LIBERDADE UMA QUESTÃO PESSOAL

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1 LIBERDADE UMA QUESTÃO PESSOAL Fátima Garcia Passos * Resumo Para Immanuel Kant, o exercício da liberdade, em sua plenitude, é inseparável do conceito da moral. Devemos, logo podemos. Nesse ambiente, a pureza da intenção lutará sempre contra as influências de máximas sugeridas pelas inclinações que se apresentam. Mas todo o principio da moral, afirma o filósofo, reside em nossa razão autônoma. Palavras-chave: liberdade, agir moral, dever. Abstract For Immanuel Kant, the exercise of the freedom, in its fullnesss is in- inseparable of the concept of the moral. We must, thus we can. In this environment, the pureness of the intention will always fight against the influences of principles inclinations that present thenselves. But all the beginning of the moral, afirms the philosopher inhabits in our independent reason. Keywords: freedon, moral acting, must. 1. A liberdade Idéias como liberdade, agir moral e dever são na Fundamentação da Metafísica dos Costumes 1 de Immanuel Kant o fim último do ser racional, daí resultando a necessidade do homem responsabilizar-se por sua liberdade identificada com a lei moral. Para o filósofo o homem necessita da filosofia como ciência que lhe ensina a ocupar como convém, o lugar que lhe está destinado e a partir do qual ele pode aprender o que lhe é necessário. Neste contexto se interliga não somente filosofia e moral, mas conceitos como moralidade, liberdade e dever. O ser verdadeiramente livre para Kant agirá determinado pela lei moral que no fim sempre se identificará com a própria liberdade do ser racional, o ser é livre e o é não apenas porque possui a liberdade, mas porque responde por suas decisões, diferenciando-se com isto de outros seres. A razão prática é a liberdade como instauração de normas e fins éticos, portanto seu status é superior ao da razão pura, pois só a primeira pode proporcionar o que se entende como fim último de toda racionalidade, ou seja, a destinação moral do homem como criatura * Aluna do curso de mestrado da UGF -Linha de concentração ética e gênero. Mestre pela UFJF..Professora de Filosofia e Ética nos cursos de Direito e Administração da Fundação São José. 1 Cf.KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos costumes, 1 ed. (Tradução. Paulo Quintela) São Paulo, Editor Victor Civita, 1974, Coleção Os Pensadores.

2 racional levando-o a ocupar o lugar que lhe é reservado. Somente a razão prática tem o poder para criar normas e fins morais, tendo também o poder para impô-las. Essa imposição que a razão prática faz à vontade daquilo que ela própria criou é o dever. Este, portanto, longe de ser uma imposição externa feita à nossa vontade, é a expressão da lei moral em nós. Por conseguinte obedecer-lha é, obedecer a si mesmo. Por dever damos a nós mesmos os valores, os fins e as leis de nossa ação moral e por isso somos autônomos. 2.A natureza no homem Todavia se o somos (racionais e livres) por que valores, fins e leis morais precisam assumir a forma de dever? No que Kant responde, porque além de racionais somos naturais, submetidos, portanto à causalidade necessária na natureza. Nossos sentimentos, nossas emoções e comportamentos são a naturezas em nós e exercem domínio sobre nosso agir, submetendo-nos à causalidade natural inexorável. Quem se submete a ela não pode possuir autonomia ética. A natureza em nós nos impele a agir por interesse. Esta é a forma natural do egoísmo que nos leva a usar coisas e pessoas como meios e instrumentos para o que desejamos. Além do que nos iludimos com a idéia de que somos livres e racionais por realizarmos ações que julgamos terem sido decididas por nós, quando na verdade, são impulsos cegos determinados por motivações físicas, psíquicas, vitais, à maneira dos animais. Portanto, como estes impulsos e tendências que Kant chama de inclinações são muito mais fortes em nós do que a razão, a razão prática e a verdadeira liberdade precisam dobrar nossa parte natural e impor-nos nosso ser moral. Elas o fazem obrigando-nos a passar das motivações do interesse para as do dever. Ou seja, o dever revela nossa verdadeira natureza, a de sermos seres racionais. Aquele que cumpre o dever traz estampado em si a própria lei e, portanto é digno do respeito alheio. Seu valor vem de si mesmo, de seu esforço e autodomínio, não é algo ganho externamente. Tal valor surge da racionalidade que ele assume como um bem maior e que lhe confere a real liberdade e assim agindo ele conquista a sua dignidade. Para Kant, a pessoa é um valor absoluto e constitui o centro do agir moral. 3. A liberdade e o dever O agir moralmente se funda exclusivamente na razão. A lei moral que a razão descobre é universal, pois não se trata de descoberta subjetiva (mas do homem enquanto ser racional) e é necessária, pois é ela que preserva a dignidade dos homens. A autonomia,

