1.1 Conceito de Contrato: Acordo de vontades que visa à criação, modificação ou extinção de relações jurídicas de natureza patrimonial.

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1 1. CONTRATOS Arts. 421 ao 839 CC 1.1 Conceito de Contrato: Acordo de vontades que visa à criação, modificação ou extinção de relações jurídicas de natureza patrimonial. No Código Civil de 2002 vinte espécies de contratos estão nominadas e disciplinadas (CC., arts. 481 a 853), além de cinco declarações unilaterais de vontade (CC., arts. 854 a 866 e 904 a 909). 2. Requisitos Essenciais dos Contratos: 2.1.Duas ou mais pessoas O contrato pressupõe a existência de duas ou mais pessoas. Questionamento: Há a possibilidade do contrato consigo mesmo? Resposta: Sim, apenas nos casos de representação. Ex.: João aluga seu apartamento para José no entanto João é procurador de José, por ser seu pai. Então neste caso, João figura como locador e locatário Capacidade Qualquer indivíduo pode contratar, desde que não seja absolutamente incapaz. Havendo incapacidade absoluta o ato é nulo de pleno direito ( CC., art. 166,I ), ou seja não produz efeitos jurídicos entre as partes contratantes. Ex.: Uma compra e venda efetuada com um menor de 16 anos. (Nulo como se nunca tivesse assistido, já nasce morto).

2 Porém, ocorrendo a incapacidade relativa o ato é apenas anulável ( CC., art. 171, I ) Ex.: uma compra e venda com um relativamente incapaz (entre 16 a 18 anos), desde que não esteja devidamente assistido. (Anulável, o ato pode ser anulável se não for suprida a omissão do ato) O Pai não concorda com a venda que o filho fez pois deveria ser assistido na hora do ato o que não ocorreu. O representante legal (pai), pode pedir a anulabilidade do ato na esfera jurídica) Consentimento Para a formalização do contrato há a necessidade do mútuo consentimento, também denominado consentimento recíproco ou acordo de vontades, ou seja, o contrato é livre e espontâneo entre as partes não podendo ter qualquer vício ou coação. Ex.: Se eu estiver com uma arma apontado para a minha cabeça sendo coagida a vender a minha casa, este se torna nulo Objeto lícito, possível, determinado ou determinável e economicamente apreciável Lícito em conformidade com a lei não existe um contrato de compra e venda quando o objeto é ilícito. Ex.: contrato de compra e venda de cocaína, não se tem como discutir juridicamente este contrato; Possível que encontra-se em nosso mundo jurídico ex.: você não pode vender, locar, emprestar, arrendar ou comprar o sol; Determinável ou Determinado quando diz respeito a determinado objeto (determinado ou específico ex.:

3 a vaca leiteira Mimosa (eu quero comprar aquela determinada vaca) ou determinável genérico ex.: compra de cem vacas) ; Econômico valoração do objeto do contrato ex.: é o valor a ser estipulado do contrato Forma prescrita ou não defesa em lei O contrato deve apresentar forma prescrita em lei, ou por ela não proibida, sob pena de nulidade (CC., art. 166, IV), ex.: no caso de bens imóveis, a tradição (entrega) apenas se opera com seu registro no cartório de registro de imóveis (é uma formalidade necessária para formalidade do ato se vc não registrar o seu imóvel ele não é seu o vendedor pode vender o imóvel para duas pessoas ao mesmo tempo, por isso a necessidade do registro), já no caso de bens móveis a simples tradição já se concretiza dispensando formalidades a compra de um livro, dispensa qualquer formalidade. Princípios Básicos dos Contratos: 1. Autonomia da vontade: liberdade para estipular o que melhor lhes convier Ex. compro um carro hoje e passo a efetivar o pagamento na páscoa (ex. casas Bahia) Compre um carro hoje e pague sem juros, etc 2. Observância e supremacia das normas de ordem pública, que visam ao interesse coletivo Os contratos não podem violar os princípios da moral da ordem pública. Ex.: Na ocasião que o Maluf era prefeito, ele não passou pelo ato de

