Para construir o Código de Ética do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae
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- Bianca Castel-Branco Canela
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1 Para construir o Código de Ética do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae Com o objetivo de construir o Código de Ética do Departamento de Psicanálise, sugestão da Jornada sobre o Regulamento do Departamento realizada em maio de 2013, anexamos subsídios que poderão auxiliar no processo de discussão que deve ser amplo e de conhecimento de todos os integrantes do Departamento. A colaboração de todos os membros é importante e necessária para que possamos aprimorar procedimentos do nosso Departamento. Neste texto apresentamos os Fundamentos Éticos do Departamento de Psicanálise bem como a Carta de Princípios do. Esta colaboração inicial foi sistematizada pelos colegas Ana Maria Sigal, Flávio Carvalho Ferraz, Maria Aparecida Aidar e representando o Conselho de Direção do Departamento, Maria Auxiliadora Arantes.(Dodora). A construção de um dispositivo específico como uma comissão de ética e seu funcionamento é a proposta que esperamos possa surgir das contribuições que vierem a ser encaminhadas pelos colegas ao Conselho de Direção, para serem debatidas em Jornada específica no ano de 2014, cujo calendário será definido na próxima Assembleia Geral, prevista para o dia 30 de novembro de Cordialmente Conselho de Direção 1
2 ANTE-PROJETO DO REGULAMENTO INTERNO DO DEPARTAMENTO DE PSICANÁLISE DO INSTITUTO SEDES SAPIENTIAE CONTRIBUIÇÃO: Fundamentos éticos do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae 1. Adotamos os fundamentos éticos e a Carta de Princípios que norteiam o Instituto Sedes Sapientiae O Departamento de Psicanálise que congrega psicanalistas e se propõe como lugar de transmissão e formação permanente - encontra os traços constitutivos de sua ética na construção de sujeito que a psicanálise propõe. É definindo questões fundamentais que dizem respeito à teoria e à pratica da psicanálise que se elaboram nossos princípios éticos. 3. O Departamento se caracteriza, desde sua fundação, por manter a obra de Freud como espinha dorsal da psicanálise que praticamos e transmitimos. Entendemos que psicanálise evolui e se nutre da pluralidade de diversos autores e conhecimentos, sendo um saber em transformação. Por isso, respeitamos sua dimensão histórica e fazemos dialogar nosso conhecimento com os autores pós-freudianos, assim como com a cultura, a filosofia, a arte, a educação e diversas ciências que a enriquecem. 4. A psicanálise é leiga, como postulou Freud em 1926 no artigo A questão da análise leiga. Não é uma profissão, motivo pelo qual não deve ser regulamentada pelo Estado nem pela Universidade. 5. A formação do psicanalista se baseia na sua análise pessoal, na clínica supervisionada e no estudo teórico. A análise é por excelência terapêutica e pode ter efeitos didáticos. Não é controlada pela instituição. 6. Para tornar-se membro do Departamento, o candidato passa por um processo no qual apresenta à Comissão de Admissão seu percurso. Apresenta também sua clínica (por meio de um trabalho) a esta Comissão e aos membros do Departamento que se interessem em acompanhá-la. A admissão não configura autorização, mas de reconhecimento entre pares. 7. Partimos da ideia de que o sujeito não dispõe de todo saber sobre si. O conceito de inconsciente é fundante de nosso pensamento. Entretanto, nem todo o inconsciente é constituído pelo sexual infantil recalcado, ainda que consideremos como fundamentais a sexualidade infantil e 1 Anexada no fim deste documento. 2
3 seus desdobramentos pela via pulsional e edípica. Entendemos que o social e o cultural deixam marcas que se inscrevem como representantes e codeterminam a subjetividade. 8. O conceito de pulsão, com seu objeto contingente, impõe-nos uma ética na qual o fator biológico não é o determinante na formação do sujeito. 9. Entendemos que a psicanálise não pretende emitir um juízo de valor sobre o normal e o patológico, bem como que ela considera que o processo de sexuação é único e singular, respeita a dimensão singular do sujeito e questiona os fazeres adaptativos e/ou normativos. 10. Entendemos o sintoma como expressão de um conflito que nos fala de uma verdade do sujeito. Nosso objetivo não é eliminá-lo, mas escutar a verdade que ele veicula em transferência. Para tanto, lançamos mão do método psicanalítico, que pressupõe a associação livre e a atenção flutuante. Adotamos uma ética do desejo e do compromisso. 11. O trabalho analítico não se define pelas condições materiais do enquadre, mas pela manutenção do método, o que pressupõe a possibilidade de uma clínica ampliada. 3
