APONTAMENTOS DE TÉCNICA OPERATÓRIA E SEMIOLOGIA CIRÚRGICA
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- Iago Peres César
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1 UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA APONTAMENTOS DE TÉCNICA OPERATÓRIA E SEMIOLOGIA CIRÚRGICA Assépsia José Manuel Limão Oliveira
2 PRINCÍPIOS DA CIRURGIA Anestesia (Propedêutica Cirúrgica I) Assépsia (aula de hoje) Correcta manipulação dos tecidos (Delicada) Dissecção Anatómica (sutura) Hemostase ASSÉPSIA Esterilização (material) Anti-sépsia (superfícies vivas) Desinfecção (superfícies inertes) (chão, sala de cirurgia, mesas) FONTES DE CONTAMINAÇÃO DAS FERIDAS ENDÓGENAS - Pele dos Pacientes (prevenção: tricotomia e anti-sépsia) - Órgãos contaminados - Bacteriémia (e septicémia) EXÓGENAS - Equipa cirúrgica - Instrumentos - Ar VULNERABILIDADE DAS FERIDAS À INVASÃO DOS MICRORGANISMOS (NÚMERO E VIRULÊNCIA) CAPACIDADE DE DEFESA DOS PACIENTES HOSPITALISMO (termo que surgiu em finais do século XIX. Doentes internados no mesmo quarto independentemente do factor contagioso das suas afecções transmitiam muitas doenças. A esta condição de propagação de doenças em ambiente hospitalar chamou-se Hospitalismo). 1
3 MEIO AMBIENTE Salas de cirurgia (amplas, superfícies não porosas, cantos arredondados, separadas das áreas de maior tráfico do hospital, acesso restrito) (só se pode entrar numa sala de cirurgia com vestuário adequado: prevenção e contaminação). Sistemas de ventilação (não turbulentos, depósito de bactérias, fluxo de ar a 24m/min. ou mais): - Fluxo laminar vertical (movimento do ar: cima > baixo > chão > paredes > absorção de pós e partículas.) - Fluxo laminar horizontal - Fluxo laminar diagonal Radiação Ultravioleta (Gram e bactérias não esporuladas). (Ligam-se à noite quando o bloco não está em funcionamento. Não se pode olhar directamente.) MÉTODOS FÍSICOS DE DESTRUIÇÃO DOS MICRORGANISMOS (FÍSICOS E QUÍMICOS) VAPOR DE ÁGUA SOB PRESSÃO AUTOCLAVE: (Calor húmido) 15 min. a 121ºC; 15 Psi 10 min. a 126ºC; 20 Psi 3 min. a 134ºC; 29,4 Psi Gás (usa-se em MV) - Eléctricos Quanto maior a Temperatura menor o tempo necessário para esterilizar. - Sete vezes mais calor disponível a 120ºC do que o ar quente. - Não penetra nas graxas e nas gorduras. Ex.: tesoura oleada não é bem esterilizada (a estufa não tem este problema). Olear com silicone! AR QUENTE FORNO DE PASTEUR (usa-se em MV actualmente) (calor seco) 30 min a 180ºC - Promove a oxidação - Penetra nas gorduras - Material de corte não perde fio Degrada muito mais que o calor húmido porque precisa de mais tempo de esterilização. 2
4 EBULIÇÃO 10 min. 1 colher de chá de borato de soda por litro de água (para aumentar a temperatura de fervura da água. Só dava praticamente para esterilizar material em Ferro.) FOGO DIRECTO Aquecimento directo à chama (rubro) (danifica material) Mergulhar os instrumentos em substâncias combustíveis (e deitar fogo já não se usa) SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS Fenol (ácido carbólico) Bactericida Hexaclorofeno Bacteriostático para Gram + (Lesões cerebrais) Compostos de amónio quaternário (cloreto de benzalcônio) Gram + Álcool etílico e isopropílico 70% a 90% - Bactericida (ineficaz contra esporos, fungos e vírus) (mas com acção desengordurante!) Iodo - Bactericida (1 min.) (emersão total) - Esporocida - Virucida (Betadine 1%, Tintura de Iodo 2% e Soluto de Lugol 5%) Clorhexidina - Bactericida (Gram + e -) - Fungicida (Hibicet Hibiscrub) Hipoclorito de Sódio Virucida Sabões (actividade detergente) ÓXIDO DE ETILENO (GÁS) (usado em Medicina Humana: mais sensível e muito caro!) 3
