TÓPICOS FONÉTICA FONOLOGIA PORTUGUÊS. Prof. Eduardo Kenedy

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1 UERJ FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES Disciplina: Língua Portuguesa VIII TÓPICOS EM FONÉTICA E FONOLOGIA DO PORTUGUÊS Prof. Eduardo Kenedy

2 2 FONÉTICA E FONOLOGIA DO PORTUGUÊS 1 Cronologia A classificação dos sons em vogais e consoantes remonta aos filósofos estóicos gregos no séc. IV a.c. A partir do Sec. XV: invenção de aparelhos que possibilitaram as primeiras tentativas de descrição fisiológica dos sons da fala, em base experimental. Sec. XVI: valorização da oralidade. Sec. XVII: estudo biológico da linguagem. Sec. XVIII: Fonética, como parte das ciências naturais. Vários trabalhos contribuíram para o desenvolvimento dos estudos fonéticos: dentre eles, em 1780, Wolfgang Hellwag estudou o timbre das vogais e apresentou a configuração triangular para os sistemas que têm apenas uma vogal de abertura máxima, como o sistema vocálico português. Em 1791, o húngaro Kempelen idealizou uma máquina falante, a primeira imitação dos ressoadores do órgão fonador. Sec. XIX: a descoberta do sânscrito trouxe grande desenvolvimento aos estudos fonéticos. Lingüística comparativa histórica. Fonética articulatória. Leis fonéticas; foneticismo descritivo, como ciência natural ligado à Física e Fisiologia. novos aparelhos: palato artificial, laringoscópio, quimógrafo. Sec. XX: Fonética experimental, com base em aparelhos especializados; descrição mais acústica. A fonética se aproxima da ciência da linguagem (descrição física e psicológica dos sons minuciosa). A lingüística adquire o status de ciência. 1928: surgimento da Fonologia I Congresso Internacional de Lingüistas, em Haia: Trubetzkoy, Jakobson e Karcevsky, membros do Círculo Lingüístico de Praga. Definição do objeto próprio de investigação. 2 Distinção entre Fonética e Fonologia (Obs.: Para alguns lingüistas, há duas ciências distintas: Fonética estudo da substância sonora, disciplina que não faz parte da lingüística; Fonologia estudo da forma, única ciência pertencente à lingüística.)

3 3 Fonética estudo da substância sonora, enquanto fenômeno físico ; estudo dos sons da fala, vistos sob diferentes aspectos. estuda os sons em geral; características físicas e articulatórias fone / substância fônica uma primeira abstração: a representação fonética não traduz o fone em si. Fonologia análise dos sons, do ponto de vista de sua função na língua. ; função lingüística do som estuda o sistema de sons; a função do som dentro do sistema de uma língua natural; função distintiva. fonema / forma fônica Deve-se atentar para a inter-relação, a complementariedade entre os dois ramos. Três tipos de Fonética: (1) articulatória ou fisiológica, que estuda os órgãos fonadores e a maneira como esses órgãos produzem os sons; (2) acústica, que analisa a estrutura física dos sons vocais; (3) auditiva, que estuda a percepção dos sons pelo ouvido humano. Fonética geral quando estuda o conjunto das possibilidades fônicas do homem através de todas as línguas X Fonética descritiva quando analisa as particularidades fonéticas de uma determinada língua. Para Mattoso Câmara Jr., nesse caso, estar-se-ia tratando de FONÊMICA. À Fonologia caberia o estudo mais teórico e geral dos conceitos relacionados à função dos sons produzidos, à FONÊMICA caberia a tarefa de descrição dos fonemas de um língua específica. Fonética instrumental ou experimental quando utiliza aparelhos destinados à análise dos sons. Conceituação de fonema: som vocal, considerado elementar num sentido meramente lingüístico, capaz de manter uma relação opositiva entre dois ou mais sons da fala, distinção significativa entre vocábulos da língua. um som que, no interior de um sistema fônico determinado, tem um valor diferenciador, isto é, vai assegurar a diferenciação entre pelo menos dois vocábulos. a menor unidade fônica sem significado nela própria, mas com valor distintivo.

4 4 3 Conceitos básicos relacionados à noção de fonema 3.1 Alofone variante de um fonema, som vocal elementar percebido de forma diferente causado pelo ambiente fonético, pelo registro ou pelo estilo. 3.2 Arquifonema o fonema que resulta de uma neutralização. 3.3 Neutralização o desaparecimento do traço distintivo que caracteriza um dos fonemas em face do outro. Os alofones da consoante nasal [n] alveolar (lenda. venda); labial (campo, bamba); velar (sangue, banco); palatal (ganso, lenço) > N, perdendo as características fonéticas não distintivas. 3.4 Debordamento ou harmonização vocálica flutuação dentro do sistema, que atrofia ou hipertrofia elementos dele; tendência a harmonizar a altura da vogal pretônica com a da vogal tônica quando esta é alta. Exemplo: /konpridu/ comprido (longo) X /kunprido/ (de cumprir). 3.5 Variante posicional assimilação aos traços dos outros sons contíguos ou um afrouxamento ou mesmo mudança de articulações em virtude da posição fraca em que o fonema se encontra. Exemplo: tira, ditado X tua, tela, docas. 3.6 Variante livre quando os falantes divergem na articulação do mesmo fonema ou um mesmo falante muda a articulação conforme o registro em que fala (não interfere na compreensão). Pode ser determinada por fatores extra e intralingüísticos de forma predizível (existe até no nível do idioleto). Exemplo: [Ká~ru] ou [káhu] (carro). 3.7 Processos fonológicos podem ser agrupados da seguinte maneira: processos que acrescentam traços: assimilação: nasalização (cama); palatalização (tira, dia); harmonização vocálica e metafonia: m[i]nino, f[u]rmiga; metu > medu diacronicamente, f[o]rmosos, c[o]mpostos rejeitados pela norma culta; processos que inserem segmentos: ditongação, epêntese etc. rapa[y]z, ad[i]vogado; processos que apagam segmentos: síncope (meio), aférese (início) e apócope (fim): o[kl]os, peraí, xí[kr]a; Os diferentes modos por que o fluxo de ar é modificado permitem o estabelecimento de duas grandes classes de sons: a classe das consoantes e a das vogais (Callou & Leite, 1994). 4 Sistema consonantal da língua portuguesa do Brasil Para dar início ao estudo do sistema consonantal da língua portuguesa, apresento, em seguida, a tabela fonética consonantal do português de Silva (1999: 37), bem como o um quadro ilustrativo com palavras em que figuram os segmentos da referida tabela (op. cit.: 37-40) e uma reprodução da tabela fonética internacional (op. cit.: 41).

