INFLUÊNCIA DE CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO DE ARGAMASSA EM OBRA NA CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A NBR 13281
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- Samuel de Almada Prado
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1 INFLUÊNCIA DE CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO DE ARGAMASSA EM OBRA NA CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A NBR BASTOS, Pedro K. X. (1); COUTO, Mariana L. (2) (1) Universidade Federal de Juiz de Fora - pedrokop@terra.com.br (2) Universidade Federal de Juiz de Fora - maricouto@gmail.com RESUMO Este trabalho apresenta um estudo feito com argamassas de revestimento comumente usadas e produzidas em obras, com variação das proporções dos materiais em que é simulada a falta de correção dos traços em volume por causa do inchamento da areia úmida. Foram estudadas as proporções em volume 1:1:6 e 1:2:9 (cimento, cal e areia natural) e 1:8 e 1:9 (cimento e areia de britagem). As argamassas foram classificadas de acordo com os requisitos da NBR 13281/2005, medindo-se também o módulo de deformação por emissão de ultra-som. Por causa da modificação nos traços, houve mudanças de classes, principalmente quanto à resistência mecânica. Os resultados indicaram que as argamassas de revestimento podem ter desempenho diferente do esperado quando fatores ligados à produção não são objeto de controle rigoroso no canteiro. Palavras-chave: argamassa, revestimento, canteiro de obras, NBR ABSTRACT This work presents a study on rendering mortars currently used and produced within construction sites, with a variation of their components proportions as a consequence of humidity in sand. Proportions by volume 1:1:6 and 1:2:9 (cement, lime and natural sand) as well as 1:8 and 1:9 (cement and crushed sand) were studied. The different mortars were classified according to the requirements of NBR 1328/2005 and the elasticity modulus was also measured by ultrasound emission. Because of the modifications on the mix proportions, changes of classes occurred especially concerning their strength. The results indicated that the rendering mortars may have different performance from that expected when certain production procedures are not rigorously controlled in the construction site. Key-words: mortar, rendering, construction sites, NBR INTRODUÇÃO No ano de 2005, uma série de novas normas técnicas de argamassas de revestimento foi publicada pela ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, o que trouxe sensíveis mudanças nos métodos de ensaio de laboratório para caracterização deste tipo de material. Foi publicada também, no mesmo ano, a NBR para assentamento e revestimento de paredes e tetos Requisitos, norma que cria faixas de valores para propriedades determinadas com os novos métodos, permitindo a classificação das argamassas (ABNT, 2005e). A tabela de classificação em vigor, no entanto, deve passar por um estágio de avaliação de sua aplicabilidade para correção de possíveis distorções. Após este período será possível a especificação, com segurança, de tipos de argamassas por faixas de valores, para uma determinada condição de aplicação por exemplo, se revestimento externo ou interno. A avaliação dos novos métodos e da tabela de classificação mencionados, no entanto, só é possível com a criação de um volume de resultados de ensaios em laboratórios de diferentes regiões do país. Mas há também o aspecto prático, de produção de argamassa em obra, onde existem procedimentos que podem alterar significativamente propriedades das argamassas e seu desempenho. A questão é saber o que os números representam. Dentro deste contexto inseriu-se a presente pesquisa: além de procurar contribuir para a avaliação dos novos métodos de ensaio, estudou-se paralelamente a influência de práticas de canteiro em propriedades das argamassas.