4 licitação, e mesmo assim, locou para a prefeitura, um prédio de sua propriedade na Av. Paulista, afrontando assim, a lei, a moral, e a ordem pública, podendo gerar a anulabilidade do ato). 3. Obrigatoriedade das obrigações (pacta sunt servanda): Em regra, o simples acordo de duas ou mais vontades é suficiente para gerar o contrato, acarretando o princípio do pacta sunt servanda pelo qual o contrato faz lei entre as partes, devendo ser cumprido obrigatóriamente. 4. Relatividade dos efeitos: O contrato, como regra, só vincula as partes que nele intervierem, ressalvado o direito de terceiros ex.: o contrato de locação onde o fiador só pode ser executado e expropriado (tirar a sua propriedade) de seus bens, após esgotadas todas as formas de recebimento do locatário. João loca imóvel para Pedro, Marcos é fiador de Pedro a expropriação de Marcos só pode ocorrer após a de Pedro. 5. Boa fé objetiva: as partes devem agir com lealdade, probidade e confianças recíprocas (art. 422) Os contratos são regidos pelo princípio da boa fé devendo as partes agirem com lealdade e confiança recíproca, caso contrário o contrato é tido como nulo. Ex>: contrato firmado para lesar terceiros Pai que simula venda de imóvel para filho para não adimplir com suas obrigações creditícias (Passa para o nome dos herdeiros os seus bens para não pagar suas dívidas Rodrigo Rodrigues).

5 Formação: A princípio, a formação de todo contrato se baseia no consentimento. Porém, de acordo com o tipo de contrato pode se ter outras exigências. Duas vontades: proposta (ou oferta) em aceitação A proposta é realizada pelo proponente (policitante) e a aceitação se dá pelo aceitante (oblato), podendo ser expressa ou tácita. Ex.: expressa, quando há uma formalidade escrita e a tácita, quando não há uma formalidade escrita. Regra: feita a proposta tácita ou expressa, vincula o proponente (art. 427), ou seja, a proposta representa a formalização de vontades do proponente. (foi formalizada a sua vontade) ex.: João tem interesse em adquirir imóvel de Pedro, porém por outro preço que não o de Pedro, formaliza então uma proposta e caso Pedro aceite vinculará João a compra. Momento da Celebração: a)entre presentes: momento da aceitação da proposta; b) entre ausente (teoria da expedição): momento em que a aceitação é expedida quando a proposta é realizada por carta, ou por telégrafo o contrato se forma com aceitação expedida (CC., art.434). O Código Civil em vigor adota, em regra, a teoria da agnição (declaração do

6 aceitante) pela expedição (art. 434). Consagra, ainda, que entre ausentes, desobriga o proponente quando: ex.: 1) sem prazo certo para resposta, transcorrer tempo suficiente - Correspondências de banco ofertando cartões de crédito sem prazo para a resposta, e passado-se algum tempo, significa a aceitação (a pessoa tem que notificar se aceita ou não, o silêncio caracteriza um aceite); 2) com prazo certo para resposta, esta não for expedida - Correspondências de banco ofertando cartões de crédito, com prazo certo para a resposta, expirado o prazo para a resposta, significa a aceitação (a pessoa tem que notificar se aceita ou não, o silêncio caracteriza um aceite); 3) antes ou simultaneamente com a resposta chegar a retratação Correspondências de banco ofertando cartões de crédito, neste caso o aceitante não concorda com a proposta, remetendo-a com a negativa. Local da Celebração: Regra: no lugar em que foi proposto; admite-se disposição em contrário (art. 435) No campo do direito internacional privado deve ser conjugado o local da celebração com o preceito do art. 9º, parágrafo 2º da LICC, que determina que reputar-se- á constituída no local em que residir o proponente a obrigação resultante do contrato.

7 2. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS: a) Unilaterais ( apenas um dos contratantes assume obrigações em face do outro) ou bilaterais ( direitos e obrigações para ambas as partes sinalagmáticos) b) Onerosos ( ambas as partes assumem obrigações) ou gratuitos (oneram somente uma das partes) Em regra, os contratos bilaterais são também onerosos e os unilaterais, gratúitos. Exceção: mútuo sujeito a juros, que obriga a devolução da quantia emprestada ( contrato unilateral), devendo-se pagar os juros ( contrato oneroso). c) Comutativos (prestações de ambas as partes são conhecidas e guardam relação de