3 portanto da razão para legislar supõe a liberdade e o dever, mas essa exigência não é heterônoma e cega, e sim livremente assumida pelo sujeito moral que se autodetermina. A ação praticada por dever tira seu valor moral não da intenção do agente ao praticá-la, mas da máxima ou regra subjetiva de ação por ele seguida. Diferentemente do reino da natureza, há o reino humano da práxis, no qual as ações são realizadas racionalmente, não por necessidade causal, mas por finalidade e liberdade. A razão prática é a liberdade, como instauração de normas e fins éticos. A verdadeira ação virtuosa é aquela feita em cumprimento puro e simples do dever. Em um texto de 1783 em que o filósofo responde a um pastor que havia questionado o conceito de Ilustração, Kant afirma que Ilustração é a saída do homem da condição de menoridade auto-imposta. Menoridade é a incapacidade de servir-se de seu entendimento sem orientação de outro. Esta menoridade é auto-imposta quando a causa da mesma reside na carência não de entendimento, mas de decisão e coragem em fazer uso de seu próprio entendimento sem a orientação alheia. Preguiça e covardia prosseguem Kant, são as causas que explicam porque uma grande parte dos seres humanos não é livre. É confortável ser menor. A maioria da humanidade (aí incluindo todo o belo sexo) vê como muito perigoso, além de bastante difícil, o passo a ser dado rumo à maioridade, uma vez que tutores já tomam para si de bom grado a sua supervisão. 2 O filósofo no seu discurso acerca da maioridade faz menção às mulheres. Mas não há na citação uma restrição relativa às condições femininas, que poderia impedir a maioridade na mulher. O que se vê é a constatação da dificuldade do acesso à maioridade para a imensa maioria da humanidade, na qual as mulheres estão incluídas. Também nos escritos referentes à liberdade, agir moral e dever se desconhece qualquer restrição atribuída à mulher no que se refere ao exercício racional capaz de conduzir a moralidade. Assim, é garantida a mulher o direito à liberdade, visto que segundo a concepção kantiana apresentar-se dotado de preceitos morais significa o mesmo que ser livre, pois a liberdade conforme apresentada na Fundamentação da metafísica dos costumes, diz respeito a um direito nato, que garante ao sujeito a independência frente ao constrangimento alheio. Qualquer um que direcionar seu olhar para os escritos filosóficos kantianos referentes à questão do Esclarecimento (Aufkrärung) 3 e também àqueles que dizem respeito à teoria 2 Cf.KANT, Immanuel. Resposta à pergunta: Que é esclarecimento? (Alfkärung), in:textos seletos, (Tradução: Floriano de Souza Fernandes) 5ª edição. Petrópolis, Editora Vozes, ps Cf.KANT, Immanuel. Textos seletos, Op. Cit.,