5 3 a 8horas de exposição (dependente da temperatura e da concentração do gás). A libertação do óxido de etileno absorvido demora 8 a 24h horas. Não se pode utilizar material imediatamente após. Inflamável. Tóxico. Caro. Muito eficaz, não danifica, acção duradoura. RADIAÇÕES GAMA (Grau de esterilização maior) Bactericidas, Esporocidas e Virucidas. (Bactérias esporuladas e não esporuladas) PREPARAÇÃO DO MATERIAL PARA O AUTOCLAVE Material muito bem limpo antes de ser esterilizado. Lavagem ultra-sónica dos instrumentos é superior à tradicional (manual) devido ao efeito de cavitação (vácuo) que remove os detritos aderentes à superfície dos instrumentos. Lubrificar os instrumentos apenas com silicone ou compostos oleosos especiais. (Autoclave não penetra nas gorduras) Material de empacotamento: Musselina de algodão Papel Plástico Polietileno, polipropileno e cloreto de polivinilo são impermeáveis ao calor húmido. Poliamida e nílon são permeáveis ao calor húmido e mais permeáveis também ao ar. Combinações de papel com plástico. 4
6 DURAÇÃO DA ESTERILIZAÇÃO ARMÁRIO FECHADO PRATELEIRA ABERTA OU FECHADA Musselina de algodão 1 semana 2 dias Musselina de algodão (dupla camada) 7 semanas 3 semanas Papel 8 semanas 3 semanas Combinação de papel com dupla camada de musselina de algodão Combinações de musselina com plástico 10 semanas 9 meses MONITORES DE ESTERILIZAÇÃO (FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS) FÍSICOS: Pouco seguros e não resultam no autoclave. (termómetros, etc) QUÍMICOS: fitas indicadoras ou testemunhas de esterilização impregnadas com iodeto de amido, por exemplo. (Os mais utilizados; fitas que mudam de cor: iodeto de amido passa de branco a castanho com a esterilização (sensíveis à temperatura) castanho = esterilizado. Atenção que a passagem de castanho a branco para indicar contaminação não acontece!) BIOLÓGICOS (Os mais eficazes): esporos de organismos altamente resistentes, como o Bacillus stearo-thermophilus, colocados em grande número ( em panos ou algodões em zonas do autoclave ou de esterilizadores a gás onde a esterilização é especialmente difícil. (Ver se foi tudo morto; fazer de 2 em 2 anos) 5
7 PREPARAÇÃO DA PELE (CLORHEXIDINA E IODO) (ALCOOL) - Clorhexidina: bactericida e fungicida, não tem acção contra vírus, complementar com iodo) - Iodo: tripla acção: Bactericida, viricida e esporocida. Ineficaz contra fungos. - Álcool: acção bactericida. Ineficaz contra esporos, fungos e vírus. Acção desengordurante. Hoje em dia já há misturas de alcoois que são eficazes contra vírus. Remoção física da sujidade, gordura e microrganimos. Reduzir quimicamente a população microbiana o mais rapidamente possível, provocando uma irritação mínima da pele. Providenciar uma actividade anti-microbiana residual que iniba o crescimento bacteriano durante a cirurgia O ideal é lavar as mãos várias vezes (7) com várias destas substâncias para complementar o espectro de acção. PREPARAÇÃO DA EQUIPA CIRÚRGICA Cirurgião (s) Ajudante (s) Instrumentista (s) (já há especialização de enfermeiro instrumentista) Anestesista (s) Circulante (s) 6
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