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9 9 4.1Abordagem estruturalista para os fonemas consonantais do português Estruturalismo europeu: discussão acerca de como os fonemas se organizam nos sistemas fonológicos das línguas naturais. Estruturalismo norte-americano: aplicação dos princípios estruturalistas de análise à descoberta dos fonemas das línguas naturais. método mecanicista dentre os sons, quais eram os distintivos para se descobrir o sistema lingüístico. contraste (características simultâneas que identificam uma unidade êmica e a distinguem de outras unidades), distribuição (ocorrência de uma unidade como membro de uma classe, elemento numa seqüência de segmentos, e parte funcional de um sistema); variação (unidades êmicas podem variar quanto às suas manifestações éticas (livre ou condicionada). distribuição complementar: a presença de um traço num ambiente fonético indica a ausência de um outro neste mesmo ambiente. (Ex.: onde se usa /t /, ocorre a africação de t, não se usa /t/) onde está um, o outro não está. par mínimo / par análogo tato e tatu. Consoantes são vibrações aperiódicas ou ruídos ocasionados pela obstrução total ou parcial da corrente de ar devido à ação de dois articuladores, obstrução que se traduz numa redução da energia total do espectro acústico. MIRADOR (verbete: Fonética e fonologia): consoante é um som que apresenta um obstáculo parcial ou total à passagem do ar que atravessa as cavidades supraglóticas. MATTOSO CÂMARA JR. (1987):

10 10 O quadro de consoantes do português caracteriza-se por uma grande predominância de consoantes oclusivas (oclusão de órgãos fonadores em qualquer ponto da boca, e resultam de uma momentânea interrupção na emissão da corrente de ar dos pulmões). Modo de articulação Oclusivas: resultam do fechamento total do canal expiratório por um dos órgãos da fala (catástese - preparação dos órgãos para produzi-la; tensão - momento da posição exigida para a sua realização; metástese - relaxamento dos órgãos). São chamadas explosivas (no início da sílaba) e implosivas (no fim); oclusivas aspiradas (quando produzidas com o sopro após a explosão). Fricativas: estreitamento da passagem de ar em um ponto qualquer do canal expiratório, pela ação de um articulador em um dos vários órgãos da fala. Africadas: realização oclusiva mais fricativa, no mesmo ponto de articulação, é quase simultânea. A metástese realiza-se lentamente, originando fricção. Inicia-se como uma oclusiva e termina como fricativa (Callou & Leite, 1994). Nasais: uma parte da corrente do ar expirado passa pelas fossas nasais e outra, pela boca. A ressonância nasal é contínua, a articulação bucal é momentânea. Laterais (contínuas): há um abaixamento dos lados da língua, liberando a passagem do ar, enquanto a ponta ou dorso permanece em contato com o lugar de articulação característica da consoante produzida. Vibrantes: caracteriza-se por uma articulação que compreende a saída livre do ar, interrompida por uma ou várias oclusões, devidas às vibrações do órgão articulador no momento da passagem de ar. Simples: uma só oclusão; múltipla: várias oclusões. A realização ápicodental é a mais comum. Também há a realização velar no RJ (múltipla velar passa a fricativa). Papel das cordas vocais (força articulatória: fortes e lenes) surdas e sonoras. Pontos de articulação: bilabiais, labiodentais, apicodentais, ápico-alveolares, dorsopalatais, dorsovelares, faringais, etc. Câmara Jr. (1953): as consoantes não constituem centro de sílaba e aparecem sempre ao lado de uma vogal: consoantes pré-vocálicas (posição explosiva), ou pós-vocálica (posição implosiva). Essas posições correspondem a uma diferença articulatória: a) pré-vocálica: domina a fase articulatória final, em que se desfaz uma obstrução e é superado o impedimento bucal à passagem da corrente de ar. Nessa posição, cabe ressaltar a consoante entre duas vogais, em que ocorre um enfraquecimento articulatório e o aparecimento de alofones (r, l, n - rr, lh, nh). b) pós-vocálica: a articulação concentra-se na fase de cerramento, e o abrimento bucal, que produziu a vogal silábica, se reduz ou anula para criar o elemento consonântico de travamento da sílaba. Outras classificações: CLARK & YALLOP (1990): os sons consonantais mostram uma maior constrição do trato vocal do que os sons vocálicos e tem menos proeminência. As vogais são

11 11 normalmente centrais e nucleares nas sílabas; as consoantes, marginais ou periféricas. A diversidade de articulação das consoantes oferece menos possibilidades para se construir uma estrutura semelhante a das vogais cardinais. As consoantes podem ser descritas segundo: 1) os pontos de articulação (da frente do trato vocal - anterior -, para o fundo - posterior); 2) os modos de articulação (do cume para o fundo (da oclusão, com constrição máxima, através das fricativas para várias consoantes produzidas com menos constrição); 3) serem vozeadas ou desvozeadas. Esse esquema ignora alguns traços de articulação como postura da língua. PIKE critica o IPA, procura dar conta de todos os mecanismos articulatórios que são válidos para os humanos. Seu objetivo é observar todos os tipos de ruídos/sons produzidos pelos humanos, mais do que descrever os sons conhecidos que ocorrem nas línguas. Com relação aos mecanismos articulatórios, menciona possibilidades exóticas com a produção de oclusão ingressiva. PETERSON & SOUP (1966) usam uma descrição articulatória primária em termos de ponto e modo, além de adicionar uma série de parâmetros secundários para fornecer o detalhe descritivo necessário sobre o fluxo de ar, a corrente de ar e modo de fonação. Diferem do IPA quanto ao ponto e modo de articulação, pois estabelecem o modo de articulação de acordo com o grau de fechamento (do maior para o menor) e especifica pontos de articulação horizontal (lábio para a glote) e vertical (altura da língua). Esse sistema não tem sido amplamente usado. CATFORD (1977) seu objetivo é dar conta de todas as possibilidades articulatórias do homem (antropofônica). Enfatiza a descrição da atividade aerodinâmica nos processos articulatórios, e oferece categorias mais detalhadas para especificar pontos articulatórios (língua e lábios) mais do que o usado tradicionalmente. Considera a inconsistência de usar diferentes sistemas descritivos para as vogais e consoantes, mas conclui que o método tradicional baseado em vogais cardinais permanece o mais prático. Outras descrições: Jakobson et alii (1952), Jakobson & Halle (1956), Chomsky & Halle (1968) e Ladefoged (1971/1982): usam ponto e modo de articulação, mais a teoria de Pike, na tentativa de capturar tudo o que é fisicamente possível, para dar conta da diversidade de sons observada nas línguas. Critérios utilizados para a descrição das consoantes: local no trato vocal (labial, alveolar, pós-alveolar, palatal, velar, uvular, faringal e glotal); posição da língua; modo de articulação; estreitamento; força (forte e lene); duração (longas e breves); ascendência sonora (voice onset). Sobre o s implosivo: o processo de neutralização ocorre freqüentemente entre as consoantes da língua portuguesa. Callou & Marques (1975), num estudo sociolingüística da fala carioca, procuraram mostrar como se realiza o arquifonema

