DIAGNÓSTICOS, MONITORAMENTO E PROGNÓSTICO DAS CHUVAS INTENSAS NO RIO DE JANEIRO: 06 A 09 DE ABRIL DE 2010.

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1 DIAGNÓSTICOS, MONITORAMENTO E PROGNÓSTICO DAS CHUVAS INTENSAS NO RIO DE JANEIRO: 06 A 09 DE ABRIL DE José de Fátima da Silva Jose.fatima@inmet.gov.br; Expedito Rebello expedito.rebello@inmet.gov.br; Nadir Dantas Sales-nadir.sales@inmet.gov.br Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Eixo Monumental Sul Sudoeste. CEP Brasília-DF. ABSTRACT The city of Rio de Janeiro has instances of heavy rains and landslides since Brazil colony since 1811 there is record of heavy rains in the city. In January 1966 had until then the largest flood in the city when still did not have the population that has today, repeating in 1988 and 1996, culminating with the highest rainfall already registered until today at the beginning of April The goal of this work was to do an analysis of aspects synoptic who contributed to the occurrence of heavy rains in Rio de Janeiro at the beginning of April 2010, and that caused the greatest amounts of precipitation in 24 hours and the major flooding in the city of Rio de Janeiro, in the last 100 years with disorganized topography, the occupation in the hills and the extreme weather event, collaborated to the greatest disaster in the history of Rio de Janeiro since Palavras-chave: Chuvas intensas. Deslizamento, Instabilidade. 1- INTRODUÇÃO O objetivo do presente trabalho é fazer uma análise dos aspectos sinóticos que contribuíram para ocorrência de chuvas intensas no Rio de Janeiro no inicio do mês de abril de 2010, e que ocasionaram os maiores valores de precipitação em 24 horas e as maiores enchentes na cidade do Rio de Janeiro, nos últimos cem anos, com o relevo, a ocupação desordenada nos morros e o evento meteorológico extremo, colaboraram para a maior calamidade da história do Rio de Janeiro desde Em fevereiro de 1966, a chuva acumulada em 24 horas na cidade do Rio de janeiro foi de 245 milímetros em 24 horas No ano de 1988, quando centenas de pessoas morreram, a chuva não apenas foi forte como ocorreu em sucessivos episódios ao longo do mês de fevereiro, o que determinou o alto número de vítimas e uma anomalia positiva de precipitação incrível (mapa a baixo) com volumes pontuais no território fluminense perto de mil milímetros, em condição muito semelhante ao que ocorreu em Santa Catarina há dois anos. Já em 1996 foram 301 milímetros no Jacarepaguá só entre os dias 13 e 15 de fevereiro, mas a maior parte deste volume ocorreu em poucos mais de 24 horas. Em 2010 no período de 06 a os acumulados chegaram a 505,2mm na estação de Sumaré e 402,6mm na estação localizada no Jardim Botânico da GEORIO. O evento meteorológico foi muito bem monitorado e foi emitido vários avisos meteorológicos especiais tanto pelos órgãos oficiais federais de meteorologia, tanto pelo site ALERTA RIO da Prefeitura Municipal, portanto nesse episódio o sistema de meteorologia funcionou bem e o prefeito da cidade falava direto do centro de previsão do Alerta Rio. Com a chegada da frente fria no dia as temperaturas no Rio de Janeiro estavam muito altas e o forte contraste térmico colaborou para aumentar a intensidade das chuvas, em 24 horas choveu 248 mm na estação do INMET quase o dobro do que costuma chover em abril que é de 137,4mm (Normais Climatológicas, INMET, 1992). No Rio de janeiro o solo é do tipo arenoso o que ajuda ainda mais a infiltração da água, quando chove muito ele se dissolve causando um fenômeno chamado de corrida do solo. O problema das encostas é

