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1 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SAO PAULO ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRÁTiCA «REGISTRADO(A) SOB N ^ ACÓRDÃO iiiiiiiiimiii i i i min um um um mu um im ^3 * * 2. 2 Vistos, relatados e discutidos estes autos de ^ AGRAVO DE INSTRUMENTO n /5-00, da Comarca de SÃO PAULO, em que é agravante SAÚDE ABC PLANOS DE SAÚDE LTDA sendo agravada INTERCLINICAS PLANOS DE SAÚDE S A em LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL: ACORDAM, em Segunda Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "CONHECERAM DO RECURSO, PROVENDO-O, V.U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. 0 julgamento teve a participação dos Desembargadores BORIS KAUFFMANN (Presidente), ARIOVALDO SANTINI TE0D0R0. São Paulo, 21 de novembro de JOSÉ ROBERTO BEDRAN Relator

2 VOTO N. AGRV. N. COMARCA AGTE. AGDOS /5 SÃO PAULO SAÚDE ABC PLANOS DE SAÚDE LTDA. INTERCLÍNfCAS PLANOS DE SAÚDE S/A (em Liquidação Extrajudicial) e JORGE LINOFF COMUNALE (Liquidante) Medida cautelar. Inominada. Incidental a ação de cobrança. Liminar. Concessão. Suspensão de prosseguimento de procedimento de arbitragem iniciado pela agravante, conforme cláusula com promissória prevista em contrato, ao fundamento de sua ineficácia superveniente, em razão da decretação de liquidação extrajudicial da requerente e agravada. Matéria a ser, com prioridade e legítima atribuição, suscitada e dirimida no Juízo Arbitrai. Arts. 8 o, parágrafo único e 20, da Lei n /96. Ausência dos requisitos legais. Revogação. Agravo provido. 1. O recurso investe contra decisão que, em medida cautelar incidental proposta pela ora agravada, por dependência a ação de cobrança por ela então intentada, concedeu medida liminar, para obstar o prosseguimento de procedimento arbitrai iniciado, a pedido da agravante e na forma do avençado entre as partes, no Centro de Arbitragem e Mediação da Câmara do Comércio Internacional Brasil-Canadá. Pede-se a reforma, por ausência dos requisitos exigidos e dada a compulsória observância da cláusula compromissória firmada em contrato, ainda plenamente eficaz, a despeito da situação atual da outra contratante, ora em regime de liquidação extrajudicial. ^4-J AGRV. N /5 - SÃO PAULO - VOTO AP PROC. H" /04

3 %3 g% PODER JUDICIÁRIO Concedido o efeito suspensivo postulado, a agravada interpôs agravo regimental, recebido como pedido de reconsideração, que o relator desacolheu. Em seguida, ofertou resposta, com preliminar de não conhecimento, sobre o que a agravante se manifestou. 2. É caso de conhecimento do recurso. Para tanto, não seria óbice intransponível a reclamada falta de autenticação de várias peças trazidas ao instrumento, não só porque não impugnado o seu conteúdo e nem, tampouco, a eventual desconformidade com os originais, como também por tratar-se de providência dispensada pelo Regimento Interno desta Corte (art. 796, 2 o ). Assim, de resto, tem se pronunciado a jurisprudência, inclusive do Colendo Superior Tribuna! de Justiça, por considerá-la exigência ou requisito de admissibilidade não expressamente previsto na lei processual. De outra parte, exatamente por se cuidar de impugnação a liminar concedida em medida cautelar, inegáveis, na espécie, a adequação, a pertinência e o cabimento do agravo de instrumento, e não o retido, conforme bem o demonstrou a agravante, com sólida e irrespondível argumentação. 3. E o inconformismo tem procedência. No particular, prevalecem os fundamentos do despacho inaugural do relator, que concedeu o efeito suspensivo e merecem repetidos: "Há relevância na fundamentação do recurso, ao sustentar mal configurados os requisitos da liminar concedida na medida cautelar incidental intentada, sobretudo para a finne conclusão da A alegada AGRV. N" /5 - SÃO PAULO - VOTO AP PROC. N /04 HT^I

4 \ \ PODER JUDICIÁRIO 7 ineficácia superveniente da cláusula compromissória constante do contrato celebrado entre as partes antes da decretação da liquidação extrajudicial da agravada, a qual, ademais, não retirando a capacidade legal da empresa, agora com os poderes de administração delegados ao liquidante, não poderia inibir o prosseguimento dos atos para aquele fim previstos na Lei n 9.307/96, até mesmo a prioritária apreciação, pelo tribunal arbitrai, de toda a matéria aqui suscitada, no exercício do contraditório e do amplo direito de defesa ali assegurado" (fls. 193). É incontroverso que as partes, antes da decretação da liquidação extrajudicial da agravada, celebraram convenção de arbitragem, mediante cláusula compromissória, comprometendo-se a submeter à arbitragem todos os litígios que pudessem surgir acerca do contrato entre ambas firmado (arts. 3 o e 4 o, da Lei n 9.307/96), verbis: "XVt- SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS Qualquer litígio originado do presente contrato será definitivamente resolvido por Arbitragem (Lei n 9.307/96), de acordo com o Regulamento da Câmara de Comércio Brasil-Canadá Cada parte poderá indicar um ánoitro para compor a arbitragem e a Câmara Arbitrai designará o terceiro árbitro As Partes poderão optar por escolher 03 (três) árt)ítros de comum acordo. AGRV. N /5 - SÃO PAULO - VOTO AP JUI2 JURANDIR DE ABREU JÚNIOR PROC. M /

