Interpretação da Ciência de todos os princípios da sensibilidade a priori na Crítica da razão pura de Immanuel Kant 1

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "Interpretação da Ciência de todos os princípios da sensibilidade a priori na Crítica da razão pura de Immanuel Kant 1"

Transcrição

1 Interpretação da Ciência de todos os princípios da sensibilidade a priori na Crítica da razão pura de Immanuel Kant 1 Roberto S. Kahlmeyer-Mertens 2 Resumo: O texto pretende apresentar e esclarecer os conceitos elementares da Crítica da razão pura (1781) de Kant. 3 Nesta obra, o tópico Estética transcendental é tratado como a Ciência de todos os princípios da sensibilidade a priori, e juntamente com o Sistema de todos os princípios do entendimento puro é, um dos seus principais pilares, dando sustentação a todo o seu arcabouço conceptual. Portanto, a explicação didática proposta aqui pretende deixar claro o quanto este tópico é importante à tarefa proposta pela Crítica da razão pura. Palavras-chave: Filosofia Moderna, Idealismo Alemão, Kant, Crítica da Razão Pura O propósito deste trabalho é estudar a Estética transcendental contida na Crítica da razão pura, de Immanuel Kant. Esse estudo deverá deter-se em interpretações de textos do autor, buscando através desse processo uma compreensão deste procedimento considerado, pelo autor, científico, que se refere ao que o mesmo chama de princípios da sensibilidade a priori. Cremos que, através dessas interpretações, poderemos tematizar os principais conceitos da filosofia de Kant, com isso, atingindo uma compreensão ampla de sua teoria do conhecimento. De maneira breve, iniciaremos nosso texto, abordando conceitos apresentados na Introdução de sua já citada Crítica da razão pura, para que, só então, munidos dessas noções preliminares, possamos adentrar 1 Texto publicado em Tempo da ciência Revista de ciências sociais e humanas. Toledo, CCHE, v.8, n.16, pp Doutorando em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro/UERJ, Professor na Faculdade de Formação de Professores da UERJ e da Professor da Universidade Cândido Mendes/UCAM. Autor de Filosofia Primeira Estudos sobre Heidegger e outros autores. 3 Immanuel Kant. Nasceu em Königsberg/Prússia Oriental em Autor de três obras críticas, a saber: Crítica da razão pura (1785), que investiga os limites da sensibilidade e da razão, a partir da formulação o que posso conhecer? ; a Crítica da razão prática (1788), que trata do problema o que devo fazer? investigando a esfera da moral, e, por fim, a Crítica da faculdade do juízo (1790), buscando responder a questão o que é lícito esperar?, em síntese aos dois movimentos anteriores. Kant ainda possui opúsculos sobre filosofia política muito revisitados ultimamente. Morreu em 1804, tendo influenciado decisivamente escolas filosóficas como o Idealismo Alemão. 1

2 ao tema, que objetivamos. Pretendemos tornar nítidas as principais teses dessa Estética transcendental, o que pretendem e para onde estas se endereçam. O pouco rigor do título do presente texto pode sugerir que o estudo da Estética transcendental dar-se-ia apartado do contexto da Crítica da razão pura. No entanto, isso não deve ocorrer, pois uma análise unicamente detida nessa parte da obra nos limitaria o raio de visão necessário para apreendermos o significado e propósito de uma Estética transcendental, bem como da obra na qual esta está contida. Afirmativa que justifica o primeiro movimento do texto que vamos desenvolver; consistindo em um apanhado geral dos objetos e procedimentos da obra citada. Comecemos perguntando o que significa uma Crítica da razão pura. Tal título nada sugere se o interpretarmos desde uma compreensão cotidiana dos termos que o compõem isto é, crítica, razão e puro. Kant entende por crítica não o movimento de um discurso que aponta insuficiências ou falhas, e que, por assim ser, viria possuir um caráter negativo ou depreciativo. Crítica, para Kant, é um exercício de delimitação de um objeto. No caso de que tratamos, tal objeto é a razão pura. Razão é, para a filosofia, um termo tradicional e que ganha diversas conotações ao longo de seu processo histórico. O entendimento que nosso autor tem de razão, aqui, é igualmente tradicional e trata-se de uma faculdade a qual todos os homens possuem e que permite que sejam capazes de entender, conhecer, julgar etc. 4 Entretanto, o acréscimo do temo puro torna essa compreensão de razão diversa do resto da tradição. O termo, que é um diferencial, mostra-se neste título como o adjetivo pura. Portanto, a razão a qual Kant se refere é razão pura. Ora, mas o que seria uma razão pura? O que puro quer dizer aqui? O que seria aqui puro? Uma coisa pura é aquela que se encontra livre de outra coisa que venha lhe interferir. Por exemplo, diz-se que a água é pura quando esta se encontra livre de impurezas, de matéria em suspensão; de outras substâncias diferentes de água. A razão é pura, pois não possui em si nada que não seja ela própria, nada que lhe tenha sido agregada em um momento posterior. Uma vez tendo analisado cada termo componente do título de nossa obra (estando agora munidos da terminologia requerida para tratar da questão), podemos tentar recompô-lo, buscando nova intelecção. Assim, Crítica da razão pura é uma delimitação 4 Provisoriamente esta conceituação nos é suficiente, estando sujeita, ainda no curso do texto, a receber aprofundamento. 2

3 dessa faculdade chamada razão em um estado de pureza, ou, ainda, é o exercício de descoberta dos limites dessa faculdade que permite ao homem conhecer, julgar etc; faculdade essa que, para Kant (1994), efetua determinadas funções à priori. Quando afirmamos que a razão é a faculdade que, dentre as outras, permite que o homem efetue conhecimentos, já estamos enfocando aquilo que, para o filósofo, está em questão nesse texto: o conhecimento. Uma breve retrospectiva das abordagens desse problema na história nos permitirá uma compreensão clara de como o conhecimento é, nesta primeira crítica, a questão para Kant. A filosofia de Kant floresce em uma época na qual as ciências efetuam grandes progressos. Todas essas transformações fazem que nosso autor indague o porquê da metafísica (considerada a mãe de todas as ciências e a melhor representante do saber) não demonstra avanços significativos, apenas limitando-se à execução de análises que não são mais que desdobramento de conceitos. Kant considera essa dogmática no sentido de que se pauta unicamente em conhecimentos a priori, isto é, em idéias que se dão apenas no entendimento e que não possuem comprovação empírica, i.e, a posteriori. Por isso, Kant propõe elevar a metafísica ao status de ciência, mas não de uma ciência qualquer, mas a ciência tida como nos padrões de seu tempo. Para tanto, pretende dotar a metafísica do rigor dos procedimentos das ciências matemáticas, importando-lhe o fundamento matemático do qual compartilha a geometria euclidiana e a física newtoniana. Deste modo também a metafísica poderia participar do ritmo de progresso das outras ciências. Mas o que o problema do conhecimento metafísico teria a ver com o significado de Crítica da razão pura, tal qual apresentamos acima, isto é, compreendida como exercício de delimitação da razão? A ligação mais imediata que poderíamos apontar, que se mostra evidente, é o fato de a razão ser a faculdade do conhecimento. Entretanto, essa pergunta tem o significado de maior amplitude e busca já delimitar a relação dos conhecimentos da razão com uma ciência de conceitos puros chamada metafísica, mais especificamente em tipos específicos de conhecimentos da razão, os conhecimentos sintéticos a priori : Ora, o verdadeiro problema da razão pura está contido na seguinte pergunta: Como são possíveis os juízos sintéticos a priori? O fato da metafísica até hoje se ter mantido em estado tão vacilante entre incertezas e contradições é simplesmente 3

