AUGE E CRISE DA I REPÚBLICA
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- Raul Barata Sequeira
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1 AUGE E CRISE DA I REPÚBLICA I. Referência: 2º Capítulo da Ordem do Progresso (Winston Fritsch) II. Fio Condutor: a. Conjunto de críticas em relação à historiografia dominante sobre a República Velha: i. A política econômica não foi movida unicamente pelos interesses da cafeicultura; ii. Na verdade, um complexo conjunto de interesses (ferrovias, importadores, café, demais exportadores, capital financeiro, indústria, Estado, concessionários de serviços públicos,...), frequentemente em choque, já marcava o cotidiano político do país. iii. Por outro lado, não é razoável propor que um conjunto de ideias econômicas exclusivamente reflexas ou miméticas, inspiradas pela ortodoxia intelectual britânica, tenha pautado o receituário de política econômica; Pelo contrário, há certo espaço para criatividade e ousadia na formulação das políticas econômicas (por exemplo, temos vários construtos de valorização do café); b. Teoria sobre o tipo de choque externo ao qual a economia se submetia: i. Havia periódicas flutuações (exógenas) na oferta de café. Dada a posição monopolista do país no mercado mundial dessa commodity, temos que: Xs Ps ii. Ou seja: sempre que a oferta subia muito, os preços do café em moeda forte tendiam a cair; iii. Havia descontinuidades recorrentes na economia internacional, tais como: 1. Flutuações na demanda internacional de café sempre que os traders reagiam à desaceleração da economia americana reduzindo suas compras (por considerarem excessivos os estoques) 2. Marés no fluxo de capitais centroperiferia III. Descrição geral do apogeu econômico da I República: a. A Era de Ouro ( ): i. Características gerais: 1. Período de crescimento econômico inédito na história material do país (4,5% a.a., por cerca de uma década); 2. Grande aumento da criação de estabelecimentos industriais; 3. Grandes obras de infraestrutura (ferrovias, portos, gás, hidro-energia, saneamento,...); 4. Inflação sob controle; ii. Bases do Dinamismo da Economia: 1. Boom da Borracha: 2. Investimentos europeus na periferia; 3. Entradas maciças de capital; IV. A Caixa de Conversão (1906): i. Construto institucional simplificado para viabilizar o padrão-ouro em menores latitudes; ii. Emissão de notas plenamente conversíveis a uma taxa fixa; 1
2 iii. Reservas metálicas (lastro) eram gerenciadas por uma currency board (literalmente, caixa de conversão ); V. O Convênio de Taubaté (1906) [1º esquema oficial de valorização, estadual]: i. Foi firmado apenas por três Estados (RJ, SP, MG), apesar da participação federal; ii. Objetivo era forçar a valorização do preço internacional do café; iii. Um empréstimo externo seria contraído e com os recursos dele oriundos um grande volume de café seria comprado e estocado; Por fim, um imposto por saca de café exportada permitiria que o empréstimo fosse honrado. v. Os Estados deveriam coibir novos plantios do grão, mas nunca foram capazes de por essa medida em prática. VI. A Federalização da Valorização [2º esquema oficial de valorização, federal]: i. Em , há uma crise financeira nos EUA (cuja origem são as consequências nefastas do terremoto de San Francisco para o mercado imobiliário); ii. Temeroso com os desdobramentos para o Brasil (em particular com uma possível corrida à Caixa de Conversão), o Governo Federal decide agir; iii. Um empréstimo externo é contraído e uma partida ainda maior de café é comprada e estocada, por um prazo ainda mais longo. Nenhum imposto é criado (à diferença de Taubaté) VII. A Reversão do Ciclo de prosperidade ( ): i. 1911: O déficit público dispara com o fim da vigência do I Funding Loan; ii. 1912: com a concorrência asiática, os preços da borracha despencam; iii. 1913: uma ação antitruste força a venda de estoques de café formados nos dois esquemas de valorização; 1914: Rumores de guerra incitam uma corrida à Caixa (longo feriado bancário e, por fim, uma moratória é decretada). v. Notas não conversíveis são novamente impressas. VIII. A I Guerra Mundial e seus efeitos ( ): i. 1914: Governo assina o II Funding Loan, que consistia em um empréstimo de 15 milhões, para fazer frente aos pagamentos até 1917; ii. Com a guerra, o nível de exportações fica estagnado (não ocorre nenhum desastre); iii. A guerra diminui a oferta de manufaturas importadas, constrangendo nossas importações; 1915: O conflito se aprofunda, abrindo ao país a chance de exportar manufaturas simples e alimentos não tradicionais à Europa; v. 1917: os alemães impõem um bloqueio naval ao suprimento aliado, prejudicando nossas exportações; 2
3 vi. Inflação, estoques de café e onda de greves (1918); IX. O boom e a recessão do pós-guerra: i. 1919: grande euforia na Europa e EUA com o fim da Guerra ( Xs, P café); ii. 1920: políticas contracionistas nos EUA para lidar com a inflação ( Xs, P café); iii. 1921: Nova Política de Valorização do Café [3º esquema oficial de valorização, federal] A ação do Estado é indireta, mediante o endosso de Letras do Café emitidas por uma corretora privada que agencia as compras e a estocagem : mil-réis se desvaloriza 75%, causando inflação no Brasil. X. Recuperação, desequilíbrio e ajuste recessivo ( ): i. É lançado o Programa Permanente de Valorização [4º esquema oficial de valorização, federal e depois estadualizado] Retenção compulsória de todo o café em armazéns nas ferrovias, até a emissão de autorização que permita a exportação. O controle das autorizações é feito pelo Instituto do Café. O ajuste entre oferta e demanda é muito oneroso para o produtor (que pode demorar meses para vender seu produto); ii. 1924: Revoltas militares (tenentismo) iii. elevam o déficit público; 1924: Choque monetário de Arthur Bernardes (Governo transfere ao Estado de SP a valorização, BB eleva juros e reduz operações de redesconto, câmbio se aprecia abruptamente de há deflação de 10%) O crescimento do PIB despenca para 1% em 1924 e 1925 XI. O boom e a depressão após o retorno ao padrão-ouro: i. 1926: a situação externa melhora com o aquecimento da economia americana; ii. A inflação baixa no Brasil; iii. 1927: um novo construto institucional é formulado para permitir o retorno do país ao padrão-ouro. Trata-se da Caixa de Estabilização [idêntica à Caixa de Conversão]. Criação do Banespa (emprestador de última instância aos bancos envolvidos no financiamento da valorização do café); v. Tem início uma nova maré de fluxos de capital estrangeiro, com simultânea valorização das exportações; ( Xs, superávit comercial) XII. O Crash em 29: i. Em 1928, o Brasil já colhia sua segunda supersafra de café; ii. Is cafeeiros, já em retomada desde 1925; iii. Em Outubro de 1929, cai vertiginosamente a Bolsa de NY, descortinando a maior crise da história do capitalismo (depressão nas expectativas de consumo de café); Governo se agarra teimosamente ao padrão-ouro ( P do café, Y) 3
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