Razão e Progresso na Filosofia da História de Hegel

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1 Razão e Progresso na Filosofia da História de Hegel Mestre em Filosofia pela UNIOESTE Campus de Toledo Resumo: O objetivo do presente artigo é apresentar e analisar os principais pontos em torno da filosofia da história de Hegel. Sua tese afirma que a História é um processo racional e pré-determinado. Trata-se de uma teodicéia, na qual as civilizações ultrapassaram estágios progressivos e determinados até alcançarem a liberdade. Para compreensão dessa filosofia da história trataremos de expor conceitos essenciais como, razão, espírito, Estado e progresso. Palavras-chave: Filosofia. História. Razão. Espírito. Liberdade. Reason and Progress in the Philosophy of the History of Hegel Abstract: The objective of the present article is to present and to analyze the main points around the philosophy of the history of Hegel. His thesis argues that history is a rational process and pre-determined. This is a theodicy in which civilizations evolves progressive stages until they reach the liberty. To understand this philosophy of history will try to expose the key concepts such as reason, spirit, state and progress. Keywords: Philosophy. History. Reason. Spirit. Liberty. O homem não é por natureza o que deveria ser; ele só alcança a verdade pelo processo da transformação (Hegel, Filosofia da História, p. 351) Introdução Hegel é um dos poucos filósofos que construíram um verdadeiro sistema, que expressasse à unidade do todo numa síntese universal. Seu sistema busca explicar tudo. Trata-se de uma visão global de toda realidade, elaborada a partir de princípios determinados. Como sucessor direto de Fichte e Schelling, Hegel constrói uma filosofia própria buscando 99

2 pensar o homem e a sua história, para encontrar o cerne racional do qual brota o devir histórico. Foi durante os anos em que permaneceu em Iena ( ) que surgiram as primeiras concepções de Hegel sobre a filosofia da história. O esboço dessa filosofia aparece em artigos publicados no jornal Crítica da Filosofia, editado por seu colega Schelling. Não obstante, a Filosofia da história de Hegel, foi publicada apenas em Trata-se de uma obra póstuma que foi editada por seus alunos e discípulos, a partir de suas notas de aula. Hegel é um filósofo da totalidade e sua filosofia da história é de fundamental importância para que se alcance uma melhor compreensão sobre o seu sistema filosófico. A Filosofia da história de Hegel é uma importante obra para a compreensão do desenvolvimento da historiografia, já que sua visão da história apresenta características de varias escolas. As concepções hegelianas sobre a história surgem dialogando com a história teológica e com a história iluminista. Seu pensamento aparece como uma síntese do pensamento histórico que o antecedeu. Hegel traz em suas teses as características marcantes da história cristã, concebendo o desenvolvimento histórico como um plano divino e da história progressista, fundamentada no Esclarecimento e na noção de progresso característica do período moderno. A história no período medieval tem como característica marcante a visão cristã dos acontecimentos. Trata-se de uma história escrita no interior dos mosteiros que apresenta a relação entre os fatos e o divino, sem uma concepção crítica por parte desses historiadores vinculados a Igreja Católica. Por conseguinte, se construiu uma visão teológica da história que compreende o movimento histórico como uma manifestação do projeto de Deus. Essa é uma das principais características da história monástica; a interpretação providencial dos acontecimentos históricos, ou seja, a vontade divina como fator determinante do processo histórico. A partir dessa concepção teológica, monges e bispos buscaram escrever grandes histórias universais. 1 Posteriormente, os filósofos do século XVII e XVIII se voltam para a história buscando encontrar nela o predomínio da razão e do progresso. 2 Voltaire, por exemplo, além de ter contribuído muito para a erudição na escrita e pesquisa histórica, buscou escrever uma história universal, a partir da compreensão da evolução das sociedades, da história dos homens. Trata-se de uma história idealista, mas que não é determinada pela vontade divina, mas pela evolução dos costumes e das idéias. Voltaire, assim como outros filósofos iluministas, é um defensor da razão, do homem como determinante de si mesmo e da noção de progresso baseado no esclarecimento. Michelet é outro historiador que busca encontrar um nexo comum na história da humanidade. Na sua obra Introdução a história universal, ele não busca apenas escrever uma história total, mas também se esforça para encontrar um sentido na história, uma 1 Um dos mais importantes historiadores que se insere nessa tradição é Bousset. Em sua obra Discurso sobre a história universal, a história é tratada como a realização da vontade divina, cabendo ao historiador descrever esse designo providencial. 2 Segundo Caire-Jabinet (2003, p. 84): Os filósofos do século XVIII como Montesquieu e Voltaire escrevem a história da civilização com a finalidade de compreender sua época. Nessa perspectiva, a história é posta a serviço da noção de progresso rumo ao qual a humanidade tenderia no futuro. 100

