RELAÇÕES TRANSATLÂNTICAS: EUA E CANADÁ
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- João Canejo Vilarinho
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1 RELAÇÕES TRANSATLÂNTICAS: EUA E CANADÁ A União Europeia e os seus parceiros norte-americanos, os Estados Unidos da América e o Canadá, têm em comum os valores da democracia, dos direitos humanos e da liberdade económica e política, e partilham das mesmas preocupações em matéria de política externa e de segurança. A UE e a América do Norte envidam esforços no sentido de superar a crise económica e financeira de 2007 e 2008, a fim de gerar crescimento e postos de trabalho para os seus cidadãos. Com vista a explorar plenamente as oportunidades em termos de relações comerciais, desenvolvem-se negociações em matéria de comércio livre e acordos de investimento. As negociações entre a UE e o Canadá relativas ao Acordo Económico e Comercial Global e ao Acordo de Parceria Estratégica foram concluídas em setembro de As negociações relativas a um acordo UE-EUA a Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP) foram encetadas em 8 de julho de 2013, tendo sido realizadas oito rondas de negociações até ao final de fevereiro de Os deputados ao Parlamento Europeu participam ativamente no diálogo com os EUA e o Canadá. RELAÇÕES UE-EUA EM MATÉRIA DE POLÍTICA EXTERNA Os EUA são os aliados mais próximos da União Europeia em matéria de política externa. Os parceiros cooperam estreitamente, consultando-se mutuamente sobre as respetivas prioridades internacionais e envidando frequentemente esforços para promover os seus interesses coincidentes em fóruns multilaterais. A UE e os EUA cooperam no domínio da política externa em diversos contextos geográficos, com destaque, atualmente, para o Médio Oriente/África do Norte (nomeadamente Iraque e Síria) e para a vizinhança oriental da Europa (especialmente Rússia e Ucrânia). Os EUA demonstraram ser um parceiro fiável em matéria de segurança para vários Estados- Membros, tal como revela a colaboração entre os aliados no âmbito da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO). Têm sido desenvolvidas sinergias produtivas no contexto das missões da Política Comum de Segurança e Defesa (PCSD) da União Europeia, nomeadamente entre a NATO e a PCSD, em zonas como o Afeganistão, o Iraque, o Kosovo, a Bósnia-Herzegovina e o Corno de África. Embora a UE e os EUA não se exprimam em uníssono relativamente a todas as questões de política externa, permanecem os maiores e mais importantes aliados um do outro. Os laços de política externa têm perdurado ao longo de muitas décadas, apesar da transformação das posições políticas e geoestratégicas de ambas as partes. RELAÇÕES POLÍTICAS UE-EUA NO ÂMBITO DO DIÁLOGO TRANSATLÂNTICO ENTRE LEGISLADORES (DTL) Os contactos entre o Parlamento e o Congresso dos EUA remontam a Em 1999, as relações foram reforçadas e oficializadas através da criação do Diálogo Transatlântico entre Legisladores (DTL). O DTL congrega deputados ao Parlamento Europeu e membros da Câmara Fichas técnicas sobre a União Europeia
2 dos Representantes dos EUA em reuniões interparlamentares realizadas duas vezes por ano alternadamente nos EUA e na Europa. Um dos temas económicos mais importantes em debate é a negociação da Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP). O Parlamento Europeu e o Congresso dos EUA já manifestaram o seu interesse em aprofundar o compromisso económico transatlântico através de tal acordo. Os legisladores que participam nestas reuniões realizadas duas vezes por ano também trocam pontos de vista sobre outros temas políticos fundamentais de interesse mútuo, desde a ascensão do «Estado» Islâmico da Síria e do Levante (ISIL) no Médio Oriente/África do Norte à coordenação de sanções internacionais. Embora exista uma convergência dos pontos de vista transatlânticos em vários domínios, o intercâmbio de ideias entre legisladores revelou também divergências sobre temas políticos fundamentais. A importância deste diálogo político transatlântico não deve ser subestimada, sobretudo tendo em conta o poder do Congresso dos EUA, por exemplo, na autorização da intervenção dos EUA em crises mundiais e na definição da participação dos EUA em instituições de governação mundial. No âmbito do DTL são também debatidos os desafios financeiros mundiais, com trocas de pontos de vista sobre a forma de assegurar a sustentabilidade a longo prazo das finanças públicas e de