Dados da Central em 2012
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- Vera da Costa Aveiro
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1 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA SECRETARIA DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES SECRETARIA NACIONAL DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES Via N1 Leste s/n, Pavilhão das Metas, Praça dos Três Poderes Zona Cívica Administrativa CEP: Telefones: (061) / Fax: (061) RELATÓRIO TRIMESTRAL 2012 CENTRAL DE ATENDIMENTO À MULHER LIGUE 180 Os dados sistematizados da Central de Atendimento à Mulher Ligue 180, de abril de 2006 a março de 2012 já registraram ligações com variadas solicitações: informações, reclamações, elogios, sugestões, serviços e denúncias de violência. Os relatos de violência, incluindo as denúncias de tráfico, contabilizaram ligações. Cabe avaliar, ainda, que atualmente o Ligue 180 já é um serviço de atendimento às mulheres na Itália, Espanha e Portugal. Nos primeiros 4 meses de funcionamento já houve um total de 70 ligações, da quais 18 geraram atendimento. Dados da Central em 2012 Informa-se que os dados emitidos se agrupam em três grupos: 1) Dados do atendimento, 2) Perfil das usuárias que acessam o serviço e 3) Dados de caracterização do relato de violência. Apresentar-se-á os dados coletados pela Central no ano de 2011 e uma análise inicial no intuito de suscitar um debate mais amplo em todo do serviço Ligue
2 1) DADOS DOS ATENDIMENTOS Em 2012 foram registradas chamadas, média de ligações por dia. Dessas foram ligações (12,3%) com denúncias de violências e 9 casos com relatos de tráfico. que: Do total de ligações referentes às denúncias com relatos de violência, registra-se a) atendimentos (57,7%) foram relatos de violência física b) atendimentos (26,2%) de relatos de violência psicológica c) casos (12%) de violência moral d) 504 casos (2%) de violência sexual e) 425 atendimentos (1,7%) de violência patrimonial 2
3 Notório é o destaque de denúncias de cárcere privado. A Central notificou 95 casos, média de um caso por dia. Houve, também, 9 casos de tráfico de mulheres. É necessário ser apontado que dos encaminhamentos feitos pelo Ligue 180 para os serviços públicos, foram para a segurança pública: 60% direcionados para o serviço 190, da Polícia Militar, e 23% para as delegacias especializadas de atendimento à mulher (DEAM). Num universo de 374 DEAMs no país, somente o Ligue 180 encaminhou casos nos três primeiros meses de
4 2) DADOS DE PERFIL DAS USUÁRIAS QUE ACESSAM O SERVIÇO A Central de atendimento à Mulher Ligue 180 é majoritariamente procurada pelo sexo feminino (99%), embora também sejam registradas ligações feitas por homens. De todas(os) as usuárias(as) que contatam a Central e declararam suas escolaridades verifica-se que a maioria 45,3% possui ensino fundamental (completo ou incompleto), 43,1% tem ensino médio (completo ou incompleto), 10,9% tem ensino superior (completo e incompleto) e 2% é analfabeta. Aponta-se, assim, o acesso das pessoas com baixa escolaridade que acessam ao serviço. Outro índice detectado é a faixa etária das pessoas que usam a Central. Dos(as) usuárias(os) que declararão suas idades observa-se que 6,5% possuem menos de 20 anos. Na outra ponta verifica-se que as pessoas com mais de 60 anos correspondem a 3,8%, 4199 usuárias. 4
5 Frente aos dados verifica-se que o serviço é majoritariamente procurado por mulheres adultas e, mais especificamente, do período economicamente produtivo e biologicamente reprodutivo pelos destaques a seguir: de 20 a 29 anos: 28,8%; de 30 a 39 anos: 31,9%; de 40 a 49 anos: 18,9% e de 50 a 59 anos: 9,7%. Quanto aos dados referentes à cor/raça dos 49,5% das(os) usuárias(os) que declararam esse item verificou-se que 49,2% se identificam como pardas(os), seguindo a mesma estatística do IBGE que aponta um aumento desta categoria chegando em 2009 a 44,2% da população brasileira. As(os) usuárias(os) de cor/raça branca computaram 38,6% e 11% se declararam da cor/raça preta. Houve, também, o registro de 695 (0,7%) da cor/raça amarela e 381 (0,4%) indígena. Como ficaram sabendo do serviço No perfil das(os) usuárias(as) que acessam ao serviço também se contabilizam a forma como os(as) usuárias(os) tomaram conhecimento do serviço. Este é um dado importante para se analisar os retornos das parcerias estabelecidas, assim como os avanços e as limitações quanto à divulgação do serviço. Assim sendo, do montante registrado verificou-se que: a) Os canais da mídia ainda atingem um maior número de usuárias: usuárias conheceram o Ligue 180 através da televisão, em cartilhas/folhetos, na internet, em cartazes, no Rádio, 516 em Jornais e 245 em Revistas. b) Outros serviços e instituições públicas também contribuem para a divulgação da Central: por encaminhamento do 190 (polícia), em telefones públicos, no 102 (auxílio à lista telefônica), na delegacia, na Lista Telefônica, 128 em Fórum, e 962 pelo 181 (narcodenúncia). c) A divulgação boca a boca também traz resultados positivos: foram através de amigo(a), por parentes e 985 por vizinhos. Ressalta-se, no 5