12 12 na linguagem carioca, levando em conta os condicionamentos a que estariam sujeitas as realizações. Os contextos: a) posição final absoluta; b) final de palavra, diante de consoante (ás de espadas); c) final de sílaba, no interior de palavra (espadas); d) final de palavra, diante de vogal (lápis azul). Concluíram que só é categórica a realização como fricativa alveolar sonora (z) quando o segmento fônico se encontra em final de palavra diante de vogal um piri[z] e uma xícara. Em posição medial observam-se as seguintes realizações: a) fricativa alveolar surda e[ s ]quilo; b) fricativa alveolar sonora a[ z ]no; c) fricativa palatal surda ago[ s ]to; d) fricativa palatal sonora cis[ z ]ne; e) fricativa laríngea (aspiração) ja[ h ]mim; f) zero fonético (tanto em posição final de palavra óculo por óculos, como em posição medial catiçal por castiçal, o -s implosivo não é realizado). Portanto a realização da consoante está sujeita a uma regra de assimilação: o segmento fônico se realizará como sonora diante de sonora (consoante ou vogal) e como surda diante de consoante surda. Sobre a vibrante: CÂMARA JR. (1953) o /r/ inicial apresenta como variante facultativa uma realização velar. Já o /r/ brando (intervocálico) contrasta com o /r/ forte (caro-carro, muro-murro). Uma primeira solução seria distinguir dois fonemas vibrantes em português, que se contrastam em posição intervocálica, e que, em posição inicial, se reduzem a um arquifonema representado pelo /r/ forte. Segundo Mattoso, o /r/ forte pode ser considerado um aspecto especial do /r/ brando, em virtude de um maior número de vibrações (/r/ múltiplo). Sistema consonântico latino: havia um único /r/, que podia ser geminado como qualquer outra consoante. Não se tratava de um /r/ múltiplo em contraste com um /r/ simples, mas apenas um grupo de duas consoantes iguais, entre as quais incide a fronteira silábica, à maneira de qualquer outra geminação. O /r/ consonântico do português corresponde a um enfraquecimento do /r/ simples latino em conseqüência da posição intervocálica. O /r/ múltiplo prolonga o /r/ latino, mantido em posição inicial ou medial não-intervocálica (rei, Israel, genro, erra). Porém, a análise fonêmica não pode apoiar-se num plano diacrônico, mas no sincrônico. Notem-se: 1) a ausência do /r/ brando em posição inicial ou medial não intervocálica (diferentemente de /z/ e /s/ que figuram em início de vocábulo ou medialmente, depois de sílaba fechada zelo/selo, o que os coloca como fonemas distintos); 2) a anulação fonética do primeiro elemento de uma geminação consonântica continua a ser regra viva em português.

13 13 Em vista disso, o Câmara Jr. conclui que o /r/ brando é um mero alofone de posição intervocálica. Fonemicamente, corresponde a um enfraquecimento, à maneira do que sofreu o /b/, o /d/ e o /g/, determinado por essa posição. A vibrante /r/ apresenta, além do alofone posicional /r/ brando, uma variação livre como velar, que no sistema da língua substitui a sua vibração anterior múltipla. CÂMARA JR. (1987): é preciso se levar em conta a posição mais favorável ao desdobramento de todo o elenco das consoantes. A posição preferencial é a de primeira consoante antes da vogal da sílaba, mas a consoante pode se encontrar em posição intervocálica, separando duas sílabas, ou não-intervocálica, quer no início de vocábulo, quer medial, depois de outra consoante da sílaba precedente (caro, rato, genro). Conclui o autor que as consoantes intervocálicas, em português, apresentam-se um tanto enfraquecidas pelo ambiente vocálico, em cujo meio se acham. São, por isso, alofones posicionais das não-intervocálicas correspondentes, de articulação muito mais firme. Pode-se dizer que, em posição não-intervocálica, há neutralização das oposições entre /r/ forte e /r/ brando. Não há nenhum /r/ brando inicial, ou seja, existem duas vibrantes que só se opõem em posição intervocálica, com neutralização nas outras posições. CALLOU & LEITE (1994) Tradicionalmente, diz-se que há apenas duas espécies de r que se opõem fonologicamente apenas em posição intervocálica (careta/carreta, tora/torra) embora o r ocorra em outros contextos: a) inicial (rato); b) final de sílaba no meio de palavra (corta); c) final de palavra (bilhar); d) como segundo elemento de grupo consonântico (prato). A existência de apenas duas vibrantes que se opõem em posição intervocálica implica em dizer que nos outros ambientes a oposição é neutralizada. 1) em posição inicial só corre o r forte (múltiplo); 2) como segundo elemento de grupo consonântico ocorre de preferência o r fraco (simples); 3) em posição pós-vocálica pode ocorrer um ou outro. No RJ, parece predominar a ocorrência (3), a não ser quando se encontra seguida de palavra iniciada por vogal, contexto em que se realiza como vibrante simples, passando de pós-vocálica a pré-vocálica. Em posição final absoluta, a consoante é débil e a sua ausência é muitas vezes compensada por uma maior duração da vogal precedente (cantá, falá, escrevê). Segundo Callou & Leite (1994), Câmara Jr. (1953) afirmou que existia um único fonema vibrante. Mas, em trabalhos posteriores concluiu, com base na realidade fonética, que existem duas vibrantes, que só se opõem em posição intervocálica, com neutralização nas outras posições. Callou (1987): O r fraco realiza-se quase sempre como uma vibrante apical simples (tepe alveolar sonoro), podendo ser realizada como retroflexo (como o seu correspondente forte).

