EFEITO AGUDO DE UMA SESSÃO DE HIDROGINÁSTICA SOBRE A RESPOSTA DA PRESSÃO ARTERIAL EM HIPERTENSAS DE MEIA IDADE

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1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS E FORMAÇÃO INTEGRADA ESPECIALIZAÇÃO EM FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO DO TREINAMENTO À REABILITAÇÃO LORENA CRISTINA CURADO LOPES EFEITO AGUDO DE UMA SESSÃO DE HIDROGINÁSTICA SOBRE A RESPOSTA DA PRESSÃO ARTERIAL EM HIPERTENSAS DE MEIA IDADE Goiânia 2013

2 LORENA CRISTINA CURADO LOPES EFEITO AGUDO DE UMA SESSÃO DE HIDROGINÁSTICA SOBRE A RESPOSTA DA PRESSÃO ARTERIAL EM HIPERTENSAS DE MEIA IDADE Artigo apresentado ao curso de Especialização em Fisiologia do exercício do treinamento a reabilitacaodo Centro de Estudos Avançados e Formação Integrada, chancelado pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Orientador: Prof. Ms. Raphael Martins da Cunha. Goiânia 2013

3 RESUMO Efeito agudo de uma sessão de hidroginástica sobre a resposta da pressão arterial em hipertensas de meia idade Introdução: Estudos com o comportamento da pressão arterial em indivíduos hipertensos são limitados na literatura. Objetivo Verificar o comportamento da pressão arterial, antes e após sessão de hidroginástica. Metodologia: Ensaio clínico não controlado com 24 mulheres hipertensas, tratadas farmacologicamente. O estudo no dentro de um grupo de praticantes de hidroginástica de um programa social de Anápolis, As voluntárias foram submetidas a uma sessão de hidroginástica, de intensidade moderada, duração de 45 minutos. A pressão arterial foi medida antes da sessão e após 30 minutos, de 10 em 10 minutos.. A análise estatística foi feita um teste t pareado o teste de Friedman com post hoc de Tukey. Resultados: Após a sessão de hidroginástica foi encontrado um declínio significativo da pressão arterial sistólica nos momentos 0 10, 20, 30, e na pressão arterial diastólica nos momentos 0 pós sessão e um aumento no momento 30. Conclusão: Uma única sessão de hidroginástica conseguiu reduzir a pressão arterial sistólica e diastólica de mulheres hipertensas, demonstrando efeito hipotensivo. PALAVRAS CHAVE: PRESSÃO ARTERIAL, EXERCÍCIO FÍSICO

4 INTRODUÇÃO A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA). Associa-se freqüentemente aumento do risco de eventos cardiovasculares¹. A HAS é uma das grandes preocupações de saúde pública no Brasil e no mundo, no Brasil a prevalência de HAS é superior a 30% população, prevalência similar a encontrada nos EUA 29% ³, à nível mundial estima se que cerca de 1 bilhao de pessoas possuam HAS, onde 7.1 milhões de indivíduos morrem por doenças atribuídas à essa patologia 4. O tratamento da HAS deve vir acompanhado com mudanças no estilo de vida sendo esta uma atitude que deve ser estimulada em todos os pacientes hipertensos, durante toda a vida, independente dos níveis de pressão arterial. Existem medidas de modificação do estilo de vida que, efetivamente, têm valor comprovado na redução da pressão arterial, dentre elas, o exercício físico destaca se atuando tanto sobre o, controle da pressão como também desempenhando impacto positivo sobre os fatores de risco à doença, como o caso do excesso de peso 5. O exercício físico aeróbico e seu efeito benéfico em indivíduos hipertensos, são é bem estudado. É evidenciado que a pressão arterial após sessão de exercício aeróbico em indivíduos hipertensos reduz significativamente, mantendo os níveis pressóricos abaixo do encontrado em repouso antes do exercício 6, 7, 8, Existem evidencias de redução pressórica aguda também com o exercício de força 12, mas ainda não é consenso na literatura o impacto deste tipo de exercício na função cardiovascular 13 Outro tipo de exercício que ainda não se tem consenso na literatura a respeito de seu efeito sobre a pressão arterial, é a hidroginástica. Atualmente a literatura a cerca do comportamento da PA após este tipo de exercício e escassa e controversa, sendo encontrados achados que mostraram redução 11,17, manutenção 15 e aumento 16, 12 pós sessão de hidroginástica.

5 Alterações cardiovasculares importantes acontecem com o corpo durante a imersão dentre elas a redução da freqüência cardíaca na água 18 o melhor entendimento destas alterações cardiovasculares pode trazer evidencias importantes na indicação ou contra-indicação deste tipo de exercício à cardiopatas. Neste sentido o objetivo deste estudo é avaliar a resposta da pressão arterial em mulheres hipertensas de meia idade após sessão de hidroginástica.