2 2. OBJETIVOS Esta pesquisa teve como objetivos: analisar propriedades e desempenho de argamassas de revestimento produzidas em obra, usando os novos métodos publicados pela ABNT em 2005; classificar as argamassas conforme a NBR para assentamento e revestimento de paredes e tetos Requisitos; estudar a influência de condições de produção de argamassas em obra em suas propriedades e em seu desempenho. Propriedades estudadas em corpos-de-prova 40 x 40 x 160 (mm) em laboratório: resistência à tração na flexão, resistência à compressão, módulo de deformação dinâmico, absorção de água e coeficiente de capilaridade, densidade de massa aparente no estado endurecido. Propriedades estudadas em argamassas no estado fresco em laboratório: densidade de massa e teor de ar incorporado, retenção de água. Propriedades estudadas em corpos-de-prova de secção quadrada (5 cm x 5 cm): resistência potencial de aderência à tração. 3. PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL 3.1 Materiais e s Foram usados os seguintes materiais na composição das argamassas (Tabela 1): cimento Portland CP II E-32 (NBR 5732 /1991 ABNT - Cimento Portland comum) cal CH III (NBR 7175 /1992 ABNT - Cal hidratada para argamassa) areia natural quartzosa proveniente de rio, passante na peneira 2,0 mm - Figura 1 areia fina proveniente de britagem de rocha gnaisse, passante na peneira 2,0 mm - Figura 2 % retida Distribuição Granulométrica % retida acumulada Curva Granulométrica 4,8 2,4 1,2 0,6 0,3 0,15 0,075 fundo 4,8 2,4 1,2 0,6 0,3 0,15 0,075 fundo Abertura das peneiras (mm) Abertura das peneiras (mm) Figura 1 - Granulometria da areia natural 25 Curva Granulométrica 100 Curva Granulométrica % retida ,8 2,4 1,2 0,6 0,3 0,15 0,075 Abertura das peneiras (mm) fundo % retida acumulada ,8 2,4 1,2 0,6 0,3 0,15 0,075 fundo Abertura das peneiras (mm) Figura 2 Granulometria da areia de britagem A Tabela 1 apresenta características físicas dos aglomerantes e agregados componentes das argamassas.
3 Característica Tabela 1 - Características dos materiais Areia natural Areia de britagem Cimento Massa unitária (g/cm³) 1,33 1,71 1,17 0,50 Massa específica real (g/cm³) 2,58 2,71 3,15 2,20 Módulo de finura 4,08 3, Teor de finos < 0,075 mm (%) 0,71 25,80 87,00 95,00 Foram estudadas quatro proporções em volume de argamassas utilizadas em obras, duas de cimento, cal e areia natural - 1:1:6 e 1:2:9, e duas de cimento e areia de britagem - 1:8 e 1:9. Para a avaliação da influência de condições de obra nas proporções e em características e propriedades das argamassas, foram estudados mais quatro traços, obtidos da modificação das quatro argamassas iniciais. As modificações procuraram simular a falta de correção do traço no canteiro devido ao inchamento da areia por causa da umidade. Assim, as quantidades de areia e de água foram alteradas de acordo com o seguinte critério: foram feitos ensaios de inchamento das areias natural e de britagem, com teores de umidade 2%, 4%, 6%, 8% e 10% em massa. adotou-se o coeficiente de inchamento 1,26 (teor de umidade igual a 6%) para a areia natural e 1,36 (teor de umidade igual a 6%) para a areia de britagem; foram recalculados os traços das argamassas supondo-se a falta de correção do inchamento no canteiro de obras. Por exemplo: a cada 10 volumes de areia natural úmida no canteiro 2,6 correspondem ao inchamento e a diferença (7,4 volumes) é o volume de areia realmente misturado no canteiro. Assim, para o traço 