4 Questões éticas que implicam os aspectos de convívio institucional, que levamos ao coletivo para se discutir: 1) O respeito à produção intelectual; 2) Os eventuais posicionamentos contrários à Carta de Princípios do Instituto Sedes Sapientiae e aos princípios do Departamento de Psicanálise. 3) O desacordo com as políticas públicas adotadas pelo Departamento; 4) O alcance e os limites do sigilo na prática clínica; 5) A existência de uma Comissão de Ética e/ou os procedimentos departamentais diante de questões éticas que eventualmente se coloquem. 4
5 ANEXO CARTA DE PRINCÍPIOS DO INSTITUTO SEDES SAPIENTIAE Fruto de um momento histórico em que a realidade social exige transformações decisivas e impõe aos homens a adoção de princípios claros, o cumpre aqui o dever de posicionar-se quanto a metas e concepção de trabalho. Ter pensamento nítido e opções definidas a favor da emancipação popular não é garantia final de efetivo cumprimento de seus objetivos. Mas é condição primeira para início da caminhada consequente. Pensando assim, longe de se pautar por modelos de um cientificismo que se proclama neutro, o firma uma postura filosófica consciente, comprometendo-se a: I Assumir sua parcela de responsabilidade na transformação qualitativa da realidade social, estimulando todos os valores que aceleram o processo histórico no sentido da justiça social, democracia, respeito aos direitos da pessoa humana; II Ser um centro multidisciplinar de reflexão, um lugar permanente de formação, trabalho e intensificação da postura crítica, cooperando com o desenvolvimento das ciências e artes, e contrapondo-se à rotina da mera repetição de teorias e técnicas; III Constituir-se em opção alternativa desvinculada da estrutura acadêmica tradicional para explorar, em todas as direções, a liberdade de pensamento e expressão; IV Formar profissionais cujo referencial científico contribua para criar uma realidade social que se distancie do tecnicismo pragmático e dos privilégios gerados pelo elitismo financeiro; V Promover uma ética de trabalho que não seja simples formalismo legal, mas que realmente comprometa o profissional com os direitos da pessoa humana; VI Desenvolver pesquisas, cursos e serviços vinculados à realidade brasileira e voltados para as necessidades da população economicamente menos favorecida, facilitando-lhe instrumentos para assumir seu próprio projeto histórico de libertação; 5
6 VII Oferecer alternativas e abrir campos de trabalho aos que estejam empenhados no desenvolvimento de projetos vinculados à verdadeira promoção do homem; VIII Criar entre todos os seus integrantes um clima de trabalho cooperativo que possibilite um modelo de fraternidade comunitária; IX Zelar pela documentação do Instituto, de modo a organizar uma memória que se possa constituir, na linha do tempo, em provável historiografia capaz de avaliar a eficiência da proposta encaminhada, possibilitando sua permanente reformulação; X Praticar sistemática autocrítica de todo seu procedimento, corrigindo erros, aperfeiçoando métodos ditados pela exigência do trabalho comprometido com a realidade social; XI Manter em seu quadro de pessoal colaboradores que assumam o compromisso de sustentar, propagar e desenvolver a proposta do Instituto; XII Sendo um órgão de questionamento teórico e instrumento de atuação na sociedade, o compromete-se a pautar suas atividades pelas linhas fundamentais que consagram o homem como princípio, a realidade social brasileira como campo de trabalho, o exercício da defesa dos direitos humanos como método e a libertação como fim. Daí o irreversível posicionamento do, em concordância com a proposta da Associação Instrutora da Juventude Feminina no sentido de assumir esta Carta de Princípios como matéria de contínua reflexão crítica, ajustando-se sempre às exigências ditadas pelo trabalho social comprometido com a realidade integral da pessoa humana. 6
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