6 entanto, os registros realizados decorrentes de parcerias da SPM com a Avon (462 ligações) e a Petrobrás/Postos BR (26 ligações) e, ainda, 521 por palestras e 369 em ônibus. 3) DADOS DE CARACTERIZAÇÃO DO RELATO DE VIOLÊNCIA Observa-se que: a) 92,3% das ligações com relatos de violência se tratavam de violência doméstica e familiar. b) 80,3% das denunciantes foram às próprias vítimas. c) 6,6% dos casos foram familiares que ligaram denunciando (mãe, filhos(as), parentes, etc). d) 4,2% das ligações foram feitas por amigos(as), conhecidos(as) ou vizinhos(as). Vínculo do agressor com a violência O vínculo da vítima com agressor é o que mais denota o crime de poder. Nota-se que 98,9% dos registros identificados de casos de violência são realizados por homens. Verifica-se que 69,7% dos casos são cometidos por companheiros e cônjuges das vítimas e 2,4% são namorados das mesmas. Há ainda um elevado número de casos de violência cometidos por ex-maridos (13,2%) e ex-namorados (4,2%). Isso demonstra que em quase 90% das violências são cometidas por pessoas com quem às vítimas tem ou teve algum vínculo afetivo. As demais denúncias corroboram o fato de que o espaço doméstico e os vínculos familiares tem sido também espaço de risco: 6,8% dos casos de violência foram cometidos por filho(a), irmão(ã)ou pai. Amigo, desconhecido ou vizinho computam cerca de 3,2% dos casos. Registra-se ainda, o índice de agressão realizada por parceiras lésbicas. Embora a Central registre apenas 37 (menos de 0,2%) casos de violência entre companheiras e namoradas, o que representa cerca de uma ligação a cada 4 dias, este 6
7 é um indicador de que mesmo em relações com pares os modelos das relações de poder e papeis de gênero tendem a ser reproduzidas. Tempo de relação da vítima com o agressor Quanto ao tempo de relação da vítima com o(a) agressor(a), verifica-se o índice de que as relações com 10 anos ou mais correspondem a uma porcentagem de 42,6%, ou seja, em ligações com registros de denúncia as vítimas estão em contato direto com o agressor por mais de uma década. Observa-se também que em 31,6% dos casos apontados pela Central ocorrem em relacionamentos entre 1 e 5 anos da vítima com o agressor, e 18,8% possuem de 6 anos a 10 anos de relação. É visto que 7,% (cerca de casos) convivem com o agressor por um período de até 1 ano. O que mostra que desde o início das relações já são percebidos episódios de violência nos laços afetivos/fraternos. 7
8 Frequência da violência e risco percebido Esse fato é mais agravado quando se levantam os dados da frequência da violência. Em 60% dos casos a violência é diária e em 21% é semanal. Ou seja, em 81% dos casos (cerca de ) a violência é ocorrida com uma freqüência muito alta. O restante dos casos ocorrem mensalmente (5%), raramente (8%) ou foi apenas um episódio (6%). 8
9 Acredita-se que a repetida ocorrência dos atos violentos levam ao alarmante risco percebido pelas denunciantes. Há um perigo de que os relatos de violência culminem em morte das vítimas (em 53% dos casos) ou espancamento (45% dos casos) e, ainda, de estupro (2%), segundo relato das próprias vítimas. 9
10 Relação dos filhos e filhas com a violência que: Outro dado passível de relato é a relação dos(as) filhos(as) com a violência. Ver-se a) 83,3% das denunciantes possuem filhos(as). b) 66% dos(as) filhos(as) das vítimas presenciam a violência e c) 19% sofrem junto com a mãe a violência ocorrida. Este fato é preocupante quando se pensa na transgeracionalidade e na reprodução de modelos violentos. A relação que os(as) filhos(as) possuem com a violência podem trazer conseqüências incalculáveis em suas individualidades e para a sociedade como um todo. Veja no gráfico a seguir: 10
11 (In)Dependência sócio-econômica da vítima Sabe-se que 60% das vítimas não dependem financeiramente do agressor. De posse desses índices problematiza-se que o fenômeno impetrado no imaginário social de que as mulheres são dependentes economicamente do agressor deixando-as refém da relação violenta devem ser desconstruídos, e que as políticas devem construir mecanismos para autonomia financeira, mas também emocional/social das mulheres. Outro ponto importante no quesito econômico são os dados que apontam que apenas 9,32% das vítimas que contataram a Central recebem dinheiro de programas de transferência de renda. 11
12 Perfil da agressão com uso de substâncias Os números do Ligue 180 demonstram que em 58,1% dos casos de agressão nem sempre ou nunca ocorrem sob efeito de álcool ou droga. A minoria dos casos registrados (41,9%) é que apontam para o fato do agressor ter agredido sob efeito de alguma substância (droga e/ou álcool). Cabe, então, discutir de forma mais crítica o uso de tais substâncias como principal motivador para atos de violência. 12
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