4 devido a não se ter pensado mais cedo neste problema, nem talvez mesmo na distinção entre juízos analíticos e juízos sintéticos (KANT, 1994, p. 49). A presente citação requisita uma série de esclarecimentos quanto a novos conceitos que aqui foram introduzidos e também advertência sobre essa nova terminologia utilizada. Essas explicações aparecerão como subquestões ao passo que tratamos de questões de natureza mais ampla. Assim, ao começarmos pela pergunta o que são juízos sintéticos a priori?, vemo-nos, preliminarmente, no dever de conceituar o que para Kant é juízo. O termo juízo, em Kant, possui sentido específico, referindo-se a uma faculdade de julgar. Afirma-se como um conhecimento dos sentimentos do prazer e desprazer, aplica-se, em geral, à arte. 5 Entretanto, quando, no contexto da primeira crítica, vemos o termo juízo aplicado, este pode ser compreendido como referente ao entendimento; logo, voltados ao conhecimento da natureza e à conformidade a suas leis. Assim, juízo no citado livro, diz respeito a um modo de conhecer, de exercitar o entendimento num ato de conhecimento, de pensar um objeto. O termo sintético diz respeito a um tipo de conhecimento. Para Kant, os conhecimentos podem possuir forma sintética ou analítica. Como o próprio nome já diz, sintético é aquele que faz síntese, ou seja, aquele que no seu contexto efetua uma ação de síntese entre significados. Explicaremos: quando dizemos a bola é amarela, isso constitui um conhecimento sintético, pois amarelo não é um predicado inerente ao conceito de bola. Assim, diz-se sintético, pois o conceito de cor amarela foi acrescentado ao conceito de bola. Essa definição de conhecimento sintético é oposta ao de conhecimento analítico. Analítico diz respeito a um processo de análise donde nenhum conceito novo é obtido. Nesse modo de conhecimento, vigora um desdobramento daquilo que, inicialmente, se tinha. Assim, quando afirmamos a bola é esférica, esfericidade não constitui um novo elemento extraído através da síntese, mas um mero desdobramento analítico do conceito, pois, afinal, esfericidade já pertence ao conceito de bola. O termo, a priori, dita a determinação metafísica do conhecimento. Segundo esta designação, os conhecimentos podem ser a priori ou a posteriori. Em uma palavra, a posteriori é todo conhecimento cujo conteúdo se pode adquirir através do 5 Kant dedica a última de suas três críticas à faculdade do julgar, intitulada: Crítica da faculdade do juízo (1790). 4

5 contato empírico, pela experiência. A priori é todo conhecimento que independe da experiência (emperia), são conhecimentos puros. Kant defende a existência desses conhecimentos, afirmando que eles são possíveis e demonstráveis pelas matemáticas. Assim, mesmo que não possuamos materialmente um triângulo (que nos serviria para verificarmos conceitos pela experiência), é possível conhecer, aprioristicamente, que a soma de seus ângulos internos é sempre 180 graus. Temos agora subsídios para responder à pergunta anteriormente formulada: O que são os juízos sintéticos a priori? São proposições que estendem o conhecimento através da síntese e que podem ser operados sem lançar mão da experiência. Para Kant, esse é o único modo de conhecimento real e capaz de promover o progresso da metafísica enquanto ciência. Esse conhecimento promove juízos válidos e aplicáveis a toda natureza, dado seu caráter apodíctico, isto é, universal e necessário. Kant vai receber diversas críticas sobre esse modo de conhecimento que afirma ser o ideal. A maioria delas pergunta como seriam possíveis esses juízos sintéticos a priori? Isto quer significar: como é possível um tipo de conhecimento extensivo, algo que pressupõe a síntese com o empírico, e, no entanto, este ser estritamente puro? A resposta à pergunta como são possíveis conhecimentos sintéticos a priori? Passa a ser um encargo para Kant e da sustentação dessa premissa depende toda sua teoria do conhecimento. 6 Como resposta à indagação parágrafos acima, respondemos: é preciso demonstrar que a razão pode executar conhecimentos sintéticos a priori e essa comprovação faz-se através da Crítica da razão pura. A filosofia transcendental é a idéia de uma ciência para qual a crítica da razão pura deverá esboçar arquitetonicamente o plano total, isto é, a partir de princípios, com plena garantia de perfeição e solidez de todas as partes que constituem esse edifício (é o sistema de todos os princípios da razão pura) (...) À crítica da razão pura pertence, pois, tudo o que constitui a filosofia transcendental; é a idéia perfeita da filosofia transcendental, mas não é ainda essa mesma ciência, porque só avança na análise até onde o exige e apreciação completa do conhecimento sintético a priori (...) Por isso, a filosofia transcendental outra coisa não é que uma filosofia da razão pura simplesmente especulativa (KANT, 1994, p. 55). 6 Aqui fica clara a ligação entre a pretensão de Kant elaborar uma citada metafísica futura e a Crítica da razão pura. 5

6 Se, até aqui, não se podia ver a diferença entre Crítica da razão pura e isso que Kant chama de metafísica ou filosofia transcendental, essa citação vem grifar tal diferença. Esta Crítica esboça seu plano geral. Isto é, apresenta princípios e aponta como deveria edificar-se uma filosofia transcendental. Assim, apresenta-se como um organon capaz de gerar tal sistema como uma propedêutica que, através da crítica das fontes e limites da razão pura, pergunta como são possíveis os juízos sintéticos a priori. A apresentação dos princípios utilizados na Primeira Crítica dá-se na parte dessa obra chamada Estética transcendental. Ao contrário do que se pode pensar, estética aqui não quer dizer ciência especulativa do belo nas artes. Kant (1994) adverte em nota que o significado prezado é justamente o que os alemães ainda utilizam, não concernente somente ao domínio do belo, mas como condizente à compreensão grega de aisthesis, isto é, de sentido, sensação. Esse significado é muito próximo ao que Kant pretende ao abordar em investigação as estruturas do sujeito do conhecimento. Assim, o termo estética, aqui, oscilará entre a compreensão da estrutura transcendental e psicológica do sujeito. Mas o que poderíamos entender por transcendental? Diz-se transcendental tudo quanto concerne à estrutura subjetiva desse que conhece, estrutura que adiantamos se dá aprioristicamente e que será abordada de maneira pormenorizada a seguir. Kant afirma que é pela intuição que os homens conhecem. Ora, quem conhece, conhece sempre algo, que, necessariamente, passa a ser objeto desse conhecimento. Entretanto, esse possível objeto de conhecimento tem que ser manifesto em fenômeno. Como fenômeno, este objeto possível afeta o sujeito. O sujeito recebe essa afetação; segundo Kant, essa receptividade só é possível graças à sensibilidade. O produto dessa relação da afetação do objeto é a intuição, que apreendida pelo espírito ou entendimento do sujeito, gera a conceituação e a conseqüente consumação da coisa ou objeto possível em objeto de conhecimento. A distinção entre objeto possível e objeto de conhecimento é problemática, mas pode muito bem ser remediada com a respectiva adoção dos termos coisa e objeto (assim, coisa é todo objeto indeterminado, seja ela em si ou no fenômeno). Para o autor, coisa (Ding) é tudo aquilo que há e que pode ser apreendido em uma relação mais imediata no fenômeno; ao contrário, coisa em si (Ding an sich) é o aspecto da coisa que permanece velado ao fenômeno. Explicaremos: a coisa que chega ao sujeito através do fenômeno, segundo Kant, não é como ela realmente é. A 6

7 coisa em si é o noumenon. Este não é o desconhecido, não é algo que hoje se ignora e amanhã poderá ser descoberto; trata-se do icognoscível, aquilo que, pelo menos ao modo de conhecimento humano, é impossível. Com base nisso apresentamos alguns enunciados: a) As coisas intuídas não são em si mesmas tais como intuímos, nem suas relações em si são como nos aparecem. b) A natureza dos objetos em si nos é icognoscível, independentemente de nossa receptividade e sensibilidade. c) A intuição, mesmo elevada a seu mais alto grau de clareza, não constitui sequer uma aproximação da natureza do objeto em si. Como já deixamos transparecer com a explicação da coisa em si, temos que o objeto é o produto da relação da coisa que se mostra no fenômeno da intuição do sujeito. A comprovação disso dá-se através da própria etimologia donde deriva o termo objeto. Primeiramente, no latim objectum, que indica, literalmente, um jogado (jectum) ao lado (ob); depois, na língua natal do nosso filósofo gegenstand, cuja tradução pode ser interpretada como aquilo que está em posição contrária, ou que vem ao encontro. Esse segundo termo resguarda um sentido duplo, resguarda a compreensão de uma coisa contraposta a um sujeito, donde se deduz que objeto é, pois, produto desse encontro. 7 Kant dá o nome de sensação ao efeito de um objeto sobre a nossa capacidade representativa. Tal sensação é sempre fruto de uma intuição empírica, isto é, desse tipo de intuição de que até agora tratamos e que depende da afetação da coisa (objeto indeterminado) manifesta no fenômeno. Dá-se o nome de matéria ao que, no fenômeno correspondente à sensação, assim, matéria, é o conteúdo do fenômeno ao passo que a forma desse fenômeno é o que possibilita este ser ordenado, segundo relações. 8 Vimos que as sensações são intuições empíricas, contudo, nem todas as intuições são desse gênero. Kant apresenta as intuições puras como formas a priori da sensibilidade, isto é, encontram-se no espírito absolutamente a priori como representações que independem das sensações. Baseando-se nessas considerações, o autor define sua Estética 7 Existem controvérsias quanto à interpretação desse fenômeno em Kant. Para alguns autores, por exemplo, Arent (1992), afirmam que tudo aquilo quanto se apreende pela intuição é objeto, Heidegger (1987), por sua vez, afirma que, para que a coisa apreendida seja objeto, é necessário que este seja produto de um ato de conhecimento, no qual deve estar nítida uma relação de causa e efeito. Heidegger, ao interpretar Kant, exemplifica tal proposição do seguinte modo: o sol não é um objeto quando dele apenas afirmamos o sol é. Sol passa a ser um objeto quando propomos o sol aquece o solo, isso configuraria um conhecimento no qual sol é objeto. 8 Tema que não trataremos aqui. 7

