FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL. Carlos Osmar Bertero 1
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- Adriano Filipe Assunção
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1 FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL Carlos Osmar Bertero 1
2 0 FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR POSSUI DOIS MODELOS BÁSICOS: PÚBLICO QUANDO OS CUSTOS SÃO COBERTOS PELO PODER PÚBLICO MEDIANTE TRANSFERÊNCIAS DE RECURSOS FISCAIS DO TESOURO PÚBLICO PARA OS ORÇAMENTOS DAS UNIVERSIDADES. ESTE MODELO TEM ORIGEM EUROPÉIA E AINDA PREDOMINA EM BOM NÚMERO DE PAÍSES EUROPEUS. 2
3 PRIVADO QUANDO OS CUSTOS DA EDUCAÇÃO SUPERIOR SÃO PREDOMINANTEMENTE COBERTOS PELO SETOR PRIVADO. O MODELO PREDOMINA NOS ESTADOS UNIDOS E DELE TAMBÉM HÁ TRAÇOS NA UNIVERSIDADE JAPONESA. FONTES DOS RECURSOS SÃO AS TAXAS OU ANUIDADES ESCOLARES PAGAS PELOS ALUNOS. RECURSOS GERADOS PELA PRÓPRIA UNIVERSIDADE POR SERVIÇOS DE CONSULTORIA, EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISAS APLICADAS OU OUTRAS QUE POSSAM CONTAR COM APOIO EXTERNO. 3
4 O MODELO PRIVADO NÃO EXCLUI ALGUMA PARTICIPAÇÃO DO PODER PÚBLICO, SEJA ATRAVÉS DE CONTRIBUIÇÕES AO ORÇAMENTO UNIVERSITÁRIO, SEJA PELA RENÚNCIA FISCAL. MAS A DECISIVA FONTE DE RECURSOS PARA A UNIVERSIDADE NO MODELO PRIVADO NORTE AMERICANO SÃO OS ENDOWMENTS. 4
5 A QUESTÃO DO FINANCIAMENTO DO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO TEM QUE SER VISTA À LUZ DE DESENVOLVIMENTOS QUE REMONTAM À FORMAÇÃO DO PAÍS. O PAÍS CRIOU SEU PRÓPRIO SISTEMA UNIVERSITÁRIO TARDIAMENTE, QUANDO COMPARADO COM OUTROS PAÍSES DO NOVO MUNDO. NA AMÉRICA INGLESA AS PRIMEIRAS ESCOLAS DE NÍVEL SUPERIOR SURGEM JÁ NO SÉCULO XVII. NA AMÉRICA ESPANHOLA ISTO OCORRE AINDA NO SÉCULO XVI (UNIVERSIDADE DE SAN MARCO NO PERU). 5
6 NA AMÉRICA PORTUGUESA A PRIMEIRA ESCOLA DE NÍVEL SUPERIOR (ESCOLA MÉDICA E DE CIRURGIÕES) É CRIADA NA BAHIA EM 1808 QUANDO DA TRANSFERÊNCIA TEMPORÁRIA DA CAPITAL DO IMPÉRIO LUSO PARA O BRASIL. SEGUEM-SE ALGUMAS OUTRAS ESCOLAS CRIADAS DURANTE O PERÍODO MONÁRQUICO JÁ COM O PAÍS INDEPENDENTE. MAS A UNIVERSIDADE TERÁ QUE AGUARDAR O SÉCULO XX QUANDO SURGEM AS PEIMEIRAS UNIVERSIDADES EM 1927 E CARACTERÍSTICA IMPORTANTE DO BRASIL É A FRAGILIDADE DA ESCOLA PÚBLICA. NUNCA TEVE NO BRASIL MUITOS DEFENSORES E AINDA POUCOS IMPLEMENTADORES. 6
7 A FORMAÇÃO VINDA DA COLÔNIA ERA DE QUE A EDUCAÇÃO SERIA ASSUNTO PREDOMINANTEMENTE ECLESIÁSTICO E A REPÚBLICA (1889), EM PRINCÍPIO, POR SER DEFENSORA DE UM ESTADO LAICO, ENFATIZARIA A ESCOLA PÚBLICA. PASSADOS 119 ANOS DE REGIME REPUBLICANO CONSTATA-SE QUE OS IDEAIS EDUCACIONAIS DOS FUNDADORES DA REPÚBLICA AINDA ESTÃO POR SER ATINGIDOS, TANTO NA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL COMO NA SUPERIOR. 7