14 14 O r forte varia mais amplamente na sua realização e apresenta no falar culto carioca as seguintes variantes: 1) vibrante múltipla anterior ápico-alveolar sonora [ r ]; 2) vibrante múltipla posterior-uvular [ ρ ]; 3) fricativa velar surda [ x ]; 4) fricativa laríngea ou glotal (aspiração) surda [ h ]; 5) zero fonético ou vibrante simples [ r ] quando a palavra seguinte se inicia por vogal. Informações históricas: As autoras reafirmam o que diz Câmara Jr. a respeito das geminadas /-rr-/:/-r-/: a oposição era puramente quantitativa e só mais tarde passou a apresentar uma diferenciação qualitativa. A substituição de vibrações apicais por vibrações uvulares e velares do /R/ em português parece datar de fins do séc. XIX (Vianna, 1973). A articulação anterior do r forte foi substituída por uma realização posterior em português e em outras línguas românicas. Explicações: 1) mudança em função da tensão necessária para articular as vibrações que produzem um r ápico-alveolar; 2) outros lingüistas preferem ver na passagem da articulação velar vibrante para uma velar fricativa e desta para uma aspiração um processo de relaxamento e comodidade articulatória. As gramáticas atuais apontam as diversas realizações do R forte no português do Brasil: normalmente velar no RJ, ápico-alveolar no RGS e linguopalatal velarizada (retroflexo) no norte de SP e sul de MG (dialeto caipira). Em relação à oposição fonológica das duas vibrantes, em posição intervocálica deve-se ressaltar que a marca de oposição entre / r / e / rr / consistia fundamentalmente na quantidade de vibrações e que durante o processo de evolução tal marca foi substituída por outra de natureza diversa. A oposição quantitativa foi substituída por uma do tipo qualitativo com a mudança do ponto de articulação de anterior (alveolar) para posterior (uvular ou velar) e de vibrante forte para fricativa. A mudança de modo de articulação, de vibrante posterior para fricativa posterior, determinaria uma reestruturação do sistema

15 15 consonântico do português do Brasil, pelo menos no RJ, que passaria a apresentar mais uma oposição de caráter qualitativo (vibrante anterior X fricativa posterior). A explicação para a causa da mudança de vibrante para fricativa estaria talvez no caráter consonântico definido e absoluto do som fricativo. As fricativas possuem uma abertura articulatória mínima bem como uma energia articulatória e intensidade muscular consideráveis, sendo sons que podem estabelecer um intenso contraste fônico com os sons vocálicos em contato na sílaba (processo de intensificação ou reforço do caráter consonântico, chegando a uma fricativa). Em posição final de vocábulo há mais de uma realização: vibrante simples anterior e a realização zero (a não preservação do segmento fônico nesse contexto estaria relacionada à linguagem popular, mas, na fala culta do RJ, verificou-se que essa realização entremostra uma tendência à simplificação da estrutura silábica, independente do tipo de linguagem utilizada, embora possa estar condicionada a outros fatores de natureza lingüística e extralingüística). Exemplos: infinitivos - vendê, torná. A realização fônica da consoante que ocorre com maior freqüência nesse contexto é a aspiração (fricativa laríngea ou glotal - /x/ e /h/). 4.2 Abordagem gerativista para os fonemas consonantais do português Gerativismo (Chomsky) Sound Patterns of English dentro da teoria gramatical de Chomsky competência fonológica internalizada. está centrado na competência lingüística internalizada. atribui uma interpretação fonética às descrições dos enunciados produzidos pelo componente sintático de forma a garantir (em termos de produção e percepção) a conexão intrínseca dos sons aos aspectos sintáticos e semânticos da linguagem. análise gerativa estabelecimento de hipóteses indícios para gramáticas fonológicas, perspectiva processual: processo fonológico operante nas línguas naturais. O sistema de traços: A noção de traço distintivo foi proposta por Jakobson. Assim como na Física tem-se o átomo subdividido, na Fonética, o fonema é subdividido em um número mínimo de traços distintivos. O sistema de traços, segundo JAKOBSON, FANT & HALLE (1951), é postulado através de uma base acústica, acompanhada de uma definição articulatória. há um inventário universal de 12 traços distintivos que possuem correlatos físicos precisos e que podem explicar quaisquer semelhanças ou diferenças entre fonemas nas línguas do mundo. Os traços são entidades discretas (não-contínuas, pontuais) e dicotômicas (ausência ou presença de uma determinada propriedade).

16 16 Traços: anterior e coronal ponto de articulação contínuo relacionado ao modo de articulação sonoro relacionado ao modo de emissão lateral, nasal e soante traços de classe Quadro com matriz fonológica das consoantes do português Se comparado ao quadro da classificação fonética tradicional: [+contínuo] reúne fricativas laterais e vibrantes (sons em cuja produção o ar sai sem interrupção); [+anterior] reúne as labiais, dentais e alveolares; [+coronal] reúne alveolares e palatais; [+soante], líquidas (laterais e vibrantes) e nasais (sons produzidos sempre com vibrações das cordas vocais). Exemplo da abordagem gerativa para a explicação da alofonia dos fonemas /t/ e /d/: t ts / i d dz / i 5 Sistema vocálico da língua portuguesa Dois quadros são apresentados em seguida: o primeiro ilustra a relação entre arredondamento (ou não) dos lábios e a altura da língua na articulação de segmentos vocálicos; o segundo, os símbolos adotados pela Associação Internacional de Fonética para a transcrição desses segmentos.

17 Abordagem estruturalista para os fonemas vocálicos do português MATTOSO CÂMARA JR. classificação toma por base a localização articulatória, a elevação gradual da língua (correspondente ao abrimento bucal) e o arredondamento dos lábios. Esse sistema completo de 7 vogais só funciona em sílaba tônica. Em relação às átonas ocorre neutralização dependendo da posição que esta ocupa. Assim, temos o seguinte quadro:

