Diabetes mellitus no cão

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "Diabetes mellitus no cão"

Transcrição

1 UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO Escola de Ciências Agrárias e Veterinárias - Departamento de Ciências Veterinárias Pedro Emanuel Silva Machado Diabetes mellitus no cão Dissertação apresentada à Escola de Ciências Agrárias e Veterinárias - Departamento de Ciências Veterinárias - da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Medicina Veterinária. Orientador: Professora Doutora Maria João Pires Co-orientador: Professor Doutor Luís Navarro de Hago VILA REAL, 2010 i

2 Agradecimentos Diabetes mellitus no cão. AGRADECIMENTOS À Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, na pessoa do seu Magnífico Reitor, Professor Doutor Carlos Alberto Sequeira, e aos meus professores por me introduzirem a Medicina Veterinária e me transmitirem os mais diversos conhecimentos das áreas científica, tecnológica e inter-pessoal. À Professora Doutora Maria João Pires, por toda a disponibilidade, simpatia, amizade e incentivo. Ao Professor Doutor Luís Navarro de Hago, à Dr. a Dolores Muñoz Muñoz e a todo o corpo clínico do Centro Veterinário Valdelasfuentes por todos os ensinamentos e por me terem recebido de braços abertos. À Medicina Veterinária por ter preenchido a minha vida com os melhores amigos e melhor mulher e amiga. À minha mãe e irmãs por serem os pilares da minha vida. À família Pita-Romero por me tratarem como parte da família. ii

3 Resumo Diabetes mellitus no cão. RESUMO A diabetes mellitus é uma doença metabólica de etiologia heterogénea, caracterizada por um aumento crónico da concentração de glicose no sangue devido a um defeito na produção de insulina ou falha na sua utilização a nível celular. A insulina é a base fundamental do tratamento da diabetes mellitus no cão, sendo factores coadjuvantes a dieta e o exercício. Os animais não tratados ou mal controlados podem sofrer complicações como a cetoacidose diabética. Este trabalho foi efectuado durante o estágio curricular no Centro Veterinário Valdelasfuentes e encontra-se estruturado em duas partes principais: revisão bibliográfica sobre o tema e apresentação de 4 casos clínicos, acompanhados durante o mesmo período. Tendo em conta o conhecimento teórico e prático adquiridos durante a realização deste trabalho, é possível concluir que o sucesso do tratamento depende essencialmente, do compromisso do proprietário em tratar a doença, da facilidade de regulação da glicemia, da presença de doenças concorrentes, assim como da prevenção de complicações crónicas relacionadas com a diabetes mellitus. Palavras-Chave: diabetes mellitus, cão, hiperglicemia e glicose. iii

4 Abstract Diabetes mellitus no cão. ABSTRACT Diabetes mellitus consists of a group of metabolic diseases, with heterogenic etiology, that are characterized by a chronic excess of blood glucose concentration, resulting from defects in insulin secretion, insulin action, or both. Insulin is the cornerstone of therapy for Diabetes mellitus in dogs. Diet and exercise plays an integral role in the successful management of diabetic dog. Untreated animals or bad controlled ones can suffer complications as diabetic ketoacidosis. This work was performed during the curricular period in the Veterinary Center Valdelasfuentes and is structured in two main parts: bibliographical report and presentation of 4 case studies, accompanied during the same period. Based on practical and theoretical knowledge acquired during the achievement of this work, is possible to conclude that the success on handling this disease, depends essentially, on the owner commitment to treat the disease, on the facility of glucose regulation, on the presence of concurrent diseases, as well as the prevention of chronic complications related with the Diabetes mellitus. Keywords: diabetes mellitus, dog, hyperglycemia and glucose. iv

5 Índice Geral Diabetes mellitus no cão. ÍNDICE GERAL Agradecimentos... ii Resumo... iii Abstract... iv Índice de figuras e gráficos... x Índice de tabelas... xi Lista de siglas/acrónimos e abreviaturas... xii I. INTRODUÇÃO Classificação segundo a sua fisiopatologia Diagnóstico Identificação do Animal Anamnese e Exame físico Avaliação Laboratorial Hemograma Bioquímica sanguínea Glicose Colesterol Triglicerídeos Enzimas hepáticas Ureia e creatinina Equilibrio ácido-base Análise de urina Glicose Corpos Cetónicos Outras provas complementares Concentração de fructosamina circulante Concentração de hemoglobina glicosilada Enzimas pancreáticas e TLI Tratamento v

6 Índice Geral Diabetes mellitus no cão. 3.1 Dieta Exercício Hipoglicemiantes Orais Insulina Pauta de Tratamento Curva de Glicemia Interpretação da Curva de Glicemia Eficácia da insulina Nadir Duração de acção da insulina Controlo do animal diabético Complicações da terapia insulínica Hipoglicemia Hiperglicemia Induzida pela Insulina ( Efeito Somogyi ) Curta Duração do Efeito Insulínico Resistência à Acção da Insulina Complicações da Diabetes mellitus a longo prazo Cataratas Uveíte Cetoacidose diabética Tratamento Fluidoterapia Suplementação com Potássio Suplementação com Fosfato Bicarbonato Insulina Prognóstico II. Objectivos vi

7 Índice Geral Diabetes mellitus no cão. III. TRABALHO PRÁTICO Casos Clínicos Considerações gerais Casos clínicos Caso clínico Identificação do animal Anamnese Exame físico Diagnósticos diferenciais Exames complementares Diagnóstico Prognóstico Tratamento Tratamento médico Tratamento dietético Exercício Acompanhamento do caso Caso clínico Identificação do animal Anamnese Exame físico Diagnósticos diferenciais Exames complementares Diagnóstico Prognóstico Tratamento Tratamento médico Tratamento dietético Exercício...36 vii

8 Índice Geral Diabetes mellitus no cão Acompanhamento do caso Caso clínico Identificação do animal Anamnese Exame físico Diagnósticos diferenciais Exames complementares Diagnóstico Prognóstico Tratamento Tratamento médico Tratamento dietético Exercício Acompanhamento do caso Caso clínico Identificação do animal Anamnese Exame físico Diagnósticos diferenciais Exames complementares Diagnóstico presuntivo Prognóstico Tratamento Tratamento médico Tratamento cirúrgico Acompanhamento do caso...48 IV. Discussão V. CONCLUSÃO viii

9 Índice Geral Diabetes mellitus no cão. VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ix

10 Índice de Figuras e Gráficos Diabetes mellitus no cão. ÍNDICE DE FIGURAS: Figura 1. Catarata da Chispa. Existe hiperemia a nível da esclera (fotografia gentilmente cedida pelo Centro Veterinário Valdelasfuentes) Figura 2. Curva de glicemia ideal (adaptado de: Greco, 2002)...19 Figura 3. Aparelhos utilizados no processamento das amostras...29 Figura 4. Algumas das imagens presentes no pequeno manual da Caninsulin, para o seguimento do cão diabético Figura 5. Chispa...30 Figura 6. Electrocardiograma da Linda ÍNDICE DE GRÁFICOS: Gráfico 1. Curva de glicemia da Breda Gráfico 2. Curva de glicemia da Jana Gráfico 3. Curva de glicemia da Linda x

11 Índice de Tabelas Diabetes mellitus no cão. ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1. Classificação da Diabetes mellitus em humanos (adaptado de: Catchpole et al., 2008) Tabela 2. Classificação proposta por Catchpole para a diabete mellitus no cão (adaptado de: Catchpole et al., 2005 e 2008) Tabela 3. Classificação proposta por Fall para a diabetes mellitus canina (adaptado de: Fall, 2009) Tabela 4. Algumas das raças com maior/menor predisposição para o desenvolvimento de DM (adaptado de: Nelson, 2007) Tabela 5. Alterações clinicopatológicas frequentes em cães com DM não complicada (adaptado de: Ettinger, 2003) Tabela 6. Causas de hiperglicemia (adaptado de: Ettinger, 2003)... 7 Tabela 7. Conteúdo de macronutrientes (matéria seca) em algumas comidas comerciais para cães (adaptado de: Greco, 2003) Tabela 8. Alguns tipos de insulina utilizadas em animais de companhia (adaptado de: Nelson e Couto, 2000; Nelson, 2007, INFARMED, 2010) Tabela 9. Prospecto de Caninsulin Tabela 10. Causas de ineficácia ou de resistência à insulina em cães diabéticos (adaptado de: Ettinger, 2003) Tabela 11. Valores de referência de fructosamina do metrolab Tabela 12. Hemograma realizado na Chispa Tabela 13. Resultados das análises clínicas realizadas na Chispa Tabela 14. Resultados das análises clínicas realizadas na Breda Tabela 15. Medições da concentração de glicose para elaboração da curva de glicemia da Breda Tabela 16. Resultados das análises clínicas realizadas na Jana Tabela 17. Análise de urina da Jana (Segunda colheita)...41 Tabela 18. Medições da concentração de glicose para elaboração da curva de glicemia da Jana Tabela 19. Análise de urina da Jana (Terceira colheita) Tabela 20. Resultados das análises clínicas realizadas na Linda Tabela 21. Medições da concentração de glicose para elaboração da curva de glicemia da Linda Tabela 22. Análise de urina da Linda (Segunda colheita)...48 Tabela 23. Resultados da biopsia pancreática da Linda xi