8 A FRAGILIDADE DA ESCOLA PÚBLICA NO BRASIL EVIDENCIA-SE COM AS TRANSFORMAÇÕES POR QUE PASSA O PAÍS AO LONGO DO SÉCULO PASSADO QUE LEVAM À INDUSTRIALIZAÇÃO, URBANIZAÇÃO E EXPANSÃO DE UMA CLASSE MÉDIA URBANA QUE SE TORNA A GRANDE DEMANDANTE DE EDUCAÇÃO SUPERIOR. A RESPOSTA DO PODER PÚBLICO É TÍMIDA E NÃO ACOMPANHA O AUMENTO DA DEMANDA POR ENSINO SUPERIOR. DESENVOLVE-SE UM SISTEMA UNIVERSITÁRIO FEDERAL E NALGUNS ESTADOS UNIVERSIDADES ESTADUAIS. NO NÍVEL MUNICIPAL O ENSINO SUPERIOR É APENAS EXCEPCIONALMENTE ASSUMIDO. 8
9 MUNICÍPIOS CONCENTRAM SEUS RECURSOS NA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. A SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX ASSISTE AO SURGIMENTO E EXPANSÃO DO ENSINO SUPERIOR PRIVADO, JÁ QUE O ESTADO NÃO FORA CAPAZ DE FAZÊ-LO. O RESULTADO É QUE ATUALMENTE PELO MENOS 70% DAS MATRÍCULAS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO ESTÃO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR PRIVADAS. 9
10 TERIA ENTÃO O BRASIL ADOTADO UM MODELO PRIVADO DE FINANCIAMENTO PARA A EDUCAÇÃO SUPERIOR? APENAS PARCIALMENTE. O MODELO BRASILEIRO NÃO É O DA UNIVERSIDADE PRIVADA NORTE AMERICANA, BASEADA NO CONCEITO DE NONPROFIT ORGANIZATION. A MAIORIA DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR BRASILEIRAS SÃO MONTADAS COMO UM NEGÓCIO ADOTANDO UM MODELO EMPRESARIAL: JÁ QUE O MERCADO DEMANDAVA EDUCAÇÃO, OFERECE-SE MEDIANTE O PAGAMENTO POR SERVIÇOS EDUCACIONAIS OBJETIVANDO OBTENÇÃO DE LUCRO QUE É APROPRIADO POR PROPRIETÁRIOS. 10
11 O MODELO DE NEGÓCIO DEVE-SE AO FATO DE NO BRASIL PRATICAMENTE INEXISTIR A CULTURA DO ENDOWMENT. ORGANIZAÇÕES DEDICADAS À PRODUÇÃO DE BENS PÚBLICOS OU SÃO AMPARADAS PELO PODER PÚBLICO OU PASSAM A ENFRENTAR SÉRIAS DIFICULDADES. O MODELO DE NEGÓCIO TODAVIA APRESENTA RESULTADOS POSITIVOS, MAS AINDA INSUFICIENTES. 11
12 IES s PRIVADAS TEM GERADO ENSINO E TITULAÇÃO. DENTRE ELAS ENCONTRAMOS AVALIAÇÕES DOS MAIS VARIADOS NÍVEIS, QUE VÃO DO EXCELENTE AO PÉSSIMO. O PAPEL DAS IES s PRIVADAS AINDA É TÍMIDO NA PÓS GRADUAÇÃO STRICTO SENSU(MESTRADOS E DOUTORADOS). IES s PRIVADAS SÃO IGUALMENTE TÍMIDAS GERADORAS DE CONHECIMENTO COM PEQUENA PARTE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA. PELO MENOS 70% DE NOSSA PRODUÇÃO CIENTÍFICA É GERADA NAS IES s PÚBLICAS, EMBORA TENHAM NÚMERO SIGNIFICATIVAMENTE MENOR DE MATRÍCULAS. 12