3 razão. Tal sentido é o que ele chama de a unidade da história do gênero humano. Segundo Michelet essa unidade é está presente no confronto permanente entre o homem e a natureza. Por conseguinte, a história nada mais é do que a narração desse combate sem fim. A concepção da história apresentada por Hegel é herdeira dessas duas tradições distintas. Hegel, por um lado, de maneira similar a história medieval, concebe a história como uma teodicéia, como a objetivação do designo de Deus, mas por outro lado, Hegel também é um filósofo do progresso, da liberdade e da razão, é um iluminista. Ao analisarmos as concepções da história em Hegel não podemos perder de vista essa relação entre a sua elaboração e aquelas que o antecederam. Vejamos agora, como é exposta a filosofia da história de Hegel. Razão e História Hegel inicia sua exposição considerando os diferentes tipos de abordagem histórica. Em sua concepção existem três formas de tratar a história: a história original, a história refletida e a propriamente filosófica. Segundo Hegel, a primeira forma, a história original, se reduz a descrição e tradução dos feitos e acontecimentos do presente. Tal abordagem histórica não contém um grande alcance histórico, mas apenas descreve épocas breves, trata-se de representar o tempo presente elaborando narrativas e textos informativos sobre os acontecimentos que os historiadores vislumbram diante de seus olhos. Heródoto e Tucídides são as maiores expressões desse tipo de abordagem histórica pouco abrangente e irreflexiva. O segundo tipo de abordagem histórica é a refletida, que ao contrário da original, ultrapassa o tempo presente. A história refletida se divide em quatro tipos distintos: 1) a história geral aborda a totalidade da história de um povo; 2) a história pragmática trata do ensino e de reflexões morais e é utilizada na formação ética das crianças; 3) a história crítica julga a veracidade e a credibilidade de outras narrativas históricas; 4) a história conceitual já busca uma perspectiva geral e, portanto, constitui uma transição para a história universal filosófica. O terceiro gênero de abordagem da história é a filosófica. Hegel afirma que ao contrário dos tipos de abordagens anteriores, que se submetem e ficam presos ao real existente e seus dados factuais, à filosófica, são atribuídas idéias próprias, que a especulação produz por si mesma, sem considerar o que realmente existe. (1995, p. 16). A tarefa da história filosófica é produzir uma explicação para os acontecimentos e fatos históricos que são independentes desses dados e os antecedem conceitualmente. Hegel (1995, p. 17) afirma que a história parece estar em contradição com a atividade filosófica, pois, a história propriamente dita, atém-se ao existente factualmente e separa a realidade do pensamento. Por sua vez, a filosofia submete a história ao pensamento de acordo com um sistema racional. 3 3 Segundo Hegel, apenas para o filósofo há um sentido na história, pois somente ele compreende que a racionalidade do realizado corresponde à efetividade racional (KERVÉGAN, 2008, p. 109). 101

4 Para Hegel a filosofia da história deve levar o pensamento para a história e encontrar o seu nexo racional, pois os acontecimentos históricos não estão desconexos, isolados e individuais, mas, estreitamente ligados e racionalmente ordenados. A filosofia hegeliana deixa claro que a razão governa mundo, e que, portanto, a história universal é também um processo racional. (1995, p. 17). Hegel é uma das mais importantes expressões da filosofia da Aufklãrung, fortemente influenciado pela Revolução Francesa e pelo ideal do mundo moderno ordenado racionalmente, sua filosofia afirma que a razão não é tão impotente ao ponto de ser apenas um ideal, um simples dever-ser, que não existiria na realizado, [...] Ela é o conteúdo infinito, toda essência e verdade. (1995, p. 17). A filosofia da história hegeliana afirma que o mundo é governado racionalmente, pois a razão está na história, e está, por sua vez, não está entregue ao acaso e a improvisações aleatórias. Se a razão está na história e é essa força que rege o mundo, o papel do filósofo é buscar nos acontecimentos e ações que parecem isolados, o seu estreito nexo racional. 4 O objeto analisado por Hegel é a história universal e seu problema é descobrir as leis que regem o devir histórico, leis que não apenas dirigem, mas que se revelam na própria história. Para Hegel (1995, p. 17) o estudo da história universal resultou e deve resultar em que nela tudo aconteceu racionalmente, que ela foi a marcha racional e necessária do espírito universal. Segundo essa concepção a história universal tem sido uma teodicéia 5, na qual os fatos históricos ocorrem obedecendo a uma providência divina e, portanto, necessária e inevitável para a reconciliação do espírito consigo mesmo. Hyppolite (1983) afirma que a posição que Hegel assume em relação à história e à razão, traz à discussão os conceitos de Positividade e Destino. A positividade aparece como o que é dado e se impõe ao homem do exterior mediante coação e autoridade. Por conseguinte, a idéia de destino traz à tona a influência da tragédia grega que aparece na filosofia hegeliana como a manifestação do espírito. O destino é o espírito que se manifesta e se revela na história, do interior para o exterior, revelando a fortuna de um indivíduo ou de um povo. A história para Hegel é trágica, pois se a comédia é o homem se elevando e fugindo do seu destino, por sua vez, a tragédia é o homem reconhecendo e se reconciliando com o destino. 6 4 Hegel não se fixa pelo acontecimento histórico, procura compreender o seu sentido profundo e descobrir uma evolução de valores sob uma mudança de instituições. [...] Apreender as transformações do espírito do mundo, adaptar o pensamento ao devir espiritual, tal é em primeiro lugar o objetivo de Hegel. (HYPPOLITE, 1983, p.29). 5 A filosofia da história é a verdadeirateodicéia. Mas em Hegel esse tema tem sentido bem diverso do que nos românticos, enquanto em Novalis ou Shlegel a afirmação do sentido teológico da história visa humilhar as pretensões da razão esclarecida, a teodicéia histórica de Hegel desenvolve uma racionalidade que as luzes cometeram o equívoco de conceber segundo o entendimento finito. Para que o Estado racional possa assegurar a reconciliação do espírito consigo mesmo, é preciso afastar o risco de uma ruptura inseparável da vida ética. (KERVÉGAN, 2008, p. 108). 6 Compreender o espírito de um povo, o seu destino, não consiste, com efeito, em justapor singularidades históricas, mas em penetrar o seu sentido; o destino não é uma força brutal, é interioridade que se manifesta na exterioridade, revelação da vocação do indivíduo. Portanto, para apreender o destino de um povo, é preciso efetuar a síntese originária que Hegel vai buscar em Kant, mas que aplica às realidades espirituais e que entendo sob uma forma viva um sentido. (HYPPOLITE, 1983, p. 48). 102

