EMENTA ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL Nº /PR

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1 1 de 6 20/12/ :18 APELAÇÃO CÍVEL Nº /PR RELATOR : Des. Federal VICTOR LUIZ DOS SANTOS LAUS APELANTE : DILMA DE FATIMA GABARDO ADVOGADO : Ivani Floriano Frare Assis APELADO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS ADVOGADO : Clovis Juarez Kemmerich Publicado no D.J.U. de 16/11/2005 EMENTA PREVIDENCIÁRIO. RECONHECIMENTO DE TEMPO DE SERVIÇO URBANO. INFORMAÇÕES CONSTANTES NO CNIS. PROVA EQUIVALENTE ÀS ANOTAÇÕES EM CTPS. DIVERGÊNCIA ENTRE DADOS CONSTANTES NAQUELAS. PREFERÊNCIA PELA INTERPRETAÇÃO MAIS FAVORÁVEL AO SEGURADO. 1. Os registros constantes no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), por força da nova redação do art.19 do Decreto 3048/99, tem valor probatório equivalente às anotações em CTPS. 2. Quando os dados presentes naquele banco de dados vão de encontro aos apontamentos presentes na carteira de trabalho, deve-se preferir a interpretação mais favorável ao segurado, dada a sua condição de hipossuficiente. 3. Quanto ao índice de atualização monetária, é aplicável o indexador do IGP-DI. 4. A correção monetária de débitos previdenciários, por tratar-se de obrigação alimentar e, inclusive, dívida de valor, incide a partir do vencimento de cada parcela, segundo o disposto no 1º do art. 1º da Lei nº 6.899/ Os juros moratórios, nas ações previdenciárias, devem ser fixados à taxa legal de 12% ao ano, devidos a partir da citação. 6. A verba honorária, quando vencido o INSS, em ações de natureza Previdenciária, deve ser fixada em 10% sobre o valor da condenação. 7. A base de cálculo da verba honorária abrange, tão-somente, as parcelas devidas até o presente julgado. 8. O INSS está isento do pagamento de custas quando litiga na Justiça Federal. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia 5ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, dar provimento ao apelo, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Porto Alegre, 23 de agosto de 2005.

2 2 de 6 20/12/ :18 Des. Federal VICTOR LUIZ DOS SANTOS LAUS Relator

3 3 de 6 20/12/ :18 APELAÇÃO CÍVEL Nº /PR RELATOR : Des. Federal VICTOR LUIZ DOS SANTOS LAUS APELANTE : DILMA DE FATIMA GABARDO ADVOGADO : Ivani Floriano Frare Assis APELADO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS ADVOGADO : Clovis Juarez Kemmerich RELATÓRIO Trata-se de ação ordinária ajuizada contra a Autarquia Federal, objetivando o reconhecimento de período laborado na empresa Móveis Cimo S/A, de a , com a conseqüente concessão da aposentadoria por tempo de serviço. Sentenciando, o juiz a quo julgou improcedente a demanda, condenando a autora a arcar com as custas e honorários advocatícios, estes fixados em 10% sobre o valor da causa. Irresignada, apelou a demandante, referindo ter comprovado o labor no período requestado, uma vez que apresentou prova material robusta, corroborada por testemunhas, aduzindo, outrossim, não se ter configurado erro no registro do cadastramento do PIS, sendo verdadeira a anotação com data de , razão pela qual pleiteou a consideração daquele lapso laboral, com a outorga da aposentadoria requerida. Sem contra-razões pelo requerido, vieram os autos a esta Egrégia Corte. É o relatório. À revisão. Des. Federal VICTOR LUIZ DOS SANTOS LAUS Relator

4 4 de 6 20/12/ :18 APELAÇÃO CÍVEL Nº /PR RELATOR : Des. Federal VICTOR LUIZ DOS SANTOS LAUS APELANTE : DILMA DE FATIMA GABARDO ADVOGADO : Ivani Floriano Frare Assis APELADO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS ADVOGADO : Clovis Juarez Kemmerich VOTO A controvérsia cinge-se ao reconhecimento do labor prestado na empresa Móveis Cimo S/A, de a , com a conseqüente concessão da aposentadoria por tempo de serviço. Para fazer jus ao benefício deve o segurado, nos termos do artigo 52 da Lei 8.213/91, preencher os seguintes requisitos: 1) carência - pagamento do número mínimo de contribuições mensais - artigo 24 da Lei 8.213/91 e 2) tempo de atividade, verbis: "Art. 52. A aposentadoria por tempo de serviço será devida, cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que completar 25 (vinte e cinco) anos de serviço, se do sexo feminino, ou 30 (trinta) anos, se do sexo masculino" Tendo o requerimento administrativo sido formulado em , o prazo de carência é de 102 meses, a teor do que dispõe a escala móvel contida na regra de transição prevista no art. 142 da Lei de Benefícios. Como demonstrado o labor como empregada por 24 anos (fl.85) - período em que o recolhimento das contribuições é encargo do empregador - restaram alcançados os meses exigidos. Atinentemente aos meios de prova para comprovação do labor urbano, assim dispõe o 3º do art. 55 da LB: " A comprovação do tempo de serviço para os efeitos desta Lei, inclusive mediante justificação administrativamente ou judicial, conforme o disposto no artigo 108, só produzirá efeito quando baseada em início de prova material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no Regulamento." Dessarte, a prova documental em questão é nominada de início de prova material, ou seja, mero indício de que a parte autora laborou no período, roborada por prova testemunhal idônea, não sendo esta admitida com exclusividade, nos termos da referenciada norma. Foram colacionados os seguintes documentos: a) certidão do cadastro nacional de informações (fl.18), de onde se depreende que a data de inscrição no PIS é de ; b) cadastro Programa de Integração Social - PIS (fl.14), onde consta como data de inscrição ; c) extrato do participante do PIS - fl.23, onde consta como data de cadastramento