12 Lista de siglas/acrónimos e abreviaturas Diabetes mellitus no cão. LISTA DE SIGLAS/ACRÓNIMOS, ABREVIATURAS E SINAIS/SÍMBOLOS ALT Alanina Amino transferase AST Aspartato Amino transferase BID Cada 12 horas CAD Cetoacidose diabética CMHC Concentração média de hemoglobina corpuscular dl Decilitro DM Diabetes mellitus DMDI Diabetes mellitus dependente de insulina DMNDI Diabetes mellitus não dependente de insulina DRI Diabetes por resistência à insulina ECG Electrocardiograma EDTA Ácidoetilenodiaminotetracético EM Energia metabólica Eq Equivalente FA Fosfatase Alcalina fl Fentolitro g Grama GH Hormona de crescimento ( Growth hormone ) GHb Hemoglobina glicosilada h Hora HCM Hemoglobina corpuscular média Hgb Hemoglobina IM Intramuscular IPE Insuficiência pancreática exócrina IV Intravenoso K + Ião potássio Kcal Quilocaloria Kg Quilograma (unidade de peso) L Litro meq Mili-equivalentes meq/l Mili-equivalentes por litro (unidade de concentração) mg Miligrama mg/dl Miligrama por decilitro xii

13 Lista de siglas/acrónimos e abreviaturas Diabetes mellitus no cão. mg/kg Miligrama por quilograma min. Minuto ml Militro mmol Milimole mmol/l Milimole por litro NaCl Cloreto de Sódio NPH Insulina isofânica ( Neutral Protamine Hagedorm ) ºC Graus Celsius OVH Ovariohisterectomia PD Polidipsia PDWc índice de distribuição de plaquetas ( Platelet Distribution Width ) ph Potencial Hidrogeniónico PO Via oral PU Poliuria PZI Insulina protamina-zinco ( Protamine Zinc Insulin ) RDW Índice de anisocitose ( Red Cell Distribution Width ) SC Subcutâneo T4 Tiroxina TLI Trypsin-Like Immuno reactivity TRC Tempo de repleção capilar U/Kg Unidade por quilograma UI Unidades internacionais VCM Volume corpuscular médio VMP Volume médio das plaquetas % Percentagem Marca registada mol Micromole mol/l Micromole por litro < Menor > Maior xiii

14 Introdução Diabetes mellitus no cão. I. INTRODUÇÃO O pâncreas endócrino é composto por ilhéus de Langerhans, que se encontram dispersos como ilhas pequenas num mar de células acinares de secreção exócrina. Com base nas suas propriedades de coloração e morfologia, as células que compõem esses ilhéus dividem-se em quatro tipos distintos: as células que segregam o glucagon, as células que segregam a insulina, as células que segregam a somatostatina e as células F que segregam o polipéptido pancreático (Feldman e Nelson, 2000). A glicose é a principal fonte de energia para as células do corpo, excepto para os músculos cardíaco e esquelético que normalmente usam ácidos gordos livres como fonte de energia. A concentração de glicose no sangue é um reflexo da absorção gastrointestinal de hidratos de carbono, proteína e gordura, e ainda um reflexo da produção de glicose através da lipólise, da glicogenólise nos adipócitos, fígado e músculo, e através da gliconeogénese hepática (Johnson, 2008). A diabetes mellitus (DM) é uma doença endócrina caracterizada por um aumento crónico dos níveis de glicose no sangue devido a um defeito na secreção de insulina, na sua acção, ou ambas (ADA, 2003). A sua etiologia não se conhece com exactidão, sendo sem dúvida multifactorial (Nelson, 2007). 1. Classificação segundo a sua fisiopatologia Ao longo dos anos foram várias as tentativas de classificar a DM canina. No entanto, continuam a não existir em Medicina Veterinária critérios internacionalmente aceites para a classificação da mesma (Rand et al., 2004). A maioria dos cães diabéticos têm uma deficiência absoluta de insulina, e há evidências que normalmente é causada por destruição imunomediada das células. A infiltração de células inflamatórias nos ilhéus de Langerhans ocorre em 46% dos cães, e 50% apresentam em circulação anticorpos anti-células (Rand et al., 2003). A diabetes mellitus é classificada nos humanos em diabetes mellitus tipo 1, diabetes mellitus tipo 2, diabetes de outros tipos de etiologia e diabetes gestacional (tabela 1). Se estes critérios de classificação fossem aplicados à espécie canina, pelo menos 50% dos casos de diabetes seriam classificados como tipo 1, esta proporção tem sido demonstrada pela existência de anticorpos contra as células (Davison et al., 2003; Rand e Fleeman, 2005). Os restantes cães têm outros 1

15 Introdução Diabetes mellitus no cão. tipos de diabetes específicos que resultam da destruição pancreática, resistência crónica à insulina, ou diabetes induzida pelo diestro (Rand e Fleeman, 2005). Tabela 1. Classificação da Diabetes mellitus em humanos (adaptado de: Catchpole et al., 2008). I. Diabetes mellitus tipo 1 (destruição de células que leva a uma deficiência absoluta de insulina): A. Imunomediada B. Idiopática II. Diabetes mellitus tipo 2 (há predominantemente uma resistência à insulina com deficiência de produção de insulina relativa ou predominantemente uma deficiência na produção de insulina com resistência periférica à insulina). III. IV. Outros Tipos: A. Defeitos genéticos na função das células B. Defeitos genéticos na acção da insulina C. Doenças do pâncreas exócrino D. Endocrinopatias E. Induzida por fármacos ou substâncias químicas F. Infecções G. Formas raras de diabetes imunomediadas Diabetes na Gestação Aproximadamente 28% da DM canina deve-se a uma pancreatite crónica (Rand, et al., 2004) por destruição dos ilhéus de Langerhans. A DM e a pancreatite podem ocorrer concorrentemente e está provado que a DM aumenta o risco de morte por pancreatite aguda em cães, e que em sentido inverso a pancreatite é uma complicação comum da DM e da cetoacidose diabética (CAD) (Watson, 2007). A insuficiência pancreática exócrina subclínica tem sido descrita em cães diabéticos. Contudo, pode ser a causa ou a consequência da insuficiente produção de insulina pelas células (Fleeman e Rand, 2005), uma vez que, foi demonstrado que o pâncreas se atrofia na diabetes tipo1 crónica em humanos possivelmente devido à falta do efeito trófico que a insulina exerce sobre o pâncreas exócrino (Gale, 2005). A incidência da diabetes de gestação e de diestro é baixa em cães (Fall, 2009), e depende da proporção de cadelas inteiras na população (Fleeman e Rand, 2005). Este tipo de diabetes deve-se ao aumento de progesterona que tem um efeito antagonista directo na insulina e também estimula a secreção de hormonas de crescimento (GH) pelas glândulas mamárias (Gale, 2005). A progesterona diminui a união da insulina e o transporte de glicose nos tecidos, e a GH antagoniza a insulina através de uma diminuição do número de receptores de insulina. Como a DM em fêmeas não esterilizadas está na maioria das vezes associada ao diestro (Catchpole et al., 2005), e actualmemente a ovariohisterectomia (OVH) antes dos 12 meses, é um procedimento cada vez mais aconselhado, a incidência deste tipo de diabetes é cada vez menor (Catchpole et al., 2005; Davison et al., 2005). Segundo Rand e Fleeman (2005), cerca de 20% da DM canina está associada a estados de resistência à insulina que podem ser devidos a uma doença concorrente ou a um tratamento que 2