8 transcendental como Ciência de todos os princípios da sensibilidade a priori, que constitui toda a primeira parte da teoria transcendental dos elementos, sendo seguida pela Lógica transcendental (Ciência que contêm os princípios do pensamento puro). Mas o que significa tudo isso? O que pretende uma ciência desse gênero? Significa que a Estética transcendental é a ciência que estuda as estruturas transcendentais que permitem que toda representação real ocorra. Essas estruturas são representadas a priori desde as quais toda a realidade se organiza. Uma definição de espaço deve considerar que os cinco sentidos externos permitam que tenhamos a representação de objetos exteriores a nós e situados no espaço. Neste sentido, configuram-se a grandeza e relação recíproca. Sentidos internos permitem a nossa própria intuição enquanto espírito e também seu estado interno. Assim, sentidos interno e externo permitem a representação dos objetos e sua situação frente a nós e ao espaço. Nessa definição, o filósofo alemão ainda pergunta se o tempo pode ser intuído exteriormente ou se o espaço pode ser intuído como algo interior. E, na seqüência, se espaço e tempo são entes reais ou apenas determinações ou relações entre coisas. Essas indagações possuem o intuito de preparar o solo para uma devida exposição de espaço, considerada apresentação clara do que pertence a um conceito; exposição que é metafísica e que, segundo Kant, é aquela que contém o conceito que é dado a priori. Reunimos aqui, de maneira meramente expositiva, quatro pontos que somados esboçariam uma definição metafísica de espaço, como: 1. não um conceito empírico. Logo, a representação de espaço não pode ser extraída pela experiência das relações dos fenômenos externos, pelo contrário, esta experiência só é possível, antes de mais, mediante essa representação; 2. uma representação absolutamente necessária (a priori) que fundamenta todas as intuições externas. Assim, não só se pode haver qualquer representação sem que haja espaço. O espaço acaba por ser considerado condição de possibilidade dos fenômenos, não uma determinação que dependa destes; é uma representação a priori que fundamenta necessariamente todos os fenômenos externos; 3. uma intuição pura, porque só podemos ter a representação de um espaço único; quando falamos de vários espaços, referimo-nos a partes de um só e mesmo espaço, é essencialmente uno e a diversidade que nele se encontra 8

9 trata-se de limitações. Kant afirma, com base nisso, que se pode concluir que, em relação ao espaço, o fundamento de todos os seus conceitos é uma intuição a priori, isto é, não-empírica. Deste modo, o fundamento matemático da filosofia de Kant (que pode ser demonstrado através da lida com figuras geométricas, como vimos no exemplo do triângulo ainda neste texto) não derivam de conceitos gerais, mas de uma intuição a priori como uma certeza apodíctica; 4. representado por uma grandeza infinitamente dada; mesmo que pensemos em diversas representações possíveis, nenhum desses conceitos encerra em si a infinidade das representações. No espaço, todas as partes acontecem simultaneamente no espaço infinito. Isso confirma que a representação a priori não é um conceito. Uma exposição transcendental de espaço trata da exposição de um princípio a partir do qual se pode entender a possibilidade de outros conhecimentos sintéticos a priori (assim transcendental nada tem a ver com transcendente, mas diz respeito àqueles princípios que partem do sujeito e que contribuem constitutivamente para a possibilidade da experiência). Assim, para que, de fato, haja essa exposição, é preciso que a) deste princípio decorram conhecimentos reconhecidamente sintéticos a priori; b) esses conhecimentos sejam possíveis pressupondo um modo de explicação desse princípio. Vimos que o espaço é um princípio; agora temos que este tem que ser originalmente uma intuição, porque de um simples conceito não se podem extrair proposições que ultrapassem o conceito, o que acontece nas ciências que determinam a priori as propriedades de espaço (como faz a geometria). Kant afirma (1994): Com efeito, as proposições geométricas são todas apodícticas, isto é, implica a consciência de sua necessidade como por exemplo: o espaço tem somente três dimensões. Isso resulta numa afirmação que permite compreender a possibilidade da geometria como conhecimento sintético a priori. Quando nosso autor se ocupa da tematização do tempo, vemos que este repete métodos e alguns argumentos similares aos utilizados na tematização do espaço. Assim, ele afirma as seguintes teses: 9

10 1. Tempo não é um conceito empírico que derive de uma experiência qualquer, pois nem a simultaneidade nem a sucessão surgiriam na percepção se a representação do tempo não fosse o seu fundamento a priori. 2. O tempo é o fundamento de todas as intuições. Somente nela é possível toda a realidade dos fenômenos. Assim, como no espaço, podemos prescindir dos fenômenos mas nunca do tempo, pois há o tempo sem o fenômeno mas nunca o contrário. 3. O tempo é unidimensional e, embora vejamos tempos diferentes, esses não são simultâneos, mas sucessivos. O que faz que o tempo seja uno no instante. 4. Tempo não é um conceito discursivo ou universal; trata-se de uma forma pura da intuição sensível. 5. O tempo é originariamente representado como ilimitado; isso o caracteriza em sua infinitude, compreendendo nela a infinita sucessão de instantes que se mostram como grandezas determinadas de tempo. O saldo dessas definições dá-se através do entrecruzamento dessas teses alusivas ao espaço e tempo. Tal saldo é apresentado aqui como conclusão de nosso trabalho. O espaço e tempo são formas puras deste modo de perceber; por isso, podem ser designados por intuições puras, como afirmativa de Kant: Tomados conjuntamente são formas de toda a intuição sensível, possibilitando assim proposições sintéticas a priori (KANT, 1994). Tal afirmativa é reiterada com a passagem que se segue: É, pois, indubitavelmente certo e não apenas possível ou verossímil que o espaço e o tempo enquanto condições necessárias de toda a experiência (externa e interna) são apenas condições subjetivas da nossa intuição(...) (KANT, 1994). Uma interpretação dessas breves, mas substanciais passagens deve fazer lembrar que Kant entende por formas puras da intuição sensível as estruturas da subjetividade, que, quando apreende a realidade, já o faz desde representações espaço temporais. Isto é, realidade em seu fenômeno já é pelo sujeito sempre apreendida na forma tradicional do espaço e no movimento ilimitado do tempo. Kant afirma que essas estruturas possibilitam proposições sintéticas a priori e reconhece que a tematização dessas estruturas durante a Estética transcendental fornece subsídios para a resposta à pergunta Como são possíveis os juízos sintéticos a priori? Assim, a resposta já se esboça no que afirma que os juízos sintéticos a priori só são possíveis graças às estruturas do sujeito (necessárias e 10

11 universais dessas forma a priori do entendimento indispensáveis ao conhecer), que permitem o entendimento e as intuições, que, por sua vez, permitem ao entendimento a criação de novos conceitos verificáveis posteriormente através da experiência. Bibliografia: ARENDT, H. A vida segundo o espírito: o pensar, o querer, o julgar. Trad. Antônio Abranches et all. Rio de Janeiro: Relume Dumará/UFRJ, CORBISIER, R. Introdução à filosofia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, HEIDEGGER, M. Interprétation phénomenológique de la Critique de la Raison Pure de Kant. Paris: Gallimard, Kant et le problème de la métaphysique. Trad. Alphonse de Waelhens. Paris: Gallimard, O que é uma coisa? Trad. Carlos Morujão. Lisboa: Edições 70, KANT, I. Crítica da razão pura. Trad. Manuel Pinto dos Santos et all. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, Kritik der reinen Vernunft, Hamburg: Felix Meiner Verlag, LEBRUN, G. Aprofundamento da Dissertação de 1770 na Crítica da razão pura. In Cadernos da UNB. (org). Manfredo Araújo de Oliveira et all. Brasília: UNB, PATON, H. J. The categorical imperative, a study in Kant s moral philosophy. 3ªed. London: Hutchinson & Co,

3 Tempo e Espaço na Estética transcendental

3 Tempo e Espaço na Estética transcendental 3 Tempo e Espaço na Estética transcendental 3.1. Exposição metafísica dos conceitos de tempo e espaço Kant antecipa então na Dissertação alguns argumentos que serão posteriormente, na Crítica da razão

Leia mais

TEORIA DO CONHECIMENTO Immanuel Kant ( )

