FACULDADES INTEGRADAS DO TAPAJÓS RESPONSABILIDADE CIVIL. Prof. MSC. Handerson Bentes. Santarém PA 2016
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- Valentina Graça Sintra
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1 FACULDADES INTEGRADAS DO TAPAJÓS RESPONSABILIDADE CIVIL Prof. MSC. Handerson Bentes Santarém PA 2016
2 Elementos da Responsabilidade Civil Art Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. (CC) Pode-se extrairmos os elementos ou pressupostos da responsabilidade civil: a) conduta humana (positiva ou negativa); b) dano ou prejuízo, c) o nexo de causalidade.
3 Sobre o elemento acidental (culpa): Atualmente a responsabilidade está calcada atividade de risco, ou seja, em regra (objetiva), consoante se pode notar da leitura do art. 927 e ss. Art Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
4 Portanto, a culpa não pode ser considerada um elemento essencial, mas sim acidental da responsabilidade civil. Desta forma, são elementos básicos ou pressupostos da responsabilidade civil: a conduta humana (positiva ou negativa), o dano ou prejuízo, e o nexo de causalidade
5 A CONDUTA HUMANA: PRIMEIRO ELEMENTO DA RESPONSABILIDADE CIVIL Apenas o homem, portanto, por si ou por meio das pessoas jurídicas que forma, poderá ser civilmente responsabilizado. O núcleo fundamental, portanto, da noção de conduta humana é a voluntariedade, que resulta exatamente da liberdade de escolha do agente Imputável, com discernimento necessário para ter consciência daquilo que faz.
6 A título de exemplo: Não se pode reconhecer o elemento "conduta humana", pela ausência do elemento volitivo, na situação do sujeito que, apreciando um raríssimo pergaminho do século XI, sofre uma micro-hemorragia nasal e, involuntariamente, espirra, danificando seriamente o manuscrito. Seria inadmissível, no caso, imputar ao agente a prática de um ato voluntário.
7 Em outras palavras. a voluntariedade, que é pedra de toque da noção de conduta humana ou ação voluntária, primeiro elemento da responsabilidade Civil. não traduz necessariamente a intenção de causar o dano. mas sim, e tão somente. a consciência daquilo que se está fazendo.
8 CLASSIFICAÇÃO DA CONDUTA HUMANA a) positiva; b) negativa. A primeira delas traduz-se pela prática de um comportamento ativo. POSITIVO, a exemplo do dano causado pelo sujeito que, embriagado, arremessa o seu veiculo contra o muro do vizinho.
9 A segunda forma de conduta. por sua vez, e de Intelecção mais sutil. Trata-se da atuação omissiva ou negativa, geradora de dano. É o caso da enfermeira que, violando as suas regras de profissão e o próprio contrato de prestação de serviços que celebrou, deixa de ministrar os medicamentos ao seu patrão, por dolo ou desídia.
10 Observemos também que o Código Civil brasileiro. além de disciplinar a responsabilidade civil por ato próprio, reconhece também espécies de responsabilidade Civil indireta, por ato de terceiro ou por fato do animal e da coisa.
11 Responsabilidade civil por ato de terceiro: Art São também responsáveis pela reparação civil: I os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; II o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; III o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; IV os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; V os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
12 Responsabilidade civil por fato do animal: Art O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior. Responsabilidade civil por fato da coisa: Art O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta. Art Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
13 Nestes casos ocorreriam omissões ligadas a deveres jurídicos de custódia, vigilância ou má eleição de representantes, cuja responsabilização e Imposta por norma legal.
14 A CONDUTA HUMANA E A ILICITUDE REGRA De fato, uma vez que a responsabilidade civil nos remete á ideia de atribuição das consequências danosas da conduta ao agente infrator. é lógico que, para a sua configuração. ou seja. para que haja a imposição do dever de indenizar, a referida atuação lesiva deva ser contrária ao direito. Ilícita, antijurídica.
15 Exceção: A Imposição do dever de indenizar poderá existir mesmo quando o sujeito atua licitamente. Em outras palavras: poderá haver responsabilidade civil sem necessariamente haver antijuridicidade, ainda que excepcionalmente, por força de norma legal.
16 Exemplo 1: Art O proprietário ou ocupante do imóvel é obrigado a tolerar que o vizinho entre no prédio, mediante prévio aviso, para: I dele temporariamente usar, quando indispensável à reparação, construção, reconstrução ou limpeza de sua casa ou do muro divisório; II apoderar-se de coisas suas, inclusive animais que aí se encontrem casualmente. 1º O disposto neste artigo aplica-se aos casos de limpeza ou reparação de esgotos, goteiras, aparelhos higiênicos, poços e nascentes e ao aparo de cerca viva. 2º Na hipótese do inciso II, uma vez entregues as coisas buscadas pelo vizinho, poderá ser impedida a sua entrada no imóvel. 3º Se do exercício do direito assegurado neste artigo provier dano, terá o prejudicado direito a ressarcimento.
17 Exemplo 2: Art O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto, pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário. 1º Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e facilmente se prestar à passagem. 2º Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes perca o acesso a via pública, nascente ou porto, o proprietário da outra deve tolerar a passagem.
18 Note-se pois, a vista de tais exemplos, que o dever de reparar o dano causado, nesses casos, decorre de uma atuação lícita do infrator. que age amparado pelo direito.
19 Dano Indispensável a existência de dano ou prejuízo para a configuração da responsabilidade civil. Sem a ocorrência deste elemento não haverá o que indenizar, e, consequentemente, responsabilidade.
