Gabriel Leal de Barros
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- Domingos Brunelli Alcaide
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1 TEXTO PARA DISCUSSÃO Um Conceito de Renda Ampliada em Bases Mensais para a Economia Brasileira e suas Aplicações Rodrigo Leandro de Moura Gabriel Leal de Barros Pesquisadores de Economia Aplicada do IBRE/FGV Outubro de 2012
2 Um Conceito de Renda Ampliada em Bases Mensais para a Economia Brasileira e sua aplicação Rodrigo Leandro de Moura Gabriel Leal de Barros Pesquisadores de Economia Aplicada do IBRE/FGV Entre as motivações para construir um indicador de rendimentos de alta frequência que incorpore a necessidade de ir além dos rendimentos tradicionais provenientes da renda do trabalho e das regiões metropolitanas figura a de ter-se um diagnóstico mais abrangente das condições de emprego e renda na economia brasileira. Em paralelo, a sinergia advinda deste esforço acaba por gerar externalidades positivas no tocante à mensuração da capacidade de consumo das famílias, bem como dos limites ao seu endividamento pelo crédito. Diante da significativa expansão dos gastos com proteção social e benefícios previdenciários do governo central no âmbito da política de transferência de renda às famílias, a construção de um conceito ampliado de renda não poderia deixar de considerá-los, além, obviamente, dos rendimentos provenientes do trabalho. Contudo, para a expansão deste último à dimensão nacional é utilizado um fator multiplicativo calculado através das relações entre a Pesquisa Mensal do Emprego (PME) e a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (PNAD). 1 Nesse sentido, esta seção amplia e atualiza metodologia desenvolvida pelo Banco Central e divulgada em seus Relatórios de Inflação pelo cálculo da Massa Salarial Ampliada (MSA). 1 Mais detalhes metodológicos podem ser obtidos a partir do partágrafo Um pouco mais sobre a Metodologia do Indicador de Massa Salarial Ampliada (MSA).
3 Tabela 1: Média da Massa Salarial Ampliada e seus Componentes, em Termos Reais para o período de 2003 a 2012 (Em R$ Milhões e Deflacionado pelo INPC de Maio de 2012) R$ Milhões - Em Termos REAIS Var. % Programas de Proteção Social (BPS) ,3 Bolsa Família (BF) ,0 BPC (LOAS + RMV) ,7 Abono e Seguro Desemprego (SD) ,7 Benefícios Previdenciários (BP) ,2 RGPS ,3 RPSP ,1 Total de Transferência de Renda (TR) ,9 Massa de Rendimentos do Trabalho (MRA) ,7 Massa Salarial Ampliada (MSA) ,8 até maio Fonte: PME/IBGE, STN e Senado Federal Elaboração: IBRE/FGV Gráfico 1: Taxa de Crescimento Média dos Componentes da MSA para diferentes períodos (Deflacionado pelo INPC de Maio de 2012) 30,0 25,0 Programas de Proteção Social Massa de Rendimentos do Trabalho Benefícios Previdenciários Massa Salarial Ampliada (MSA) 20,0 15,0 10,0 5,0 0, x x x 2003 Fonte: PME/IBGE, STN e Senado Federal Elaboração: IBRE/FGV
4 A Tabela 1 mostra a média da MSA e de seus componentes. Destacam-se os benefícios de proteção social (BPS), que passaram de uma média de mais de R$ 1,8 bilhões em 2003 para quase R$ 6,75 bilhões em De acordo com o Gráfico 1, este foi o componente que apresentou o maior crescimento médio no período, de 17,9%. Por sua vez, dentro dessa rubrica, o Bolsa Família (BF) foi o que mais cresceu (em média, 37,8%), devido a expansão do número de benefícios concedidos, do valor pago e do limite para ser elegível ao programa. Já o Benefíco de Prestação Continuada (BPC) cresceu a uma taxa média anual de 17,8%, devido, principalmente, a forte valorização do salário mínimo, ao qual está vinculado. O volume médio dispendido com seguro desemprego e abono salarial também cresceu bastante (13,4%), principalmente a partir de Isso se deve ao fato de este gasto crescer também em períodos de crescimento econômico principalmente entre 2003 e 2007 ao contrário do que ocorre na maioria dos países, onde tende a ser anticíclico. Quando consideramos os primeiros cinco meses de 2012 ante 2011 (última coluna), o crescimento destes componentes se manteve forte. Por sua vez, o valor dos Benefícios Previdenciários (BP) cresceu a uma média de 8,8% no período, sendo que o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) apresentou destacado crescimento (18,1%), provavelmente pelo forte crescimento de aposentados no serviço público. No entanto, nos primeiros cinco meses de 2012, o Regime Geral (RGPS) apresentou um crescimento maior, principalmente pela quantidade de benefícios vinculados ao salário mínimo. De forma geral, a queda da taxa de fecundidade e da mortalidade infantil ao longo das últimas décadas, aliadas ao aumento da expectativa de vida da população, deverão pressionar ainda mais os gastos com beneficiários. Para se ter uma ideia, a proporção dos benefícios previdenciários em relação à MSA aumentou de 18% em 2002 para 23% em 2011, e tenderá a se elevar nos próximos anos. Por se tratar de uma renda estável e segura, a ampliação desta parcela poderá contribuir para o aumento das concessões de crédito consignado, elevando o consumo das famílias, mas também o comprometimento de sua renda.