TEORIA DO CONHECIMENTO Immanuel Kant ( ) TEORIA DO CONHECIMENTO Immanuel Kant (1724-1804) Obras de destaque da Filosofia Kantiana Epistemologia - Crítica da Razão Pura (1781) Prolegômenos e a toda a Metafísica Futura (1783) Ética - Crítica da

Leia mais

A IMAGINAÇÃO PRODUTORA NA CRÍTICA DA RAZÃO PURA 1

A IMAGINAÇÃO PRODUTORA NA CRÍTICA DA RAZÃO PURA 1 A IMAGINAÇÃO PRODUTORA NA CRÍTICA DA RAZÃO PURA 1 Hálwaro Carvalho Freire PPG Filosofia Universidade Federal do Ceará (CAPES) halwarocf@yahoo.com.br Resumo O seguinte artigo tem como principal objetivo

Leia mais

O caráter não-ontológico do eu na Crítica da Razão Pura

O caráter não-ontológico do eu na Crítica da Razão Pura O caráter não-ontológico do eu na Crítica da Razão Pura Adriano Bueno Kurle 1 1.Introdução A questão a tratar aqui é a do conceito de eu na filosofia teórica de Kant, mais especificamente na Crítica da

Leia mais

KANT: A DISTINÇÃO ENTRE METAFÍSICA E CIÊNCIA. Marcos Vinicio Guimarães Giusti Instituto Federal Fluminense

KANT: A DISTINÇÃO ENTRE METAFÍSICA E CIÊNCIA. Marcos Vinicio Guimarães Giusti Instituto Federal Fluminense KANT: A DISTINÇÃO ENTRE METAFÍSICA E CIÊNCIA Marcos Vinicio Guimarães Giusti Instituto Federal Fluminense marcos_giusti@uol.com.br Resumo: A crítica kantiana à metafísica, diferentemente do que exprimem

Leia mais

Uma leitura heideggeriana da finitude na Crítica da Razão Pura de Kant A Heideggerian approach of finitude on Kant s Critique of Pure Reason

Uma leitura heideggeriana da finitude na Crítica da Razão Pura de Kant A Heideggerian approach of finitude on Kant s Critique of Pure Reason Uma leitura heideggeriana da finitude na Crítica da Razão Pura de Kant A Heideggerian approach of finitude on Kant s Critique of Pure Reason Fernanda Leite Doutoranda em Filosofia pelo PPGF-UFRJ/Bolsista

Leia mais

PROFESSOR: MAC DOWELL DISCIPLINA: FILOSOFIA CONTEÚDO: TEORIA DO CONHECIMENTO aula - 02

PROFESSOR: MAC DOWELL DISCIPLINA: FILOSOFIA CONTEÚDO: TEORIA DO CONHECIMENTO aula - 02 PROFESSOR: MAC DOWELL DISCIPLINA: FILOSOFIA CONTEÚDO: TEORIA DO CONHECIMENTO aula - 02 2 A EPISTEMOLOGIA: TEORIA DO CONHECIMENTO Ramo da filosofia que estuda a natureza do conhecimento. Como podemos conhecer

Leia mais

Kant e o Princípio Supremo da Moralidade

Kant e o Princípio Supremo da Moralidade Kant e o Princípio Supremo da Moralidade ÉTICA II - 2017 16.03.2018 Hélio Lima LEITE, Flamarion T. 10 Lições sobre Kant. Petrópolis: Vozes, 2013 O Sistema kantiano Estética Transcendental Experiência Lógica

Leia mais

Kant e a filosofia crítica. Professora Gisele Masson UEPG

Kant e a filosofia crítica. Professora Gisele Masson UEPG Kant e a filosofia crítica Programa de Pós-Graduação em Educação Professora Gisele Masson UEPG Immanuel Kant (1724-1804) Principais obras Crítica da razão pura - 1781 Fundamentação da Metafísica dos Costumes

Leia mais

Origem do conhecimento

Origem do conhecimento 1.2.1. Origem do conhecimento ORIGEM DO CONHECIMENTO RACIONALISMO (Racionalismo do século XVII) EMPIRISMO (Empirismo inglês do século XVIII) Filósofos: René Descartes (1596-1650) Gottfried Leibniz (1646-1716)

Leia mais

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INTRODUÇÃO À FILOSOFIA I 1º Semestre de 2015 Disciplina Obrigatória Destinada: alunos de Filosofia Código: FLF0115 Sem pré-requisito Prof. Dr. Mauríco Cardoso Keinert Carga horária: 120h Créditos: 06 Número

Leia mais

O espaço e o tempo como intuições puras: um estudo acerca dos argumentos presentes nas exposições metafísicas da Estética Transcendental

O espaço e o tempo como intuições puras: um estudo acerca dos argumentos presentes nas exposições metafísicas da Estética Transcendental PEREIRA, R. Ensaios Filosóficos, Volume III - abril/2011 O espaço e o tempo como intuições puras: um estudo acerca dos argumentos presentes nas exposições metafísicas da Estética Transcendental Rômulo

Leia mais

Como o empirista David Hume as denominam. O filósofo contemporâneo Saul Kripke defende a possibilidade da necessidade a posteriori.

Como o empirista David Hume as denominam. O filósofo contemporâneo Saul Kripke defende a possibilidade da necessidade a posteriori. Disciplina: Filosofia Curso: Comunicação Social 1º ano Prof. Esp. Jefferson Luis Brentini da Silva A Estética A Estética Transcendental de Immanuel Kant 13/05/2014 Pretendo inicialmente produzir uma consideração

Leia mais

Universidade Federal de São Carlos

Universidade Federal de São Carlos Código e nome da disciplina: História da Filosofia Moderna 2 2017/1 Professor responsável: Paulo R. Licht dos Santos Objetivos gerais: Fazer com que o estudante adquira uma prática de leitura aprofundada

Leia mais

IMMANUEL KANT ( ) E O CRITICISMO

IMMANUEL KANT ( ) E O CRITICISMO AVISO: O conteúdo e o contexto das aulas referem-se RUBENS aos pensamentos RAMIRO JR (TODOS emitidos DIREITOS pelos próprios RESERVADOS) autores que foram interpretados por estudiosos dos temas expostos.

Leia mais

Preocupações do pensamento. kantiano

Preocupações do pensamento. kantiano Kant Preocupações do pensamento Correntes filosóficas Racionalismo cartesiano Empirismo humeano kantiano Como é possível conhecer? Crítica da Razão Pura Como o Homem deve agir? Problema ético Crítica da

Leia mais

A ilusão transcendental da Crítica da razão pura e os princípios P1 e P2: uma contraposição de interpretações

A ilusão transcendental da Crítica da razão pura e os princípios P1 e P2: uma contraposição de interpretações A ilusão transcendental da Crítica da razão pura e os princípios P1 e P2: uma contraposição de interpretações Marcio Tadeu Girotti * RESUMO Nosso objetivo consiste em apresentar a interpretação de Michelle

Leia mais

IDEALISMO ESPECULATIVO E A FENOMENOLOGIA DO ESPÍRITO CURSO DE EXTENSÃO 22/10/ Prof. Ricardo Pereira Tassinari

IDEALISMO ESPECULATIVO E A FENOMENOLOGIA DO ESPÍRITO CURSO DE EXTENSÃO 22/10/ Prof. Ricardo Pereira Tassinari IDEALISMO ESPECULATIVO E A FENOMENOLOGIA DO ESPÍRITO CURSO DE EXTENSÃO 22/10/2011 - Prof. Ricardo Pereira Tassinari TEXTO BASE 1 20 Se tomarmos o pensar na sua representação mais próxima, aparece, α) antes

Leia mais

Turma/Disciplina /História da Filosofia Moderna /1. Número de Créditos Teóricos Práticos Estágio Total

Turma/Disciplina /História da Filosofia Moderna /1. Número de Créditos Teóricos Práticos Estágio Total Seção 1. Caracterização complementar da turma/disciplina Turma/Disciplina 1001074/História da Filosofia Moderna 2 2018/1 Professor Responsável: Objetivos Gerais da Disciplina Paulo R. Licht dos Santos

Leia mais

John Locke ( ) Inatismo e Empirismo: Inatismo: Empirismo:

John Locke ( ) Inatismo e Empirismo: Inatismo: Empirismo: John Locke (1632 1704) John Locke é o iniciador da teoria do conhecimento propriamente dita por que se propõe a analisar cada uma das formas de conhecimento que possuímos a origem de nossas idéias e nossos

Leia mais

Kant e a Razão Crítica

Kant e a Razão Crítica Kant e a Razão Crítica Kant e a Razão Crítica 1. Autonomia da vontade é aquela sua propriedade graças à qual ela é para si mesma a sua lei (independentemente da natureza dos objetos do querer). O princípio