1:1:6 de cimento, cal e areia natural em volume, por exemplo, as proporções misturadas em obra quando a areia está com 26% de inchamento são 1:1:4,44. Para possibilitar a medida dos materiais em balança em laboratório foi feita a conversão das proporções de volume para massa de todos os traços, usando as massas unitárias da Tabela 1. Para o traço 1:1:6 os cálculos foram: (1 x 1,17/1,17) : (1 x 0,50/1,17) : (6 x 1,33/1,17) = 1:0,44:5,04 (traço em massa) As argamassas foram identificadas de acordo com o tipo de areia pelas siglas AN para areia natural e AB para areia de britagem (comercializada com o nome de Areia Industrial). Os traços modificados foram identificados com (m). A Tabela 2 mostra todas as composições da pesquisa. Tabela 2 - s estudadas Cal Traço em volume Traço unitário em massa cimento cal AN AB Relação água/cimento* Consumo de cimento (Kg/m³) Relação água/aglomerantes 1 1:1:6 AN 1 0,44 6,82-1,60 210,0 1,11 2 1:1:6 AN (m) 1 0,44 5,04-1,19 273,5 0,82 3 1:2:9 AN 1 0,87 10,23-2,32 142,8 1,23 4 1:2:9 AN (m) 1 0,87 7,57-1,75 185,1 0,93 5 1:8 AB ,70 1,97 151,9 1,97 6 1:8 AB (m) ,48 1,26 229,3 1,26 7 1:9 AB ,15 2,23 135,1 2,23 8 1:9 AB (m) ,42 1,43 207,0 1,43 *água para o espalhamento 260 ± 5 mm na mesa ABNT AN traço com areia natural AB traço com areia de britagem (m) traço modificado
4 3.1.1 Preparo e armazenamento das argamassas As argamassas foram misturadas com o teor de água necessário ao espalhamento 260 ± 5 mm no ensaio de consistência na mesa ABNT. O tempo total de mistura estabelecido foi de 2 minutos em argamassadeira de 5 litros, com pequeno intervalo após o primeiro minuto para limpeza da pá e acomodação da argamassa no recipiente com espátula. Os corpos-de-prova de dimensões 4 x 4 x 16 (cm) foram adensados em duas camadas de 30 quedas cada na mesa de choque, retirados das formas 24 horas após a moldagem e mantidos em ambiente de laboratório, com temperatura entre 20º e 24ºC e umidade relativa do ar entre 60% e 80%. 3.2 Plano de ensaios A Tabela 3 apresenta os ensaios realizados e o tipo e a quantidade de corpos-de-prova por idade. Ensaio Resistência à tração na flexão NBR (ABNT, 2005c) Tabela 3 Plano de ensaios Tipo e número de corpos-de-prova por argamassa, por idade Idades dos Prisma cortada ensaios Observações 4 x 4 x 16 (cm) 5 x 5 (cm) (dias) Arg. cimento:cal:an 3 (x 2) - 28 e 63* Arg. cimento:ab 3-28 Resistência à compressão Arg. cimento:cal:an 3 (x 2)** - 28 e 63* NBR (ABNT, 2005) Arg. cimento:ab 3** - 28 Densidade de massa aparente no estado endurecido NBR (ABNT, 2005d) Absorção de água e coeficiente de capilaridade NBR (ABNT, 2005) Resistência potencial de aderência à tração NBR (ABNT, 2005) Densidade de massa e teor de ar incorporado NBR (ABNT, 2005b) Retenção de água NBR (ABNT, 2005a) Total de corpos-de-prova para 11 argamassas Arg. cimento:cal:an 3 (x 2) - 28 e 63* Arg. cimento:ab 3-28 Arg. cimento:cal:an 3 (x 2)*** - 28 e 63* Arg. cimento:ab 3*** fresca fresca * 63 dias: apenas para as argamassas com cal ** mesmos corpos-de-prova do ensaio de tração na flexão *** mesmos corpos-de-prova do ensaio de massa aparente no estado endurecido 4. RESULTADOS 4.1 Densidade de massa no estado fresco e teor de ar incorporado 2 determinações (recip. de 400 cm 3 ) 2 determinações (Funil de Büchner) A Tabela 4 mostra as médias dos resultados dos ensaios de densidade de massa no estado fresco e teor de ar incorporado das quatro argamassas originais e das quatro modificadas.
