O Sr. JUNJI ABE (PSD-SP) pronuncia o seguinte discurso: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, O pecado
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- Martim Cunha Castanho
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1 O Sr. JUNJI ABE (PSD-SP) pronuncia o seguinte discurso: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, O pecado original do Brasil na gestão dos resíduos sólidos é a utilização de aterros sanitários para disposição final dos detritos. Enquanto não houver ações para substituir a prática arcaica de enterrar lixo por modelos de tecnologia limpa, associada à implantação efetiva da coleta seletiva e da reciclagem, continuaremos patinando em medidas paliativas de parcos resultados, com transferência de contas para a população e danos irreparáveis para as gerações futuras. Baseado nisso, quero ressaltar sobre os meios gratuitos que o consumidor têm direito para transportar suas compras. Digo isto porque, neste momento, sou um intransigente defensor da distribuição gratuita de sacolas biodegradáveis pelos supermercados e outros estabelecimentos comerciais. Repito: gratuitamente. Entendo que o foco das ações para preservação ambiental tem de ser a conscientização da sociedade, porque o
2 fator prejudicial ao meio ambiente não são as sacolinhas, mas sim o descarte indevido delas e de qualquer outro resíduo. Não basta simplesmente proibir a distribuição de sacolinhas e fazer o consumidor pagar por meios biodegradáveis ou retornáveis. É uma prática inútil para o meio ambiente porque todos os outros produtos continuam em embalagens, contendo chamativas propagandas, feitas com tintas ambientalmente nocivas. É uma prática abusiva para o consumidor. A cobrança injusta penaliza em dobro as classes de menor poder aquisitivo, porque inviabiliza o reuso das sacolas para acondicionar o lixo doméstico. Ganham apenas supermercadistas que transformaram a venda de ecobags e afins em fonte de renda. Sabe-se que o descarte inadequado de sacolas plásticas e de qualquer outro detrito causa o entupimento de bueiros, o que provoca enchentes, e que a decomposição do plástico e de diversos outros materiais recicláveis leva mais de 100 anos. Portanto, a proibição das sacolinhas é inócua, se não houver uma conscientização da população para fazer a devida separação do lixo
3 para reciclagem. Temos ainda de lutar pela substituição dos aterros por modelos ambientalmente sustentáveis, como a incineração e o aproveitamento de resíduos para biomassa. Um estudo inglês comparou as sacolas plásticas às similares de papel ou de algodão e concluiu que as primeiras têm menor impacto sobre o meio ambiente, e que as caixas de papelão e as sacolas de algodão, usadas em supermercados, têm mais bactérias e fungos do que as similares plásticas. Ou seja, colocam a saúde em risco. Importante trazer à baila que o Inmetro Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia tem estudado a possibilidade de criar um selo para certificar a característica biodegradável das sacolas ditas ecológicas. Vejo aí um avanço, levando em consideração as divergências existentes sobre os impactos ambientais dos diferentes materiais. Senhor Presidente e nobres parlamentares, o consumo de sacolinhas plásticas foi reduzido com campanhas do governo que resultaram em uma queda da ordem de 33%. A conscientização
4 como base para uma mudança de hábito é sempre positiva. E completamente diferente da sumária proibição da distribuição gratuita de sacolinhas pelos supermercados. Pior é a entidade representativa dos supermercadistas tentar fazer o povo engolir uma campanha vergonhosamente enganosa. De novo, o CONAR Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária decidiu manter a suspensão da campanha Vamos tirar o planeta do sufoco em todas as mídias, incluindo as eletrônicas, como blogs, sites, rádios, TV e publicidade interna das lojas de supermercados. Por quê? Porque é uma mentira descabida. A simples suspensão da distribuição gratuita de sacolinhas não vai tirar planeta algum do sufoco. A intervenção do Conar foi motivada por uma ação movida pela Plastivida Instituto Sócio Ambiental dos Plásticos que acusou a propaganda veiculada pela Apas Associação Paulista de Supermercados de ser enganosa e não atender às normas éticas para apelos de sustentabilidade por meio da publicidade.
5 Na condição de presidente da Pró-Horti Frente Parlamentar Mista em Defesa do Segmento de Hortifrutiflorigranjeiros, da qual humildemente sou o mentor nesta legislatura, e como defensor do consumidor, afirmo que não adianta inventar medidas que só oneram o consumidor e não aliviam os impactos ao meio ambiente. Volto a afirmar: enquanto não tivermos políticas públicas eficazes para conscientizar a população sobre os meios sustentáveis de transportar suas compras, a única solução viável e livre de conversa fiada é a distribuição gratuita de sacolas biodegradáveis pelos supermercados, farmácias, quitandas e demais estabelecimentos comerciais para acondicionar os produtos adquiridos. Insisto que as pessoas precisam receber, gratuitamente, sacolas biodegradáveis, higiênicas e seguras, para transportar suas compras. Ao mesmo tempo, apoio a necessidade de se buscar tecnologias capazes de gerar alternativas com menos impacto ao meio ambiente. E cobro que as soluções identificadas envolvam todas as cadeias produtivas, resguardando boas práticas
6 ambientais desde a produção da matéria prima até a casa do consumidor. Tudo isso, aliado a maciços investimentos em educação ambiental para conscientizar a população a reduzir a geração de lixo e viabilizar a reciclagem, além de uma mudança radical na destinação final dos resíduos sólidos visando sepultar, de vez, os arcaicos aterros sanitários. Só assim, começaremos, de fato, a cuidar do planeta. Sem hipocrisia, com justiça e em favor do povo. Tudo, sob medida para nossa obrigação como cidadãos e homens públicos. Muito obrigado. Deputado JUNJI ABE PSD-SP
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