4 moral, 4 depara-se com argumentos que pretendem assegurar a autonomia e a liberdade do sujeito enquanto ser racional. Sobre o Esclarecimento, argumenta o filósofo: Para este esclarecimento (Alfklärung), porém, nada mais se exige senão liberdade. E a mais inofensiva entre tudo aquilo que se possa chamar liberdade, a saber: a de fazer uso público de sua razão em todas as questões....a maioridade então, está para aquele que tenha suficiente coragem e decisão para servir-se de si mesmo sem a direção de outrem....a culpa de habituar-se na menoridade recai, portanto, sobre o próprio sujeito, que se mantêm sob o regime da covardia e da preguiça. 5 Dito isto, a primeira questão que vem à tona é: Estaria Kant também fazendo menção às mulheres em seu discurso sobre o Esclarecimento? Teria também a mulher direito à liberdade? 4. A mulher sob o olhar kantiano Esta maioridade de que fala Kant no texto O que é o Iluminismo e que seria o abandono da menoridade pela humanidade se operasse uma mudança em si mesma, não seria conseguida pela mulher se nos ativer às colocações que o filósofo faz sobre a mesma em Observações sobre o sentimento do belo e do sublime 6 : O estudo laborioso ou a especulação penosa, mesmo que uma mulher nisso se destaque, sufocam os traços que são próprios o seu sexo; e, não obstante dela façam, por sua singularidade, objeto de uma fria admiração, ao mesmo tempo enfraquecem os estímulos por meio dos quais exerce seu grande poder sobre o outro sexo. Também no livro Antropologia de um ponto de vista pragmático 7 Kant observa que a mulher faz de si mesma um objeto de gosto dos demais, ou seja, ela não é um fim em si mesmo, mas um meio para outros: 4 KANT, Immauel. Fundamentação da Metafísica dos costumes. Op. cit., 5 KANT, Immanuel. Textos seletos, Op. Cit.,p KANT, Immanuel. Observações sobre o sentimento do belo e do sublime, ( Tradução: Vinicius de Figueiredo), Campinas São Paulo, Papiros Editora, p.49 7 Cf. KANT, Immanuel. Antropologia de um ponto de vista pragmático, (Tradução Cléia Aparecida Martins), São Paulo, Editora Iluminuras, 2006 p. 203

5 O homem tem gosto para si, a mulher faz de si mesma objeto de gosto para todos. _ O que o mundo diz é verdade, e o que ele faz é bom, é um princípio feminino, que dificilmente se deixa conjugar com um caráter no significado estrito da palavra. Existiram, todavia, mulheres valorosas que, em relação aos seus assuntos domésticos, sustentaram com glória um caráter condizente com esse seu destino. Ora, Kant era filho de seu tempo. 8 No século XVIII as mulheres eram consideradas menores com relação às questões civis, estando primeiramente sob a tutela do pai e depois sob a tutela do marido. Embora neste mesmo século algumas mulheres se destacassem pelas produções intelectuais, sendo reconhecidas pelo próprio filósofo, como Anne Dacier ( ) que comentou e traduziu clássicos grego-romanos e Gabrielle Emille ( ), marquesa de Châtelet, intimamente ligada a Voltaire, que traduziu e comentou os princípios de Newton. 9 O próprio reconhecimento do filósofo de que havia mulheres inteligentes é uma prova de que à mulher não é vedada à possibilidade de chegar à maturidade e a liberdade da Ilustração. Em Observações sobre a natureza do belo e do sublime 10, a mulher é representada através das qualidades originárias do sentimento do belo. São estas: honestidade, piedade, compaixão e solicitude. A simplicidade e a ingenuidade determinam a modéstia, e assim temse garantida a benevolência e o respeito para com os outros. Já a sensibilidade e a vaidade são consideradas pelo filósofo como debilidades. O sexo masculino é considerado sob os aspectos do sublime. Cabe, contudo mencionar que ao determinar a mulher através do sentimento do belo, Kant pretende distinguir o sexo através da atribuição de especificidade próprias deste, mas isto não impedirá que tais designações sejam encontradas no sexo sublime e vice-versa. Kant também argumenta que o refinamento do gosto feminino se dá através das sensações. Ele acreditava que a mulher não seria capaz de se nortear segundo princípios, mas com isto não esperava ofende-la, pois princípios também não eram facilmente encontrados no sexo masculino. O filósofo também afirma que a sabedoria da mulher não consiste em raciocinar, pois seu entendimento é qualitativamente diferente do masculino: ele não foi feito para se ocupar de conhecimentos complexos e abstratos. 8 Pois como coloca Michel Foucault em um artigo intitulado Nietzsche, Freud, Marx inserido no livro Ditos e escritos,(tradução Manuel Barro de Motta) Volume 5.Rio de janeiro. Editora Forense Não existe um ser consciente que interpreta os elementos, pois o que existe são forças que nos atravessam como sistemas de interpretação e elas estão além de nossa vontade. 9 KANT, Immanuel. Observações sobre o sentimento do belo.op. cit., p Cf. KANT, Immanuel. Observações sobre o sentimento do belo. Op. cit., p.48