18 18 a) Posição postônica final (atonicidade máxima): sistema reduzido a 3 vogais (/i/, /a/, /u/) devido à neutralização de fonemas: /i/-/e/-/ / > / /; u/-/o/-/ / > / /. Exs.: júri jure; anos ânus; b) Posição pretônica: sistema reduzido a 5 vogais em decorrência da neutralização de fonemas /e/-/ / e /o/-/ /). No RJ, fixação da pronúncia /e/ e /o/. Exs.: perigo p[i]rigu (pronúncia nordestina). A instabilidade desse sistema de 5 vogais fica patente em exemplos como coruja, feliz, menino, gorila em que passa a funcionar um sistema de 3 vogais semelhante ao de posição átona final. o quadro de vogais também se reduz devido ao debordamento: Neutralização X Debordamento: Debordamento: em certas posições da cadeia falada, cria-se uma flutuação na escolha de um ou outro fonema da oposição; flutuação dentro do sistema, que atrofia ou hipertrofia elementos dele. Não há neutralização, uma vez que a oposição se recria para fim de clareza comunicativa (CÂMARA JR., 1987): cumprido/comprido; pear/piar; soar/suar. A neutralização (uma espécie de debordamento levado ao seu grau máximo) vem sempre de um processo de debordamento. Trata-se de um debordamento que já tem seu grau fixo dentro do sistema. As vogais pretônicas dão margem a uma flutuação muito grande de pronúncia, ou seja, o sistema das vogais pretônicas é muito instável no português do Brasil. O debordamento vai dar-se em posição pretônica. Em posição tônica, não há qualquer tipo de neutralização. c) Posição postônica não-final: sistema reduzido a 4 vogais (em proparoxítonos). Exs.: mág[u]a, (crítica: exemplo comprometido por causa da posição de hiato que favorece o alteamento), ób[u]lo (unidade de peso, esmola), pér[u]la, íd[u]lo, man[a]da, núm[e]ro, dív[i]da, alfând[e]ga, almônd[e]ga, anáf[o]ra, catáf[o]ra, Pitág[o]ras. CÂMARA JR. argumenta que a grafia com <o> ou <u> em pérola é uma mera convenção e que uma pronúncia como núm[i]ro é logo rechaçada. Afirma que há distinção entre /e/ e /i/, embora seja difícil encontrar pares opositivos mínimos. Não há oposição de significado entre núm[i]ro ou núm[e]ro (as duas realizações são possíveis). O que essencialmente caracteriza as posições átonas é a redução do número de fonemas. d) Posição subtônica: as 7 vogais vão ser realizadas: exs.: cafézinho, cipózinho, certamente.

19 19 O quadro de 7 vogais só funciona completo em posição tônica ou subtônica. 5.2 Abordagem gerativista para os fonemas vocálicos do português 5.3 Interpretação dos segmentos vocálicos nasais/nasalizados do português Considerações históricas Na evolução do latim ao português, a queda da consoante intervocálica -nacarretou a nasalização da vogal precedente e gerou um grande número de palavras com vogais contíguas em hiato. Tais hiatos foram desfeitos por diversos processos, dentre eles, o desenvolvimento de uma consoante nasal entre as vogais como é o caso de [ ] palatal surgida de [ ] em hiato: vinu > vi-o > vinho; gallina > gali-a > galinha Nos casos de vogais iguais, houve crase, formando uma vogal nasal, se uma delas fosse nasal: lana > lã-a > lã; tri-inta > trinta Segundo TEYSSIER, tal evolução não acarretou mudanças profundas no sistema fonológico, pois já havia tais fonemas: [ i, e, ã, õ, u], com exceção do [ ]. Por volta do séc. XIV, as formas am(an) ou on (om) convergem para -ão, tanto nos nomes como nos verbos: man, can, leon > mão, cão, leão; dan > dão; enton > então; non > não Nessa fase, o til (~) na grafia já era utilizado como sinal de abreviação para indicar a nasalidade da vogal, mas havia divergências ortográficas: razõ, razom, razon Abordagens tradicionais No sistema atual, o ponto que problematiza a discussão sobre as nasais centra-se na interpretação da nasalização portuguesa. A NGB e alguns estudiosos consideram a existência de vogais nasais que se opõem às orais.

20 20 BECHARA, (1987): descreve como são representadas em final de vocábulo; podem figurar em sílaba tônica, pretônica ou átona; iniciais ou mediais; nasalidade é expressa por m antes de p e b e n antes de outras consoantes. ROCHA LIMA (1996): (classificação quanto à ressonância das cavidades bucal ou nasal: oral ou nasal). /ã/, /e/, /i/, /õ/, /u/ > produzidas com abaixamento do véu do paladar, o que faz com que se divida a coluna de ar entre a boca e as fossas nasais, produzindo uma ressonância nasal. São representadas na escrita por cinco letras (a, e, i, o, u) seguidas de m ou n. CUNHA & CINTRA (1985): apresentam as vogais nasais, classificando-as quanto ao ponto de articulação, arredondamento dos lábios e timbre. Menciona interpretação Mattoso Câmara Jr., que se opõe à visão tradicional, em observação sucinta. A interpretação das gramáticas tradicionais e de alguns estudiosos estruturalistas (Sten, 1944; Lüdke, 1953, Head, 1965 e Mata Machado, 1981) acarretaria a ampliação do quadro vocálico para 7 vogais orais e 5 nasais Abordagens estruturalistas CÂMARA JR. (1987) Interpreta a dita vogal nasal como a combinação de dois fonemas distintos: vogal + elemento consonântico nasal. Considera o elemento nasal que trava a sílaba como um arquifonema /N/ que apresenta diferentes realizações dependendo do contexto subseqüente: consoante alveolar [n] (lenda, venda, lento) consoante labial [m] (campo, bamba, bomba) consoante velar [ ] (sangue, banco) consoante palatal [ ] (ganso, lenço) pausa 0 O autor refuta o argumento de que o falante/ouvinte sente a nasalidade que envolve a vogal, mas não percebe o elemento consonântico pós-vocálico, considerando-o um argumento de ordem psicológica, que não cabe à Lingüística moderna. Deve-se pôr de lado qualquer argumento que apela ao sentimento do falante, pois a língua é uma estrutura e os falantes podem ter uma compreensão inexata ou deficiente dela. Em favor de sua interpretação fonológica das vogais nasais, CÂMARA JR. apresenta quatro argumentos, que são refutados por Callou & Leite (1990):