5 Tabela 4 Densidade de massa no estado fresco e teor de ar incorporado Densidade no estado fresco (Kg/m³) Variação em relação ao traço original Teor de ar incorporado (%) Variação em relação ao traço original 1:1:6 AN ,0 1:1:6AN(m) ,1% 10,1-32,2% 1:2:9 AN ,5 1:2:9AN(m) ,8% 15,1-13,7% 1:8 AB ,9 1:8 AB (m) ,2% 2,5-49,3% 1:9 AB ,7 1:9 AB (m) ,8% 4,6-20,0% Observa-se para todas as argamassas modificadas que houve aumento da densidade de massa no estado fresco em relação ao traço original (maior aumento de 5,1% para a argamassa 1:1:6) e diminuição do teor de ar incorporado (mais significativa para a argamassa 1:8, de 49,3%). Os traços modificados têm maior consumo de aglomerantes e, portanto, são mais compactos e pesados. 4.2 Densidade de massa no estado endurecido A Tabela 5 mostra a média dos resultados dos ensaios de densidade de massa no estado endurecido, assim como a variação percentual que houve nesta propriedade com a modificação dos traços, em relação aos traços originais. Tabela 5 Densidade de massa no estado endurecido 28 dias Densidade de Massa no estado endurecido (Kg/m³) Variação em relação ao traço original 63 dias Variação em relação ao traço original 1:1:6 AN :1:6 AN (m) ,9% ,4% 1:2:9 AN :2:9 AN (m) ,4% ,2% 1:8 AB :8 AB (m) ,5% - 1:9 AB :9 AB (m) ,7% - Com a modificação dos traços houve aumento da densidade de massa no estado endurecido aos 28 dias para todas as argamassas (maior para a argamassa 1:9, de 4,7%), como esperado, seguindo a tendência de aumento da densidade no estado fresco. Aos 63 dias a variação percentual foi menor para as argamassas com cal, já que as argamassas se encontram carbonatadas nesta idade os traços modificados, com maior teor de aglomerantes e, portanto, com mais cal, ganharam mais massa na carbonatação. 4.3 Capilaridade A Tabela 6 mostra a média dos resultados do ensaio de capilaridade.
6 Tabela 6 Capilaridade Coeficiente de Capilaridade (g/dm².min½) 28 dias 63 dias 1:1:6 AN 22,7 24,9 1:1:6 AN (m) 16,0 18,9 1:2:9 AN 23,1 27,2 1:2:9 AN (m) 19,6 21,1 1:8 AB 25,4-1:8 AB (m) 19,1-1:9 AB 24,7-1:9 AB (m) 22,3 - O coeficiente de capilaridade diminuiu para as argamassas modificadas, em relação aos traços originais aos 28 e aos 63 dias de idade. O maior consumo de aglomerantes tornou as argamassas mais compactas e, com a diminuição do volume total de poros capilares, mais difícil foi a ascensão da água por capilaridade nos corpos-de-prova. 4.4 Resistência à tração e à compressão A Tabela 7 apresenta as médias dos resultados dos ensaios de resistência à tração e à compressão, assim como a variação percentual que houve nestas propriedades com a modificação dos traços, em relação às proporções originais. 28 dias Tabela 7 Resistência à tração e à compressão Resistência à tração na flexão (MPa) Variação em relação ao traço original 63 dias Variação em relação ao traço original 28 dias Resistência à compressão (MPa) Variação em relação ao traço original 63 dias Variação em relação ao traço original 1:1:6 AN 0,40 0,80 1,20 2,30 1:1:6 AN (m) 1, % 2, % 5, % 6, % 1:2:9 AN 0,20 0,30 1,00 2,20 1:2:9 AN (m) 1, % 1, % 1,90 +90% 4,20 +91% 1:8 AB 0,70 2,40 1:8 AB (m) 3, % 10, % 1:9 AB 0,50 1,80 1:9 AB (m) 2, % 7, % Observou-se que a resistência mecânica dos traços modificados foi, de uma forma geral, muito superior à dos traços originais nas duas idades, como esperado, chegando a ser cinco vezes maior, como foi o caso da argamassa 1:2:9 aos 28 dias. Esta constatação aponta para a grande diferença de desempenho que pode haver entre a argamassa especificada em projeto e a argamassa misturada em obra, quando não se considera o fenômeno de inchamento da areia. 4.5 Módulo Dinâmico Esta propriedade não faz parte ainda da norma NBR como requisito de qualidade para classificação de argamassas, mas há uma tendência no meio técnico de que em breve isto aconteça, dada sua importância para o estudo do desempenho de revestimentos. O módulo foi determinado usando-se o aparelho de emissão de ultra-som do ensaio descrito por BASTOS (2003) e o cálculo dos resultados feito adotando-se o coeficiente de Poison igual a 0,2. A Tabela 8 apresenta as médias dos resultados.