Leia mais

Os Princípios da Razão a partir da Crítica da Razão Pura de Kant

Os Princípios da Razão a partir da Crítica da Razão Pura de Kant Os Princípios da Razão a partir da Crítica da Razão Pura de Kant The Principles of Reason as from the Critique of Pure Reason from Kant MOHAMED F. PARRINI MUTLAQ 1 Resumo: O artigo aborda sobre os reais

Leia mais

4 - Considerações finais

4 - Considerações finais 4 - Considerações finais Eduardo Ramos Coimbra de Souza SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros SOUZA, ERC. Considerações finais. In: Schopenhauer e os conhecimentos intuitivo e abstrato: uma teoria

Leia mais

Esquematizar sem conceitos : a teoria kantiana da reflexão estética*

Esquematizar sem conceitos : a teoria kantiana da reflexão estética* Cadernos de Filosofia Alemã 7, P. 5-14, 2001 Esquematizar sem conceitos : a teoria kantiana da reflexão estética* Christel Fricke** Songez que je vous parle une langue étrangère... Racine, Fedro. A estética

Leia mais

ASPECTOS FORMAIS DA TEORIA DO ESPAÇO E DO TEMPO DE KANT CONTIDOS NA ESTÉTICA TRANSCENDENTAL DA CRÍTICA DA RAZÃO PURA *

ASPECTOS FORMAIS DA TEORIA DO ESPAÇO E DO TEMPO DE KANT CONTIDOS NA ESTÉTICA TRANSCENDENTAL DA CRÍTICA DA RAZÃO PURA * ASPECTOS FORMAIS DA TEORIA DO ESPAÇO E DO TEMPO DE KANT CONTIDOS NA ESTÉTICA TRANSCENDENTAL DA CRÍTICA DA RAZÃO PURA * Luís Eduardo Ramos de Souza 1 RESUMO: Este trabalho tem por objetivo destacar alguns

Leia mais

A CIÊNCIA GENUÍNA DA NATUREZA EM KANT 1

A CIÊNCIA GENUÍNA DA NATUREZA EM KANT 1 A CIÊNCIA GENUÍNA DA NATUREZA EM KANT 1 Ednilson Gomes Matias 2 RESUMO: O seguinte trabalho trata da concepção de ciência genuína da natureza desenvolvida por Immanuel Kant nos Princípios metafísicos da

Leia mais

Universidade Federal de São Carlos

Universidade Federal de São Carlos Código e nome da disciplina: 18063-7 História da Filosofia Moderna III Professor responsável: Francisco Prata Gaspar Objetivos gerais: Introduzir o aluno ao modo como a filosofia moderna acolheu a tradição

Leia mais

percepção vital não está localizada num órgão específico (por exemplo, o sentimento de fadiga corporal, pois esse está no corpo próprio do vivente,

percepção vital não está localizada num órgão específico (por exemplo, o sentimento de fadiga corporal, pois esse está no corpo próprio do vivente, 88 5 Conclusão Procuramos agora ver se nossa hipótese inicial pode ser aceita. Perguntamonos se o fenômeno da simpatia, como apresentado dentro do pensamento de Max Scheler, pode ter sua fundamentação

Leia mais

O caminho moral em Kant: da transição da metafísica dos costumes para a crítica da razão prática pura

O caminho moral em Kant: da transição da metafísica dos costumes para a crítica da razão prática pura O caminho moral em Kant: da transição da metafísica dos costumes para a crítica da razão prática pura Jean Carlos Demboski * A questão moral em Immanuel Kant é referência para compreender as mudanças ocorridas

Leia mais

Racionalismo. René Descartes Prof. Deivid

Racionalismo. René Descartes Prof. Deivid Racionalismo René Descartes Prof. Deivid Índice O que é o racionalismo? René Descartes Racionalismo de Descartes Nada satisfaz Descartes? Descartes e o saber tradicional Objetivo de Descartes A importância

Leia mais

IMMANUEL KANT ( ) E O CRITICISMO

IMMANUEL KANT ( ) E O CRITICISMO AVISO: O conteúdo e o contexto das aulas referem-se aos pensamentos emitidos pelos próprios autores que foram interpretados por estudiosos dos temas RUBENS expostos. RAMIRO Todo JR exemplo (TODOS citado

Leia mais

INTRODUÇÃO A LÓGICA. Prof. André Aparecido da Silva Disponível em:

INTRODUÇÃO A LÓGICA. Prof. André Aparecido da Silva Disponível em: INTRODUÇÃO A LÓGICA Prof. André Aparecido da Silva Disponível em: http://www.oxnar.com.br/aulas 1 CIENCIA E LÓGICA RACIOCINIO LÓGICO NOTAÇÃO POSICIONAL PRINCIPIOS DA LÓGICA CONECTIVOS LÓGICOS REGRAS DE

Leia mais

Vocabulário Filosófico Dr. Greg L. Bahnsen

Vocabulário Filosófico Dr. Greg L. Bahnsen 1 Vocabulário Filosófico Dr. Greg L. Bahnsen Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto / felipe@monergismo.com GERAL Razão: capacidade intelectual ou mental do homem. Pressuposição: uma suposição elementar,

Leia mais

FILOSOFIA - ENADE 2005 PADRÃO DE RESPOSTAS QUESTÕES DISCURSIVAS

FILOSOFIA - ENADE 2005 PADRÃO DE RESPOSTAS QUESTÕES DISCURSIVAS FILOSOFIA - ENADE 2005 PADRÃO DE RESPOSTAS QUESTÕES DISCURSIVAS QUESTÃO - 36 Esperava-se que o estudante estabelecesse a distinção entre verdade e validade e descrevesse suas respectivas aplicações. Item

Leia mais

Um pouco de história. Ariane Piovezan Entringer. Geometria Euclidiana Plana - Introdução

Um pouco de história. Ariane Piovezan Entringer. Geometria Euclidiana Plana - Introdução Geometria Euclidiana Plana - Um pouco de história Prof a. Introdução Daremos início ao estudo axiomático da geometria estudada no ensino fundamental e médio, a Geometria Euclidiana Plana. Faremos uso do

Leia mais

IMMANUEL KANT ( )

IMMANUEL KANT ( ) CONTEXTO HISTÓRICO Segunda metade do século XVIII época de transformações econômicas, sociais, políticas e cultural-ideológicas. A Revolução Industrial e a consolidação do Capitalismo. A Revolução Científica,

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

BuscaLegis.ccj.ufsc.br BuscaLegis.ccj.ufsc.br Hermenêutica jurídica Maria Luiza Quaresma Tonelli* Hermenêutica é um vocábulo derivado do grego hermeneuein, comumente tida como filosofia da interpretação. Muitos autores associam

Leia mais

1. A dialética de Hegel a) envolve duas etapas, formadas por opostos encontrados na natureza (dia-noite, claro-escuro, friocalor).

1. A dialética de Hegel a) envolve duas etapas, formadas por opostos encontrados na natureza (dia-noite, claro-escuro, friocalor). Exercícios sobre Hegel e a dialética EXERCÍCIOS 1. A dialética de Hegel a) envolve duas etapas, formadas por opostos encontrados na natureza (dia-noite, claro-escuro, friocalor). b) é incapaz de explicar

Leia mais

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA II 2º Semestre de 2018 Disciplina Obrigatória Destinada: alunos do curso de Filosofia Código: FLF0239 Pré-requisito: FLF0238 Prof. Dr. Maurício Keinert Carga horária: 120h

Leia mais

ENTENDIMENTO E SENSIBILIDADE NO 26 DA DEDUÇÃO B DE KANT Danillo Leite (mestrando PPGLM/UFRJ)

ENTENDIMENTO E SENSIBILIDADE NO 26 DA DEDUÇÃO B DE KANT Danillo Leite (mestrando PPGLM/UFRJ) ENTENDIMENTO E SENSIBILIDADE NO 26 DA DEDUÇÃO B DE KANT Danillo Leite (mestrando PPGLM/UFRJ) RESUMO: O objetivo do presente trabalho consiste em elucidar de que maneira se dá a conexão entre entendimento

Leia mais

2 A Concepção Moral de Kant e o Conceito de Boa Vontade

2 A Concepção Moral de Kant e o Conceito de Boa Vontade O PRINCÍPIO MORAL NA ÉTICA KANTIANA: UMA INTRODUÇÃO Jaqueline Peglow Flavia Carvalho Chagas Universidade Federal de Pelotas 1 Introdução O presente trabalho tem como propósito analisar a proposta de Immanuel

Leia mais

Metafísica Matemática

Metafísica Matemática Metafísica Matemática Thiago de Paiva Campos O que é o Ser? Eis o primordial problema da Metafísica, isto é, definir com precisão rigorosa o que de fato é o Ser. Pata nós, que abordaremos a Metafísica

Leia mais

fragmentos dos diálogos categorias e obras da exortativas interpretação aristóteles introdução, tradução e notas ricardo santos tradução ( universidad

fragmentos dos diálogos categorias e obras da exortativas interpretação aristóteles introdução, tradução e notas ricardo santos tradução ( universidad fragmentos dos diálogos categorias e obras da exortativas interpretação aristóteles introdução, tradução e notas ricardo santos tradução ( universidade e textos introdutórios de lisboa) antónio de castro

Leia mais

A TEORIA DINÂMICA DE KANT 1

A TEORIA DINÂMICA DE KANT 1 A TEORIA DINÂMICA DE KANT 1 Ednilson Gomes Matias PPG Filosofia, Universidade Federal do Ceará (CNPq / CAPES) ednilsonmatias@alu.ufc.br Resumo A seguinte pesquisa tem por objetivo analisar a filosofia

Leia mais

Estudaremos o papel da razão e do conhecimento na filosofia de Immanuel Kant; Hegel e o idealismo alemão.