16 Introdução Diabetes mellitus no cão. produz resistência à insulina, podendo ocorrer em cães com hiperadrenocorticismo ou que estão com tratamentos crónicos com corticosteroídes. Embora a obesidade produza resistência à acção da insulina, não existem publicações de diabetes tipo 2 em cães, nem de que a obesidade é um factor de risco da diabetes canina (Rand e Fleeman, 2005). Enquanto German et al. (2009), defendem que embora não seja comum os cães sofrerem de diabetes tipo 2, existe uma associação entre diabetes canina e obesidade, e suportam esta associação dizendo que a DM pode ser induzida em cães através da manipulação da dieta, e que em cães em que ao longo das suas vidas se restringiu a ingestão de alimento, verificou-se uma melhoria na sensibilidade à insulina e na tolerância à glicose. O sistema de classificação em diabetes mellitus dependente de insulina (DMDI) e diabetes mellitus não dependente da insulina (DMNDI) foi usado em Medicina Humana até 1999, sendo ainda utilizado em Medicina Veterinária. Como a maioria dos cães são tratados com insulina uma vez detectada a doença, quase todos são classificados em DMDI. Além disso, este sistema de classificação não ajuda o clínico a elaborar prognósticos e opções de tratamento (Fall, 2009). Catchpole et al. (2005), sugerem um sistema de classificação em que os cães são divididos em dois grupos: diabetes por deficiência de insulina (DDI) e diabetes por resistência à insulina (DRI) (Tabela 2). Tabela 2. Classificação proposta por Catchpole para a diabete mellitus no cão (adaptado de: Catchpole et al., 2005 e 2008). I. Diabetes por Deficiência de Insulina (DDI): Deficiência absoluta em insulina. A DDI primária é caracterizada por uma diminuição progressiva das células. A etiologia da destruição/deficiência em células é actualmente desconhecida, mas pensa-se que vários processos possam estar envolvidos: - Hipoplasia/atrofia congénita das células - Destruição de células associada a doenças do pâncreas exócrino - Destruição de células imunomediada - Processos idiopáticos II. Diabetes por Resistência à Insulina (DRI): deficiência relativa em insulina 1. A DRI primária resulta geralmente de um antagonismo à acção da insulina por outras hormonas. - Diabetes na gestação ou no diestro - Secundária a outras endocrinopatias (Hiperadrenocorticismo; Acromegalia) - Iatrogénica (Glucocorticóides de síntese; Progestagéneos de síntese) 1 Pode haver progressão de DRI para DDI secundária como consequência da perda de células associada a hiperglicemia não controlada. Segundo Fall (2009), embora esta classificação proposta por Catchpole et al. (2005) seja atractiva, tem vários inconvenientes, dado que a maioria dos casos de DM permanecem como idiopáticos e mantém-se a dificuldade de comunicação com os clínicos de Medicina Humana que classificam a diabetes mellitus em tipo 1 e tipo 2. Para além disto, alguns cães passam de um estado de resistência à insulina para um estado de deficiência de insulina, após o efeito tóxico da glicose. Por estas razões, este autor sugere um novo sistema de classificação semelhante ao usado em medicina humana (Tabela 3). 3

17 Introdução Diabetes mellitus no cão. Tabela 3. Classificação proposta por Fall para a diabetes mellitus canina (adaptado de: Fall, 2009). Classificação em cães Diabetes mellitus juvenil: - Hipoplasia das células - Deficiência de células combinado com atrofia acinar pancreática Relacionada com progesterona: - Gestação - Diestro Secundária a pancreatite Tumores endócrinos: - Hiperadrenocorticismo - Acromegalia - Glucagonoma Iatrogénica: - Glucocorticoides - Progestagéneos - Secundária a tratamento de insulinoma Diabetes mellitus imunomediada 2 Diabetes mellitus idiopática Correspondência na classificação em humanos - Sem correlação Sem correlação - Classe IV Classe IV Classe III: C - Classe III: D Classe III: D Classe III: D - Classe III: E Classe III: E Classe III: C/ Classe III: E Classse I: A Sem correlação 2 A importância da etiologia imunomediada na diabetes mellitus canina ainda não é claramente conhecida Apesar de todas as classificações sugeridas pelos vários autores, não há em Medicina Veterinária uma classificação que seja aceite a nível internacional, sendo no entanto de extrema importância para o clínico usar um sistema de classificação apropriado que lhe permita identificar e diferenciar as diferentes formas e estádios da doença. 2. Diagnóstico Segundo Nelson (2007), um diagnóstico de diabetes mellitus requer a presença de sinais clínicos característicos (poliúria, polidipsia, polifagia e perda de peso), de uma hiperglicemia de aparecimento agudo e persistente, e de glicosúria. Alguns autores referem valores de glicose sérica de 250 mg/dl e uma densidade urinária > 1,014 (Nelson, 2005; Jardón et al., 2007). Os dados laboratoriais devem ser sempre avaliados juntamente com a história clínica e o exame físico (Schermerhorn, 2003), sendo fundamental averiguar a existência de doenças concorrentes como o hiperadrenocorticismo ou a pancreatite (Fall, 2009). Actualmente não há um teste laboratorial capaz de detectar a doença precocemente e o diagnóstico é geralmente feito tarde no decurso da doença (Rand e Fleeman, 2004). Em Medicina Veterinária, não é costume realizarem-se testes para avaliar a secreção de insulina (Fall, 2009). 2.1 Identificação do Animal A DM apresenta uma maior incidência em cães entre os 4 e 14 anos, com um pico de prevalência entre os 7-10 anos (Nelson, 2007). É muito mais frequente em fêmeas (Feldman e Nelson, 2000; Nelson, 2007), embora num estudo britânico, realizado por Davison et al. (2005), 4

18 Introdução Diabetes mellitus no cão. com 253 cães com DM, esta relação não tenha sido observada. Alguns autores mencionam uma certa predisposição racial (tabela 4), no entanto pode afectar cães de todas as raças (Nelson, 2007). Tabela 4. Algumas das raças com maior/menor predisposição para o desenvolvimento de DM (adaptado de: Nelson, 2007). Raças com maior predisposição Raças com menor predisposição Terrier australiano Schnauzer standard Schnauzer anão Bichon frise Spitz Fox terrier Caniche anão Samoyedo Cairn terrier Keeshond Pastor alemão Collies Pastor shetland Golden retriever Cocker spaniel Pastor australiano Labrador retriever Dobermann pinscher A predisposição racial pode ser justificada pelo facto de algumas raças apresentarem uma maior susceptibilidade para outras endocrinopatias como o hiperadrenocorticismo (Hoening, 2002). 2.2 Anamnese e Exame físico É importante a realização de uma anamnese e de um exame físico exaustivos em todos os animais com suspeita de diabetes mellitus devido à alta prevalência de complicações concorrentes (Nelson, 2007). Os animais com DM podem apresentar uma grande variedade de sinais clínicos que dependem do intervalo de tempo entre o aparecimento de hiperglicemia e o diagnóstico; da gravidade da hiperglicemia; da presença e gravidade da cetonemia; e da natureza e gravidade de doenças concorrentes, como a pancreatite (Rucinsky et al., 2010). Os sinais clínicos aparecem quando as concentrações de glicose no sangue superam o seu limiar renal de reabsorção ( mg/dl) (Nelson, 2007). Estes sinais incluem a poliúria (produção de urina >50 ml/kg/dia), a polidipsia (consumo de água >100 ml/kg/dia) e a perda de peso (Battistella, 2005). É usual que os proprietários levem o seu animal à consulta devido ao facto de este ter começado a urinar em casa. Apesar de não ser muito frequente, às vezes o motivo da consulta é o aparecimento de alguma complicação da DM, sem que previamente se tenham detectado os sinais clínicos típicos da doença. Uma das complicações mais frequentes é a cegueira de evolução rápida devido à formação de cataratas (figura 1) (Nelson e Feldman, 2000). 5

