lesões no segmento superior associadas à execução da técnica de gyaku tsuki sobre makiwara por praticantes de karatê do estilo shotokan. 10 f. UFRGS, Dissertação, Mestrado em Engenharia, Turelli F, Vaz A (2011). Lutadora, pesquisadora: lugares, deslocamentos e desafios em uma prática investigativa. Est Feminista 19(3): Clarke M (2009). The art of hojo undo: power training for traditional karate. Wolfeboro: YMAA Publication Center. 5. Nemeth M (2009). A look at the mechanics of karate. Seibukan J 1(2): Cox J (1993). Traditional Asian martial arts training: a review. Quest 45(3): Marques Junior N (2012). Sugestão do treino de soco no makiwara do karatê shotokan. Lecturas: Educ Fís Deportes, 17(171):
14 8. Nakayama M (2012). O melhor do karate kumite 1. 7ª ed, vol. 3. São Paulo: Cultrix. 9. Silvares A (1987). O tamashiwari como método de treinamento do karatê: uma avaliação. 116 f. Tese de Livre Docência, UERJ, Educação Física, RJ. 10. Vencesbrito A et alii (2011). Kinematics and electromyographic analyses of a karate punch. J Electromyogr Kines 21(6): Vencesbrito A (2012). Caracterização cinesiológica do choku zuki executado com impacto e sua comparação com a execução sem impacto. RAMA 7(1): Ferreira M, Vencesbrito A (2010). Electromechanical delay in ballistic movement of superior limb: comparison between karate athletes and nonathletes. Percept Motor Skill 111(3): Ferreira M, Vencesbrito A (2012). Sex differences in electromechanical delay during a punch movement. Percept Motor Skill 115(1): Smith P, Niller T, McCullough P (2010). Evaluando el rendimiento en la tabla de golpeo. RAMA 5(2):
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