5 Cidade de São Paulo O lugar da arbitragem será a no idioma português A arbitragem deverá ser conduzida Para solucionar o eventual litígio, os árbitros deverão decidir com base, exclusivamente, na legislação brasileira aplicável, além dos princípios gerais de direito A fim de evitar qualquer dúvida quanto à escolha da arbitragem como forma de solução dos eventuais litígios oriundos do presente contrato as partes declaram expressamente que a presente cláusula é firmada para os fins previstos no artigo 4 o da Lei 9.307/ Para os fins previstos no artigo 7 da Lei 9.307/96, fica eleito o Foro Central da Comarca de São Paulo, Estado de São Paulo A decisão será definitiva e obrigatória às Partes, devendo serprolatada no prazo previsto pela Câmara Arbitrar (fls. 11). Tratou-se, sem dúvida, de cláusula compromissória cheia ou completa (art. 5 o ), a dispensar, portanto, na conformidade de reiterada jurisprudência, a necessidade de recurso ao Judiciário, na hipótese de resistência ou recusa do outro contratante a firmar o compromisso arbitrai, AGRV. S /5 - SÃO PAULO - VOTO AP PROC, M" 43.3«1/Q

6 apropriado para o caso de cláusula vazia (arts. 6 o e 7 o e, da Lei n 9.307/96). Em tais condições, não sendo inconcusso, manifesto e induvidoso, até por ausência de norma legal expressa e clara nesse sentido, que, pela superveniência da situação de empresa operadora de planos de saúde em liquidação extrajudicial da agravante, viesse a tornar-se inviável ou juridicamente descabida a arbitragem antes voluntariamente convencionada entre as partes, é claro que a liminar, carente dos requisitos da fumaça do bom direito e do perigo da demora, nunca poderia subsistir. Sobretudo porque, não bastassem a celeridade da solução final do litígio e a possibilidade de poder questioná-la judicialmente no futuro (arts. 32 e 33, da Lei n 9.307/96), essa tão sustentada inviabilidade superveniente da arbitragem, até mesmo pela suposta e atual indisponibiiidade dos direitos patrimoniais discutidos, seria matéria a ser, com legítima prioridade e adequação, resolvida pelos próprios árbitros, aos quais, segundo norma expressa da legislação especial, caberia "decidir de ofício, ou por provocação das partes, as questões acerca da existência, validade e eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que contenha a cláusula compromissóría" (art. 8 o, parágrafo único). Ademais, sem se considerar assegurados, no procedimento arbitrai, "os princípios do contraditório, da igualdade das partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento" (art. 21, 2 o ), nele é que caberia previamente suscitada e decidida a questão, porquanto, conforme também o estabelece a lei, "a parte que pretender argüir questões relativas à competência, suspeição ou impedimento do AGRV, H /5 - SÃO PAULO - VOTO AP PROC, N /04

7 6 árbitro ou dos árbitros, bem como nulidade, invalidade ou ineficácia da convenção de arbitragem, deverá fazê-lo na primeira oportunidade que tiver de se manifestar, após a instituição da arbitragem" (art. 20). Aliás, liberado, por força do despacho inaugural do relator, que suspendeu a eficácia da liminar concedida em primeiro grau, o prosseguimento do procedimento arbitrai requerido pela agravante, a agravada, malgrado houvesse recusado subscrever o termo de compromisso na audiência inicial para tanto designada, assim exatamente procedeu, levantando, com os mesmos argumentos e fundamentos deduzidos na medida cautelar, exceção de incompetência do Tribunal Arbitrai (fls. 254/294). o suficiente para, faltantes os requisitos legais exigidos para a sua concessão, a definitiva revogação da liminar combatida, descabendo, nesta sede, exatamente por ser matéria de explícita competência e atribuição dos árbitros, qualquer consideração acerca dos demais óbices levantados pela agravada na sustentação da inviabilidade do prosseguimento do procedimento arbitrai requerido pela agravante, tal qual antes solenemente convencionado entre as partes, ao Centro de Arbitragem e Mediação da Câmara do Comércio Internacional Brasü-Canadá. 4. Do exposto, dá-se provimento ao recurso. AGRV. N /5 - SÃO PAULO - VOTO AP OTIZ JUKANDIR DE ABREU JÚNIOR PROC. N" /