Ecos é a síntese do significado somado de ecologia com economia
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- Vagner de Caminha Santiago
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1 Ecos é a síntese do significado somado de ecologia com economia Itiberê Muarrek O planeta está integralmente ocupado pelos seres humanos. Em cada local que permita sobrevivência ou atividade econômica há uma Ação Humana que provoca reação em outro espaço também ocupado por outro ser humano ou formas de vida que sustentam seres humanos. Pensar o todo é saber trabalhar pela sobrevivência pessoal dentro do coletivo humano e das formas de vida que nos sustentam. Ecologia, economia, sustentabilidade, inovação, extinção, reserva, expansão, consumo, restrição... Tudo ao mesmo tempo agora, o indivíduo conectado nas redes sociais e politizado ou ativo aos movimentos de transformação do mundo neste século XXI virou um especialista genérico de tudo. Tudo nos importa, a nossa própria vida e a de quem está do outro lado do mundo. O efeito borboleta da Teoria do Caos, ao menos no plano virtual, já opera transformações na mente do indivíduo e, virtualmente, fazemos política transnacional através de petições e cartas abertas pelas redes sociais. Em parte, é assim que tem que ser, tudo nos importa e nos atinge, mas é no local que o indivíduo opera a transformação que tanto enseja. No local que vive, trabalha até nos locais que utiliza como fonte de criação ou geração dos objetos e recursos naturais que consome. Assim, a morte do Rio Doce (de Minas Gerais até sua foz no Espírito Santo) e seus efeitos no meio ambiente dos oceanos afetará a vida de cerca de 10 milhões de pessoas, além da perda irreversível de eco-sistemas complexos e saudáveis à vida dos humanos e do próprio entorno meio-ambiental. Uma incrível sucessão de efeitos ocorrerá para além das mortes do meio-ambiente em questão, pois essas 10 milhões de pessoas se deslocarão, pressionarão e modificarão outras comunidades, compartilharão recursos naturais já escassos e pressionados de outras regiões. E, neste ponto, não é assim que tem que ser e nem poderá manter-se por muito mais tempo pelo risco iminente de geração de tensões sociais que leve a guerras ou epidemias geradas por degradação de saneamento ou produtos tóxicos. A criação e crescimento do Exército Islâmico é a outra face da mesma moeda. Sua ação beligerante e destrutiva destruiu mais que as vidas humanas e ambiental local. Ter aniquilado regiões férteis e obrigado deslocamento maciço de populações, desestabilizando outras sociedades e culturas, gerando um rastro de problemas que só serão solucionados com políticas que geram deseconomias, ou seja, com investimento maciço em reconstrução de vidas fragmentadas e gastos militares para conter a barbárie. Uma economia da destruição ao invés de uso de recursos para expansão sócio-ambiental, com a pressão de milhões de refugiados disputando recursos escassos com as sociedades que os acolhem. Ambos os problemas, agora, tema força de efeito borboletas que batem freneticamente suas asas e ressoam por vários cantos do planeta. Três fatores principais unem as sociedades e nossa interdependência pela sobrevivência e bem-estar:
2 A- Super-população nos últimos 100 anos gerou a ocupação de todos os territórios em busca de recursos naturais e, B- Urbanização acelerada pelas ofertas de novos trabalhos e bem-estar e forte demanda de recursos naturais
3 C- Produção interdependente entre unidades espalhadas por todas as regiões do globo com especialização de produção por países, gerando apara as sociedades o consumo de bens básicos dependente de mercados externos A queda da barragem em Minas Gerais e o Estado Islâmico são exemplos extremos que ilustram a urgência e servem de alerta à nova condição dos indivíduos de cada sociedade, que é de pensarem
4 como podem trabalhar em sua Casa ou Ôikos ou Eco para garantir-lhe bem-estar econômico, social e ambiental. A economia e a ecologia encontram-se dentro da Casa de cada indivíduo, onde mora e onde trabalha, se encontra nos locais em que se reúne com outros próximos e nas vias que lhe servem de deslocamento. A ação política de um indivíduo, seus próximos e sua sociedade ampliada podem determinar níveis de uso de recursos como água e tratamento de dejetos que interferem na saúde coletiva e do meio ambiente local e de outras localidades como sociedades ribeirinhas ou litorâneas que param de receber dejetos. No plano coletivo, a determinação do Ecos a seguir pode determinar uma política pública local ou ampliada (estadual, federal ou internacional) que irá reger as normas e investimentos que otimizem a vida coletiva do indivíduo e seu meio-ambiente. Esse pensar o Ecos é privado, individual, familiar, mas sua aplicação é ampliada até a Pólis no sentido mais amplo. Vale lembrar que as origens da palavra econômico ou economia vem da Antiguidade, é a soma da palavra grega Ôikos, casa,e Nomia ou Nomos, costumes ou lei, as leis ou costumes que administram a casa, a residência e o local de trabalho, a propriedade agrícola e a comercial, lugar de defesa de seus interesses particulares e pessoais. A economia como estado privado, a Pólis como coletivo, o lugar social do cidadão, o lugar da política. Já a palavra ecologia é um neologismo cunhado pelo Ernest Haeckel alemão ( ) utilizando as palavras gregas Ôikos, casa, e Logia, estudo, dando lhe o sentido de estudar o habitat dos seres vivos. Em resumo, a ecologia é a ciência que estuda as relações dos seres vivos entre si e com o meio ambiente. Ambos os termos referem-se ao local de vida do indivíduo, do ser humano, não pode mais haver dicotomia entre o meio-ambiente e o meio-social, ambos estão conectados e devem ser tratados em conjunto. Nossa casa, Ôikos, é a soma dos indivíduos e a ação de cada um deles, é a totalidade do planeta, virtualmente ocupado pelas interferências humanas. A política, então, torna-se um objeto de intermediação cultural entre as necessidades coletivas e os interesses particulares e restritos ao indivíduo e, sem poder interferir na liberdade que todo indivíduo possui, resta ao plano político mais no sentido cidade-estado que estado-nação ser o ambiente de compartilhamento e distribuição dos
5 benefícios que a coletividade ou comunidade de forma livre e espontânea cria para otimizar seus recursos ou minimizar danos. No centro da questão sobre o papel do espaço público e sua administração, está sua capacidade de agregar e alavancar Ações dos indivíduos em busca de inovações e soluções econômicas, ampliada ao Ecos que mantém sua qualidade de vida e sustenta sua rede de vida pessoal e profissional. Indissociáveis, a lógica da Ação humana englobando a economia e ecologia deu ao ser humano uma responsabilidade sem igual, transformando sentidos e redimensionando significados. Itiberê Luiz Galli Chamoum Muarrek, mestre em economia pela PUCSP. Publicado originalmente em: ---
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