reforçar a coordenação no domínio da regulação financeira. A cibersegurança e a liberdade na Internet constituem também preocupações de relevo. Neste contexto, os debates UE-EUA centram-se frequentemente em três aspetos: a cooperação cibernética orientada para a segurança, a harmonização comercial das tecnologias da informação e comunicação (TIC) e o aumento da cooperação a nível da governação mundial no tocante à promoção de uma agenda de liberdade na Internet. O tema da harmonização das normas em matéria de TIC ocupará, provavelmente, grande parte dos debates relativos à Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento. RELAÇÕES ECONÓMICAS UE-EUA As economias combinadas e dos EUA representam quase 50 % do produto interno bruto (PIB) mundial e um terço do comércio mundial. Em 2013, a UE manteve a sua posição de maior parceiro comercial dos EUA no que se refere às mercadorias à frente tanto do Canadá, parceiro do país no Acordo de Comércio Livre da América do Norte (NAFTA), como da China. Apesar de um decréscimo das exportações para os EUA no valor de 5 mil milhões de EUR, os EUA continuaram a ser o principal destino das exportações da União em 2013, absorvendo 16,6 % do total das suas exportações (contra os 8,5 % da China). Os EUA ocupam apenas o terceiro lugar entre os parceiros de importação : as suas exportações para a União registaram um decréscimo de 10 mil milhões de EUR, fornecendo, ainda assim, 11,7 % das mercadorias importadas pela UE. A este respeito, os EUA ficaram atrás da China e da Rússia, que forneceram, respetivamente, 16,6 % e 12,3 % do total de importações. A exportação de para os EUA diminuiu entre 2012 e 2013, assim como a importação de dos EUA. Em 2013, a UE usufruiu de um excedente comercial de 12,7 mil milhões de EUR com os EUA. Trocas comerciais UE-EUA (em mil milhões de EUR) Fichas técnicas sobre a União Europeia
3 Ano bens dos EUA para a UE bens da UE para os EUA da UE (bens) dos EUA para os EUA () ,0 264,1 +72,1 141,1 148,1 +6, ,5 293,2 +86,7 148,9 163,0 +14, ,1 288,3 +92,2 146,1 158,8 +12,7 A UE é o maior investidor nos EUA, e vice-versa. Em 2012, o investimento aumentou em mais de 200 mil milhões de EUR em ambos os lados. Pode inclusivamente argumentar-se que o investimento bilateral direto, na sua essência um compromisso a longo prazo, é a força motriz que sustenta as relações comerciais transatlânticas. Isto é reforçado pelo facto de o comércio entre as sociedades-mãe e as filiais na UE e nos EUA representar mais de um terço de todo o comércio transatlântico. As estimativas indicam que as empresas e dos EUA que operam no território da outra parte proporcionam emprego a mais de 14 milhões de pessoas. Investimentos bilaterais UE-EUA (em mil milhões de EUR) Ano IDE dos EUA na UE IDE nos EUA , ,0 +118,6 DIÁLOGO POLÍTICO UE-CANADÁ O Acordo-Quadro para a Cooperação Comercial e Económica entre a UE e o Canadá, de 1976, foi o primeiro acordo do género celebrado pela UE com um país industrializado. As negociações com o Canadá tendo em vista a conclusão de um acordo-quadro reforçado um «Acordo de Parceria Estratégica» ou APE foram iniciadas em setembro de O APE consiste num acordo político que visa reforçar a cooperação bilateral em diversas áreas setoriais e de política externa, incluindo a paz e a segurança internacionais, a luta contra o terrorismo, a gestão de crises, a segurança marítima, a governação global, a energia, os transportes, a investigação e o desenvolvimento, a saúde, o ambiente e as alterações climáticas. O objetivo do APE é reforçar as formas de cooperação que têm uma incidência direta nos cidadãos, nomeadamente programas culturais, educacionais e para a juventude, a proteção consular e trocas interpessoais diversas. As negociações do APE desenrolaram-se ao longo de três anos, entre setembro de 2011 e 8 de setembro de 2014, data da sua conclusão. O acordo encontra-se atualmente em revisão jurídica e será transmitido ao Parlamento Europeu para aprovação assim que esteja pronto para aprovação. Além do diálogo entre os ramos executivos e do Canadá, que inclui cimeiras anuais a nível dos presidentes/primeiros-ministros e os preparativos para as referidas cimeiras no âmbito do Grupo de Coordenação UE-Canadá [1], os ministros dos Negócios Estrangeiros dos respetivos parceiros reúnem-se periodicamente, bem como os deputados ao Parlamento Europeu e os seus homólogos canadianos. Realizam-se anualmente reuniões interparlamentares, que [1]A documentação do Serviço Europeu para a Ação Externa (SEAE) sobre as relações UE-Canadá (ramo executivo) pode ser consultada no seguinte endereço: Fichas técnicas sobre a União Europeia