8 equivalência) ou aleatórios (uma das prestações não é conhecida no momento da celebração do contrato). d) Nominados (denominação prevista em lei) ou inominados (contratos criados pelas partes, não havendo tipificação legal). e) Paritários (os interessados discutem as cláusulas contratuais em pé de igualdade) ou adesão ( uma das partes adere às cláusulas já estabelecidas pela outra não podem ser impressos com letras miúdas ou com redação confusa e ambígua; na dúvida adota-se interpretação mais favorável ao aderente. f) Consensuais (perfazem-se pelo simples acordo de vontades compra de um bem móvel), solenes ( lei exige forma especial para a sua celebração compra de imóvel) ou reais (perfazem-se com a entrega da coisa depósito, penhor). g) Principais (existem por si, independentemente do outro) ou acessórios (sua existência supõe a do principal - ex: fiança). h) Pessoais (intuitu personae a pessoa do contratante é fundamental para a sua realização) ou impessoais ( a pessoa do contratante é indiferente para a conclusão do negócio. Efeitos dos Contratos: Exceção de contratos não cumprido Nenhum dos contratantes poderá, antes de cumprir sua obrigação, exigir do outro ( arts.476 e 477 ).

9 É regra dos contratos bilaterais (sinalagmáticos) Direito de retenção Permite ao credor conservar coisa alheia em seu poder além do momento em que deveria restituir, até o pagamento do que lhe é devido (ex: possuidor de boa-fé em relação às benfeitorias necessárias e úteis). Revisão dos contratos (arts. 478 a 480) Em princípio os contratos devem ser cumpridos como foram estipulados (pacta sunt servanda). Excepcionalmente, admite-se a revisão judicial dos contratos quando uma das partes vem a ser prejudicada sensivelmente por uma alteração imprevista da conjuntura econômica. O evento extraordinário imprevisto, que dificulta o adimplemento da obrigação, é motivo de resolução contratual por onerosidade excessiva (rebus sic stantibus). A parte lesada ingressa em juízo pedindo a rescisão do contrato ou reajustamento da prestação. Arras ou sinal Provas de conclusão do contrato assegura o cumprimento da obrigação e é princípio de pagamento (arts. 417 a 420). Arrependimento previsto implica arras confirmatórias; arrependimento não previsto, arras penitenciais. Evicção Perda da propriedade para terceiro por sentença judicial e ato jurídico anterior (arts. 447 a 457).

10 Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. O alienante somente ficará isento da responsabilidade se for pactuada a cláusula de exclusão da garantia e o adquirente, informado do risco, o aceitou. Vício redibitório Vício ou defeito oculto na coisa que a torna imprópria para o uso a que se destina ou lhe diminui o valor (arts. 441 a 446 e CC). Redibir significa restituir coisa defeituosa. CÓDIGO CIVIL Objeto: bens objetos de contratos comutativos (móveis ou imóveis). Defeito oculto na coisa. Efeito: rescindir o contrato, pedir abatimento no preço ou substituir ou consertar a coisa. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR Objeto: produtos ( móveis ou imóveis; corpóreos ou incorpóreos) e serviços. Defeito oculto, aparente ou de fácil constatação; qualidade no produto no serviço não correspondente à propaganda, rótulo, etc. Efeito: idem Prazos de decadência: a)móveis 30 dias de tradição. Prazos de decadência: a) Produtos ou serviços duráveis 90 dias da

11 b)imóveis 1 ano de tradição. constatação ou da entrega. b) Produtos não duráveis 30 dias da constatação ou da entrega. Extinção da relação contratual 1. Normal: cumprimento 2. Rescisão ou dissolução: a)causas anteriores ou contemporâneas nulidade, condição resolutiva, arrependimento; b) causas supervenientes resolução ( descumprimento voluntário ou involuntário), resilição (acordo bilateral destrato - ou unilateral) ou morte de um dos contratantes em obrigações personalíssimas Principais contratos Compra e venda (arts. 481 a 532) Um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe o preço em dinheiro. Elementos: coisa, preço e consenso. Não transfere o domínio. Este é transferido pela tradição ( bens móveis ) ou pelo registro do título aquisitivo no Cartório de Registro de Imóveis ( bens imóveis ). A lei proíbe que os ascendentes vendam aos descendentes quaisquer bens, sem que haja o consentimento dos outros descendentes we do cônjuge do alienante, salvo se casado sob o regime de separação obrigatória (art. 496 ), sob pena de anulação do ato. Esta venda poderia simular uma doação em prejuízo dos demais herdeiros. Cláusulas especiais: retrovenda ( arts. 55 a 508 ), venda