5 A determinação da razão ou a natureza do espírito Após esclarecer que a história universal é dirigida por um princípio racional, Hegel expõe a determinação desse princípio. Trata-se de analisar a determinação em si da razão, ou seja, trata-se de revelar a determinação do espírito que governa o mundo. A razão ou espírito é definido como substância, conteúdo, matéria ativa e consciente para sua própria atividade. Se a razão é o pensar livre e determinante de si mesmo (HEGEL, 1995, p. 19) ela não se constitui de material externo, não necessita de meios dados exteriores, pois ela é pura inquietude, atuação e produção que se alimenta de si mesma. Os pressupostos que coordenam sua atividade incessante não são encontrados nos fatos exteriores, mas nela mesma, na própria interioridade do espírito. 7 Ao definir a natureza do espírito, Hegel (1995, p. 23) diz claramente que a substância, a essência do espírito, é a liberdade. E se o espírito parece ter outras propriedades, a filosofia, ensina-nos que todas as propriedades do espírito só existem mediante a liberdade, são todas apenas meios para a liberdade, todas procuram e a criam. A filosofia especulativa de Hegel não deixa dúvidas de que a liberdade é a única verdade do espírito. A substância que rege o mundo e produz o devir histórico se revelando na própria história é a liberdade. Ela é a natureza e essência que conduz a história universal por diversos estágios, que são etapas necessárias para a reconciliação do espírito, ou seja, para a que cada homem se torne consciente dessa substancialidade. O espírito, como foi dito, é em si e por si, sua unidade e substância não se encontram na exterioridade, mas na sua interioridade, pois o espírito esta em si mesmo. Essa é a natureza da liberdade, é a sua independência. A independência de outro, de algo externo, que não está em si mesmo é o que caracteriza o homem livre. Quando sou dependente de outro que não sou eu, me relaciono com algo fora de mim e não sou por mim mesmo, não sou livre, pois segundo Hegel (1995, p. 24), eu sou livre quando estou em mim mesmo. Esse estar em si mesmo do espírito é a autoconsciência, a consciência de si mesmo. Hegel determina que a conscientização e objetivação da liberdade é o nexo racional que governa a história universal. O progresso na consciência da liberdade é fio condutor das transformações históricas, das ações e acontecimentos que pareciam estar desconexos. A história universal começa com o objetivo geral de que o conceito seja satisfeito em si, quer dizer, como natureza; ele é o instinto inconsciente interior mais profundo, e todo trabalho da história universal é trazê-lo à consciência (HEGEL, 1995, p. 29). As grandes civilizações representam estágios necessários que o espírito precisou ultrapassar para o homem adquirir a consciência de que é livre e transformar essa consciência, ainda subjetiva em realidade. A filosofia de Hegel (1995, p. 67) afirma que a história universal é, de maneira geral, a exteriorização do espírito no tempo, enquanto a natureza é o desenvolvimento da idéia no espaço. A história universal aparece para Hegel, como o processo no qual o espírito que abandona a si mesmo, se reconhece e se desenvolve no tempo e no espaço, retornando a si mesmo. A liberdade em si mesma, enquanto substância do espírito é a única finalidade da história racionalmente ordenada. 7 O espírito [...] não possui a unidade fora de si, ele a encontrou. Ele é em si mesmo e por si mesmo. A matéria tem a sua substância fora de si; o espírito é o ser por si mesmo. (HEGEL, 1995, p. 24). 103

6 Todas as realizações da história universal convergiram para esse objetivo final, para o auto-reconhecimento do espírito. 8 O indivíduo na História Uma vez determinada à natureza do espírito, Hegel se preocupa em investigar os meios de realização desse princípio, ou seja, como a liberdade se produz no mundo se revelando na própria história. A liberdade até agora foi analisada apenas como um princípio geral e abstrato. O espírito que governa o curso da história universal aparece como algo interior e verdadeiro, mas que ainda é subjetivo, que está em nossos pensamentos e não tem existência. Hegel trata agora do segundo momento, o da realização da idéia. O meio para a realização do princípio é a vontade, a própria atividade humana. Apenas por meio dessa atividade é que esse conceito e as suas próprias determinações serão concretizadas, pois eles não vigora diretamente por si mesmos. (HEGEL, 1995, p. 27). O Espírito só pode se manifestar na história por meio da atividade humana, a liberdade é um conceito interior e só ganha existência, ou seja, torna-se algo exterior, mediante as ações dos homens. Surge uma nova questão; o que mobiliza a atividade humana? Hegel (1995, p. 27) afirma claramente que o que movimenta o homem é a necessidade, o instinto, a tendência e a paixão do homem. A vontade subjetiva é o fator que atua e exterioriza a idéia que é interior. A atividade humana, meio pelo qual o Espírito se exterioriza e ganha existência, é uma atividade na qual o homem busca satisfação. A ação humana é sempre direcionada a um objetivo, a um fim em particular, no qual o homem se empenha para alcançar um proveito determinado que lhe agrade. Em uma passagem quase poética, Hegel (1995, p. 28) afirma que nada de grande acontece no mundo sem paixão. 9 O homem não atua apenas interessado em um interesse geral, mas em última instância, o empenho de sua atividade tem por objetivo sua própria satisfação, sua atividade carrega conscientemente um conteúdo particular e não geral. Não obstante, mesmo uma atividade dirigida a um objetivo particular alcança algo mais abrangente, algo que não estava na consciência do autor que a realiza. Mesmo os grandes homens da história, os indivíduos históricos universais, como Alexandre da Macedônia, Júlio César e Napoleão, cujos fins particulares carregam a substância da vontade universal, não tinham a consciência da idéia. Esses administradores do Espírito, não tinham a consciência de que sua atividade carregava em si, a manifestação do espírito universal. Não obstante, Hegel destaca que os grandes homens buscavam apenas a própria satisfação e não satisfazer os outros. Mas a satisfação dos grandes homens não é a mesma dos homens comuns. Os grandes homens buscam uma satisfação superior, buscam grandes 8 A História toda se torna como que uma espécie de strip-tease do Espírito, se revelando a si próprio, tomando consciência e posse de si por uma liberdade cada vez maior. (NÓBREGA, 2005, p. 71). 9 Paixão é o lado subjetivo, formal, da energia, da vontade e da atividade, no qual o conteúdo ou o objetivo ainda permanecem indeterminados. O mesmo se encontra na própria convicção, no próprio pensamento e na própria consciência. Sempre depende do conteúdo de minha convicção, do objetivo da minha paixão, se um ou outro é de natureza verídica. (HEGEL, 1995, p. 29). 104