21 21 Argumentos de Câmara Jr. (1987) Contra-argumentos de Callou & Leite (1990) 1) A inexistência do contraste entre 1) Para LÜDTKE, esse argumento não é vogal oral, vogal nasal, vogal oral + válido para o PE: [ vi]/[ vi]/[ vim] vi, consoante nasal do tipo do francês vim, vime. [ bo]/[ bõ]/ [ bon] beau, bon, bonne. 2) A sílaba com a vogal nasal se comporta como sílaba travada por consoante. Quando seguida de palavra iniciada por vogal, não sofre crase. Ex.: lã azul, jovem amigo, bom homem. 3) Depois de vogal nasal só se realiza um /r/ forte e nunca o brando, próprio de posição intervocálica. 4) No interior do vocábulo, não há em português vogal nasal em hiato: a nasalidade que envolve a vogal desaparece (bom boa) ou o elemento consonântico nasal se desloca para a sílaba seguinte (valentão - valentona) 2) O exemplo. jovem amigo admite realização com ou sem nasalização, ditongada ou não: [ ] ~ [ ] ~ [ ] ~ [ ]. Quando numa seqüência o vocábulo seguinte começa também por consoante nasal podemos pressupor uma pronúncia contrata dos elementos em que a nasalidade da vogal se mantém, por ex., em recém-nascido : rec[e]nascido. 3) O /r/ forte também ocorre em posição intervocálica. 4) Estudo diacrônico: tendência evolutiva da língua = perda da nasalidade da vogal em hiato. Registrase, na fala popular, a forma [ lua] em 11 pontos do estado da Bahia, em homens e mulheres de áreas e faixas etárias diversas. (cf. carta 1 do Atlas prévio dos falares baianos) HALL (1943) Considera a vogal nasal um alofone do fonema oral correspondente, ao qual se sobrepõe a nasalidade. Trata-se de um fenômeno supra-segmental, um fonema não-linear, que, do mesmo modo que o acento, poderia afetar os fonemas silábicos. CAGLIARI (1977, apud Callou & Leite, 1990) Em estudo experimental sobre as vogais nasais na variante paulista mostra que: (1) o condicionamento do som consonântico de transição pode variar a depender da consoante subseqüente; (2) pode ocorre ou não segmento consonântico nasal e

22 22 quando ocorre não é detectável pelo ouvido; (3) é possível uma realização não nasalizada da vogal seguida de um travamento consonântico ([fi ka]) Abordagens gerativas Interpretação monofonêmica Para LEITE (1974), a vogal nasal está presente na representação de base, na matriz fonológica. A autora postula não só vogais nasais subjacentes como também vogais nasais derivadas. Assim, sílabas terminadas em vogais nasalizadas como lã, fim, botão, minto, lâmpada têm uma vogal nasal subjacente, e o travamento nasal, que pode ou não ocorrer, se deve à aplicação de uma regra facultativa meramente fonética (CALLOU & LEITE, 1990: 89). Com vistas a uma maior economia na representação lexical dos morfemas, simplicidade de aprendizagem etc., no enfoque mais abstrato da fonologia gerativa a vogal nasal portuguesa é interpretada como uma entidade fonética gerada por meio de regra(s) a partir de uma vogal oral seguida de consoante nasal. A(s) regra(s) fonológica(s) de nasalização, associada(s) à representação fonológica em que aparece a consoante nasal, refletiria(m) a regularidade existente na língua, pois se espera que os falantes reconheçam como a mesma entidade lingüística os morfemas que alternam com a presença versus ausência de consoante nasal em lã e lanígero, tom e tonal, som e sonoro. 1 a regra de PERINI, 1971) vogal torna-se nasal quando acentuada antes de consoante nasal; quando acentuada ou não, antes de consoante nasal seguida de consoante; ou antes de consoante nasal em final de vocábulo. Tal regra dá conta de: c[ã]minha (cama pequena) X c[a]minha (3a. p. sing. pres. do ind. de caminhar). Essa análise, pois, em lugar de admitir a nasalização da vogal nesses contextos como condicionada pela consoante nasal considerará a consoante nasal como condicionada pela consoante nasal. A consoante nasal seria, assim, o resultado da coordenação dos movimentos articulatórios na passagem de um som nasal a um não-nasal (Callou & Leite, 1990: 89). Já a nasalidade em palavras como c[ã]mara, c[ã]minha, l[i]nha é produto de uma regra fonética geral: V [+ nasal] / [+ nasal]. A diferença entre o dialeto que nasaliza a vogal em sílaba não-acentuada se deve a uma regra específica desse dialeto que diz: V [+ nasal] / [+ nasal] (p. 90). [+ acento]

23 23 Obs.: a oposição c[ã]minha (cama pequena) X c[a]minha (3a. p. sing. pres. do ind. de caminhar), existente em posição pretônica no mesmo ambiente de consoante nasal, foi usada por PONTES (1965) para defender a hipótese de que há vogal oral e vogal nasal Interpretação bifonêmica Para Mira Mateus (1975), Almeida (1976), Pardal (1977) e Wetzels (1991), a vogal nasal é gerada por derivação fonológica a partir de vogal oral seguida de consoante nasal na estrutura subjacente. MATEUS (1982: 45-46): O problema que é necessário resolver em primeiro lugar, nesta proposta de explicação do processo de nasalização em português, é o de optar pelo estabelecimento das vogais nasais em representação de base ou pela obtenção através de derivação fonológica. Nesse sentido, há três alternativas: 1 as vogais nasais existem sempre nas representações fonológicas das formas que as manifestam em superfície. Essa alternativa representa a inserção de cinco elementos na matriz fonológica; 2 as vogais nasais estão presentes apenas nas representações fonológicas de certas formas: aquelas cujas representações de superfície contêm uma vogal nasal final ou um ditongo nasal. Nos outros casos obtêm-se por derivação, quando seguidas de uma consoante nasal. Implica a inserção das vogais nasais na matriz fonológica; 3 as vogais nasais nunca se encontram nas representações fonológicas, sendo em todos os casos resultantes da presença de uma consonte nasal depois da vogal. Alternativa preferível simplifica a matriz fonológica, embora aumente o n o de regras, todavia essas regras devem ter caráter geral na LP e/ou em outras línguas. PARKINSON (1983) atribui às vogais nasais status fonológico de ditongos, ou seja, constituídas de Voral + Vnasal (e não V + Cnasal) Nasalidade fonética Além da nasalidade fonológica (lenda-leda; lã-lá; junta-juta), contrastiva indicada normalmente na ortografia pela presença de consoante nasal na posição de travamento da sílaba (campo, manto), também há, no português, nasalidade fonética (alofônica), sem efeito para distinguir formas da língua (cama, ano) devido à presença de Cnasal no início da sílaba seguinte a da vogal nasalizada, de onde o traço [+ nasal] se espalha regressivamente para a vogal anterior.