19 Introdução Diabetes mellitus no cão. Figura 1. Catarata da Chispa. Existe hiperemia a nível da esclera (fotografia gentilmente cedida pelo Centro Veterinário Valdelasfuentes). Se o cão não for tratado pode passar a um estado de cetoacidose, uma situação grave que necessita de cuidados intensivos (Fall, 2009), apresentando estes animais sinais de doença sistémica (letargia, anorexia, vómito e fraqueza), associados ao desenvolvimento de cetonemia e acidose metabólica (Greco, 2004; Fleeman e Rand, 2005). As alterações detectadas durante a realização do exame físico dependem da gravidade da doença e da existência de complicações. Em cães diabéticos que não sofrem de outras doenças, o exame físico é praticamente normal, na sua maioria são animais obesos ou que apresentam um bom estado corporal e, mesmo que tenham perdido peso, raramente aparecem muito magros ou caquéticos (Nelson e Feldman, 2000), a menos que exista uma doença concorrente (por ex.: insuficiênia pancreática exócrina) (Nelson, 2007). A hepatomegalia, devido à lipidose hepática é muito comum, assim como um pêlo mal cuidado (Petrie, 2004; Fleeman e Rand, 2005). As alterações do cristalino compatíveis com cataratas são comuns em diabéticos (Petrie, 2004). A presença de CAD aumenta a gravidade das alterações observadas, nomeadamente: desidratação, letargia, debilidade, e um característico odor a acetona na cavidade oral (Nelson e Feldman, 2000). Em caso de acidose metabólica grave pode observar-se uma respiração lenta e profunda (respiração de Kussmaul), vómito, dor e distensão abdominal, e em casos de hiperosmolaridade grave, os animais podem entrar num estado de coma (Greco, 2004; Nelson, 2005). 2.3 Avaliação Laboratorial A avaliação laboratorial mínima deve incluir a realização de um hemograma, de alguns parâmetros bioquímicos séricos e de uma análise e cultura de urina (Nelson, 2007). Uma vez estabelecido o diagnóstico de DM, recomenda-se uma avaliação minuciosa dos dados clinicopatológicos de rotina (Tabela 5) (Nelson, 2007), com o objectivo de identificar qualquer alteração que possa, ser a causa ou ter contribuído para o desenvolvimento da diabetes 6

20 Introdução Diabetes mellitus no cão. (por ex.: hiperadrenocorticismo), ser uma consequência da diabetes (por ex.: cistite bacteriana) ou necessitar de tratamento adicional (por ex.: pancreatite). Tabela 5. Alterações clinicopatológicas frequentes em cães com DM não complicada (adaptado de: Ettinger, 2003). Hemograma Completo: Habitualmente normal Leucocitose por neutrofilia, neutrófilos tóxicos se existe pancreatite ou infecção Análise bioquímica: - Hiperglicemia - Hipercolesterolemia - Hipertrigliceridemia (lipedemia) - Aumento da ALT (habitualmente <500 UI/L) - Aumento da FA (habitualmente <500 UI/L) Análise de urina: - Densidade frequentemente > Glicosúria - Cetonúria variável - Proteinúria - Bacteriúria Provas complementares: - Hiperlipasemia - Hiperamilasemia - TLI sérico habitualmente normal 1 - Concentrações variáveis de insulina sérica 2 1 Pode aumentar em caso de pancreatite; Pode diminuir em caso de insuficiência pancreática exócrina; 2 DMDI: baixo, normal; DMNDI: baixo, normal, aumentado; Resistência à insulina induzida: Baixa, normal, aumentada. A hiperglicemia e a glicosúria são importantes para o diagnóstico de DM, uma vez que a hiperglicemia distingue a diabetes mellitus de uma glicosúria renal primária, e a glicosúria distingue a diabetes mellitus de outras causas de hiperglicemia (tabela 6). Tabela 6. Causas de hiperglicemia (adaptado de: Ettinger, 2003). Diabetes mellitus Pós-prandial (alimentação húmida) Hiperadrenocorticismo Estro Feocromocitoma Pancreatite Neoplasia pancreática exócrina Insuficiência renal Stresse Fármacos (glucocorticóides, progestagénios, acetato de megesterol) Fluidoterapia com glicose Erro laboratorial Ocasionalmente, podemos encontrar animais com hiperglicemia leve ( mg/dl), acompanhada ou não de glicosúria ligeira ou transitória, isto pode ocorrer como consequência da ingestão de alimento, em animais stressados, numa fase inicial da doença (ainda subclínica), ou no começo das alterações que produzem uma resistência à acção da insulina (Nelson,2005) Hemograma Os resultados são praticamente normais nos animais diabéticos sem complicações. Em alguns casos, pode observar-se uma leve policitemia se o animal está desidratado. A presença de 7

21 Introdução Diabetes mellitus no cão. leucocitose pode estar relacionada com processos infecciosos ou inflamação grave, especialmente se existe uma pancreatite subjacente. A presença de neutrófilos tóxicos, ou de um desvio à esquerda apoia a presença de um processo infeccioso como causa da leucocitose (Nelson, 2007) Bioquímica sanguínea As alterações bioquímicas mais frequentes em cães diabéticos são a hiperglicemia, a hipercolesterolemia, a hipertrigliceridemia, o aumento da actividade sérica da Alanina Aminotransferase (ALT), da Aspartato Aminotransferase (AST), e da Fosfatase Alcalina (FA); a hiperglobulinemia, e o aumento da ureia e da creatinina (Jardón et al., 2008) Glicose A principal alteração é a hiperglicemia em jejum ( 150 mg/dl), que é uma das bases de diagnóstico e que aparece praticamente em todos os animais diabéticos, apesar de não ser exclusiva de esta doença (Feldman e Nelson, 2000). Jardón et al. (2008), num estudo realizado com 30 cães diabéticos observaram que 100% dos animais apresentavam hiperglicemia. No entanto, Hess et al. (2000), em 221 casos de DM canina, detectaram hiperglicemia em apenas 85% dos cães, apresentando os restantes normoglicemia (12%) ou hipoglicemia (3%) Colesterol A utilização de lípidos aumenta progressivamente à medida que aumenta a gravidade da diabetes, dado que há um aumento da mobilização dos depósitos de gordura corporal, aparecendo hipercolesterolemia em proporção directa com o grau de mobilização dos lípidos (Jardón et al., 2008) Triglicerídeos A hipertrigliceridemia surge por alteração do metabolismo energético presente na DM (Blaxter e Gruffydd-Jones, 1990). O aumento em circulação de vários lípidos (triglicéridos, colesterol e ácidos gordos livres) resulta da lipomobilização dos triglicéridos desde os depósitos de gordura, diminuição na degradação hepática do colesterol e aumento da produção hepática de lipoproteínas de muito baixa densidade. Outras causas que produzem hipertrigliceridemia são: a diminuição da actividade da enzima lipoproteína lipase, a obesidade, o alto consumo de calorias e 8

22 Introdução Diabetes mellitus no cão. o excesso de produção hepática de triglicéridos. O aumento da sua concentração pode dar origem à frequente lipémia visível no soro (Jardón et al., 2008) Enzimas hepáticas A ALT é uma enzima que avalia a integridade dos hepatócitos e aumenta durante a DM canina (Nelson, 2005; Jardón et al., 2008; Greco, 2001). As alterações metabólicas podem alterar a permeabilidade da membrana dos hepatócitos e consequentemente aumentar a sua actividade sérica (Lassen, 2004). Um aumento da actividade sérica da AST sugere uma lesão hepatocelular activa, inclusivamente necrose hepática (Lassen, 2004; Blaxter e Gruffydd-Jones, 1990). O aumento da actividade sérica da FA em cães diabéticos pode dever-se à colestase, à colangiohepatitis, ao fígado gordo ou ao hiperadrenocorticismo, entre outros (Nelson, 2005; Jardón et al., 2007; Greco, 2001). Os aumento das actividades séricas da ALT, da AST e da FA sugerem lipidose hepática (Jardón et al., 2007) Ureia e creatinina As concentrações séricas de ureia e de creatinina estão geralmente dentro dos valores de referência em cães diabéticos sem complicações (Nelson, 2005; Jardón et al., 2008). O aumento da concentração sérica de ureia na DM pode ser de origem pré-renal ou renal (Hess, 2000; Lassen, 2004). As causas pré-renais são a desidratação por vómito, ou o aumento da produção de urina pelo rim, e as renais devem-se ao facto de que a hiperglicemia crónica induzir a degeneração hialina dos capilares sanguíneos glomerulares (Jardón et al., 2008) Equilibrio ácido-base Os electrólitos e o equilíbrio ácido-base permanecem normais nos diabéticos sem complicações, sofrendo graves alterações em animais com CAD (Nelson, 2007). A hipercarbonatemia pode estar associada à alcalose metabólica secundária ao vómito (Jardón et al., 2008). 9