Estudaremos o papel da razão e do conhecimento na filosofia de Immanuel Kant; Hegel e o idealismo alemão. Estudaremos o papel da razão e do conhecimento na filosofia de Immanuel Kant; Hegel e o idealismo alemão. Kant e a crítica da razão Nós s e as coisas Se todo ser humano nascesse com a mesma visão que você

Leia mais

Aula Véspera UFU Colégio Cenecista Dr. José Ferreira Professor Uilson Fernandes Uberaba 16 Abril de 2015

Aula Véspera UFU Colégio Cenecista Dr. José Ferreira Professor Uilson Fernandes Uberaba 16 Abril de 2015 Aula Véspera UFU 2015 Colégio Cenecista Dr. José Ferreira Professor Uilson Fernandes Uberaba 16 Abril de 2015 NORTE DA AVALIAÇÃO O papel da Filosofia é estimular o espírito crítico, portanto, ela não pode

Leia mais

Prova Global Simulado 6º. Filosofia 2014/2 Devolutiva das questões

Prova Global Simulado 6º. Filosofia 2014/2 Devolutiva das questões Prova Global Simulado 6º. Filosofia 2014/2 Devolutiva das questões Questão nº 1 - Resposta B Justificativa: O amante do mito é de certo modo também um filósofo, uma vez que o mito se compõe de maravilhas

Leia mais

Síntese figurada e esquematismo

Síntese figurada e esquematismo Síntese figurada e esquematismo Danillo Leite PPGLM/UFRJ Na Dedução Transcendental das Categorias, Kant pretende fornecer uma prova de que os nossos conceitos puros do entendimento (ou categorias), ainda

Leia mais

I - A doutrina do esquematismo kantiano

I - A doutrina do esquematismo kantiano 18 I - A doutrina do esquematismo kantiano 1.1. A sensibilidade Tal como foi definido por Kant na Crítica da Razão Pura, o processo de conhecimento tem como ponto de partida a intuição, pois ela diz respeito

Leia mais

Dignidade Humana e Justiça Social

Dignidade Humana e Justiça Social Dignidade Humana e Justiça Social Francisco José Vilas Bôas Neto Francisco José Vilas Bôas Neto Dignidade Humana e Justiça Social Belo Horizonte 2013 Lista de Siglas 1) CKTM Construtivismo Kantiano na

Leia mais

A teoria do conhecimento

A teoria do conhecimento conhecimento 1 A filosofia se divide em três grandes campos de investigação. A teoria da ciência, a teoria dos valores e a concepção de universo. Esta última é na verdade a metafísica; a teoria dos valores

Leia mais

A EPISTEMOLOGIA E SUA NATURALIZAÇÃO 1 RESUMO

A EPISTEMOLOGIA E SUA NATURALIZAÇÃO 1 RESUMO A EPISTEMOLOGIA E SUA NATURALIZAÇÃO 1 SILVA, Kariane Marques da 1 Trabalho de Pesquisa FIPE-UFSM Curso de Bacharelado Filosofia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil E-mail:

Leia mais

Kalagatos - Revista de Filosofia. Fortaleza, CE, v. 12 n. 23, Inverno Os limites do conhecimento humano na

Kalagatos - Revista de Filosofia. Fortaleza, CE, v. 12 n. 23, Inverno Os limites do conhecimento humano na Recebido em ago. 2015 Aprovado em out. 2015 Os limites do conhecimento humano na Filosofia de Immanuel Kant Daniel Richardson de Carvalho Sena * Victor Leandro da Silva ** Resumo Este escrito toma como

Leia mais

Teoria do Conhecimento:

Teoria do Conhecimento: Teoria do Conhecimento: Investigando o Saber O que sou eu? Uma substância que pensa. O que é uma substância que pensa? É uma coisa que duvida, que concebe, que afirma, que nega, que quer, que não quer,

Leia mais

Husserl, Heidegger e a

Husserl, Heidegger e a Husserl, Heidegger e a fenomenologia Mariângela Areal Guimarães, professora de Filosofia do Instituto Federal do Rio de Janeiro - IFRJ, Doutora em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro

Leia mais

Descartes filósofo e matemático francês Representante do racionalismo moderno. Profs: Ana Vigário e Ângela Leite

Descartes filósofo e matemático francês Representante do racionalismo moderno. Profs: Ana Vigário e Ângela Leite Descartes filósofo e matemático francês 1596-1650 Representante do racionalismo moderno Razão como principal fonte de conhecimento verdadeiro logicamente necessário universalmente válido Inspiração: modelo

Leia mais

AULA 01 FILOSOFIA DO DIREITO KANT E A FILOSOFIA CRÍTICA

AULA 01 FILOSOFIA DO DIREITO KANT E A FILOSOFIA CRÍTICA AULA 01 FILOSOFIA DO DIREITO KANT E A FILOSOFIA CRÍTICA 1. A VIDA DE EMANUEL KANT (1724 1804) Nasceu em Königsberg, cidade da Prússia, em 1724. A condição de sua família era modesta. Foi educado no Colégio

Leia mais

Immanuel Kant Traduzido por Fabian Scholze Domingues e Gerson Roberto Neumann

Immanuel Kant Traduzido por Fabian Scholze Domingues e Gerson Roberto Neumann Do sentido interno Immanuel Kant Traduzido por Fabian Scholze Domingues e Gerson Roberto Neumann 1 Breve introdução ao Fragmento de Leningrado, de Immanuel Kant (Por Fabian Scholze Domingues) A presente

Leia mais

A SÍNTESE DO CONHECIMENTO E SUA RELAÇÃO COM AS INTUIÇÕES PURAS NA CRP 1

A SÍNTESE DO CONHECIMENTO E SUA RELAÇÃO COM AS INTUIÇÕES PURAS NA CRP 1 A SÍNTESE DO CONHECIMENTO E SUA RELAÇÃO COM AS INTUIÇÕES PURAS NA CRP 1 Hálwaro Carvalho Freire 2 RESUMO: O seguinte trabalho tem como finalidade tratar do modo como o sujeito transcendental estabelece

Leia mais

COLÉGIO SHALOM ENSINO MEDIO 1 ANO - filosofia. Profº: TONHÃO Disciplina: FILOSOFIA Aluno (a):. No.

COLÉGIO SHALOM ENSINO MEDIO 1 ANO - filosofia. Profº: TONHÃO Disciplina: FILOSOFIA Aluno (a):. No. COLÉGIO SHALOM ENSINO MEDIO 1 ANO - filosofia 65 Profº: TONHÃO Disciplina: FILOSOFIA Aluno (a):. No. ROTEIRO DE RECUERAÇÃO ANUAL 2016 Data: / / FILOSOFIA 1º Ano do Ensino Médio 1º. O recuperando deverá

Leia mais

Lógica. Abílio Rodrigues. FILOSOFIAS: O PRAZER DO PENSAR Coleção dirigida por Marilena Chaui e Juvenal Savian Filho.

Lógica. Abílio Rodrigues. FILOSOFIAS: O PRAZER DO PENSAR Coleção dirigida por Marilena Chaui e Juvenal Savian Filho. Lógica Abílio Rodrigues FILOSOFIAS: O PRAZER DO PENSAR Coleção dirigida por Marilena Chaui e Juvenal Savian Filho São Paulo 2011 09 Lógica 01-08.indd 3 4/29/11 2:15 PM 1. Verdade, validade e forma lógica

Leia mais

Enunciados Quantificados Equivalentes

Enunciados Quantificados Equivalentes Lógica para Ciência da Computação I Lógica Matemática Texto 15 Enunciados Quantificados Equivalentes Sumário 1 Equivalência de enunciados quantificados 2 1.1 Observações................................