6 5. A liberdade independe de gênero Mas Kant, ao invés de buscar os fundamentos de sua moral na metafísica, vai estabelecer os fundamentos de uma metafísica na moral, a título de postulados da razão prática. 11 E é no domínio da moral que a razão poderá legitimamente manifestar-se. Portanto se para Kant a mulher não teria condições por conta de sua natureza de ter um entendimento acerca das questões da razão pura, a meu ver ela pode ser considerada apta para o exercício racional, capaz de conduzir-se à moralidade, justamente porque tais escritos sustentam-se sobre preceitos estabelecidos apriori, ou seja, não se encontram no âmbito da experiência. Tal discurso direciona-se ao sujeito transcendental, àquele considerado somente sob o aspecto da racionalidade. O sujeito transcendental supera (transcende) o sujeito psicológico sempre submetido às mais variadas influências do meio e da cultura. A superação do sujeito psicológico não é um esforço para se desligar, sair da esfera do eu, para assim atingir o objeto tal qual ele é em si mesmo. É um esforço de objetividade enquanto é um esforço para romper o limite da situação subjetiva psicológica, para alcançar, ainda no interior do sujeito, o nível da Pura Razão, da subjetividade transcendental. É o Eu Razão que se afirma acima das injunções do Eu psicológico. Kant realçou o elemento ético na constituição da pessoa humana. Sob essa perspectiva, definiu a pessoa como a liberdade e a independência diante do mecanismo da natureza em geral, considerada por sua vez, como a faculdade de um ser submetido a leis próprias, ou seja, a leis puras práticas estabelecidas pela própria razão. A pessoa enquanto personalidade moral é a liberdade de um ser racional dirigido por leis morais. O homem retira as leis morais de dentro de si mesmo e, enquanto faz isso, é pessoa. Sendo um centro de liberdade, a pessoa é um fim em si mesmo. Ao considerar a pessoa como um ser de autodeterminação, Kant entendia que ela é capaz de transcender-se continuamente. Transcender-se significa dá vazão à permanente faculdade de superar as limitações tanto físicas quanto sociais, próprias do homem enquanto indivíduo. Mas a superação dessas limitações não significa, necessariamente, rebeldia gratuita contra as características psicofísicas ou contra as normas sociais: pode também acontecer de sua livre aceitação ou adesão às leis da razão pura prática. A razão pela sua própria estrutura universal tem princípios ordenadores que atuam sempre do mesmo modo em todos os sujeitos. E o filósofo mesmo enfatiza: 11 Cf.Kant, Immanuel. Crítica da Razão Prática, (Tradução: Afonso Bertagnoli), São Paulo,Edições e Publicações Brasil Editora S.A p

7 Qualquer inteligência por vulgar que seja, pode distinguir na máxima, qual a forma que se capacita para a legislação universal e qual não se encontra apta para isso. 12 Satisfazer o mandato categórico da moralidade está, a qualquer tempo, na faculdade de cada um. Logo a teoria moral kantiana revela-se independente do gênero. Na Critica da razão pura 13 Kant enfatiza: É necessário que todo o curso de nossa vida seja subordinado a máximas morais; por outro lado, é simultaneamente impossível que isso aconteça se a razão não se conectar com a lei moral, a qual é uma simples idéia, uma causa eficiente que determina ao comportamento conforme àquela lei um êxito exatamente correspondente aos nossos fins supremos seja nesta vida, seja numa outra. A afirmação da imortalidade da alma assegura na visão kantiana ao sujeito moral a condição indispensável da perpetuidade do seu esforço, que deve partir de dentro para fora, porquanto a virtude perde todo seu valor ao deixar-se subjugar por uma imposição de natureza exterior. A partir daí, creio ser possível interpretar que qualquer pessoa, independente de sexo ou crença religiosa, se agir sob a égide da razão pura prática subjugando as próprias inclinações poderá alcançar nesta vida a liberdade que tanto busca. Nessa perspectiva também é possível à mulher realizar este processo de autonomia visto que ninguém emancipa ninguém, sendo este um trabalho individual de amadurecimento racional, independente de gênero. Ou seja, é a partir de um ato de coragem, livre e individual que este amadurecimento feminino pode ser realizado, não em bloco ou em grupo. 6. A liberdade como direito de todos. Mas embora na Fundamentação da Metafísica dos Costumes o filósofo elabore conclusões igualitárias no que tange aos direitos e deveres dos seres humanos independente 12 KANT, Immanuel. Citica da Prática Prática, (Tradução Afonso Bertagnoli), 3ª ed.são Paulo, Edições e Publicações Brasil Editora S. A., 1959, Biblioteca de Autores Célebres. P.50 e KANT,Immanuel. Critica da razão pura, (Tradução Valério Rodhen e Udo Baldur Moosburger), São Paulo, Editora Nova, 1999, Coleção Os Pensadores. P.482