23 Introdução Diabetes mellitus no cão Análise de urina A análise da urina tem vários propósitos diagnósticos em cães com DM, entre os mais importantes destaca-se a detecção de glicosúria e cetonúria (Nelson e Feldman, 2000). Outras alterações que podemos encontrar a este nível são: a proteinúria (por infecção urinária ou lesão glomerular) e bacteriúria, com ou sem piúria, e a hematúria associadas. Devido à alta incidência de infecções urinárias nos animais diabéticos, recomenda-se um minucioso estudo do sedimento urinário e a realização de uroculturas (Nelson e Feldman, 2000; Nelson, 2007) Glicose Como já foi referido anteriormente, a glicosúria juntamente com a hiperglicemia em jejum, constituem a base de diagnóstico da DM, e são as únicas alterações detectadas em casos não complicados (Nelson, 2005). Segundo Nelson (2007), a densidade específica da urina em cães diabéticos não tratados é de 1,025-1,035, associada à grande quantidade de glicose na urina. Jardón et al. (2008), num estudo com 30 cães com DM mencionam que a densidade urinária varia entre 1,020 e 1, Corpos Cetónicos Quando estão presentes grandes quantidades de corpos cetónicos na urina, especialmente num animal com sinais sistémicos de doença (por ex.: letargia, vómitos, diarreia ou desidratação), deve-se fazer um diagnóstico de CAD e tratar o animal apropriadamente (Greco, 2007). Num estudo realizado por Jardón et al. (2008), com 30 cães com DM, apenas 10% dos animais apresentaram cetoacidose. As tiras reactivas de urina detectam os corpos cetónicos mediante a sua reacção com o nitroprussiato de sódio, com o qual se detecta principalmente o ácido acetoacético. No entanto, o corpo cetónico mais abundante em casos de cetoacidose metabólica é o ácido beta-hidroxibutírico (Jardón et al., 2008), o que pode explicar os resultados observados por estes autores Outras provas complementares Concentração de fructosamina circulante A fructosamina é uma proteína glicosilada resultante de uma reacção não enzimática e irreversível entre a glicose e as proteínas séricas (Nelson, 2004). No cão, uma única determinação de fructosamina reflecte a média da concentração de glicose no sangue entre uma e duas semanas 10

24 Introdução Diabetes mellitus no cão. anteriores à determinação (Marca et al., 2000; Loste et al., 2000 e 2001). A sua concentração sérica não é afectada por aumentos agudos da concentração de glicose no sangue, como acontece em situações de excitação ou stresse, contudo pode ser afectada pela hipoalbuminemia (< 25g/L) e hiperlipidemia (triglicéridos > 1,7 mmol/l) (Nelson, 2004, Marca et al., 2000). Segundo Briggs et al. (2000), os valores normais de fructosamina em cães variam entre os mol/l Concentração de hemoglobina glicosilada A hemoglobina glicosilada (HbG) reflecte a média dos níveis de glicose no sangue dos últimos 2-3 meses prévios à realização do teste (Marca et al., 2000). A hemoglobina glicosilada resulta de um processo lento, não-enzimático e irreversível, e está directamente relacionado com a concentração da glicose sérica e a vida média dos eritrócitos (aproximadamente 120 dias nos cães). Ao contrário da fructosamina, que pode ser usada facilmente no controlo glicémico por ser um método rápido, fácil e económico, a hemoglobina glicosilada não é usada normalmente em Medicina Veterinária (Loste e Marca, 2000) Enzimas pancreáticas e TLI As enzimas pancreáticas (amilase e lipase) podem encontrar-se aumentadas nos casos em que a DM se encontra associada com uma pancreatite (Greco, 2001; Lassen, 2004). Devido à elevada prevalência de pancreatite em cães diabéticos, recomenda-se a determinação da lipase sérica e da imunoreactividade da tripsina (TLI: Trypsin-Like Immunoreactivity ), especialmente se não há possibilidade de realizar uma ecografia abdominal (Nelson, 2007). Em teoria, os cães com uma pancreatite activa concomitante deveriam ter um aumento da actividade sérica de lipase e da TLI. Infelizmente, estas concentrações nem sempre estão relacionadas de maneira precisa com a presença ou ausência de pancreatite (Hesse, 2000; Nelson, 2007). Por isso, estas provas devem sempre ser analisadas juntamente com os dados obtidos na história clínica e no exame físico, e outros exames complementares. A determinação da TLI no soro também se utiliza para diagnosticar uma insuficiência pancreática exócrina (IPE) (Nelson, 2007). 11

25 Introdução Diabetes mellitus no cão. 3. Tratamento Uma vez estabelecido o diagnóstico de DM, os principais objectivos do tratamento são a redução ou a resolução dos sinais clínicos e a manutenção da glicemia próxima dos valores normais, durante a maior parte do dia, procurando evitar o desenvolvimento de hipoglicemias. Deste modo consegue-se eliminar ou atrasar o desenvolvimento de complicações da doença (Nelson e Feldman, 2000). Para se atingirem estes objectivos, existem várias opções de tratamento: o tratamento dietético, o controlo do exercício, o tratamento com hipoglicemiantes orais e a administração de insulina (Nelson e Feldman, 2000). No entanto, a base do tratamento da DM clínica é a insulina, juntamente com a modificação da dieta. Independentemente do tratamento instituído, a colaboração do proprietário é fundamental, pois este será o responsável pela administração de insulina e pela avaliação da resposta do animal ao tratamento (Alenza, 2001). 3.1 Dieta O principal objectivo da terapia dietética em cães diabéticos é fornecer calorias suficientes para manter um peso corporal ideal, corrigir situações de obesidade ou magreza, minimizar hiperglicemias pós-prandiais, e facilitar uma absorção ideal da glicose fazendo para isso coincidir as refeições com a administração da insulina. O aporte calórico deve ser de kcal/kg/dia para cães pequenos e de Kcal/Kg/dia para cães grandes (Greco, 2003). Os animais obesos devem reduzir o seu peso durante um período de 2-4 meses, sendo alimentandos com 60-70% das calorias calculadas para o seu peso corporal ideal. Uma vez alcançado o peso corporal ideal, o animal deve passar a uma dieta com elevado conteúdo em fibra (Tabela 7) (Greco, 2003). Tabela 7. Conteúdo de macronutrientes (matéria seca) em algumas comidas comerciais para cães (adaptado de: Greco, 2003). Dieta Hill s: Prescriptionr/d Prescriptionr/d Prescriptionw/d Prescriptionw/d Purina: DCO-formula Eukanuba: Glucose-control * FitNTrim Cycle3light Forma da comida Lata Seca Lata Seca Seca Seca Seca Lata Proteína (%) Hidratos de Carbono (%) *Contém cromium tripicolinato Gordura (%) Fibra (%)

26 Introdução Diabetes mellitus no cão. A suplementação de fibra na dieta tem sido recomendada como adjuvante no maneio de animais diabéticos. Um estudo realizado por Schermerhorn (2003), demonstrou que em cães saudáveis, o aporte de fibra diminui o colesterol total, deste modo uma dieta rica em fibra pode beneficiar os animais com hipercolesterolemia. Também neste estudo, a administração de uma dieta rica em fibra a cães diabéticos, durante 4 meses, teve efeitos benéficos significativos no controlo glicémico (as dietas ricas em fibra tornam mais lenta a absorção de glicose no tracto gastrointestinal). Este grupo de animais, apresentou uma redução da concentração da glicose pósprandial, nas concentrações de hemoglobina glicosilada e nas concentrações de colesterol (Schermerhorn, 2003). Os hidratos de carbono devem ser complexos e de absorção lenta, o que reduz as grandes flutuações depois da alimentação. O sorgo e a cevada são boas fontes de hidratos de carbono, devendo evitar-se o arroz nas dietas de cães diabéticos (Rand e Fleeman, 2005). Devido às alterações do metabolismo lipídico que acompanham a DM, recomenda-se uma dieta baixa em gordura ( 17% da matéria seca), com predomínio de ácidos gordos insaturados. Para evitar uma perda de peso indesejável, não se devem recomendar de forma rotinária dietas com baixo teor em gordura (< 30% da energia metabólica) em cães diabéticos com deficiente condição corporal (Rand e Fleeman, 2005). 3.2 Exercício O exercício deve ser constante em animais diabéticos e os donos devem ser instruídos a caminhar com o seu animal diariamente, evitando o exercício violento, como caminhadas e corridas (Greco, 2003). O exercício optimiza o controlo da glicemia, promovendo a perda de peso e eliminando a resistência à insulina induzida pela obesidade. O exercício tem também o efeito de diminuir os níveis de glicose através da mobilização da insulina do local da administração, do aumento do fluxo sanguíneo (e consequentemente a distribuição da insulina) até aos músculos (Nelson, 2007). 3.3 Hipoglicemiantes Orais Existem diferentes grupos de hipoglicemiantes orais, sendo as sulfonilureas os mais utilizados em Medicina Veterinária. O seu principal efeito é a estimulação das células - pancreáticas, ao mesmo tempo que melhoram a sensibilidade dos tecidos à acção da insulina. Para que sejam eficazes, é necessário que existam nos animais ilhéus de Langerhans funcionais, capazes 13