5 5 de 6 20/12/ :18 Em sentido contrário, destacou o magistrado a quo, principalmente os registros presentes em sua carteira de trabalho, os quais vão de encontro a tese aventada pelo autor, no sentido do contrato de labor ter início na data supramencionada. Com efeito, se é certo que as anotações constantes em CTPS gozam de presunção iuris tantum quando militam em favor do segurado, não menos verdade que, em casos onde aquele pretenda mitigar os apontamentos presentes no aludido documento, poderá fazê-lo, desde que apresente prova em contrário suficiente àquele abrandamento, sob pena de, em não se reconhecendo esse direito, negar-se isonomia de tratamento a situações análogas. A propósito, reproduzo ementa de precedente de minha relatoria: " PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RMI. SALÁRIOS-DE-CONTRIBUIÇÃO. IRSM DE FEVEREIRO/94. APLICABILIDADE DO INPC/IGP-DI. MAIO/96. JUNHO/1997. JUNHO/1999. DUPLO GRAU OBRIGATÓRIO. LITISPENDÊNCIA. INTERESSE DE AGIR. ART. 515, 3º, DO CPC. INAPLICABILIDADE. CORREÇÃO MONETÁRIA. ANOTAÇÕES EXTEMPORÂNEAS NA CTPS. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE. 1. a 6. Omissis. 7. As anotações em CTPS presumem-se verdadeiras, salvo prova de fraude, conforme dispõe o art. 19 do Decreto 3.048/99. 8 a 12. Omissis." (TRF4, AC / RS, 6ª Turma, DJU DATA:30/06/2004) Na esteira desse entendimento, também, o art. 19 do Decreto 3.048/99, in verbis: "Art A anotação na Carteira Profissional e/ou na Carteira de Trabalho e Previdência Social vale para todos os efeitos como prova de filiação à Previdência Social, relação de emprego, tempo de serviço e salário-de-contribuição, podendo, em caso de dúvida, ser exigida pelo Instituto Nacional do seguro social a apresentação dos documentos que serviram de base à anotação." De outra banda, a nova redação desse artigo, determinada pelo Decreto 4.079/2002, afere às informações constantes no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) patamar probatório equivalente às anotações em CTPS, o que, in casu, acaba por igualar as provas existentes, devendo, a meu ver, prevalecer a exegese mais favorável ao segurado, presumida sua condição de hipossuficiência. Assim, observados os documentos referidos alhures - devidamente corroborados pela prova testemunhal acostada ao feito às fls , sendo uníssona a referência do desempenho de atividade na empresa Móveis Cimo S/A, desde janeiro/ tenho que deva ser reconhecido o labor desde essa data. Nesse contexto deve ser computado aquele lapso ao já reconhecido pelo ente ancilar, dessa forma: Atividade Período Tempo Comum Móveis Cimo S/A a a 11m 25d Total 00a 11m 25d Tempo de Serviço Reconhecido pelo INSS Tempo Reconhecido pelo Julgado 24a 11m 23d 00a 11m 25d

6 6 de 6 20/12/ :18 Total (ora convertido + INSS) 25a 11m 18d Nessa toada, atestada a carência tal como afirmado alhures e contando a autora com 25 anos, 11 mês e 18 dias de serviço, tem direito à concessão da aposentadoria proporcional por tempo de serviço, nos termos do artigo 53, inciso I, da Lei 8.213, de , correspondente a 70 (setenta por cento) do salário-de-benefício, a contar da data do requerimento administrativo, formulado em As diferenças deverão ser corrigidas pela variação do IGP-DI, porquanto atinentes a competências ulteriores a maio de 1996, consoante Lei 9.711/98, assentando-se o termo inicial da atualização no vencimento de cada parcela (ut art. 1º, 1º da Lei 6.899/81), em virtude da ínsita natureza de dívida de valor e do caráter alimentar dos benefícios previdenciários (súmulas 43, 148 do STJ e 09 deste Tribunal). No que é pertinente ao patamar de juros moratórios, o tema encontra-se pacificado pela Terceira Seção do STJ (RESP /PE, Rel. Min. Felix Fischer, DJU ), devendo ser fixados à razão de 1% ao mês, com cujo termo inicial deve ser contado a partir da citação, em consonância com as súmulas 204 do STJ e 03 desta Corte, assim como o art. 219, caput do CPC. Quanto aos honorários advocatícios, fixo-os em 10% sobre o valor da condenação, incidindo tal patamar tão-somente sobre as parcelas vencidas até a data da deste julgamento, consoante a orientação iterativa deste Colegiado (EAC /SC, 3ª Seção, Rel. Des. Federal Tadaaqui Hirose, DJU ), entendimento alinhado à intelecção sedimentada na súmula 111 do STJ. No tocante às custas processuais, o INSS está isento do seu pagamento quando litiga na Justiça Federal, consoante o preceituado no inciso I do art. 4º da Lei 9.289, de 04 de julho de Nessas condições, dou provimento ao apelo, para conceder a aposentadoria proporcional por tempo de serviço, a contar do respectivo requerimento administrativo. Estabeleço que a correção monetária dar-se-á pela variação do IGP-DI, desde o vencimento de cada parcela, acrescidas de juros moratórios de 1% ao mês a contar da citação, sendo devidos honorários advocatícios à razão de 10% sobre o valor da condenação, compreendidas apenas as parcelas devidas até este julgamento. Explicito que o ente ancilar é isento de custas quando demandado na seara federal. É o voto. Des. Federal VICTOR LUIZ DOS SANTOS LAUS Relator