6 METODOLOGIA Trata-se de um ensaio clínico não controlado realizado com mulheres, adultas e hipertensas. O protocolo do estudo foi submetido e aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Universade Federal de Goiás. A amostra foi do tipo intencional a partir de um convite feito à praticantes de hidroginástica da prefeitura, a amostra inicial foi composta por 26 sujeitos, no entanto 2 foram cortados da amostra inicial por não completarem todas as etapas do estudo, sendo então a amostra final composta por 24 mulheres. Todos os sujeitos tinham diagnóstico de hipertensão há mais de um ano, os critérios de exclusão adotados foram, ser hipertensos, ter idade entre 40 e 73 anos e, pressão arterial antes do estudo menor ou igual a 160mmHg e pressão arterial diastólica menor ou igual a 100; praticar hidroginástica a no mínimo 3 meses e no máximo 2 anos; estar em tratamento farmacológica sem troca de medicamento a no mínimo 3 meses. Como critério de exclusão, ser diabético descompensado; ter tido evento cardiovascular nos 6 meses anteriores, apresentar limitações físicas ou mentais que impedissem a realização do protocolo do estudo. Inicialmente todos os sujeitos foram submetidos a uma anamnese, com dados sobre a condição geral de saúde e dados antropométricos de peso, estatura, para cálculo do índice de massa corporal (IMC). Em seguida com todos os sujeitos sentados foram aferidas a freqüência cardíaca (FC) de repouso por meio do Polar F1(Electro Oy, Kempele, Finlândia), e a PAS por meio por meio do Microlife Bp 3BT0-4 digital( Taipei, Taiwan) a cada 10 minutos sendo realizadas 4 medidas. Após este momento inicial, todas as participantes foram submetidas ao protocolo do estudo, que consistiu em uma sessão de hidroginástica de 45 minutos, de intensidade entre 70 e 75% da FC máxima, com exercícios para membros superiores, inferiores, e tronco. A freqüência cardíaca de treinamento foi individualizada pela estimativa gerada com base no protocolo para exercício físico em imersão proposto por Graefe Kruel (2006). A duração da aula foi de 45 minutos sendo que os 5 minutos iniciais foram aquecimento,

7 Durante toda a aula a intensidade foi controlada por meia da FC utilizando o Polar, periodicamente, a FC era checada por um pesquisador e possíveis adequações na intensidade individual eram feitas quando a esta estivesse fora da zona estabelecida para o protocolo. Ao término da aula as medidas de pressão foram novamente feitas nos 30 minutos subseqüentes a aula, a cada dez minuto na posição sentada. A medida da pressão arterial seguiu as normativas do the Seventh Report of the Joint National Committee on Prevention, Detection, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure. As medidas ocorreram repetidas após 2 minutos e foi adotado a média dos momentos. Para a análise estatística, foi utilizado o programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão Inicialmente, foi feita análise descritiva dos dados da amostra, para o cálculo da média, desvio padrão (DP), mínima e máxima dos itens contemplados pelo estudo. Em seguida, foi realizado o teste t pareado e o teste de Friedman com post Hoc Tukey, o, adotando o nível de significância estatística de 5% (p 0,05).

8 RESULTADOS A tabela 1 apresenta as informações descritivas referentes à idade, altura, IMC e FC rep. massa corporal, Tabela 1 características da amostra do estudo (n=24) Idade MC Estatura IMC FCrep Características Média ±dp 55,6±10,,8 75,7±9,99 1,57±0,77 30,9±3,81 72,3±9,6 Mc= massa corporal;imc= índice de massa corporal; FC rep= freqüência cardíaca de repouso; dp= desvio padrão O comportamento da pressão arterial sistólica, nos 30 minutos que antecederam e sucederam a aula, é mostrado no gráfico 1 Gráfico 1: Comparação do comportamento da pressão sistólica durante 30 minutos antes e após sessão de hidroginástica. 145 Pressão arterial sistólica * * * * Pré Pós

9 A variação da pressão arterial diastólica antes e depois a aula de hidroginástica é mostrada no gráfico 2 Gráfico 2: Comportamento hidroginástica da pressão arterial diastólica antes e após sessão de 86 Pressão arterial diastólica Pré Pós 74 0 min