Leia mais

Filosofia (aula 13) Dimmy Chaar Prof. de Filosofia. SAE

Filosofia (aula 13) Dimmy Chaar Prof. de Filosofia. SAE Filosofia (aula 13) Prof. de Filosofia SAE leodcc@hotmail.com (...) embora todo conhecimento comece com a experiência, nem por isso ele se origina justamente da experiência. Pois poderia bem acontecer

Leia mais

Principais ideias de Kant Capítulo 7-8ºano

Principais ideias de Kant Capítulo 7-8ºano Principais ideias de Kant Capítulo 7-8ºano Tudo o que aparece na nossa mente, as representações ou os fenômenos, aparece sob certas condições. Os fenômenos dependem das impressões sensíveis e de nossa

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

BuscaLegis.ccj.ufsc.br BuscaLegis.ccj.ufsc.br A Dúvida Metódica Em Descartes Antonio Wardison Canabrava da Silva* A busca pelo conhecimento é um atributo essencial do pensar filosófico. Desde o surgimento das investigações mitológicas,

Leia mais

SERGIO LEVI FERNANDES DE SOUZA. Principais mudanças da revolução copernicana e as antinomias da razão pura.

SERGIO LEVI FERNANDES DE SOUZA. Principais mudanças da revolução copernicana e as antinomias da razão pura. SERGIO LEVI FERNANDES DE SOUZA Principais mudanças da revolução copernicana e as antinomias da razão pura. Santo André 2014 INTRODUÇÃO Nunca um sistema de pensamento dominou tanto uma época como a filosofia

Leia mais

Maria Luiza Costa

Maria Luiza Costa 45 ESTÉTICA CLÁSSICA E ESTÉTICA CRÍTICA Maria Luiza Costa m_luiza@pop.com.br Brasília-DF 2008 46 ESTÉTICA CLÁSSICA E ESTÉTICA CRÍTICA Resumo Maria Luiza Costa 1 m_luiza@pop.com.br Este trabalho pretende

Leia mais

O DASEIN E SUA CONDIÇÃO ONTOLÓGICA DE ANGÚSTIA. Greyce Kelly de Souza Jéferson Luís de Azeredo

O DASEIN E SUA CONDIÇÃO ONTOLÓGICA DE ANGÚSTIA. Greyce Kelly de Souza Jéferson Luís de Azeredo O DASEIN E SUA CONDIÇÃO ONTOLÓGICA DE ANGÚSTIA Greyce Kelly de Souza greycehp@gmail.com Jéferson Luís de Azeredo jeferson@unesc.net Resumo: Neste artigo pretende-se analisar a relação ontológica entre

Leia mais

IMMANUEL KANT ( )

IMMANUEL KANT ( ) IMMANUEL KANT (1724-1804) Algumas Obras: -Crítica da Razão Pura. -Fundamentação da Metafísica dos Costumes. -Crítica da Razão Prática. -A Religião no simples limite da Razão. O Ser humano guiar-se por

Leia mais

TEORIA DO CONHECIMENTO. Aulas 2, 3, 4,5 - Avaliação 1 Joyce Shimura

TEORIA DO CONHECIMENTO. Aulas 2, 3, 4,5 - Avaliação 1 Joyce Shimura TEORIA DO CONHECIMENTO Aulas 2, 3, 4,5 - Avaliação 1 Joyce Shimura - O que é conhecer? - Como o indivíduo da imagem se relaciona com o mundo ou com o conhecimento? Janusz Kapusta, Homem do conhecimento

Leia mais

Kant: Reprodução e esquema

Kant: Reprodução e esquema A Revista de Filosofia Claudio Sehnem* Kant: Reprodução e esquema RESUMO Este trabalho tem por objetivo compreender as relações entre a síntese da reprodução na imaginação e o esquematismo. Sabe-se que

Leia mais

Teoria do conhecimento de David Hume

Teoria do conhecimento de David Hume Hume e o empirismo radical Premissas gerais empiristas de David Hume ( que partilha com os outros empiristas ) Convicções pessoais de David Hume: Negação das ideias inatas A mente é uma tábua rasa/folha

Leia mais

CONSIDERAÇÕES A PROPÓSITO DO TEMPO NA CRÍTICA DA RAZÃO PURA : UMA LEITURA INTRODUTÓRIA SOBRE AS POSSIBILIDADES DE CONHECIMENTO DO FENÔMENO TEMPO

CONSIDERAÇÕES A PROPÓSITO DO TEMPO NA CRÍTICA DA RAZÃO PURA : UMA LEITURA INTRODUTÓRIA SOBRE AS POSSIBILIDADES DE CONHECIMENTO DO FENÔMENO TEMPO CONSIDERAÇÕES A PROPÓSITO DO TEMPO NA CRÍTICA DA RAZÃO PURA : UMA LEITURA INTRODUTÓRIA SOBRE AS POSSIBILIDADES DE CONHECIMENTO DO FENÔMENO TEMPO João Vitor Gobis Verges 1 43 1 Discente de mestrado do programa

Leia mais

CONSIDERAÇÕES ACERCA DO DISCURSO COTIDIANO NO PENSAMENTO DE MARTIN HEIDEGGER

CONSIDERAÇÕES ACERCA DO DISCURSO COTIDIANO NO PENSAMENTO DE MARTIN HEIDEGGER CONSIDERAÇÕES ACERCA DO DISCURSO COTIDIANO NO PENSAMENTO DE MARTIN HEIDEGGER Marcos Paulo A. de Jesus Bolsista PET - Filosofia / UFSJ (MEC/SESu/DEPEM) Orientadora: Profa. Dra. Glória Maria Ferreira Ribeiro

Leia mais

Kant e Schopenhauer: uma análise das noções de Espaço e Tempo kantianos na epistemologia schopenhaueriana

Kant e Schopenhauer: uma análise das noções de Espaço e Tempo kantianos na epistemologia schopenhaueriana : uma análise das noções de Espaço e Tempo kantianos na epistemologia schopenhaueriana Kant and Schopenhauer: an analysis of the Kantian concepts of Space and Time in Schopenhauer s epistemology Alexander

Leia mais

GEOMETRIA DE POSIÇÃO OU GEOMETRIA EUCLIDIANA

GEOMETRIA DE POSIÇÃO OU GEOMETRIA EUCLIDIANA GEOMETRIA DE POSIÇÃO OU GEOMETRIA EUCLIDIANA PONTO, RETA, PLANO E ESPAÇO; PROPOSIÇÕES GEOMÉTRICAS; POSIÇOES RELATIVAS POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE PONTO E RETA POSIÇÕES RELATIVAS DE PONTO E PLANO POSIÇÕES

Leia mais

Professor Ricardo da Cruz Assis Filosofia- Ensino Médio IMMANUEL KANT

Professor Ricardo da Cruz Assis Filosofia- Ensino Médio IMMANUEL KANT Professor Ricardo da Cruz Assis Filosofia- Ensino Médio IMMANUEL KANT Nasceu em 1724 em Könisberg, na Prússia Oriental. Könisberg, foi a cidade onde viveu, onde estudou e onde ensinou. Começou por estudar

Leia mais

FILOSOFIA COMENTÁRIO DA PROVA DE FILOSOFIA

FILOSOFIA COMENTÁRIO DA PROVA DE FILOSOFIA COMENTÁRIO DA PROVA DE FILOSOFIA Mais uma vez a UFPR oferece aos alunos uma prova exigente e bem elaborada, com perguntas formuladas com esmero e citações muito pertinentes. A prova de filosofia da UFPR

Leia mais

filosofia contemporânea

filosofia contemporânea filosofia contemporânea carlos joão correia 2013-2014 1ºSemestre O mundo é a minha representação. - Esta proposição é uma verdade para todo o ser vivo e cognoscente, embora só no homem chegue a transformar-se

Leia mais

IDEALISMO ESPECULATIVO, FELICIDADE E ESPÍRITO LIVRE CURSO DE EXTENSÃO 24/10/ Prof. Ricardo Pereira Tassinari

IDEALISMO ESPECULATIVO, FELICIDADE E ESPÍRITO LIVRE CURSO DE EXTENSÃO 24/10/ Prof. Ricardo Pereira Tassinari IDEALISMO ESPECULATIVO, FELICIDADE E ESPÍRITO LIVRE CURSO DE EXTENSÃO 24/10/2011 - Prof. Ricardo Pereira Tassinari TEXTO BASE 1 PSICOLOGIA: O ESPÍRITO 440 ( ) O Espírito começa, pois, só a partir do seu

Leia mais

As provas da existência de Deus: Tomás de Aquino e o estabelecimento racional da fé. Colégio Cenecista Dr. José Ferreira

As provas da existência de Deus: Tomás de Aquino e o estabelecimento racional da fé. Colégio Cenecista Dr. José Ferreira As provas da existência de Deus: Tomás de Aquino e o estabelecimento racional da fé. Colégio Cenecista Dr. José Ferreira Tomás de Aquino (1221-1274) Tomás de Aquino - Tommaso d Aquino - foi um frade dominicano

Leia mais

Beckenkamp, Joãosinho. Entre Kant e Hegel. Porto Alegre: Edipucrs, 2004, 288 p.