24 24 Para os gerativistas que adotam a interpretação bifonêmica, as duas nasalizações resultam da aplicação de uma mesma regra. Há, entretanto, fatores que sugerem tratar-se, na verdade, de processos independentes, advindos da aplicação de regras distintas. Nasalidade fonêmica X Nasalidade alofônica: ocorre por assimilação à vogal nasal da sílaba seguinte, porque o falante tende a antecipar o abaixamento do véu palatino, necessário à emissão da consoante da sílaba seguinte, e emite já nasalada a vogal precedente. a vogal se nasaliza em qualquer posição da palavra. parece resultar da aplicação de uma regra sensível a fatores como posição do acento, natureza da consoante nasal e dialeto: vogais tônicas: mais facilmente nasalizáveis que as átonas; diateto carioca: ocorre basicamente em posição acentuada ou em pretônicas derivadas de tônicas. Praticamente inexistente nas demais pretônicas (exs. cama/camada; cano-caninho); em proparoxítonas: espraiamento regressivo da nasalidade da átona final para a medial (exs. diáfano; átona); tende a realizar-se no domínio mais forte do vocábulo, isto é, no pé que contém a sílaba do acento primário; mais influenciada pela consoante nasal palatal [ ] (em cunhado) do que pelas não-palatais (acumular); fortemente condicionada pelo fator regional, sendo a freqüência de aplicação da regra decrescente no sentido norte sul. No nordeste, maior índice de aplicação, pois se nasalizam habitualmente tônicas e pretônicas (m[ã]mão, b[ã]nana); no RJ, MG, ES, apenas as tônicas sofrem nasalização (ou pretônicas < tônicas); em SP, em geral, não se nasalizam vogais tônicas (f[o]me, h[o]mem, Ant[o]nio). No português do Brasil, as vogais de campo e de cana apresentam, por vezes, um grau de nasalidade semelhante; no português de Portugal, a nasalidade da vogal em palavras como cana é bastante reduzida (MATEUS, 1982: 92). NOBILING (1903) fala em graus de nasalidade. A nasalidade contrastiva deriva de uma representação bifonêmica (VN) ou monofonêmica (V~)? 1 1 Proposta de MORAES & WETZELS (1992): calcada na Fonologia Experimental métodos experimentais que fornecem evidências empíricas para o fonólogo que estuda as relações entre o componente fonológico e fonético.

25 Fonologia não-linear Ponto de partida: trabalhos de CLEMENTS & KEYSER (1981, 1983), no âmbito da Fonologia não-linear (vertente conhecida por fonologia CV camada silábica), em que se considera a representação silábica uma seqüência sonora correspondente a uma estrutura arbórea disposta em 3 camadas: 1 camada silábica 2 camada CV (esqueleto intermedia a associação dos segmentos às sílabas) 3 camada segmental Ex.: representação do termo fonética (* sílaba acentuada) * s s s s C V C V C V C V f o n Ε t i k a camada CV: distingue posições funcionais (pico/não pico) dá conta do caráter silábico/não silábico dos segmentos, dispensando tal traço (+/- silábico). define as unidades primitivas de timing no nível sub-silábico da representação fonológica (CLEMENTS & KEYSER, 1983: 11 apud MORAES & WETZELS, 1992: 156), ou seja, o tempo da organização segmental. camada CV # camada segmental permite que o conteúdo proposicional seja apagado sem que tal fato acarrete a queda da unidade temporal. (ex. processos como o alongamento compensatório) Hipótese no caso das nasais: se apenas a camada segmental da consoante nasal for apagada na superfície (ou parcialmente apagado, em termos fonéticos), haverá, conseqüentemente, um alongamento compensatório da vogal vizinha, que irá então se associar à posição deixada livre, gerando um rearranjo do timing no interior da sílaba em questão. Se, por outro lado, as nasais já estivessem presentes na matriz fonológica, teríamos, em um exemplo como canta, a estrutura CVCV no esqueleto, o que não possibilitaria prever, do ponto de vista da representação fonológica, uma maior duração da vogal nasal. Tem-se o mesmo caso na nasalização alofônica (ex. cana). A vogal nasalizada ocuparia apenas uma posição no esqueleto. Ponto de vista de CÂMARA JR. (1987: 47): deve-se procurar esse traço distintivo na constituição da sílaba. Em outros termos: a vogal nasal fica entendida como um grupo de dois fonemas, que se combinam na sílaba vogal e elemento nasal.

26 26 Por meio da análise e do confronto da duração dos segmentos vocálicos nasais e nasalizados (contrastiva vs. alofônica), por oposição à dos orais correspondentes, com aporte teórico da Fonologia não-linear, MORAES & WETZELS (1992) indicam a solução preferível no que se refere à interpretação mono- ou bifonêmica das vogais nasais: Concluindo... Hipótese de interpretação bifonêmica das vogais nasais 1) A vogal nasal é efetivamente mais longa que a oral. 2) A vogal nasalizada é, em geral, ligeiramente mais breve que a oral, o que descarta as explicações articulatória e co-articulatória 2 para a maior duração das nasais, reforçando a hipótese de serem dois processos distintos. 3) Os resultados da pesquisa experimental endossam a explicação fonológica de alongamento compensatório para a maior extensão das nasais e confirmam a realidade fonética da camada temporal (esqueleto) e da representação subjacente das vogais nasais como V+ N. a) A vogal nasal (constrastiva), tônica ou átona, corresponde a dois segmentos na base, V e N. b) O elemento nasal (N) nasaliza a vogal precedente. c) Em um segundo momento, a consoante nasal cai, gerando um alongamento compensatório da vogal precedente, agora já nasalizada, que passa então a ocupar dois posições temporais. d) Uma regra atribuiria às vogais nasais (tônicas ou átonas) seguidas de oclusivas parte do tempo da consoante subseqüente, o que explicaria, de um lado, o fato de serem as nasais mais longas, neste contexto, que as vogais orais correspondentes e, de outro, a perda da duração consonântica (p. 164). A outra alternativa, igualmente simples do ponto de vista formal, seria a de propor a existência da vogal nasal na matriz fonológica, o que implicaria entretanto abrir mão de evidências fonológicas tais como a) a impossibilidadade de termos [r] brando após vogal nasal, b) impossibilidade de termos proparoxítonos com a penúltima sílaba contendo vogal nasal, o que indica tratar-se de sílaba pesada (MORAES & WETZELS, 1992: 164). As 7 vogais (em posição tônica) reduzem-se a 5 diante de consoante nasal na sílaba seguinte. 2 Explicação articulatória: as nasais apresentariam uma duração superior à das orais por exigirem um gesto articulatório suplementar (abaixamento/elevação do véu palatino). Explicação co-articulatória: em caso de V+ Cnasal, a vogal, oral ou nasal, seria mais breve; no caso de V + Cnãonasal, seria mais longa. (exs. candinha; cadinho; caninho)