5 Por fim, a Massa de Rendimentos do Trabalho (MRA) cresceu apenas 5,4% entre 2003 e Isso se deve ao fato do montante ser bem maior quando comparado com as transferências de renda (TR). No entanto, nos primeiros meses de 2012 ante 2011 seu crescimento médio foi tão alto quanto o dos BP. Sua participação relativa na MSA caiu de 78%, em 2003, para 72%, em 2007, mas tem se mantido estável desde então devido, principalmente à forte expansão do emprego e da renda média, que devem ter compensado o crescimento das TR. Assim, pelo Gráfico 1, em linhas gerais, observa-se uma desaceleração no crescimento médio das TR do primeiro subperíodo (de 2007 para 2003) para o segundo (de 2007 para 2011), enquanto a MSA apresentou um pequeno aumento. Um pouco mais sobre a Metodologia do Indicador de Massa Salarial Ampliada (MSA) Para a construção de uma medida de massa salarial ampliada foi utilizado como fundamento a metodologia básica desenvolvida pelo Banco Central em e aprimorada em relatórios posteriores. 3 A MSA possui a seguinte composição: MSA = MRA + BPS + BP, em que, a Massa de Rendimentos Ampliada é formada pelo produto da População Ocupada pelos Rendimentos Médios (MRA=POxRM). Os benefícios de proteção social (BPS) e previdenciários (BP), ambos componentes da transferência de renda às famílias, possuem a seguinte composição, respectivamente: Programa Bolsa Família, Fundo de 2 Massa Salarial Ampliada: Conceito e Evolução Recente, publicado no Relatório de Inflação de setembro de Massa Salarial Ampliada e Massa Salarial Ampliada Disponível: acurando o conceito e a evolução comparativa recente, publicado no Relatório de Inflação de junho de 2010 e Endividamento e Comprometimento de Renda das Famílias com Dívidas Bancárias: revisão metodológica publicado no Relatório de Estabilidade Financeira de Setembro de 2011.
6 Amparo ao Trabalhador (FAT) e Benefício de Prestação Continuada (BPC). 4 O termo BP representa o volume de Benefícios Previdenciários associados ao Regime Geral (RGPS) e Próprio (RPPS) de Previdência Social. Para o cálculo da MRA foi utilizado um fator calculado através da razão entre a PO encontrada na PNAD em relação à da PME. Com o objetivo de suavizar o fator apurado entre 2002 e 2009, utilizamos as médias encontradas para as diferente pesquisas em seus respectivos períodos, de tal forma que: =, O mesmo procedimento foi aplicado à variável RM (Recebimentos Médios), obtendo-se um fator RM. Dessa forma, o fator que expande os rendimentos do trabalho, oriundos da PME, para todo o Brasil é obtido através do produto destas duas variáveis. A premissa utilizada para a expansão mensal esperada da MRA é de que a relação entre as pesquisas (PNAD e PME) mantém-se constante ao longo do tempo. 4 O BPC é composto pela Lei Orgânica de Assistencia Social (LOAS) e pela Renda Mensal Vitalícia (RMV).
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