7 feitos históricos, a glória e a eternidade, enquanto que os homens comuns se satisfazem na vida privada. Por isso, as ações dos grandes homens, chamados por Hegel de guias das almas tem um caráter universal e superior as ações do homem comum. 10 Portanto, os indivíduos históricos atuam na história segundo as determinações de sua vontade subjetiva que visa um fim particular, todavia, suas ações inconscientemente têm um alcance muito maior, se tornando expressão da vontade do espírito universal. 11 São fins particulares desejados que alcançam fins universais inconscientes, resultado da busca de glórias histórico-universais dos administradores do espírito universal. O Estado como a configuração existencial da liberdade A filosofia de Hegel contém uma das mais importantes elaborações sobre o conceito de Estado. Em obras como a Filosofia do Direito e também na sua Filosofia da História, o Estado é tema central da sua análise. Este conceito já foi objeto de pesquisa de inúmeros livros e trabalhos importantes. Desenvolver uma análise sistemática sobre o conceito de Estado em Hegel é um objetivo que escapa as intenções do presente artigo. Por conseguinte, não vamos nos aprofundar no debate acerca do Estado em Hegel, apenas traçaremos os pontos fundamentais desse conceito, conforme exposto e na filosofia da história. Depois de determinar a natureza do Espírito, Hegel expôs os meios para a sua realização na história, nesse sistema o Estado aparece como o terceiro momento. Trata-se do momento material, no qual a idéia realizada pela atividade humana ganha configuração existencial. O Estado aparece em Hegel (1995, p. 39) como a realidade na qual o indivíduo tem e desfruta a sua liberdade, como saber, crença e vontade do universal. O Estado é a realização da liberdade é a configuração na qual a idéia ganha vida, se objetiva. Se o Estado é a forma existencial da liberdade, que é a natureza do espírito, logo, Hegel chega à conclusão de que só fazem parte da história universal os povos que constituíram um Estado. Os povos que não formaram um Estado, são povos sem história, estão excluídos da história universal, pois esses povos não conheceram a configuração existencial da liberdade. Segundo a interpretação de Hegel são povos pré-históricos e, por isso, não despertam nenhum interesse à filosofia da história. A finalidade absoluta do Estado é garantir a liberdade dos homens e, portanto, existe em si mesmo e se conserva em si mesmo. O Estado é o que existe, é a vida real e ética, pois ele é a unidade do querer universal, essencial, e do querer subjetivo e isso é a moralidade objetiva (HEGEL, 1995, p. 39). O Estado é a realização existencial da liberdade na medida em que representa a conciliação entre a vontade subjetiva e objetiva. A unidade entre a vida particular e a vida pública é encontrada no Estado e se manifesta por meio de 10 Alexandre da Macedônia conquistou parte da Grécia e depois a Ásia: portanto foi impelido pela mania de conquistas. Ele agiu graças à sua obsessão pela glória, pela conquista, e a prova de que foi movido por essas obsessões é que fez exatamente aquilo que lhe trouxe a glória. (HEGEL, 1995, p. 34). 11 De fato é a Razão quem dirige a História. E existe uma astúcia da Razão, utilizando os homens da História universal, imbuídos que são, regra geral, da sede do poder da glória, da ambição, para através disto que eles buscaram restar para a humanidade uma liberdade maior, um estágio superior de civilização em que eles não pensaram. (NÓBREGA, 2005, p. 71). 105

8 suas leis universais. 12 Sobre essa questão em discussão, se faz necessário explicar o significado de liberdade em Hegel. Para ele o conceito tem um sentido metafísico e expressa um rompimento entre Hegel e os filósofos iluministas franceses. Na filosofia hegeliana a liberdade não se expressa no livre arbítrio dos indivíduos. Por conseguinte, não se trata de uma liberdade individualista e isolada, confirmada no interesse do indivíduo por si mesmo, mas, pelo contrário, se trata de uma liberdade que se expressa na integração do indivíduo no todo. 13 Hegel se defende das acusações de que o Estado, ao contrário do que ele desenvolve, não representa a realização da liberdade, mas, a sua limitação. Para Hegel, a concepção de que o Estado limita a liberdade natural é uma idéia individualista e isolada de liberdade. Não obstante a limitação dos instintos, da cobiça e da paixão aparecem como momento necessário para a realização da liberdade como um todo, pois tal limitação é pura e simplesmente a condição da qual surge a liberdade, sendo a sociedade e o Estado as condições nas quais a liberdade se realiza (HEGEL, 1995, p. 41). O conceito de liberdade em Hegel surge como a integração do indivíduo à cidade, numa relação em que o homem não reconhece o Estado como uma força estranha, mas reconhece no Estado sua própria expressão e o trata como sua obra. Hegel (1995, p. 40) afirma que No Estado, o universal está nas leis, em determinações gerais e racionais. Ele é a idéia divina, tal qual existe no mundo. [...] A lei é objetividade do espírito e da vontade em sua verdade, e só a vontade que obedece à lei é livre, pois ela obedece a si mesma. A liberdade aparece como resultado de uma relação harmoniosa entre o indivíduo e o todo, no qual os homens se reconhecem como parte integrante da cidade, superando a oposição entre o indivíduo e a comunidade, entre a vida privada e a vida pública. Hegel (1995, p. 46) ainda acrescenta que: O mais importante é que a liberdade, como é determinada pelo conceito, não tem por princípio a vontade subjetiva e a arbitrariedade, mas sim o conhecimento da vontade geral; Na elaboração desse conceito, apesar de tecer severas críticas aos contratualistas 14, Hegel parece se aproximar de Rousseau, em especial, dos parágrafos de Do Contrato Social em que se discuti a passagem da liberdade natural para a liberdade civil e o conceito de vontade geral. Para Rousseau o contrato estabelece que todos os homens alienem sua liberdade natural, impondo limites a ela, pois só assim o indivíduo alcança a sua verdadeira liberdade, uma 12 É graças à conciliação das duas dimensões, da subjetividade e da objetividade, que o Estado pode ser considerado racional. Ele é tanto uma realidade (inter)subjetiva, um desejo partilhado de viver junto, quanto um sistema objetivo de instituições coordenadas de modo dinâmico em uma constituição. (KERVÉGAN, 2008, p. 104) 13 A liberdade, [...] transcende o indivíduo e a sua vida privada; é uma reconciliação do homem com o seu destino, e este destino, encontra na história a sua expressão. A meditação dos filósofos franceses sobre a liberdade é completamente diversa. De Descartes a Bérgson, a filosofia francesa parece recusar a história; tende a ser dualista e procura a liberdade numa reflexão do indivíduo em si mesmo. (HYPPOLITE, 1983, p. 109). 14 Ver: MÜLLER, Marcos L. O Direito Natural de Hegel: pressupostos especulativos da crítica ao contraturalismo. IN: ROSENFIELD, Denis. (Editor). Estado e política: a filosofia política de Hegel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, E também: BERNARDES, Júlio. A crítica de Hegel à teoria do contrato. IN: ROSENFIELD, Denis. (Editor). Estado e política: a filosofia política de Hegel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,