27 Considerações finais Nenhuma das propostas até agora apresentadas dá conta integralmente de fatos comuns em falantes do português. Há alguns que nasalizam a vogal pretônica em palavras como caminha (verbo) e caminha (substantivo), mas não a nasalizam em Flamengo, lamento, elemento etc., tampouco os ditongos em Roraima, Jaime, faina, fauna, trauma. Por outro lado, há falantes que nasalizam os ditongos em Jaime e Roraima mas não os de fauna e trauma. Provavelmente, fenômenos como esses só serão totalmente explicados com a realização de estudos de fonética experimental mais acurados, pois o que se verifica é a possibilidade de uma nasalização do ditongo quando a assilábica é o [y] e sua impossibilidade quando é o [w] (Callou & Leite, 1990: 90). Argumentos pró-interpretação monofonêmica 1) A contradição ao se postular, em Fonologia Segmental, uma unidade fonológica que não constitui um segmento. Ex.: maçã 2) Vi, vim, vime (port. europeu) caminha (cama pequena) / caminha (andar) 3) ditongos nasais 4) Não há um arquifonema consonântico que se realize sem nenhum obstáculo articulatório. 5) Tendência do português ao destravamento silábico que não afeta o hipotético grupo /VNS/. Exs.: constituição, perspectiva. O português tende a eliminar os travamentos 6) Crase o fato de não haver crase em lã azul não constitui argumento para dizer que há ou não um elemento consonântico. Ex.: sofá azul. Argumentos pró-interpretação bifonêmica 1) Moraes & Wetzels (1992): duração da sílaba (alongamento compensatório) > V + N 2) Na articulação, desvio da corrente de ar para a cavidade nasal devido à elevação do véu palatino 5.4 Os ditongos As vogais mais altas das séries anterior e posterior podem ocupar posição de núcleo ou de margem da sílaba. Teríamos, assim, um [i] e [u] silábicos ou assilábicos [y] e [w]. Neste segundo caso têm-se os chamados ditongos ou tritongos que contrastam com vogais simples (CALLOU & LEITE, 1990: 90). [y]/[j] e [w] ocupam margem de sílaba. Exs.: pá pai pau cá cai cal má mais mal

28 28 só sói sol Ditongos = encontro de uma vogal mais uma semivogal. Em função da posição da semivogal: ditongo crescente (VCV) ou decrescente (VVC). Tritongos = encontro de duas semivogais com uma vogal (CCV) Distinção entre vogais assilábicas que formam ditongos verdadeiros e aquelas que podem surgir em fronteiras silábicas pelo encontro de uma vogal [+ alta] com uma vogal [- alta] Ditongos verdadeiros: lei, quase, quais Ditongos fonéticos: lu[w]a (entre v [+ alta] + [- alta]), glóri[y]a Neste caso, a qualidade da vogal assilábica é previsível: [y] depois de i e [w] depois de u. Pode-se dizer que é quase unânime a interpretação não-fonêmica dessas vogais. (CALLOU & LEITE, 1990: 91) No caso dos ditongos verdadeiros, existe a possibilidade de as assilábicas serem interpretadas como fonemas distintos das suas homorgânicas silábicas (posição inicialmente defendida por Mattoso Câmara 3 ), com base nos pares opositivos abaixo: coais quais vôo vou Rio riu dê-os deus soes (soar) sois (ser) CÂMARA JR. reviu sua posição inicial devido ao baixo rendimento dessas oposições e à própria redução do ditongo em exemplos como vou, sou. Os ambientes em que /i/-/y/ e /u/-/w/ estabelecem diferença de significado são pouco produtivos em Português, como pode ser observado nos exemplos acima. Ditongo sílaba aberta (núcleo polifonemático) ou sílaba fechada nesse caso, ocupando a coda da sílaba por paralelismo à distribuição de outras consoantes no mesmo contexto. Posição de BISOL (1994: 123): 2 tipos de ditongo em português 3 CÂMARA JR. 2 posições: 1o. momento) inicialmente considerou [y] e [w] como fonemas, ou seja, as semivogais seriam fonemas propriamente ditos. 2o. momento) [y] e [w] são variantes posicionais (alofones) de /i/ e /u/ dê - dei lê - lei - leu (Posição da Prof. Silvia Brandão: são fonemas uma vez que há contextos em que estabelecem diferença de significados.)

29 29 ditongo fonológico (ditongo verdadeiro ocupa duas posições na camada CV, também chamada prosódica) invariante, está representado na estrutura subjacente por duas vogais, como um autêntico ditongo (exs. reitor, pauta). Assim, tem-se, então, um núcleo ramificado de duas vogais em que a vogal alta dessa configuração manifesta-se foneticamente como glide. A segunda vogal se consonantiza por silabação devido à formação do glide, uma instância particular do processo de silabação. ditongo fonético (ditongo falso ocupa uma só posição) ora se manifesta, ora não (peixe, feira, caixa), possui, na estrutura subjacente, apenas uma vogal, formando-se o glide em nível mais próximo à superfície por assimilação de traços da consoante. Trata-se do resultado de uma regra variável de expansão de traços secundários da consoante (assimilação por espraiamento). Bisol conclui, com o apoio da Teoria da Geometria de Traços, que classifica consoantes e vogais pelos mesmos traços vocálicos de pontos de articulação e que explica todos os processos de assimilação por espraiamento, ao mesmo tempo que admite, de acordo com a tradição, que articulações secundárias são traços vocálicos de consoantes: em todos os casos estudados (três-treis, fez-feiz; faxina-faixina, bandeja-bandeija; peixe-pexe, caixote-caxote), é o glide coronal que se superficializa, isto é, um segmento derivado da consoante vizinha por um processo de assimilação. Os ditongos analisados pela autora não estão representados na estrutura subjacente, pois são formados por regras pós-lexicais. Tradicionalmente, consideram-se os ditongos decrescentes a seguir: Exs.: ditongos orais com a semivogal [w] [aw] mau, pau, *sal (decorrente da vocalização do /l/) [ew] meu [ w] céu, réu, *mel [ow] sou (tendência a se monotongar [so]), vou [iw] viu, riu Obs.: [ow] tendência à eliminação desse ditongo (à monotongação) ; em contrapartida há uma tendência à vocalização do [l] em final de sílaba (na maioria dos dialetos do Brasil) como em gol, soltar, colcha que acaba por reestabelecêlo/revitalizá-lo. (V + V9 > V; V + l > VV9 ) Em função da vocalização do /l/, aparecem dois outros ditongos em determinadas realizações: * [ w] sol * [uw] sul Exs.: ditongos orais com a semivogal [y]: [ay] cai [ey] lei, rei [ y] aluguéis, réis

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