27 Introdução Diabetes mellitus no cão. de segregar insulina (Feldman e Nelson, 2000). Como a forma mais frequente de DM em cães é a tipo 1, este tratamento não é indicado nesta espécie (Cook, 2007). 3.4 Insulina A insulina é a base fundamental no tratamento da DM. A insulina exógena induz as mesmas respostas farmacológicas que a hormona endógena. As preparações de insulina são utilizadas para o tratamento adjuvante da CAD, DM não complicada e como medida adicional no maneio da hiperpotassemia (Plumb, 2010). A insulina disponível comercialmente classifica-se pelo seu início de acção, duração de acção e pico de acção (reflecte o efeito máximo de acção da insulina). Na tabela 8 estão representadas alguns tipos de insulina utilizados em animais de companhia. Tabela 8. Alguns tipos de insulina utilizadas em animais de companhia (adaptado de: Nelson e Couto, 2000; Nelson, 2007, INFARMED, 2010). Insulina Regular NPH Nome Comercial Humulin Regular Actrapid Isuhuman Rapid Humulin NPH Insulatard Isuhuman Basal Espécie de origem Humana* Via de administração IV, IM, SC Início de acção Imediato (IV) min. (IM, SC) Humana* SC 30 min.-2h Lenta Caninsulin Suína SC 30 min.-2h Duração de acção Curta 1-4h (IV) 3-8h (IM) 4-10h (SC) Intermédia 6-18 Intermédia 8-20h Pico de acção 30 min.-2h (IV) 1-4h (IM, SC) 2-10h 2-10h PZI PZI vet Bovina 90% Suína 10% SC 30min.- 4h Longa 6-28h 4-14h NPH: Neutral Protamine Hagerdorm ou insulina isofânica; PZI: Insulina de Protamina de Zinco; * Insulinas obtidas por recurso a tecnologia de DNA recombinante a partir de uma estirpe de Escherichia coli. A insulina regular deve ser reservada apenas para uso hospitalar, devido à sua alta potência e rapidez de acção (Cook, 2007), sendo usada frequentemente para a estabilização dos animais diabéticos e é a única formulação apropriada para ser administrada por via intravenosa (IV), podendo também ser administrada por via intramuscular (IM) e subcutânea (SC). Em cães com CAD ou coma diabético apenas esta insulina deve ser utilizada (Plumb, 2010). As insulinas mais usadas para o controlo a longo prazo da DM são: - NPH (Insulina Isofânica ou Hagedorn de protamina neutral ); - PZI (Insulina de protamina de Zinco); - Lenta. As preparações de insulina NPH e PZI, contêm protamina e zinco para atrasar a absorção da insulina e prolongar a duração do seu efeito. Estas insulinas diferem na origem, concentração 14

28 Introdução Diabetes mellitus no cão. (NPH, está disponível na concentração de 100 UI/mL, enquanto que a PZI encontra-se disponível na concentração de 40 UI/mL) e duração de acção (Nelson, 2007). A insulina lenta, consiste numa suspensão aquosa de zinco e insulina e é formada por uma mistura de insulina semi-lenta (de curta duração) com uma ultralenta (de acção longa). Esta combinação origina um pico de actividade pouco depois da administração e outro algumas horas depois, permitindo a obtenção de uma actividade insulínica rápida e previsível. Esta insulina é considerada como sendo uma insulina que actua de maneira intermédia, apesar de que as suas concentrações no plasma possam permanecer aumentadas durante mais de 14 horas após a sua administração subcutânea em alguns cães (Nelson, 2007). A insulina lenta de origem porcina é conhecida comercialmente por Caninsulin e apresenta-se na concentração de 40 UI/mL. Esta insulina é idêntica à canina e considera-se a fonte de eleição para cães diabéticos por ter um potencial mínimo de gerar anticorpos anti-insulina nesta espécie. Os cães com reacção anafilática conhecida a produtos porcinos não devem ser tratados com Caninsulin (Plumb, 2010). Estudos farmacocinéticos da acção da insulina lenta de base porcina duas vezes ao dia provaram que esta apresenta os melhores resultados no controlo da DM em cães (Schermerhorn, 2003). 3.5 Pauta de Tratamento Segundo Feldman (2008), a Humulin NPH deve ser a primeira opção para o controlo dos cães diabéticos e a dose inicial deve ser de 0,2 a 0,4 U/Kg, administrada duas vezes ao dia ou uma vez ao dia (pela manhã) quando não é possível ao proprietário fazer as duas administrações. Mais especificamente, os cães que pesam menos de 10 Kg devem começar com uma dose de 0,35 U/Kg uma vez ou duas vezes por dia, os cães que pesam entre 10 e 25 Kg devem ser tratados com 0,3 U/Kg uma ou duas vezes por dia, e os cães que pesam mais de 25 quilos devem receber 0,25 U/Kg. Estas doses iniciais de insulina são doses muito baixas, que depois devem ser ajustadas lentamente conforme for necessário. A maioria dos cães são tratados com insulina lenta (Caninsulin ) ou NPH duas vezes ao dia (Feldman, 2008). Para a maioria dos autores, a dose de insulina lenta, administrada duas vezes por dia, varia entre 0,25-0,5 U/Kg (Nelson e Couto, 2000; Alenza, 2001; Nelson, 2007; Plumb, 2010). No entanto, Alenza (2001) menciona que a dose média requerida de Caninsulin em cães para obter um bom controlo da diabetes é de 0,6 U/Kg, administrada duas vezes por dia. 15

29 Introdução Diabetes mellitus no cão. Nelson (2007) refere que em casos não complicados de DM canina, deve iniciar-se o tratamento com uma dose de Caninsulin de 0,25 U/Kg, administrada duas vezes por dia, e desta forma é mais fácil estabelecer um bom controlo da glicemia evitando situações indesejadas como a hipoglicemia. Esta dose é muito inferior à recomendada pelo prospecto da Caninsulin que recomenda doses iniciais 1 UI/Kg, administradas uma vez ao dia, mais uma dose suplementar dependente do peso do animal como se descreve na tabela 9. Tabela 9. Prospecto de Caninsulin. Peso corporal < 10 Kg Aprox. 10 Kg Kg >20 Kg Suplemento dependente do peso 1 UI 2 UI 3 UI 4 UI Peso 6 Kg 10 Kg 16 Kg 30 Kg Exemplos Dose inicial total 6+1=7 UI 10+2=12 UI 16+3=19 UI 30+4=34 UI Os protocolos de insulinoterapia são variáveis consoante os autores, pelo que cabe ao clínico escolher o que considera mais apropriado para o caso clínico em questão. 3.6 Curva de Glicemia A curva de glicemia é apenas indicada quando se suspeita de um mau controlo dos níveis de glicose, fornecendo indicações que permitem fazer ajustes racionais à terapia insulínica. É importante ter consciência de que a falta de consistência dos resultados é o reflexo directo de todas as variáveis que afectam a concentração de glicose no sangue em diabéticos. O propósito destas medições é obter uma indicação da acção da insulina e tentar identificar as razões que possam explicar o mau controlo dos níveis de glicose. A avaliação da história clínica, do exame físico, do peso corporal, e da concentração da fructosamina sérica são preponderantes para se determinar quando é necessário realizar uma curva de glicemia, desta forma, limita-se a realização desta prova e consequentemente reduz-se o número de punções venosas e de hospitalizações, minimizando-se a aversão/stresse do animal a esta prova, melhorando-se assim a probabilidade de obter resultados fiáveis quando se realizar a curva de glicemia (Nelson, 2007). A primeira curva de glicemia só deve ser realizada 7 dias depois de iniciar-se o tratamento. O clínico não deve ter muita pressa em controlar a glicemia, porque o risco de CAD decresce uma vez iniciado o tratamento com insulina e pode levar umas semanas até que o cão e o dono se habituem. Além disso, o fenómeno de toxicidade da glicose pode atrasar-se pela resposta à insulina (Krohne, 2009). 16