9 vez que todos estariam submetidos às mesmas leis que foram por eles próprios elaboradas. Assim, a liberdade civil determina que os indivíduos devem obedecer as leis, mas ao obedecê-las, Rosseuau e também Hegel afirmam que os homens estão obedecendo a si mesmos. Para Rousseau a vontade geral não é a vontade da maioria ou o aglomerado de múltiplas vontades particulares, mas o fator unificador da multiplicidade de contratantes, o que há de comum em todas as vontades particulares, ou seja, o substrato coletivo das consciências. 15 Em Hegel o Estado aparece como a unidade entre o lado subjetivo e o lado objetivo da idéia, do princípio racional que governa o mundo. O Estado é a instituição que dá existência e realidade a liberdade. Se quisermos conhecer o espírito, a consciência de um povo, devemos então, olhar para as configurações de seu Estado, pois é nele que se reflete a totalidade moral de uma comunidade. As leis, as instituições, o direito, a religião, seus princípios morais e éticos, etc., estão estampados no seu Estado. Cada civilização desenvolveu um Estado que refletia o espírito do seu povo, e cada civilização alcançou um nível de liberdade, que representa um nível de desenvolvimento ou de reconhecimento do espírito a si mesmo. Vejamos agora, o curso progressivo da história, reconhecendo os diferentes momentos no desenvolvimento do espírito e percebendo como o Estado foi crescendo em liberdade. O curso progressivo da história O exame da história universal nos revela que os homens e as civilizações são momentos transitórios. Homens nascem e morrem, impérios surgem e desaparecem. A história não é estática, pronta e acabada, mas ela é movimento e mudança permanente, puro devir. Analisando o devir histórico, Hegel percebeu que o curso da história universal é fundamentalmente progressivo, ou seja, o espírito racional que governa e se revela na história traz em si a noção de progresso. Segundo Hegel (1995, p. 53): há muito que as mudanças que ocorrem na história são caracterizadas igualmente como um progresso para o melhor, o mais perfeito. E acrescenta que a história revela uma capacidade real de transformação, e para melhor um impulso de perfectibilidade. Assim a história como movimento racional avança passando por diversos estágios em direção a liberdade, ultrapassando o imperfeito em direção ao perfeito. Apesar das transformações históricas serem múltiplas, Hegel encontra neles um elemento unificador e racional que é a busca pela liberdade. Dessa forma, a história avança progressivamente em direção a um fim, a um objetivo absoluto, que é a reconciliação do Espírito consigo mesmo, realização da liberdade. Trata- 15 [...] uma influência que foi sem dúvida capital, a influência de Rousseau. O que, à primeira vista, pode parecer paradoxal. Em França, sentimo-nos frenquentemente tentados a interpretar o contrato social como uma obra individualista, porque nela o Estado é considerado como o resultado de um contrato entre particulares. Na realidade, porém, não foi o contrato, como contrato, que mais atraiu Hegel, mas sim a idéia de vontade geral. Há uma certa transcendência da vontade geral sobre as vontades individuais e o facto de considerar o Estado como vontade é, para Hegel, a grande descoberta de Rousseau. (HYPPOLITE, 1983, p. 25). 107

10 se de uma evolução progressiva, que ultrapassando estágios determinados avança em direção a realização do Espírito. A história universal representa, pois a marcha gradual da evolução do princípio cujo conteúdo é a consciência da liberdade (HEGEL, 1995, p. 55). Cada estágio histórico representa um momento do desenvolvimento do Espírito, ou seja, representa um nível determinado de consciência da liberdade. Contudo, essa marcha histórica não ocorre de maneira contínua, unidimensional e sem interrupções, Hegel também afirma que o progresso pode ser suspenso por determinados períodos, como o foi durante o período medieval, diante do autoritarismo da Igreja católica. 1 6 O curso da história foi dividido por Hegel em quatro estágios: 1) o mundo oriental é a etapa mais primitiva do espírito, na qual apenas um sabe e se reconhece como livre; 2) o mundo grego é o estágio onde a consciência da liberdade alcança uma maior abrangência, mas é ainda imperfeito e, só alguns homens são livres; 3) o mundo romano, assim como mundo grego é ainda imparcial e a liberdade é restrita para alguns privilegiados 4) o mundo germânico é a etapa final do progresso histórico, inaugurada pelo cristianismo e alcançando a formação do Estado moderno é a sociedade onde todos os homens são livres como tais. Somente no mundo germânico o Espírito completou seu desenvolvimento e a liberdade pôde se realizar. Cada civilização representa um novo momento do despertar do Espírito, suas leis, seu regime político, seu direito e ética, representam um momento do Espírito na história universal. Ao determinar as características do mundo oriental, Hegel afirma que o oriente representa a infância da história. Fazem parte do mundo oriental a China, a Índia, a Pérsia, os povos que habitavam a mesopotâmia, e ainda a Judéia e o Egito. Segundo Hegel esses povos careciam do conceito de liberdade e, por isso representam o espírito em sua fase menos desenvolvida e determinada. Trata-se do espírito como mera espiritualidade natural. Os Estados do oriente tinham suas leis morais fundadas na própria natureza, como uma força exterior que impõe deveres e obrigações por meio da coação. Esse mundo tem por fundamento a consciência imediata, a espiritualidade substancial à qual a vontade subjetiva se relaciona primordialmente como fé, confiança e obediência (HEGEL, 1995, p. 95). Entre esses povos a liberdade racional não avançou até a liberdade subjetiva. O Estado se estruturava em torno de uma relação familiar e patriarcal. As relações de poder e a substancia moral foram determinadas a partir de um centro, que é o soberano ou patriarca. Este por sua vez, aparece como um déspota e único homem livre, apenas esse chefe supremo desenvolveu a interioridade expressa na liberdade subjetiva. Tudo o que designamos subjetividade está reunido no chefe de Estado, que determina o que é melhor, salutar e útil para o bem-estar de todos (HEGEL, 1995, p. 101). A partir desse poder central se edifica um Estado com uma constituição teocrática e, portanto, autoritária, impedindo que a interioridade se aflore nos indivíduos. Por conseguinte, a 16 Kervégan (2008, p. 107) afirma que Hegel Concebe a história como terreno onde a liberdade racional se afirma ao se objetivar. Todavia, o progresso histórico não ocorre de modo linear, mas segundo um processo dialético que concebe amplo espaço às figuras da negatividade. É esse o sentido da astúcia da razão: a razão somente se desenvolve historicamente ao colocar as paixões a serviço de um designo que ninguém, exceto a filosofia, pode formular. 108