10 DISCUSSÃO Em nosso estudo foi encontrado diferenças significativas na PA sistólica, nos 4 momentos avaliados durante os 30 minutos subseqüentes à aula, enquanto a PA diastólica teve uma redução imediatamente após a aula e um aumento no momento 30. Resultados semelhantes aos nossos foi encontrado por Cunha 12 que avaliou o comportamento subagudo da PA após sessão de hidroginástica de idosas hipertensas tratadas farmacologicamente, e encontrou redução da PA sistólica significativa no momento 30 e um aumento da PA diastólica nos minutos pós aula Um estudo realizado por Finkelstein 19, com gestantes normotensas comparando comportamento agudo da pressão arterial antes e depois de exercícios realizados em terra e água, encontraram redução significativa da pressão arterial após sessão de 30 minutos de exercícios realizados. No estudo de Rodriguez 9, autores investigaram alterações cardiovasculares induzidas por andar na água em comparação com o andar em terra. e foi relatado que sessões únicas de caminhada em água obtiveram maior hipotensão após o exercício quando comparado com caminhada em terra em intensidade semelhante. Estes resultados são devido ao fato de exercícios em água provocarem um aumento do fluxo sanguíneo e subseqüente aumento da tensão de cisalhamento nas paredes dos vasos sanguíneos, que poderia ser responsável por uma melhoria da função endotelial depois de exercícios em água comparados com os de terra 20 No trabalho realizado por Rodriguez 9, assim como no presente estudo, a temperatura da água estava abaixo de termoneutralidade durante o exercício, e em ambos os estudos foram. Nossos achados, corroboram com estudo de (Pescatello 8, Rodriguez 9 ; Piazza 10 ; Terblanche 11 que encontraram reduções significativas da pressão arterial no periodo pós sessão de hidroginastica, representando assim melhorias cardiovasculares importantes. Segundo Chobanian 4, o controle da pressão sistólica reduz o mortalidade de eventos cardiovacular, e eventos cardácos. E em nosso estudo assim corroborando

11 Pescatello 8, Rodriguez 9 ; Piazza 10 ; Terblanche 11, foi encontrado redução significativa da PA, podendo representar melhorias cardiovasculares com a prática desta modalidade de exercício. Outros benefícios já encontrados com a prática desta modalide como melhora os parâmetros de aptidão funcional e qualidade de vida justificariam a indicação deste exercício à pessoas portadores de problemas cardiovasculares, para de maneira segura se beneficiarem do efeito hipotensor do exercício, quanto para ganhos fisiologicos advindos da prática de exercício físico regular.

12 CONCLUSÃO A partir dos resultados encontrados neste estudo verificou se que a hidroginástica reduziu de maneira significativa a pressão arterial sistólica e diastólica após os minutos subseqüentes de aula em mulheres hipertensas. Sabendo da importância do exercício fisico como coadjuvante no controle da PAS, a hidroginástica pode ser uma modalidade de exercício que apresenta efeito cardioprotetor aos hipertensos. Contudo, investigações futuras sobre o assunto devem ser feitas para melhor elucidar sobre este tema.

13 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO 1. Sociedade Brasileira de Cardiologia. VI diretrizes brasileiras de hipertensão arterial. Arq Bras Cardiol. 2010;89(3):e Rosário TM, Scala LCN, França GVA, Pereira RG, Jardim PCV. Prevalência, controle e tratamento da Hipertensão arterial sistênmica em Nobres- MT. Arq Bras Cardiol 2009; 93(6) : Hajjar I, Kotchen TA. Trends in prevalence, awareness, treatment, and control of hypertension in the United States, JAMA 2003; 290: Chobanian Aram V., BAKRIS George L., BLACK Henry R., William C. Cushman, Lee A. Green, Joseph L. Izzo Jr, Daniel W. Jones, Barry J. Materson, Suzanne Oparil, Jackson T. Wright Jr, Edward J. Roccella, the National High Blood Pressure Education Program Coordinating Committee. Seventh Report of the Joint National Committee on Prevention, Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure. NIH Publication No August Laterza MC, Rondon MUPB, Negrão CE. Efeito anti-hipertensivo do exercício. Rev Bras Hipertens. 2007;14(2): Negrão CE, Rondon MUP, Exercício físico, hipertensão e controle barorreflexo da pressão arterial. Rev Bras Hipertens vol 8(1): janeiro/março de Keese F, Farinatti P, Pescatello L, Cunha FA, Monteiro WD. Aerobic Exercise Intensity Influences Hypotension Following Concurrent Exercise Sessions Int J Sports Med 2012; 33(02): DOI: /s Pescatello LS.; Guidrya, MA., BlanchardAB Bruce E., Kerra A, Taylor BA., Johnson A., Maresha, Carl M., Rodriguez N ; Thompson PD.. Exercise intensity alters postexercise hypotension. Journal of Hypertension 2004, Vol 22 No 10 9 Rodriguez D, Silva V, Prestes J, ET AL. Hypotensive response after waterwalking and lan-walking exercise sessions in healthy trained and untrained women. Int J Gen Med. 2011;4: Piazza L ; MENTA MR, Castoldi C, Reolão JBC, Schmidt R,Calegari Leonardo. Efeitos de exercícios aquáticos sobre a aptidão cardiorrespiratória e a pressão arterial em hipertensas. Fisioter Pesq. 2008;15(3): Terblanche, Millen AME..The magnitude and duration of post-exercise hypotension after land and water exercises. Eur J Appl Physiol DOI /s

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