30 Introdução Diabetes mellitus no cão. Greco (2005), estabelece a seguinte metodologia para a realização de uma curva de glicose: - Dar a mesma quantidade e tipo de comida diariamente; - Alimentar e administrar a insulina à mesma hora; - Permitir que o proprietário administre a insulina para avaliar a técnica de administração; - Colher amostras de sangue a cada 2 horas, durante 12 horas (ideal 24 horas) Interpretação da Curva de Glicemia A curva de glicemia permite ao Médico Veterinário avaliar a eficácia da insulina, o nadir de glicose e a duração de acção da insulina (Nelson e Couto, 2000). Idealmente as concentrações de glicose no sangue deveriam estar entre os mg/dl entre as duas administrações de insulina (Nelson, 2007). Segundo Scott-Moncrieff (2008), o mais importante é que a glicemia se mantenha entre mg/dl a maior parte do dia Eficácia da insulina A avaliação da eficácia da insulina consiste em averiguar se a insulina é efectiva na redução da concentração de glicose no sangue. A dose de insulina, o valor de glicemia mais elevado e a diferença entre a glicemia mais alta e mais baixa (diferencial de glicemia), devem ser avaliados em simultâneo, sempre que se avalia a eficácia da insulina. Assim: - Se o diferencial de glicemia é de 50 mg/dl, será aceitável, no caso de a glicemia variar entre mg/dl, mas será inaceitável se a concentração de glicose no sangue variar entre mg/dl; - Se o diferencial de glicemia for de 100 mg/dl, indica eficácia da insulina, no caso de o animal estar a receber uma dose de insulina de 0,4 U/Kg, por outro lado será indicador de uma resistência à insulina se a dose for de 2,2 U/Kg (Nelson e Couto, 2000); - Se a insulina não é eficaz a diminuir a concentração de glicose no sangue, o clínico deve considerar a possibilidade de estar a administrar uma dose insuficiente de insulina, no caso de estar a administrar doses de insulina < 1,0 U/Kg, e no caso de estar a administrar doses de insulina superiores a 1,5 U/Kg deve suspeitar de uma situação de resistência à insulina (Nelson, 2007); - Se a insulina é eficaz a diminuir a concentração de glicose no sangue, o seguinte parâmetro a avaliar é o nadir de glicose. 17

Abordagem Diagnóstica e Terapêutica da Diabete Melito Não Complicada em Cães

Abordagem Diagnóstica e Terapêutica da Diabete Melito Não Complicada em Cães Abordagem Diagnóstica e Terapêutica da Diabete Melito Não Complicada em Cães Cecilia Sartori Zarif Residente em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais da UFV Distúrbio do Pâncreas Endócrino Diabete Melito

Leia mais

Diabetes Mellitus em animais de companhia. Natália Leonel Ferreira 2º ano Medicina Veterinária

Diabetes Mellitus em animais de companhia. Natália Leonel Ferreira 2º ano Medicina Veterinária Diabetes Mellitus em animais de companhia Natália Leonel Ferreira 2º ano Medicina Veterinária O que é Diabetes Mellitus? É uma doença em que o metabolismo da glicose fica prejudicado pela falta ou má absorção

Leia mais

Diabetes mellitus em felinos Ricardo Duarte www.hospitalveterinariopompeia.com.br

Diabetes mellitus em felinos Ricardo Duarte www.hospitalveterinariopompeia.com.br Diabetes mellitus em felinos Ricardo Duarte www.hospitalveterinariopompeia.com.br Síndrome que abrange uma série de doenças de etiologia diferente e clinicamente heterogêneas, que se caracterizam pela

Leia mais

estimação tem diabetes?

estimação tem diabetes? Será que o seu animal de estimação tem diabetes? Informação acerca dos sinais mais comuns e dos factores de risco. O que é a diabetes? Diabetes mellitus, o termo médico para a diabetes, é uma doença causada

Leia mais

Hormonas e mensageiros secundários

Hormonas e mensageiros secundários Hormonas e mensageiros secundários Interrelação entre os tecidos Comunicação entre os principais tecidos Fígado tecido adiposo hormonas sistema nervoso substratos em circulação músculo cérebro 1 Um exemplo

Leia mais

PERFIL PANCREÁTICO. Prof. Dr. Fernando Ananias. MONOSSACARÍDEOS Séries das aldoses

PERFIL PANCREÁTICO. Prof. Dr. Fernando Ananias. MONOSSACARÍDEOS Séries das aldoses PERFIL PANCREÁTICO Prof. Dr. Fernando Ananias MONOSSACARÍDEOS Séries das aldoses 1 DISSACARÍDEO COMPOSIÇÃO FONTE Maltose Glicose + Glicose Cereais Sacarose Glicose + Frutose Cana-de-açúcar Lactose Glicose

Leia mais

DIABETES MELLITUS. Prof. Claudia Witzel

DIABETES MELLITUS. Prof. Claudia Witzel DIABETES MELLITUS Diabetes mellitus Definição Aumento dos níveis de glicose no sangue, e diminuição da capacidade corpórea em responder à insulina e ou uma diminuição ou ausência de insulina produzida

Leia mais

Células A (25%) Glucagon Células B (60%) Insulina Células D (10%) Somatostatina Células F ou PP (5%) Polipeptídeo Pancreático 1-2 milhões de ilhotas

Células A (25%) Glucagon Células B (60%) Insulina Células D (10%) Somatostatina Células F ou PP (5%) Polipeptídeo Pancreático 1-2 milhões de ilhotas Instituto Biomédico Departamento de Fisiologia e Farmacologia Disciplina: Fisiologia II Curso: Medicina Veterinária Pâncreas Endócrino Prof. Guilherme Soares Ilhotas Células A (25%) Glucagon Células B

Leia mais

Protocolo para controle glicêmico em paciente não crítico HCFMUSP

Protocolo para controle glicêmico em paciente não crítico HCFMUSP Protocolo para controle glicêmico em paciente não crítico HCFMUSP OBJETIVOS DE TRATAMENTO: Alvos glicêmicos: -Pré prandial: entre 100 e 140mg/dL -Pós prandial: < 180mg/dL -Evitar hipoglicemia Este protocolo

Leia mais

Saiba quais são os diferentes tipos de diabetes

Saiba quais são os diferentes tipos de diabetes Saiba quais são os diferentes tipos de diabetes Diabetes é uma doença ocasionada pela total falta de produção de insulina pelo pâncreas ou pela quantidade insuficiente da substância no corpo. A insulina

Leia mais

EXERCÍCIO E DIABETES

EXERCÍCIO E DIABETES EXERCÍCIO E DIABETES Todos os dias ouvimos falar dos benefícios que os exercícios físicos proporcionam, de um modo geral, à nossa saúde. Pois bem, aproveitando a oportunidade, hoje falaremos sobre a Diabetes,

Leia mais

Retinopatia Diabética

Retinopatia Diabética Retinopatia Diabética A diabetes mellitus é uma desordem metabólica crónica caracterizada pelo excesso de níveis de glicose no sangue. A causa da hiper glicemia (concentração de glicose igual ou superior

Leia mais

CAD. choque! CAD. Ricardo Duarte www.hospitalveterinariopompeia.com.br. hiperglicemia - + H + glicose. glucagon. catecolaminas cortisol GH

CAD. choque! CAD. Ricardo Duarte www.hospitalveterinariopompeia.com.br. hiperglicemia - + H + glicose. glucagon. catecolaminas cortisol GH Ricardo Duarte www.hospitalveterinariopompeia.com.br hiperglicemia CAD acidose cetose neoglicogênese glicogenólise + amino ácidos insulina insuficiente suspensão da insulina resistência insulínica deficiência

Leia mais

Que tipos de Diabetes existem?

Que tipos de Diabetes existem? Que tipos de Diabetes existem? -Diabetes Tipo 1 -também conhecida como Diabetes Insulinodependente -Diabetes Tipo 2 - Diabetes Gestacional -Outros tipos de Diabetes Organismo Saudável As células utilizam

Leia mais

Congresso do Desporto Desporto, Saúde e Segurança

Congresso do Desporto Desporto, Saúde e Segurança Congresso do Desporto Desporto, Saúde e Segurança Projecto Mexa-se em Bragança Organização: Pedro Miguel Queirós Pimenta Magalhães E-mail: mexaseembraganca@ipb.pt Web: http://www.mexaseembraganca.ipb.pt

Leia mais

Principal função exócrina = produção, secreção e estoque de enzimas digestivas (gordura, proteínas e polissacarideos) Cães: Possuem dois ductos

Principal função exócrina = produção, secreção e estoque de enzimas digestivas (gordura, proteínas e polissacarideos) Cães: Possuem dois ductos Principal função exócrina = produção, secreção e estoque de enzimas digestivas (gordura, proteínas e polissacarideos) Cães: Possuem dois ductos pancreáticos (principal e acessório) Gatos: Ducto biliar

Leia mais

Diabetes INVESTIGAÇÕES BIOQUÍMICAS ESPECIALIZADAS

Diabetes INVESTIGAÇÕES BIOQUÍMICAS ESPECIALIZADAS DIABETES Diabetes INVESTIGAÇÕES BIOQUÍMICAS ESPECIALIZADAS Homeostasia da glucose ACÇÃO DA INSULINA PÂNCREAS Gluconeogénese Glicogenólise Lipólise Cetogénese Proteólise INSULINA GO GO GO GO GO Absorção

Leia mais

O QUE SABE SOBRE A DIABETES?