11 liberdade subjetiva é determinada de fora, por um poder exterior, portanto, a interioridade e a consciência da liberdade individual ainda não existem. A liberdade subjetiva está ancorada nesse sujeito único e nenhum outro indivíduo tem sua liberdade subjetiva separada desse centro, que aparece como um elemento natural. No Estado oriental a lei é vigente por si só, sem permitir essa adesão subjetiva. Na lei, o homem não reconhece o seu próprio querer, mas o que lhe é totalmente estranho (HEGEL, 1995, p. 101). Os homens que obedecem as leis, não as obedecem por convicções interiores, mas pela coação de forças exteriores. No mundo oriental, primeiro estágio do desenvolvimento do espírito, a interioridade e a liberdade subjetiva não aparecem desenvolvidas, por isso as leis surgem como um mandamento jurídico exterior. O mundo grego é o segundo estágio na evolução do espírito, seguindo a analogia de Hegel, essa etapa corresponde à puberdade, é a adolescência do espírito. A história da civilização grega representa um avanço em direção a consciência da liberdade. Se no mundo oriental apenas um homem era livre, no mundo grego alguns homens são livres. É nesse estágio do desenvolvimento do espírito que a individualidade começa a se formar Segundo Hegel, o mundo grego começa com Aquiles e termina com Alexandre da Macedônia. Determinada por sua própria condição geográfica, a Grécia é uma civilização ágil e dispersa, com o espírito contrário a monotonia, cheia de estímulo e entregue a mudança, inundada de realizações e personagens, dos quais Hegel não esconde sua admiração. A civilização grega, assim como a romana, surgiu da migração e mistura de tribos, da confluência das mais diversas nações. O mundo grego se constituiu com a chegada de povos estrangeiros, que remonta aos séculos XV e XIV a.c. Tal colonização provocou a mistura entre os nativos e os estrangeiros, formando assim, o espírito grego. Sobre esse processo, Hegel (1995, p ) destaca que ocorreu um colonização feita por povos cultos, superiores aos gregos em cultura. E acrescente que é igualmente histórico que os gregos receberam conceitos da Índia, da Síria e do Egito. Daí surgiu os povos gregos, cujo espírito se caracteriza pela dispersão e isolamento, mas também pela inquietação. A civilização grega, ao contrário do mundo oriental, não está unida por laços naturais ou relações patriarcais. Os gregos não constituem uma unidade nacional, mas uma divisão interna e segundo Hegel (1995, p. 191) é justamente este o caráter elementar do espírito dos gregos que dá entender a origem da cultura deles a partir de individualidades independentes; uma situação na qual cada um se mantém por conta própria. Cada polis grega determina a si própria, são cidades independentes. A exceção dessa fragmentação nacional foi à investida dos gregos na guerra de Tróia. Uma unidade que jamais se repetiu. Os gregos representaram para o espírito universal um crescimento na consciência da liberdade, contudo, ainda não se trata da pura liberdade subjetiva. Pretendendo resumir aquilo que é o espírito grego, o que determina o fundamento é que a liberdade desse espírito está condicionada e em relação essencial com um estímulo da natureza (HEGEL, 1995, p. 200). Apesar de ser livre, o grego precisa ser estimulado pelo exterior, ele não possui em si o material e os meios da exteriorização, por isso necessita da matéria natural, do estímulo da natureza. Por conseguinte, o grego ainda não é absolutamente livre e 109

12 autônomo. O grego é o artista plástico que transforma a pedra em obra de arte. O artista necessita da pedra, ele transforma a natureza e carece dela para dar expressão a sua idéia. Segundo Hegel (1995, p. 201) o espírito grego é esse remodelador, que desenvolveu sua individualidade e subjetividade interior, mas que ainda é incompleta em si, necessitando do estímulo exterior. O terceiro estágio no desenvolvimento do espírito é o mundo romano, que corresponde à idade viril, a fase adulta da história. Assim como os gregos, a sociedade romana se formou a partir de vários povos, entre eles os Etruscos, Sabinos e Latinos, contudo, afirma Hegel (1995, p. 243) que em seu período de formação Roma foi o asilo de todos os criminosos. O Estado romano teria surgido como uma liga de ladrões, formado a princípio apenas por homens e isolado de outros Estados, pois os povos vizinhos se recusavam a manter relações com esse Estado de corruptos. O Estado romano se formou pela força, pela coação, regido por leis severas e pela mais rígida disciplina, constituindo um Estado fundado na dependência e subordinação. Segundo Hegel (1995, p. 245): Esse início da vida romana em brutalidade selvagem, [...] determina os futuros fundamentos básicos dos costumes e leis romanos. Roma surgiu da união entre golpistas que em dificuldades teriam se associado. Segundo a lenda, os próprios fundadores de Roma, Rômulo e Remo, eram ladrões que tinham sido expulsos de suas famílias. Assim, o Estado romano surgiu como um Estado violento e, acrescenta Hegel (1995, p. 245) que: Um Estado que se autoformou e se baseia na violência precisa ser mantido com violência. Roma surgiu e permaneceu até sua queda como em Estado que se baseava na Guerra. Ao comentar sobre um diálogo entre Goethe e Napoleão, Hegel diz que o Imperador francês afirma ao poeta alemão que, diferentemente da tragédia antiga, na nova tragédia não é o destino que se impõe aos homens, mas, no lugar da força do destino, teria surgido a política, como força à qual a individualidade teria que se render. Tal força é o mundo romano. (HEGEL, 1995, p. 239). No Estado romano reina uma universalidade abstrata e o Estado começa a destacar-se e a se impor sobre os indivíduos livres. A universalidade política sacrifica a liberdade dos indivíduos que são postos ao cumprimento da universalidade abstrata do Estado. O princípio de obediência não é voluntário, não há mais prazer ou satisfação, como corria na polis ateniense, há apenas a rigidez do trabalho disciplinado. Mas em oposição à universalidade abstrata do Estado, também surgiu em Roma, a pessoa privada, ou seja, a pessoa jurídica. Trata-se de um conceito abstrato de pessoa, de uma universalidade peculiar que se opõe a universalidade política. Dessa forma, surge de um lado a universalidade política e do outro a liberdade abstrata do indivíduo. Uma oposição entre universalidade abstrata e personalidade abstrata. 17 Não obstante, esse direito positivo ainda é vazio diante do poder rígido do Estado romano, pois, o princípio jurídico é exterior, ou seja, insípido e sem alma (HEGEL, 1995, p. 247). 17 Em Roma, encontramos principalmente a livre universalidade, essa liberdade abstrata que, por um lado coloca o Estado abstrato, a política e o poder acima da individualidade concreta subordinando esta totalmente e, por outro lado, cria perante essa universalidade a personalidade a liberdade do eu em si, que precisa ser diferenciada da individualidade (HEGEL, 1995, p. 239). 110