13 NO LIMITE PODER-SE-IA ATÉ FALAR NUMA DIVISÃO DO TRABALHO NO PAÍS ENTRE IES PRIVADAS E AS PÚBLICAS. ENQUANTO AS PRIMEIRAS CUIDARIAM PRIORITARIAMENTE DE ENSINO AS SEGUNDAS DEDICAR-SE-IAM À PESQUISA E A PRODUÇÃO CIENTÍFICA. EMBORA ISTO NÃO SEJA EXPLICITADO ACABA SENDO MUITAS VEZES ASSUMIDO COMO A POSTURA DEVIDA: O PODER PÚBLICO ATRAVÉS DE VÁRIAS AGÊNCIAS VEM APOIANDO ESTE MODELO COMO É O CASO DA CAPES E DO CNPQ E ALGUMAS FUNDAÇÕES ESTADUAIS. 13
14 NÃO HÁ COMO NEGAR QUE POR FORÇA DAS LIMITAÇÕES DO PODER PÚBLICO ELE É POUCO PROPENSO E DISPÕE DE RECURSOS RELATIVAMENTE ESCASSOS PARA ATENDER A IMENSA DEMANDA POR ENSINO SUPERIOR. E POR OUTRO LADO DEVIDO À INICIATIVA E AGRESSIVIDADE DO SETOR PRIVADO, APOIADO PREDOMINANTEMENTE NUM MODELO DE EDUCAÇÃO ENQUANTO NEGÓCIO, ESTÁ A CONSOLIDAR-SE NO PAÍS UM MODELO DE DIVISÃO DO TRABALHO ACADÊMICO: DOCÊNCIA, ESPECIALMENTE A DE GRADUAÇÃO PARA O SETOR PRIVADO, E PRODUÇÃO CIENTÍFICA E PÓS GRADUAÇÃO STRICTO SENSU PARA O SETOR PÚBLICO. 14
15 EVIDENTEMENTE ISTO NÃO É ASSIM TÃO CLARAMENTE DEFINIDO. HÁ IES PRIVADAS QUE MONTAM PROGRAMAS DE EXCELÊNCIA NO STRICTO SENSU E SEMPRE HÁ PRESSÕES PARA QUE AS UNIVERSIDADES PÚBLICAS AUMENTEM SEU ENVOLVIMENTO NA DOCÊNCIA, ESPECIALMENTE NA GRADUAÇÃO. 15
16 NÃO SE PODERIA DEIXAR DE MENCIONAR IMPORTANTE FATO NOVO NO FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL E QUE É BASTANTE RECENTE. EM CONSONÂNCIA COM O MODELO DE EDUCAÇÃO ENQUANTO NEGÓCIO, TEMOS ASSISTIDO A ALGUMAS IPOs (INITIAL PUBLIC OFFERINGS) QUE FORAM SUCESSO PELO VOLUME DE RECURSOS ARRECADADOS. TAIS RECURSOS INDICAM CONFIANÇA DE INVESTIDORES NO NEGÓCIO EDUCACIONAL E AINDA SERVEM PARA A EXPANSÃO DO SISTEMA. 16
17 UMA OBSERVAÇÃO CABE PARA AS INSTITUIÇÕES PRIVADAS QUE NÃO SÃO NEGÓCIOS. É O CASO DE ALGUMAS INSTITUIÇÕES CONFESSIONAIS E DE ALGUMAS FUNDAÇÕES QUE TEM O CARÁTER DE INSTITUIÇÕES DE DIREITO PRIVADO. AQUI TEMOS ALGUMAS PUCS, OUTRAS CONFESSIONAIS E A FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. 17
18 ESTAS INSITUIÇÕES FORAM EM GRANDE PARTE CRIADAS E MANTIDAS COM RECURSOS PÚBLICOS DURANTE MUITOS ANOS. MAS À MEDIDA QUE SE INSTAUROU A LIMITAÇÃO DE RECURSOS E A NECESSIDADE DE RESPONSABILIDADE FISCAL COM CRESCENTE AUMENTO DE DESPESAS NO SETOR PÚBLICO, ACABOU-SE POR LIMITAR E FINALMENTE ELIMINAR A TRANSFERÊNCIA DE RECURSOS FEDERAIS PARA A MAIORIA DESTAS INSTITUIÇÕES. 18
19 ELAS PASSAM ENTÃO A BUSCAR OUTRAS FORMAS DE FINANCIAMNETO. O QUE FAZEM É DE CERTA FORMA A MANIFESTAÇÃO DA AMBIVALÊNCIA E DA DIVERSIDADE BRASILEIRA NA BUSCA DE FORMAS DE FINANCIAR O ENSINO SUPERIOR. ELAS VÊM SE DEDICANDO A ATIVIDADES QUE GERAM BENS PÚBLICOS, COMO PÓS GRADUAÇÃO STRICTO SENSU E PRODUÇÃO CIENTÍFICA, MAS POR OUTRO LADO TEM ATIVIDADES QUE SÃO CLARAMENTE NEGÓCIOS COMO A CONSULTORIA E O ATRAENTE E AINDA ALTAMENTE LUCRATIVO MERCADO DE EDUCAÇÃO EXECUTIVA. 19
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