12 a contento ( art 509 a 512 ), preempção ou preferência ( arts. 513 a 520 ) e reserva de domínio ( arts. 521 a 528 ). Troca ou permuta (arts. 533) As partes se obrigam a dar uma coisa por outra que não seja dinheiro. Operam-se, ao mesmo tempo duas vendas, servindo as coisas trocadas de compensação recíproca. É anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem o expresso consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante. Estimatório (arts. 534 a 537) Uma das partes (consignatário) recebe da outra (consignante) bens móveis, ficando autorizada a vendêlos, obrigando-se a pagar um preço estimado previamente, se não restituir as coisas consignadas dentre do prazo ajustado. Doação (arts. 538 a 564) Uma pessoa por liberalidade, transfere de seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra que os aceita. Os ascendentes podem fazer doações aos seus filhos mas isso importa em adiantamento da legítima. Nula será a doação da parte excedente que poderia dispor em testamento. Há nulidade da doação inoficiosa apenas no que exceder à legítima dos herdeiros. A doação pode ser revogada se houver ingratidão ( ex: atentar contra a vida ou caluniar o doador) ou descumprimento do encargo. Locação (arts. 565 a 578 e 593 a 626) Uma das partes, mediante remuneração, se compromete a fornecer à outra por certo tempo, o uso

13 de uma coisa a prestação de um serviço ou a execução de determinado trabalho. Há três espécies: Locação de serviços Prestação de serviços economicamente apreciável. Locação de obras ou empreitada Execução de obra ou trabalho. Observação: Pela disposição atual no Código Civil, a prestação de serviços e a empreitada não são espécies de locação e sim contratos autônomos. 3) Locação de coisas É o contrato pelo qual uma das partes (locador ou senhorio) se obriga a ceder à outra ( locatário ou inquilino ), por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa remuneração (art. 565). Se houver mais de um locador ou locatário, entende-se que são solidários se o contrato não estipulou o contrário. A locação de imóveis urbanos são regulados pela Lei 8.245/91. O locador só pode exigir uma das seguintes garantias, sob pena de nulidade: a) caução (máximo três meses); b) fiança; c) seguro-fiança locatícia. Durante o prazo convencionado, não poderá o locador reaver o imóvel alugado; o locatário poderá devolve-lo pagado a multa pactuada. O locatário poderá denunciar a locação por prazo indeterminado mediante aviso por escrito ao locador, com antecedência mínima de 30 dias. No caso de alienação o locatário tem direito de preferência para adquirir o imóvel em igualdade de condições com terceiros. Empréstimo (arts. 579 a 592)

14 Alguém entrega uma coisa para outrem, gratuitamente, obrigando-se este a devolver a mesma coisa ou devolver outra da mesma espécie e quantidade. Há duas espécies: 1. Comodato Empréstimo de uso em que o bem emprestado deverá ser restituído, não podendo ser fungível ou consumível ( ex.: uma casa ). Não restituindo o bem, o comandante pode ingressar com ação de reintegração de posse e cobrar aluguel. 2. Mútuo Empréstimo de consumo em que o bem usado, sendo fungível ou consumível, não poderá ser devolvido e a restituição será em seu equivalente, por outra coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade ( ex.: um quilo de feijão ). Pode ser gratuito ou oneroso ( feneratício ). Depósito ( arts. 627 a 652 ) Uma pessoa ( depositário ) recebe de outra ( depositante ) um objeto móvel para guarda lo, temporária e gratuitamente, até que o depositante o reclame. Depositário que não restitui a coisa ao final do contrato ( infiel ) pode ter sua prisão decretada. Mandato ( arts. 653 a 709 ) Alguém ( mandatário ) recebe de outro ( mandante ) poderes para, em seu nome ( em nome do mandante ), praticar atos ou administrar interesses. O instrumento do mandato escrito é a procuração. O mandato pode ser legal, judicial ou convencional ( ad judicia ou ad negotia ). Substabelecer uma procuração significa conferir a terceira pessoa os poderes que recebeu do mandante.

15 Transporte ( arts. 730 a 756 ) Uma pessoa ou empresa se obriga, mediante retribuição, a transportar, de um local para outro, pessoas ou coisas ( animadas ou inanimadas ). Seguro ( arts. 757 a 802 ) Uma pessoa ( segurador ) se obriga perante outra ( segurado ), mediante o pagamento de um prêmio, a garantir lhe interesse legitimo relativo a pessoa ou coisa e a indeniza la de prejuízo decorrente de riscos futuros, previstos no contrato. Fiança ( arts. 818 a 839 ) Também chamada caução fidejussória, é a promessa feita por uma ou mais pessoas de garantir ou satisfazer a obrigação de um devedor, se este não a cumprir, assegurando ao credor seu efetivo cumprimento.

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