2 provavelmente o desmatamento provocado pela ocupação desordenada em morros, áreas de grande declive e até em antigos lixões localizados em morros, como foi o deslizamento que ocorreu no morro do BUMBA, em Niterói - RJ. A fim de compreender os mecanismos causadores das chuvas intensas, pesquisas desenvolvidas nos últimos anos merecem destaque como as de: Rockwood e Maddox (1988) onde evidenciaram que um sistema de tempo que produz chuvas intensas está relacionado à atividade convectiva e é o resultado de interação de mecanismos físicos de escalas diferentes; Silva Dias et al (1988); Araújo et al (1988); Cunha et al (1994) e Severo et al (1994). 2- MATERIAIS E MÉTODOS O diagnóstico utiliza cartas sinóticas de superfície (00:00, 09:00, 12:00 e 18:00 UTC) e do ar superior (12:00 UTC) nos níveis isobáricos padrão; imagens obtidas pelos satélites meteorológicos GOES-8 e METEOSAT-5 através dos canais infravermelho e visível. Para se diagnosticar sistemas de escala subsinótica envolvidos no evento, o estudo utiliza dados de radar do Pico do Couto e da radiossondagem do Galeão. A pesquisa revela uma típica situação de penetração de frente fria sobre a região Sudeste do Brasil que propiciou a manutenção de atividade convectiva local, intensificada pela configuração do relevo da cidade do Rio de Janeiro. Foram utilizadas no estudo: cartas sinóticas de superfície dos horários de 00:00, 09:00, 12:00 e 18:00 UTC e do ar superior no horário das 12:00 UTC nos níveis isobáricos padrão; imagens obtidas pelos satélites meteorológicos GOES-8 e METEOSAT-5 nas canais infravermelho e visível; dados de radiossondagem da estação de altitude do Galeão, do radar do Pico do Couto e da estação meteorológica de superfície do aeródromo de Jacarepaguá, relativos ao período de 12 a 15 de fevereiro de RESULTADOS E DISCUSSÃO a Uma das hipóteses levantadas foi as temperaturas da superfície do mar em toda a bacia do Atlântico sul com anomalias de 0,5 a 1,5ºC (Fonte: NOAA). A análise da imagem obtida por satélite do Serviço Meteorológico da Argentina nota-se um vórtice ou circulação ciclônica no sul do estado do Rio de Janeiro associado a uma frente fria no Atlântico (Fig. 1).

3 Durante o período de 03 a 09 de abril de 2010, no nível de 200hPa (altos níveis), mostra uma circulação ciclônica na costa do Rio de Janeiro (vermelho) e um aumento anômalo (Omega negativo) associado a chuvas acima da média observados na costa sudeste do Brasil.

4 As imagens obtidas pelo radar do Pico do Couto (RJ) da REDEMET ( CAPPI 250 Km e 4000Km às 23h00min GMT) indicam zonas de ecos esparsos tipo estratiforme/cumuliforme com intensidade variando de 35 a 50 dbz (moderado a forte) situados especialmente ao sul do estado. Entre as 20h de segunda-feira (dia 5) e às 8h desta terça-feira (dia 6), choveu praticamente o dobro do esperado para o mês de abril no Rio de Janeiro. Segundo a GEO-RIO, a média pluviométrica histórica para este mês é de 90 milímetros na cidade. Mas, até a manhã do dia 06, choveu, em média, 178 milímetros. A medição é feita em 32 estações da administração municipal. Em 14 horas, choveu o dobro da média de abril no Rio de Janeiro. 4 CONCLUSÃO As chuvas intensas que ocorreram no período de 06 a 09 de abril de 2010 atingindo principalmente a cidade do Rio de Janeiro foram devido a entrada de uma frente fria, que ondulou formando um vórtice ciclônico no sul do estado do Rio de Janeiro. A configuração do relevo do estado do Rio de Janeiro, isto é, a disposição da cadeia de montanhas na direção SW/NE, combinada ao movimento da frente fria, desenvolveu um forte contraste de temperatura e possivelmente as águas quentes do Atlântico sul e o deslocamento da atividade convectiva de oeste para leste foram fatores que contribuíram para a formação de um vigoroso sistema de instabilidade que deu origem a formação de nuvens de grande desenvolvimento vertical levando a ocorrência das chuvas mais intensas e contínuas dos últimos 100 anos no período de 06 a 09 de abril em especial na parte oeste da cidade do Rio de Janeiro.

5 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, M.A.A.; SANTOS, A.P; VIOLA P.E. e ARAÚJO, C.M.A; Aspectos Sinóticos das Chuvas Intensas sobre a Região Sudeste do Brasil. Fevereiro de Anais do V Congresso Brasileiro de Meteorologia v.2 pp IX CLIMANÁLISE; Boletim de Monitoramento e Análise Climática v.11 no.2 fevereiro. MCT/INPE/CPTEC;53p. CUNHA, A.E.S.; WASHINGTON, D. C. e MARQUES, V. S.; Associação entre Variáveis Meteorológicas e Chuvas Intensas no Rio de Janeiro. Anais do VIII Congresso Brasileiro de Meteorologia. 2pp NORMAIS CLIMATOLÓGICAS ( ); DNMET/SENIR/MA, ROCKWOOD, T.A.; MADDOX, R.A.;1988. Mesoescale and Synoptic leading to intense convection; The case of 7 june Weather and Forecasting, 3; SEVERO, D.L.; FERREIRA, N. J.;1994. Estudo de um Caso de chuvas Intensas associado a Enchentes na Região do Vale do Itajaí em Santa Catarina. Anais do VIII Congresso Brasileiro de Meteorologia v.2 pp SILVA DIAS, P.L.; CAPLAN, P; KOUSKY,V.;1988. As Chuvas Intensas de Fevereiro de Circulação Global e Previsibilidade. Anais do V Congresso Brasileiro de Meteorologia v.2 pp IX 6-10.