13 Roma surge da violência e se manteve pela violência, pela guerra e selvageria. Tal Estado, assim como os gregos, reconheciam apenas alguns homens como livres e se impunha diante da individualidade desses homens livres pela coação, força e rigidez. Mas, tal Estado também desenvolveu a personalidade e o direito jurídico, mas a subjetividade ainda estava incompleta e aparecia de maneira abstrata. Por isso, nas palavras de Hegel: Ao contemplarmos o mundo romano, vemos não uma vida concreta espiritual e rica em si, mas o momento histórico-mundial abstrato da universalidade e o fim perseguido com dureza insípida e insensível o puro domínio para tornar válida aquela abstração. Por fim, o quarto momento da história universal é o mundo germânico, que corresponde à velhice da história. Mas se para o homem a velhice é significado de fraqueza e debilidades, na filosofia da história de Hegel a velhice do espírito é a perfeita maturidade e força; nela ele retorna à unidade consigo, em seu caráter totalmente desenvolvido do espírito. (1995, p. 97). O mundo germânico é o espírito do mundo moderno, é a reconciliação do espírito consigo mesmo, ou seja, é a realização da liberdade. No Estado moderno, todos os homens são livres. Trata-se da realização no espírito como existência orgânica em si. No mundo germânico e cristão, a liberdade realiza o seu conceito de maneira completa e se torna realidade. Mas Hegel deixa claro que tal processo de reconciliação do espírito, não ocorreu sem encontrar dificuldades em seu percurso. O mundo germânico surge como uma continuação do mundo romano, pois deles adotaram a religião cristã como um sistema dogmático pronto. Mas o cristianismo que traz em seu interior a liberdade subjetiva do indivíduo afastou-se dos seus próprios princípios durante o sistema feudal. Segundo Hegel (1995, p. 293) durante o período medieval, A liberdade cristã tornou-se o contrário de si mesma, tanto sob o aspecto religioso como no temporal, na mais cruel servidão. Dessa forma, a liberdade do espírito só pôde alcançar a realidade com o advento da reforma. O princípio cristão passou pela tremenda disciplinação da cultura, e pela Reforma lhes foram devolvidas a sua verdade e a sua realidade (HEGEL, 1995, p. 293). No período medieval a Igreja tornou-se extremamente autoritária, abusando de seu poder e domínio. Mas o essencial é que ela se tornou exterior. O perdão dos pecados era oferecido aos homens em troca de dinheiro, como algo sensível e externo. O que fez a Reforma de Lutero foi devolver a interioridade aos indivíduos. Cristo não está presente como forma exterior, mas pode ser alcançado pela fé e pela comunhão. A doutrina luterana rompe com a católica, apenas no sentido em que acaba com aquela relação de exterioridade. Os princípios da Reforma são fundados na interioridade, onde cada homem pode determinar a sua consciência, reafirmam que o homem pode ser livre por si mesmo e anulam a autoridade e exterioridade da Igreja católica. Hegel (1995, p. 346) destaca que na doutrina luterana se encontra o novo e último lema em torno do qual os povos se reúnem: a bandeira do espírito livre, que em si mesmo está na verdade e só nela. O processo da reforma revigorou a verdadeira substância do pensamento, fazendo renascer a consciência do livre espírito. Mas o conceito de liberdade não se manifestou prontamente logo após reforma. Houve um processo de adaptação do Estado, do direito, da propriedade, do governo e da constituição ao conceito da livre vontade. 111

