Direitos sociais, tributação e serviços públicos são tema de palestra do Dia Nacional sem Computador em BH

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1 Direitos sociais, tributação e serviços públicos são tema de palestra do Dia Nacional sem Computador em BH Terceirização, retrocesso de direitos sociais, e teletrabalho foram alguns dos temas debatidos pela professora de Direito do Trabalho da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Daniela Muradas, na palestra Direitos Sociais, Tributação e Serviços Públicos, ministrada na manhã desta terça-feira, 16 de junho, na DRF-BH.

2 A palestra integrou as atividades do Dia Nacional sem Computador desta semana, data na qual os Auditores Fiscais não devem ligar os computadores da Receita Federal do Brasil durante todo o expediente.

3 O presidente da DS BH, Luiz Sérgio Fonseca Soares, abriu o evento destacando o trabalho que a palestrante vem realizando junto aos movimentos sociais e no cenário político em defesa da justiça social e pela garantia de direitos dos trabalhadores. Daniela Muradas iniciou sua intervenção elencando a perda de direitos de trabalhadores ocorridas ao longo dos anos por meio de reformas iniciadas a partir da Emenda Constitucional 19. Tais reformas foram, segundo a palestrante, impostas à sociedade sem a existência de debates democráticos e sem diálogo com a sociedade. A palestrante criticou o modelo de Estado gerencial adotado atualmente que tem refletido em perda de direitos trabalhistas e em corte de gastos através do enxugamento da máquina pública. O modelo possui como premissa a supremacia do

4 interesse público em detrimento do servidor e da dignidade da pessoa humana, que é a ideia central do Direito, garantida pela Constituição Federal. O homem não tem preço, ele tem dignidade. Toda a construção do ordenamento jurídico tem que ser feita em prol da pessoa humana, disse. Em relação aos Auditores Fiscais, a professora defendeu a existência de uma fiscalização valorizada e com um corpo funcional dotado de autonomia, livre de ingerências, como fator de balizamento e de maior proteção para a sociedade. Segundo Daniela Muradas, o Supremo Tribunal Federal considera que não existe direito adquirido para servidor público, mas em sua opinião, o servidor precisa ter dignidade reconhecida pelo STF para evitar os chamados retrocessos sociais. Muradas destacou a importância dos Auditores Fiscais como peça fundamental da luta pela justiça tributária no país, como fator de inclusão social que evita o rebaixamento de salários dos trabalhadores. Os impactos negativos na captação de receitas prejudicam a vida daqueles que ganham menos. Em relação à campanha salarial, ela orientou aos Auditores Fiscais que busquem reajustes justificados pela essencialidade da função para o Estado e para a sociedade, e não reajustes vinculados a números de arrecadação.

5 Terceirização A palestrante relatou a evolução do processo de terceirização no país, citando o Decreto 200/1967 e a Lei 5.645/70 que regulamentam e servem de estímulo à terceirização das atividades não essenciais do estado. A partir deles, a terceirização dessas atividades passou a ser obrigatória, acarretando uma série de retrocessos sociais e perda de direitos.

6 Com a aprovação do PLC 30/2015, a terceirização deixará de ocorrer apenas nas atividades meio e passará a ser praticada nas atividades fim das empresas de iniciativa privada e também no serviço público, representando a quebra do concurso público e o ingresso em órgãos públicos por mérito.

7 Teletrabalho Partindo da perspectiva do Direito do Trabalho, a professora não vê com bons olhos a implementação do teletrabalho no serviço público e nem mesmo na iniciativa privada. Segundo Daniela Muradas, o teletrabalho causa impactos nas relações de trabalho, na qual o trabalhador perde a clareza de tempo de trabalho e tempo de não trabalho e passa a trabalhar cada vez mais, com metas cada vez maiores e difíceis de alcançar. Essa pseudoliberdade causa uma prisão, pontuou. A ideia de que o teletrabalho promove maior autonomia é um engano para impor ao trabalhador a polivalência e a automação, que o deixa permanentemente a serviço de mecanismos de controle. Com isso, nessa busca constante pelo

8 cumprimento de metas e de polivalência, novas doenças vão surgindo e passa-se a ter o adoecimento por causa do trabalho, com um aumento considerável de riscos ocupacionais. Outro fator negativo do teletrabalho citado por Muradas é o isolamento, que anula o que pode restaurar a dignidade do trabalhador, que é a atividade sindical, e a construção do debate democrático no ambiente institucional. Ainda considerando os aspectos negativos do teletrabalho citados pela palestrante, percebe-se uma redução de investimentos em equipamentos, em estrutura física e a implementação de controles telemáticos rigorosos, como o controle de tempo e de horas trabalhadas. Sobre o cenário político atual, a professora explica que as reformas atuais chegam tratorando e retiram direitos dos mais necessitados, desconsiderando os princípios da capacidade contributiva e da igualdade. Para Muradas, é a retomada do Estado Neoliberal, que promove cortes em quem menos tem, sem diálogo social resumindo em retrocesso social. Após os apontamentos da professora foi aberto o período de debates entre os participantes. O próximo Dia Nacional sem Computador está marcado para ocorrer no dia 23 de junho, e

9 contará com uma palestra do jornalista e analista político, Antonio Augusto de Queiroz, o Toninho do Diap. Assessoria de Comunicação DS BH Sindifisco Nacional