Revista Compolítica Editorial n. 1, vol. 1, ed. março-abril, ano 2011

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1 ISSN: ALBUQUERQUE, Afonso Presidente da Compolítica. Professor Associado do Departamento de Estudos Culturais e Mídia e do Programa de Pós Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense. ALDÉ, Alessandra Editora da Revista Compolítica. Professora Adunta da Faculdade de Comunicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Coordenadora do Programa de Pós Graduação da mesma instituição. Revista Compolítica Editorial n. 1, vol. 1, ed. março-abril, ano 2011 Revista Compolítica, n. 1, vol. 1, ed. março-abril, ano 2011 CC 3.0 <BY>

2 ALBUQUERQUE, Afonso e ALDÉ, Alessandra Apresentação ALBUQUERQUE, Afonso e ALDÉ, Alessandra A pesquisa em Comunicação Política vem se desenvolvendo de maneira sistemática no Brasil há aproximadamente duas décadas. Sua origem corresponde, grosso modo, ao período de transição para a democracia e, de alguma maneira, ao desencanto experimentado a respeito da real natureza do regime democrático, em contraste com as enormes expectativas alimentadas no final do regime militar. Um personagem, em especial, sintetizou de modo ímpar o turbilhão de euforia e decepção que caracterizou este período: Fernando Collor de Mello. Sua vitória triunfal, nas primeiras eleições diretas do país depois de quase trinta anos, chocou os analistas políticos de modo geral. Seu estilo de governo, imperial e espetaculoso, não foi menos surpreendente, bem como o seu fim prematuro, em meio a uma série interminável de escândalos. Em meio a uma trajetória tão conturbada, um elemento comum atraiu a atenção dos pesquisadores, tanto no campo da comunicação como no das ciências sociais: a presença dos meios de comunicação de massa como personagens fundamentais do novo jogo político. Graças a sua trajetória trágica rumo à presidência (e através dela), sempre sob os holofotes da mídia, Collor se transformou involuntariamente no patrono mesmo que torto e maldito da pesquisa em Comunicação Política no Brasil. 2 A pesquisa em Comunicação Política no país nasceu, pois, sob a marca do escândalo, de uma ruptura da ordem natural da política, tal como era compreendida até então: centrada em partidos e em idéias, antes que na imagem e no marketing. A questão de ouro que se apresentava, então, era a seguinte: seria a trajetória acidentada de Collor a evidência de uma mutação mais profunda da

3 n. 1, vol. 1, ed. março-abril, ano 2011 natureza da atividade política, ou um fenômeno bizarro, excepcional, um ponto situado fora da curva, conseqüência, talvez, do baixo grau de institucionalização da democracia brasileira? A primeira onda de pesquisas sobre a Comunicação Política teve assim, um caráter fortemente reativo e se caracterizou, em boa medida, por um enfoque genérico (e algo pessimista) na abordagem do tema. 3 Inicialmente, os fóruns para a discussão do tema eram poucos, mas se consolidaram gradativamente: um grupo de trabalho na Compós no início da década de 1990, depois outro na ANPOCS (1997) favoreceram o intercâmbio entre os pesquisadores de diferentes disciplinas. Nos dois casos, o grupo se manteve através de todos os processos de reclivagem, confirmando a relevância da especialidade nas duas áreas do conhecimento. Pouco a pouco, o tema ganhou força: o número de pesquisadores dedicados à especialidade cresceu exponencialmente; grupos de pesquisa surgiram dentro das instituições universitárias e em parcerias interinstitucionais; modelos de análise criados por alguns destes grupos se difundiram e ganharam relevância nacional. Pouco a pouco, a Comunicação Política se constituiu como um campo de pesquisa verdadeiramente interdisciplinar e as agendas dos pesquisadores vinculados às áreas da Ciência Política e da Comunicação inicialmente bastante distintas entre si se integraram em um mesmo esforço de investigação. Um impulso importante foi dado pela Revista Comunicação e Política, editada pelo CEBELA (Centro Brasileiro de Estudos Latino- Americanos) desde 1983, que teve como editores e colaboradores alguns dos pioneiros da área do Brasil. Outras revistas, mesmo sem foco específico em nossa problemática, também abriram espaço para este novo tema, contribuindo para sua visibilidade e reconhecimento.