14 Partindo da reconciliação do espírito na interioridade do sujeito, ela avançou para uma reconciliação exterior, se manifestando nas leis. Por conseguinte, a Reforma resultou em diversas transformações na formação estatal. Os princípios da igreja protestante tiveram que travar lutas para ganhar existência política. E afirma Hegel que quem travou essa batalha em nome da liberdade, não foram os alemães, mas os franceses. O espírito da liberdade começou a agitar as mentes dos franceses contra as injustiças e os privilégios. Por conseguinte, a Revolução Francesa surgiu proclamando a liberdade e a igualdade, construindo o Estado Moderno e dando existência ao espírito universal, ou seja, estabelecendo a verdadeira idéia, a consciência da liberdade. Por fim, Hegel (1995, p. 363) afirma: Com esse princípio formalmente absoluto chegamos ao último estágio da história, ao nosso mundo, aos nossos dias. Ao descrever o curso da história universal fica evidente a noção de progresso apontada por Hegel. Progressivamente a história foi se desenvolvendo como que de maneira similar ao sol, que nasce no oriente e se põe no ocidente. A história universal vai do leste para o oeste, pois a Europa é o fim da história, e a Ásia é o começo (HEGEL, 1995, p. 93). O espírito que está na história e se revela nela, percorreu vários estágios, todos necessários, do mundo oriental ao mundo germânico, e mediante as transformações históricas, o espírito reconheceu todas as suas determinações e os homens tomaram consciência e realizaram a liberdade. Contudo, é importante destacarmos o significado do conceito de fim da história usado por Hegel. Se a história é um desenvolvimento racional até a consciência da liberdade, então parece claro que seu objetivo já teria se realizado no Estado Moderno e que, portanto, a história teria chegado ao fim. Contudo, Hegel (1995, p ) afirma em uma passagem que: A América do Norte ainda está sendo desbravada, e que ela aparece como a terra do futuro, e mais adiante acrescenta: Cabe à América abandonar o solo sobre o qual se tem feito a história universal. Essas passagens deixam claro que a história para Hegel não chegou a um fim, ele não é o teórico do fim da história. 18 Afinal o espírito é inquietude, é movimento, devir permanente. Hegel afirma que a América do Norte pode trazer um novo desenvolvimento do espírito. Mas o que significa abandonar o solo da história universal? Esse é um enigma que Hegel não respondeu e não se preocupou em tentar responder, pois apenas o devir histórico poderá trazer essa resposta, não o filósofo. Hegel (1995, p. 79) diz que: Por ser a terra do futuro, a América não nos interessa aqui, pois no que diz respeito à história, nossa preocupação é com o que foi e com o que é. As críticas mais recorrentes a Filosofia da História de Hegel é a de que sua interpretação não encontra sustentação na própria história. Assim, a filosofia hegeliana teria se afastado em demasia dos acontecimentos e dados concretos e criado mundos idealizados a partir de sua própria consciência interior. Critica-se Hegel por ter realizado adaptações históricas de acordo com a constituição do seu sistema. Por conseguinte, seus críticos afirmam que 18 Sobre o fim da história em Hegel, Kervégan (2008, p ) afirma que: Primeiramente é preciso evitar um mal-entendido concernente à equivocidade da palavra fim. Ela pode significar termo (que em alemão corresponde a das Ende) ou propósito (der Zweck); um propósito objetivo (telos), e não aquele que qualquer um persegue. [...] Mas termo evidentemente, não significa que a história cessaria, que não aconteceria mais nada, que o próprio acontecimento não teria mais vez. [...] Hegel quer sobretudo dizer, o que conduz ao segundo significado, que a história mundial tem, para o filósofo, um teloscorrespondente ao que chama de Estado moderno. 112

15 a história filosófica hegeliana encontraria fragilidade na sua própria base história, pois se constituiria como um sistema idealizado sem raízes na realidade. Hyppolite descreve uma das principais críticas dirigidas à Hegel. Seguindo sua interpretação, a reconciliação do entre o espírito subjetivo e o espírito objetivo pode não ter se realizado plenamente na história. Hyppolite (1983, p. 110) encerra sua obra afirmando o problema da reconciliação perfeita descrita por Hegel. Diz ele: Subsiste no seu pensamento uma ambiguidade. É que a reconciliação do espírito subjetivo e do espírito objetivo, síntese suprema do sistema, não é talvez integralmente realizável. O Espírito Absoluto e o Espírito do Povo não teriam se reconciliado perfeitamente após a Revolução Francesa. A história do século XIX e XX, manchada por grandes guerras e massacres, teria deixado evidente que a liberdade dos homens ainda é uma liberdade restrita e abstrata. Além disso, o conceito da racionalidade que dirige e governa a história teria sucumbido diante dos problemas e contradições elementares do mundo capitalista dirigido pelo mercado. Hyppolite (1983, p. 107) afirma que Hegel não propõe nenhuma solução para a crise do mundo moderno. Opõe unicamente o quadro da sociedade civil ao que apresenta o liberalismo. A liberdade assim atingida não é verdadeira, apesar de ser necessária. Considerações finais Vimos que para Hegel cabe ao historiador descrever os acontecimentos e cabe ao filósofo encontra o nexo racional que liga todos os acontecimentos, que aparecem como desconexos e isolados. Hegel encontrou o nexo racional na história universal na realização do princípio de liberdade, que é a natureza, a essência do espírito que governa o mundo e se manifesta na própria história. A história universal aparece apenas como o processo no qual o espírito vai se revelando a si próprio, reconhecendo as suas próprias determinações e no curso da história universal, progredindo na consciência que o indivíduo tem da liberdade. A história aparece como uma teodicéia, como a realização de um plano divino, cujo objetivo é que cada indivíduo alcance a liberdade. Reconhecemos que a filosofia da história hegeliana é herdeira da história cristã e da história iluminista, também é carregada de preconceitos e eurocentrismo, isso fica evidente ao colocar a Europa como telos, termo da história e ao excluir a África e as civilizações americanas pré-colombianas da história, pois para Hegel, esses povos não construíram um Estado, não deram uma configuração existencial para a liberdade. Contudo, como afirmava o próprio Hegel é impossível que uma filosofia ultrapasse o seu mundo, assim como é tolo imaginar que um filósofo escape ao seu tempo. Tais concepções que parecem estranhas para a história e filosofia escritas na atualidade, constituíam a visão característica de uma época, da qual Hegel era parte integrante. Não obstante, apesar desses limites, consideramos a filosofia da história de Hegel, fundamental para a compreensão do mundo contemporâneo. Não importa o juízo que façamos da sua visão cristã, racional e progressista da história, sua obra continua sendo fundamental e indispensável para historiadores e filósofos. 113

16 Referências Hegel, G. W. F. Filosofia da história. UNB: Brasília, Hyppolite. Introdução à filosofia da história de Hegel. Lisboa: Edições 70, 1983 Kervégan, Jean-François. Hegel e o hegelianismo. Edições Loyola: São Paulo, Nóbrega, Francisco P. Compreender Hegel. Vozes: Petrópolis, Rosenfield, Denis L. (Editor). Estado e política: a filosofia política de Hegel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,

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