7 Tabela 8 Módulo dinâmico Módulo dinâmico (MPa) 28 dias Variação em relação ao traço original 63 dias Variação em relação ao traço original 1:1:6 AN :1:6 AN (m) % % 1:2:9 AN :2:9 AN (m) % % 1:8 AB :8 AB (m) % 1:9 AB :9 AB (m) % O módulo de deformação dinâmico foi maior para as argamassas modificadas, comparando cada traço com o respectivo traço original, seguindo o que ocorreu com a resistência mecânica. Os traços modificados, de maior consumo de aglomerantes, são mais resistentes e, portanto, menos deformáveis. Esta diferença, que pode acontecer no canteiro de obras quando não se considera o inchamento da areia na medida dos materiais, pode significar um desempenho do revestimento diferente do esperado. Traços muito rígidos, por exemplo, são mais propensos à ocorrência de fissuras por movimentações térmicas. Há carência de pesquisas sobre deformabilidade de argamassas e revestimentos e, portanto, no atual estágio de conhecimentos, é difícil avaliar se uma argamassa teria tendência a fissurar-se ou não sob determinadas condições de aplicação e uso, apenas a partir do ensaio de ultra-som. Mas a tendência é que este método não-destrutivo seja cada vez mais difundido no Brasil, passe a constar em norma técnica e torne-se importante na avaliação da qualidade de argamassas. 4.6 Retenção de água A Tabela 9 mostra as médias dos resultados dos ensaios de retenção de água. Tabela 9 Retenção de água Retenção de água (%) 1:1:6 AN 90 1:1:6 AN (m) 88 1:2:9 AN 81 1:2:9 AN (m) 81 1:8 AB 86 1:8 AB (m) 89 1:9 AB 86 1:9 AB (m) 88 Não se pode afirmar que o ensaio de retenção de água tenha servido para diferenciar as argamassas. Esperava-se que os traços modificados, com maiores teores totais de finos menores que 0,075 mm em relação aos traços originais, apresentassem maior retenção de água, o que não aconteceu. Na verdade, ocorreram muitos problemas de funcionamento e operação do equipamento de medida de retenção de água durante a pesquisa, o que pode ter alterado os resultados. Esta propriedade precisa ser mais bem avaliada oportunamente para as argamassas aqui estudadas. 4.7 Resistência potencial de aderência à tração A Tabela 10 mostra as médias dos resultados dos ensaios de resistência potencial de aderência à tração das argamassas nos traços originais e modificados. Todas as rupturas ocorreram na interface substrato/argamassa.