4 são complementadas pelos demais intercâmbios interparlamentares destinados aos grupos de trabalho e às delegações. Para além dos debates sobre as negociações em curso, essas reuniões possibilitam a discussão de temas controversos, tais como o impacto ambiental da exploração das areias asfálticas e do gás de xisto, a política das pescas, as questões relacionadas com o bemestar animal (incluindo a caça à foca) e a obrigação de visto imposta pelo Canadá a cidadãos de determinados Estados-Membros da União Europeia. Estes pontos de discórdia não diminuem a excelente qualidade geral das relações entre os dois parceiros. A delegação do Parlamento para as Relações com o Canadá reúne-se periodicamente ao longo do ano para preparar as reuniões interparlamentares. Estes preparativos requerem uma partilha recíproca e aprofundada de informações com outras instituições, incluindo a Comissão e o Serviço Europeu para a Ação Externa (SEAE), e com a Missão do Canadá junto da União Europeia e o Ministério dos Negócios Estrangeiros e do Comércio Internacional do Canadá. A Delegação organizou recentemente debates com os ministros canadianos e demais autoridades federais e provinciais de alto nível. RELAÇÕES ECONÓMICAS UE-CANADÁ A. Acordo Económico e Comercial Global (AECG) As negociações entre a UE e o Canadá relativas ao Acordo Económico e Comercial Global (AECG), iniciadas em 6 de maio de 2009, foram concluídas em 26 de setembro de Tratase do primeiro acordo económico global com um país altamente industrializado. A UE e o Canadá abrirão os respetivos mercados aos, às mercadorias e aos investimentos da outra parte, bem como aos contratos públicos. A avaliação de impacto ex ante efetuada em 2008 calculou um aumento real anual do rendimento de aproximadamente 11,6 mil milhões de EUR e 8,2 mil milhões de EUR para o Canadá, num prazo de sete anos após a aplicação do acordo. A contribuição esperada da liberalização do comércio no domínio dos para o aumento do PIB é substancial (50 % do aumento total e 45,5 % do aumento para o Canadá). O AECG é igualmente o primeiro acordo económico bilateral que inclui uma cláusula moderna e pormenorizada de resolução de litígios entre os investidores e o Estado. As disposições relativas a este mecanismo permitem, de modo geral, que os investidores estrangeiros intentem ações judiciais contra Estados em tribunais internacionais. No caso do acordo com o Canadá, as disposições relativas a este mecanismo permitem também que os governos conservem o respetivo direito de legislar no sentido de proteger os interesses dos consumidores. Desde a conclusão das negociações, o acordo tem seguido os trâmites habituais : revisão jurídica, seguida de tradução para todas as línguas oficiais, a fim de ser apresentado ao Conselho e ao Parlamento para aprovação. B. Comércio bilateral e relações de investimento A UE é o segundo maior parceiro comercial do Canadá, depois dos EUA. Em 2013, a UE exportou bens no valor de 31,6 mil milhões de EUR para o Canadá e absorveu bens provenientes do Canadá avaliados em 27,3 mil milhões de EUR. No mesmo ano, o Canadá surge na 12.ª posição entre os parceiros comerciais internacionais. O comércio de entre a UE e o Canadá decresceu ligeiramente em 2013 relativamente a Em 2013, as exportações de para o Canadá totalizaram 16,3 mil milhões de EUR, e as importações de do Canadá foram avaliadas em 9,9 mil milhões de EUR. Trocas comerciais UE-Canadá (mil milhões de EUR) Fichas técnicas sobre a União Europeia
5 Ano bens do Canadá bens da UE para o Canadá da UE (bens) do Canadá para o Canadá () ,7 29,9-0,8 9,6 16,0 +6, ,3 31,4 +1,1 10,1 16,8 +6, ,3 31,6 +4,3 9,9 16,3 +6,4 Em termos de investimento direto estrangeiro (IDE), a UE contabiliza mais investimentos no Canadá do que o Canadá na UE. Em 2012, o investimento direto estrangeiro efetuado no Canadá atingiu 258,0 mil milhões de EUR. Os investimentos canadianos na UE foram avaliados em 142,6 mil milhões de EUR. Ano Investimentos bilaterais UE-Canadá (em mil milhões de EUR) Investimento direto estrangeiro do Canadá na UE Investimento direto estrangeiro no Canadá ,6 258,0 +115,3 Eurostat Elfriede Bierbrauer / Wanda Troszczynska-van Genderen 02/2015 Fichas técnicas sobre a União Europeia
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