Beckenkamp, Joãosinho. Entre Kant e Hegel. Porto Alegre: Edipucrs, 2004, 288 p. Beckenkamp, Joãosinho. Entre Kant e Hegel. Porto Alegre: Edipucrs, 2004, 288 p. Pedro Geraldo Aparecido Novelli 1 Entre Kant e Hegel tem por objetivo mostrar a filosofia que vai além de Kant e Hegel, mas

Leia mais

8 A L B E R T E I N S T E I N

8 A L B E R T E I N S T E I N 7 PREFÁCIO Este livro pretende dar uma idéia, a mais exata possível, da Teoria da Relatividade àqueles que, de um ponto de vista geral científico e filosófico, se interessam pela teoria mas não dominam

Leia mais

FORMULÁRIO PARA EQUIVALÊNCIA DE DISCIPLINAS / COMPONENTES FORMULÁRIO PARA EQUIVALÊNCIA DE DISCIPLINAS / COMPONENTES

FORMULÁRIO PARA EQUIVALÊNCIA DE DISCIPLINAS / COMPONENTES FORMULÁRIO PARA EQUIVALÊNCIA DE DISCIPLINAS / COMPONENTES 1 FIL001 INTRODUÇÃO À FILOSOFIA 8 h FIL063 INTRODUÇÃO À FILOSOFIA 68 h O que é Filosofia; problemas gerais: conhecimento, ciência, política, moral, estética, antropologia filosófica, lógica, correntes

Leia mais

Material Teórico - Módulo de Função Exponencial. Primeiro Ano - Médio. Autor: Prof. Angelo Papa Neto Revisor: Prof. Antonio Caminha M.

Material Teórico - Módulo de Função Exponencial. Primeiro Ano - Médio. Autor: Prof. Angelo Papa Neto Revisor: Prof. Antonio Caminha M. Material Teórico - Módulo de Função Exponencial Gráfico da Função Exponencial Primeiro Ano - Médio Autor: Prof. Angelo Papa Neto Revisor: Prof. Antonio Caminha M. Neto 0 de dezembro de 018 1 Funções convexas

Leia mais

Metafísica: Noções Gerais (por Abraão Carvalho in:

Metafísica: Noções Gerais (por Abraão Carvalho in: : Noções Gerais (por Abraão Carvalho in: www.criticaecriacaoembits.blogspot.com) é uma palavra de origem grega. É o resultado da reunião de duas expressões, a saber, "meta" e "physis". Meta significa além

Leia mais

CORRENTES DE PENSAMENTO DA FILOSOFIA MODERNA

CORRENTES DE PENSAMENTO DA FILOSOFIA MODERNA CORRENTES DE PENSAMENTO DA FILOSOFIA MODERNA O GRANDE RACIONALISMO O termo RACIONALISMO, no sentido geral, é empregado para designar a concepção de nada existe sem que haja uma razão para isso. Uma pessoa

Leia mais

Trabalho sobre: René Descartes Apresentado dia 03/03/2015, na A;R;B;L;S : Pitágoras nº 28 Or:.Londrina PR., para Aumento de Sal:.

Trabalho sobre: René Descartes Apresentado dia 03/03/2015, na A;R;B;L;S : Pitágoras nº 28 Or:.Londrina PR., para Aumento de Sal:. ARBLS PITAGORAS Nº 28 Fundação : 21 de Abril de 1965 Rua Júlio Cesar Ribeiro, 490 CEP 86001-970 LONDRINA PR JOSE MARIO TOMAL TRABALHO PARA O PERÍODO DE INSTRUÇÃO RENE DESCARTES LONDRINA 2015 JOSE MARIO

Leia mais

Tópicos de Matemática. Teoria elementar de conjuntos

Tópicos de Matemática. Teoria elementar de conjuntos Tópicos de Matemática Lic. em Ciências da Computação Teoria elementar de conjuntos Carla Mendes Dep. Matemática e Aplicações Universidade do Minho 2010/2011 Tóp. de Matemática - LCC - 2010/2011 Dep. Matemática

Leia mais

Curso de extensão em Teoria do Conhecimento Moderna

Curso de extensão em Teoria do Conhecimento Moderna MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA GOIANO Curso de extensão em Teoria do Conhecimento Moderna (Curso de extensão)

Leia mais

Regenaldo da Costa* Palavras-chave Filosofia transcendental. Sujeito transcendental. Ontologia jurídica.

Regenaldo da Costa* Palavras-chave Filosofia transcendental. Sujeito transcendental. Ontologia jurídica. KANT E A IMPOSSIBILIDADE DE UMA ONTOLOGIA JURÍDICA CIENTÍFICA Regenaldo da Costa* RESUMO Na perspectiva da reviravolta copernicana do pensamento, operada por Kant, uma vez que o conhecimento humano é mediado

Leia mais

O ESTADO MODERNO COMO PROCESSO HISTÓRICO A formação do Estado na concepção dialética de Hegel

O ESTADO MODERNO COMO PROCESSO HISTÓRICO A formação do Estado na concepção dialética de Hegel 1 O ESTADO MODERNO COMO PROCESSO HISTÓRICO A formação do Estado na concepção dialética de Hegel ELINE LUQUE TEIXEIRA 1 eline.lt@hotmail.com Sumário:Introdução; 1. A dialética hegeliana; 2. A concepção

Leia mais

Professor Ricardo da Cruz Assis Filosofia - Ensino Médio FILOSOFIA MODERNA

Professor Ricardo da Cruz Assis Filosofia - Ensino Médio FILOSOFIA MODERNA Professor Ricardo da Cruz Assis Filosofia - Ensino Médio FILOSOFIA MODERNA 1 Filosofia moderna é toda a filosofia que se desenvolveu durante os séculos XV, XVI, XVII, XVIII, XIX; começando pelo Renascimento

Leia mais

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE. O que é Ciência?

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE. O que é Ciência? CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE O que é Ciência? O QUE É CIÊNCIA? 1 Conhecimento sistematizado como campo de estudo. 2 Observação e classificação dos fatos inerentes a um determinado grupo de fenômenos

Leia mais

Introdução ao pensamento de Marx 1

Introdução ao pensamento de Marx 1 Introdução ao pensamento de Marx 1 I. Nenhum pensador teve mais influência que Marx, e nenhum foi tão mal compreendido. Ele é um filósofo desconhecido. Muitos motivos fizeram com que seu pensamento filosófico

Leia mais

I g o r H e r o s o M a t h e u s P i c u s s a

I g o r H e r o s o M a t h e u s P i c u s s a Filosofia da Ciência Realidade Axioma Empirismo Realismo cientifico Instrumentalismo I g o r H e r o s o M a t h e u s P i c u s s a Definição Filosofia da ciência é a área que estuda os fundamentos e

Leia mais

PRÁXIS EDUCATIVA Tempo, pensamento e Sociedade Wilson Correia IFBA Valença, BA

PRÁXIS EDUCATIVA Tempo, pensamento e Sociedade Wilson Correia IFBA Valença, BA PRÁXIS EDUCATIVA Tempo, pensamento e Sociedade Wilson Correia IFBA Valença, BA 18.06.2011 Não serei o poeta de um mundo caduco. Também não cantarei o mundo futuro. Estou preso à vida e olho meus companheiros.

Leia mais

TEORIA DOS OBJETOS. Ponto de Partida: a definição de objeto

TEORIA DOS OBJETOS. Ponto de Partida: a definição de objeto Ponto de Partida: a definição de objeto - Do ponto de vista filosófico e conceitual, objeto relaciona-se intrinsecamente à Ontologia, que constitui a parte geral da Metafísica é à teoria do ser enquanto

Leia mais

A LINGUAGEM DO DISCURSO MATEMÁTICO E SUA LÓGICA

A LINGUAGEM DO DISCURSO MATEMÁTICO E SUA LÓGICA MAT1513 - Laboratório de Matemática - Diurno Professor David Pires Dias - 2017 Texto sobre Lógica (de autoria da Professora Iole de Freitas Druck) A LINGUAGEM DO DISCURSO MATEMÁTICO E SUA LÓGICA Iniciemos

Leia mais