8 Tabela 10 Resistência potencial de aderência à tração Resistência potencial de aderência à tração (MPa) 28 dias 1:1:6 AN = 0,17 1:1:6 AN (m) = 0,46 1:2:9 AN = 0,08 1:2:9 AN (m) = 0,12 1:8 AB = 0,15 1:8 AB (m) = 0,24 1:9 AB = 0,11 1:9 AB (m) = 0,18 Houve aumento da resistência potencial de aderência para todas as argamassas com a modificação dos traços, aos 28 dias, em função do aumento do teor de aglomerantes. 4.8 Classificação segundo a NBR A NBR 13281/2005 estabelece um critério de classificação de argamassas por faixas de valores de determinadas propriedades. A Tabela 11 e a Tabela 12 apresentam todos os resultados desta pesquisa e seu enquadramento na classificação. Quando o valor encontrado para uma propriedade ficou situado entre duas faixas, adotou-se o critério de escolher a faixa cuja média mais se aproxima deste valor. As mudanças de faixa ocorridas por causa da modificação dos traços estão destacadas em negrito na tabela - as principais deram-se nas propriedades mecânicas resistência à tração e resistência à compressão. Nota-se que uma argamassa chega a saltar mais de uma categoria na mudança (de R1 para R4, por exemplo, para a resistência à tração da argamassa 1:8, e de P1 para P5 para a resistência à compressão da argamassa 1:9). Estas alterações reforçam a idéia de diferença de desempenho que muito provavelmente ocorrerá para uma argamassa quando não for considerado o inchamento da areia em obra. Quanto ao coeficiente de capilaridade, todas as argamassas se situaram na mesma faixa C6, já que apresentaram coeficiente > 10,0 g/dm².min½. Ocorreram mudanças de faixas de resistência mecânica também com a idade para as argamassas com cal, de 28 para 63 dias, principalmente para a argamassa 1:1:6, de maior consumo deste aglomerante e, portanto, potencialmente mais sujeita à carbonatação e ganho de resistência com o tempo. Houve apenas uma mudança de faixa para a densidade de massa no estado fresco (argamassa 1:2:9 AN) e nenhuma para a densidade no estado endurecido, o que indica que a falta de correção dos traços em obra por causa da umidade da areia não afetou significativamente as argamassas quanto a estas duas propriedades para os valores de inchamento do agregado estudados (26% para a areia natural e 36% para a areia de britagem). Também não houve alteração de classificação para a retenção de água, mas os valores medidos desta propriedade precisam ser confirmados sem os problemas de operação e funcionamento ocorridos com o equipamento de ensaio. Apenas as argamassas 1:1:6 AN e 1:8 AB tiveram a classificação alterada quanto à resistência potencial de aderência à tração, sendo que a primeira teve uma alteração mais importante - passou da classe A1 para a A3. O conjunto de resultados indicou que esta propriedade não sofreu grande influência da modificação de traço por causa das condições de obra aqui estudadas.
9 Tabela 11 Resultados e classificação segundo a NBR resistência à tração, resistência à compressão e coeficiente de capilaridade. Resistência à tração (MPa) Resistência à compressão (MPa) Coef. de capilaridade (g/dm².min½) 28 dias 63 dias 28 dias 63 dias 28 dias 63 dias 1:1:6 AN 0,40 0,80 1,20 2,30 23,8 19,8 1:1:6 AN (m) 1,70 2,20 5,00 6,40 17,2 14,7 1:2:9 AN 0,20 0,30 1,00 2,20 19,6 19,4 1:2:9 AN (m) 1,00 1,20 0,90 4,20 18,0 17,1 1:8 AB 0,70-2,40-25,2-1:8 AB (m) 3,00-10,30-15,4-1:9 AB 0,50-1,80-30,9-1:9 AB (m) 2,40-7,50-18,9 - Classificação segundo a NBR :1:6 AN R1 R1 P1 P2 C6 C6 1:1:6 AN (m) R2 R3 P4 P5 C6 C6 1:2:9 AN R1 R1 P1 P2 C6 C6 1:2:9 AN (m) R1 R1 P1 P3 C6 C6 1:8 AB R1 - P2 - C6-1:8 AB (m) R4 - P6 - C6-1:9 AB R1 - P1 - C6-1:9 AB (m) R3 - P5 - C6 -