20 Conceito: lesão a um interesse jurídico tutelado patrimonial ou não - causado por ação ou omissão do sujeito infrator. Note-se, neste conceito, que a configuração do prejuízo poderá decorrer da agressão a direitos ou interesses personalíssimos (extrapatrimonial) a exemplo daqueles representados pelos direitos da personalidade. Especialmente o dano moral
21 Sobre a tutela geral dos direitos da personalidade - cuja violação, também poderá gerar responsabilidade civil. Sua proteção poderá ser: a)preventiva: - principalmente por meio do ajuizamento de ação cautelar, ou ordinária com multa com multa, objetivando evitar a concretização da ameaça de lesão ao direito da personalidade. b) Repressiva: por meio da Imposição de sanção civil (pagamento de indenização) ou penal (persecução criminal) em caso de a lesão já haver se efetivado"
22 Novo CPC Art A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la. 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia. 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. Art A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito.
23 REQUISITOS DO DANO INDENIZÁVEL a)a violação de um interesse jurídico patrimonial ou extrapatrimonial de uma pessoa física ou jurídica - obviamente, todo dano pressupõe a agressão a um bem tutelado, de natureza material ou não. pertencente a um sujeito de direito. b) certeza do dano - somente o dano certo, efetivo, é indenizável. Ninguém poderá ser obrigado a compensar a vítima por um dano abstrato ou hipotético. Para - HELENA DINIZ, "a certeza do dano refere-se à sua existência, e não a sua atualidade ou ao seu montante"
24 Observação: Ainda analisando o requisito da certeza, devemos lembrar que a doutrina controverte-se a respeito da reparabilidade do dano decorrente da 'perda da chance c) subsistência do dano - quer dizer, se o dano já foi reparado, perde-se o interesse da responsabilidade civil. O dano deve subsistir no momento de sua exigibilidade em Juízo. o que significa dizer que não há como se falar em indenização se o dano já foi reparado espontaneamente pelo lesante.
25 ESPÉCIES DE DANO: PATRIMONIAL E MORAL O dano patrimonial traduz lesão aos bens e direitos economicamente apreciáveis do seu titular. Aspectos de analise do dano patrimonial: a)o dano emergente - correspondente ao efetivo prejuízo experimentado pela vítima, ou seja, o que ela perdeu; b) os lucros cessantes - correspondente aquilo que a vítima deixou razoavelmente de lucrar por força do dano, ou seja, o que ela não ganhou.
26 Posicionamento do STJ com relação aos lucros cessantes: RESP /RI, Df de : "A expressão 'o que razoavelmente deixou de lucrar: constante do art do Código Civil, deve ser interpretada no sentido de que, até prova em contrario, se admite que o credor haverá de lucrar aquilo que o bom senso diz que obteria, existindo a presunção de que os fatos se desenrolariam dentro do seu curso normal. tendo em vista os antecedentes".
27 Dano moral: Prejuízo ou lesão de direitos, cujo conteúdo não ê pecuniário, nem comercialmente redutível a dinheiro, como é o caso dos direitos da personalidade, a saber, o direito â vida, â integridade física (direito ao corpo, vivo ou morto, a voz), a integridade psíquica (liberdade, pensamento, criações intelectuais, privacidade e segredo) e à integridade moral (honra, imagem e identidade).
28 DANO REFLEXO OU EM RICOCHETE: Conceitualmente. consiste no prejuízo que atinge reflexamente pessoa próxima, ligada à vítima direta da atuação ilícita. Exemplo: É o caso. por exemplo. do pai de família que vem a perecer por descuido de um segurança de banco inábil. em uma troca de tiros. Note-se que. a despeito de o dano haver sido sofrido diretamente pelo sujeito que pereceu, os seus filhos. alimentandos, sofreram os seus reflexos. por conta da ausência do sustento paterno.
29 Desde que este dano reflexo seja certo, de existência comprovada, nada Impede a sua reparação civil.
30 DANOS COLETIVOS, DIFUSOS E A INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS Visa combater as macro-lesões sociais. A definição legal de tais interesses se encontra no Código de Defesa do Consumidor Brasileiros, que traz norma, nesse sentido, de natureza geral, não se limitando ás relações de consumo.
31 Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.
32 Compreendendo os direito difusos e coletivos: Imagine-se um vazamento em uma fábrica, que tenha poluído um lago na sua proximidade. Essa conduta gera danos difusos a toda a sociedade, que tem um direito constitucional a defesa de um meio ambiente ecologicamente equilibrado, e também coletivos, por exemplo, dos empregados da empresa, para exigir o cumprimento das normas de segurança e medicina do trabalho, ou mesmo da comunidade ribeirinha, que mantém relação jurídica de vizinhança com a indústria, para exigir a observância das regras legais pertmentes.
33 Individuais homogêneos Os direitos individuais homogêneos. por sua vez, inovação da Lei nº 8.078/90, são aqueles ligados por uma origem comum. Embora determinados e divisíveis, uma situação de fato uniforme em relação a todos os lesados autoriza a utilização dos meios processuais correspondentes para sua defesa. Ainda nos valendo do exemplo da poluição do lago, há um interesse individual homogêneo dos pescadores da região. em função das perdas e danos gerados pela conduta poluidora.
34 Observação: No campo contratual, também é possível verificar a ocorrência de danos individuais homogêneos, como, por exemplo, quando uma empresa vende determinado produto adulterado a várias pessoas espalhadas pelo país, pois, embora diversos os negócios Jurídicos de compra e venda, caracterizada estará a Igualdade Jurídica entre os contratos.
35 Bom final de semana!
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