8 do gênero, em outras obras ele descreve a mulher como um ser incapaz de realizar sua liberdade por ser um ser dominado pela sensibilidade e não pela razão. Diante disso, levanto a hipótese de uma possível contradição entre a argumentação acerca da teoria moral e os argumentos referentes à incapacidade da mulher de chegar à maturidade. A questão evidente é, saber até que ponto a igualdade visada na teoria moral kantiana pode conviver com as distinções atribuídas ao sexo feminino no que tange o agir moral. Ou em que medida a concepção universalista de Kant implicaria esta divisão de razão e gênero tão recorrente para ele e comum à sua época? É claro que o fato de Kant não acreditar que a mulher pudesse chegar à maturidade não invalida as suas idéias sobre a moral. Mesmo porque a questão da mulher não compõe o corpus principal de sua obra. Entretanto cabe fazer uma pergunta, a partir daí: Em que medida é pertinente levar em conta esta dicotomia que não se sustenta frente à concepção universalista da razão do próprio Kant e a idéia de dignidade da pessoa humana tão recorrente em seus escritos? Na Fundamentação da metafísica dos costumes Kant privilegia um modelo individualista e masculino de ética centrado na razão e calcado no controle de si e na desvalorização da sensibilidade e dos sentidos. Todavia se qualquer mulher opta por seguir tal caminho em busca de sua liberdade e maturidade, que o faça, mesmo porque para muitas este caminho não é tão árduo assim. E quanto àqueles que acreditam que se todas o fizerem não mais haverá crianças e famílias enganam-se estes, pois nem todas o farão. Embora muitas já o façam mesmo tendo constituído família. A filosofia moral kantiana divide o homem em razão e desejo e só a primeira garante a capacidade moral do sujeito. Todavia esta divisão do homem em dois e da humanidade em duas, a saber, os que pensam e que são capazes de chegar à maturidade e os que apenas existem sentem e enfeitam a vida dos primeiros não abarca todo o universo humano, visto que há homens que são tão ou mais sensíveis que muitas mulheres e mulheres que são tão racionais quanto os homens que as cercam. Ou seja, todas individualmente estão aptas a chegar à maturidade colocando-se sob a égide de imperativos categóricos erigidos como lei universal sobre si mesma, não buscando a felicidade na satisfação das próprias inclinações, mas a liberdade na ética do dever. Portanto, a meu ver, não é vedada à mulher em particular realizar tal empreendimento, embora em grupo muitas não o façam, ora porque isto não lhes apraz, preferindo viver na menoridade comodamente tuteladas por outrem, ora por impossibilidades materiais que lhes cerceiam os atos. Outras, contudo, sem dúvida o farão e utilizando-se das chances que obtiveram realizarão o amadurecimento de que fala Immanuel Kant no texto relativo ao

9 Aufklãrung tanto quanto muitos homens também lá chegarão se para tal trabalharem sobre si mesmos, num trabalho hercúleo de domínio sobre as próprias inclinações. BIBLIOGRAFIA FOUCAULT, Michel. Ditos e escritos, 2 ed. (Tradução Manuel Barros de Motta), Rio de Janeiro, Forense Universitária, 2005 KANT,Immauel. Textos seletos. 5.ed. (Tradução Floriano de Souza Fernandes), Petrópolis, Editora Vozes, 2005 KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes.1.ed. (Tradução Paulo Quintela), São Paulo, Editor Victor Civita, 1974, Coleção Os Pensadores. KANT, Immanuel. Observações sobre o sentimento do belo e do sublime. 2. ed. Campinas, São Paulo, Papirus Editora, 1993 KANT, Immanuel. Antropologia de um ponto de vista pragmático. (Tradução Clélia Aparecida Martins), São Paulo, Editora Iluminuras, 2006 KANT, Immanuel. Crítica da razão pura, (tradução Valério Rodhen e Udo Baldur Moosburger), São Paulo, Editora Nova Cultura, 1999, Coleção Os Pensadores. KANT, Immanuel. Crítica da razão prática. (tradução Afonso Bertagnoli), São Paulo, Edições e Publicações Brasil Editora S. A., 1959, Biblioteca de Autores Célebres.

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