10 Tabela 12 - Resultados e classificação segundo a NBR densidade de massa no estado fresco, densidade de massa no estado endurecido, retenção de água e resistência potencial de aderência à tração. Densidade de massa no estado fresco Densidade de massa no estado endurecido (Kg/m³) (Kg/m³) 28 dias 63 dias Retenção de água (%) Resistência potencial de aderência à tração (MPa) 1:1:6 AN = 0,17 1:1:6 AN (m) = 0,46 1:2:9 AN = 0,08 1:2:9 AN (m) = 0,12 1:8 AB = 0,15 1:8 AB (m) = 0,24 1:9 AB = 0,11 1:9 AB (m) = 0,18 Classificação segundo a NBR :1:6 AN D4 M4 M4 U4 A1 1:1:6 AN (m) D4 M4 M4 U4 A3 1:2:9 AN D3 M4 M4 U2 A1 1:2:9 AN (m) D4 M4 M4 U2 A1 1:8 AB D5 M5 - U4 A1 1:8 AB (m) D5 M5 - U4 A2 1:9 AB D5 M5 - U3 A1 1:9 AB (m) D5 M5 - U3 A1 5. CONCLUSÕES Procurou-se contribuir para a criação de um volume de resultados de ensaios de laboratório usando-se as novas metodologias publicadas pela ABNT em 2005 para argamassas de revestimento. Entende-se que os objetivos foram cumpridos e que os resultados podem servir como referência para pesquisas de outras regiões do país. Os traços com areia natural, por serem aplicados nacionalmente; os traços com areia de britagem, por representarem o futuro em tecnologia de argamassas, já que areia natural é cada vez cada vez mais escassa nos médios e grandes centros urbanos. Como crítica aos métodos de ensaio, é importante mencionar as dificuldades de operação do equipamento de sucção do ensaio de retenção de água - o Funil de Büchner. É bastante complicada a seqüência de etapas do ensaio, levando a erros do operador, como a sucção de mercúrio pela bomba, o que danifica o equipamento. Para a obtenção de resultados confiáveis foi necessário minucioso treinamento e a redação detalhada dos passos do ensaio, já que a explicação constante na norma da ABNT é muito precária. Sugere-se a revisão da norma quanto a este nível de detalhes. Ainda quanto à normalização, percebeu-se que a NBR não é clara quando se trata de enquadrar valores de ensaios que se situam entre duas classes. Quanto às classes propriamente ditas e seus respectivos valores, somente com um número maior de ensaios e tipos de argamassas, incluindo-se as industrializadas, poder-se-á dizer se estão adequadas e divididas equilibradamente de modo a fornecer uma classificação útil em termos de especificações em projeto de revestimento, além de representativa da realidade nacional dos canteiros de obra e das fábricas. Nesta pesquisa ficou clara a importância de se considerar condições do agregado estocado no canteiro de obras. Estudando-se a influência do inchamento das areias observou-se que a falta de correção dos traços, comum na maioria das obras, leva a alterações importantes nas propriedades das argamassas, principalmente mecânicas. Estas alterações certamente afetam o desempenho do revestimento, tema ainda pouco pesquisado no Brasil. s demasiadamente rígidas, por exemplo, são mais propensas à fissuração quando submetidas a variações térmicas. Desta forma, alguns tipos de patologia podem estar mais ligados a problemas na produção do que à composição da argamassa.
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. para assentamento e revestimento de paredes e tetos Determinação da retenção de água, NBR 13277/2005. São Paulo, 2005a. para assentamento e revestimento de paredes e tetos Determinação da densidade de massa e do teor de ar incorporado, NBR 13278/2005. São Paulo, 2005b. para assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação da resistência à tração na flexão e à compressão, NBR 13279/2005. São Paulo, 2005c. para assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação da densidade de massa aparente no estado endurecido, NBR 13280/2005. São Paulo, 2005d. para assentamento e revestimento de paredes e tetos Requisitos, NBR 13281/2005. São Paulo, 2005e. para revestimento de paredes e tetos - Determinação da resistência potencial de aderência à tração, NBR 15258/2005. São Paulo, para assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação da absorção de água por capilaridade e do coeficiente de capilaridade, NBR 15259/2005. São Paulo, BRITISH STANDARDS INSTITUTION. Testing concrete - Part 203. Recommendations for BASTOS, P. K. X. - Módulo de deformação de argamassas - conceitos e métodos de determinação. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DE ARGAMASSAS, 5., 2003, São Paulo. Anais. São Paulo: Universidade de São Paulo/ANTAC, 2003, p AGRADECIMENTOS Pró-reitoria de Pesquisa da UFJF Associação Brasileira de Cimento Portland Fundação Centro Tecnológico de Juiz de Fora Pedra Sul Mineração Ltda. Técnico Audeci Marcos do Nascimento
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