4 ALBUQUERQUE, Afonso e ALDÉ, Alessandra Progressivamente, a pesquisa em Comunicação Política cresceu em volume e complexidade, de tal forma que subáreas de investigação se desenvolveram e consolidaram tradições próprias, relativamente autônomas entre si: o papel dos meios de comunicação nas eleições, suas relações com as instituições políticas, com a sociedade civil, o papel que tecnologias de comunicação desempenham na reconfiguração das práticas políticas, entre outros. A configuração de uma área temática na ABCP dedicada ao assunto, em 2008, foi mais um sinal da presença concreta da Comunicação Política como campo específico e produtivo em ambas as áreas do conhecimento. Tais circunstâncias justificaram a fundação, em dezembro de 2006, da Compolítica, uma associação científica voltada para o desenvolvimento da pesquisa acadêmica em Comunicação Política. Os eventos promovidos pela associação em Salvador (2006), Belo Horizonte (2007) e São Paulo (2009) demonstraram o vigor e a diversidade da pesquisa e produção bibliográfica em Comunicação Política. Às vésperas do quarto encontro da associação, a ser realizado na UERJ, no Rio de Janeiro, apresenta-se a oportunidade de um passo adiante, através da criação da Revista Compolítica. 4 A Revista Compolítica tem como principal meta servir como pólo aglutinador para uma produção que, não obstante apresente um volume considerável e qualidade crescente, se ressente da falta de veículos especializados para a sua divulgação. Assim, a Revista Compolítica pretende oferecer aos pesquisadores um fórum permanente para o debate na área da Comunicação Política, que promova a ampla circulação de resultados de pesquisa, além de reflexões teóricas e metodológicas relevantes para o desenvolvimento da especialidade. Para este número de lançamento, decidimos oferecer um panorama abrangente da área de estudos, convidando alguns dos principais nomes de cada um dos Grupos de Trabalho que configuram a

5 n. 1, vol. 1, ed. março-abril, ano 2011 Associação. A partir dos seis artigos efetivamente recebidos, oferecemos uma amostra representativa da produção nas várias interfaces que a especialidade comporta. Abrangendo desde reflexões mais teóricas e discussões sobre a agenda de pesquisa da área até dados empíricos a respeito de casos recentes da comunicação política brasileira, a Revista demonstra seu potencial para fazer convergir o melhor da produção científica da área. Nossa aposta é que uma revista temática, mais do que publicações institucionais ou genéricas, tem hoje a capacidade de manter o interesse continuado de estudantes e pesquisadores, reunindo um repertório qualificado da produção da área. 5 A partir desta edição especial de inauguração, estão abertas chamadas em fluxo contínuo para a Revista Compolítica, nas modalidades artigo, resenha e extra, que inclui a transcrição de conferências, entrevistas e outros formatos menos convencionais. A Revista Compolítica é uma revista eletrônica da Associação Brasileira de Pesquisadores em Comunicação e Política. Com periodicidade semestral, sua proposta é difundir a produção acadêmica relacionada às interfaces desses campos de estudo. Ao citar este artigo, utilize a seguinte referência bibliográfica Presidente: Afonso de Albuquerque (UFF) Vice-Presidente: Vera Chaia (PUC-SP) Secretário Executivo: Maria Helena Weber (UFRGS) Editora-Chefe: Alessandra Aldé (UERJ) Subeditores: Marco Roxo (UFF) e Viktor Chagas (UFF) ALBUQUERQUE, Afonso e ALDÉ, Alessandra. Editorial In: Revista Compolítica, n. 1, vol. 1, ed. março-abril, ano Cidade: Compolítica, <

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