O QUE SABE SOBRE A DIABETES? O QUE SABE SOBRE A DIABETES? 11 A 26 DE NOVEMBRO DE 2008 EXPOSIÇÃO PROMOVIDA PELO SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA DO HOSPITAL DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO, EPE DIABETES MELLITUS É uma doença grave? Estou em

Leia mais

Diabetes mellitus tipo I. Classificação e Etiologia 26/08/2010. Terapia do Diabetes mellitus em cães e gatos. Diabetes mellitus tipo I

Diabetes mellitus tipo I. Classificação e Etiologia 26/08/2010. Terapia do Diabetes mellitus em cães e gatos. Diabetes mellitus tipo I Terapia do Diabetes mellitus em cães e gatos X Profa Dra Viviani De Marco Universidade Guarulhos Hospital Veterinário Pompéia SP Patofisiologia do Diabetes Hiperglicemia do estresse Doenças x resistência

Leia mais

DIABETES E CIRURGIA ALVOS DO CONTROLE GLICÊMICO PERIOPERATÓRIO

DIABETES E CIRURGIA ALVOS DO CONTROLE GLICÊMICO PERIOPERATÓRIO DIABETES E CIRURGIA INTRODUÇÃO 25% dos diabéticos necessitarão de cirurgia em algum momento da sua vida Pacientes diabéticos possuem maiores complicações cardiovasculares Risco aumentado de infecções Controle

Leia mais

0800 30 30 03 www.unimedbh.com.br

0800 30 30 03 www.unimedbh.com.br ANS - Nº 34.388-9 0800 30 30 03 www.unimedbh.com.br Março 2007 Programa de Atenção ao Diabetes O que é diabetes? AUnimed-BH preocupa-se com a saúde e o bem-estar dos seus clientes, por isso investe em

Leia mais

Câncer de Próstata. Fernando Magioni Enfermeiro do Trabalho

Câncer de Próstata. Fernando Magioni Enfermeiro do Trabalho Câncer de Próstata Fernando Magioni Enfermeiro do Trabalho O que é próstata? A próstata é uma glândula que só o homem possui e que se localiza na parte baixa do abdômen. Ela é um órgão muito pequeno, tem

Leia mais

A QUALIDADE DO OVO (COR DA CASCA; DUREZA DA CASCA; TAMANHO) A actual crise do sector avícola, justifica por si só o presente artigo.

A QUALIDADE DO OVO (COR DA CASCA; DUREZA DA CASCA; TAMANHO) A actual crise do sector avícola, justifica por si só o presente artigo. N 45 A QUALIDADE DO OVO (COR DA CASCA; DUREZA DA CASCA; TAMANHO) A actual crise do sector avícola, justifica por si só o presente artigo. Qual a fábrica de alimentos compostos que não recebe reclamações

Leia mais

Cetoacidose Diabética. Prof. Gilberto Perez Cardoso Titular de Medicina Interna UFF

Cetoacidose Diabética. Prof. Gilberto Perez Cardoso Titular de Medicina Interna UFF Cetoacidose Diabética Prof. Gilberto Perez Cardoso Titular de Medicina Interna UFF Complicações Agudas do Diabetes Mellitus Cetoacidose diabética: 1 a 5% dos casos de DM1 Mortalidade de 5% Coma hiperglicêmico

Leia mais

Insulinoterapia em cães diabé4cos

Insulinoterapia em cães diabé4cos Insulinoterapia em cães diabé4cos Profa Dra Viviani De Marco (NAYA Endocrinologia&VESP/UNISA) Profa Mestre Leila TaranF (NAYA Endocrinologia&VESP/Fundação Municipal de Ensino Superior de Bragança Paulista)

Leia mais

Dia Mundial da Diabetes - 14 Novembro de 2012 Controle a diabetes antes que a diabetes o controle a si

Dia Mundial da Diabetes - 14 Novembro de 2012 Controle a diabetes antes que a diabetes o controle a si Dia Mundial da Diabetes - 14 Novembro de 2012 Controle a diabetes antes que a diabetes o controle a si A função da insulina é fazer com o que o açúcar entre nas células do nosso corpo, para depois poder

Leia mais

ORIENTAÇÕES PARA O PROFESSOR PRESENCIAL

ORIENTAÇÕES PARA O PROFESSOR PRESENCIAL ORIENTAÇÕES PARA O PROFESSOR PRESENCIAL Componente Curriculares Educação Física Professores Ministrantes: Kim Raone e Marcus Marins Série/ Ano letivo: 2º ano/ 2014 Data: 26/03/2014 AULA 5.1 Conteúdo: Doenças

Leia mais

Conheça mais sobre. Diabetes

Conheça mais sobre. Diabetes Conheça mais sobre Diabetes O diabetes é caracterizado pelo alto nível de glicose no sangue (açúcar no sangue). A insulina, hormônio produzido pelo pâncreas, é responsável por fazer a glicose entrar para

Leia mais

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA E POSOLOGIA DO TRILOSTANO MANIPULADO EM CÃES COM HIPERADRENOCORTICISMO ESPONTÂNEO

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA E POSOLOGIA DO TRILOSTANO MANIPULADO EM CÃES COM HIPERADRENOCORTICISMO ESPONTÂNEO TÍTULO: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA E POSOLOGIA DO TRILOSTANO MANIPULADO EM CÃES COM HIPERADRENOCORTICISMO ESPONTÂNEO CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: MEDICINA VETERINÁRIA

Leia mais

à diabetes? As complicações resultam da de açúcar no sangue. São frequentes e graves podendo (hiperglicemia).

à diabetes? As complicações resultam da de açúcar no sangue. São frequentes e graves podendo (hiperglicemia). diabetes Quando Acidente a glicemia vascular (glicose cerebral no sangue) (tromboses), sobe, o pâncreas uma das principais O que Quais é a diabetes? as complicações associadas à diabetes? produz causas

Leia mais

Diabetes Tipo 1 e Cirurgia em Idade Pediátrica

Diabetes Tipo 1 e Cirurgia em Idade Pediátrica Diabetes Tipo 1 e Cirurgia em Idade Pediátrica Protocolo de atuação Importância do tema Cirurgia / pós-operatório -- risco de descompensação DM1: Hiperglicemia Causas: hormonas contra-reguladoras, fármacos,

Leia mais

NÚMERO: 002/2011 DATA: 14/01/2011 ASSUNTO: PALAVRAS CHAVE: PARA: CONTACTO:

NÚMERO: 002/2011 DATA: 14/01/2011 ASSUNTO: PALAVRAS CHAVE: PARA: CONTACTO: NÚMERO: 002/2011 DATA: 14/01/2011 ASSUNTO: PALAVRAS CHAVE: PARA: CONTACTO: Diagnóstico e Classificação da Diabetes Mellitus Diabetes ; Diagnóstico Médicos e Enfermeiros do Serviço Nacional de Saúde Departamento

Leia mais

VI - Diabetes hiperglicémia

VI - Diabetes hiperglicémia VI - Diabetes A Diabetes mellitus é uma doença caracterizada por deficiência na produção da insulina, aumento da sua destruição ou ineficiência na sua acção. Tem como consequência principal a perda de

Leia mais

DIABETES MELLITUS EM PEQUENOS ANIMAIS: ESTRATÉGIAS DE TRATAMENTO E MONITORIZAÇÃO *

DIABETES MELLITUS EM PEQUENOS ANIMAIS: ESTRATÉGIAS DE TRATAMENTO E MONITORIZAÇÃO * DIABETES MELLITUS EM PEQUENOS ANIMAIS: ESTRATÉGIAS DE TRATAMENTO E MONITORIZAÇÃO * 1. INTRODUÇÃO A Diabetes Mellitus é um distúrbio complexo que resulta da incapacidade das ilhotas pancreáticas secretar

Leia mais

RESPOSTA RÁPIDA /2014

RESPOSTA RÁPIDA /2014 RESPOSTA RÁPIDA /2014 SOLICITANTE Curvelo - Juizado Especial NÚMERO DO PROCESSO DATA 3/3/2014 SOLICITAÇÃO 0209 14001499-1 Solicito de Vossa Senhoria que, no prazo de 48 horas, informe a este juízo,acerca

Leia mais

VIVER BEM OS RINS DO SEU FABRÍCIO AGENOR DOENÇAS RENAIS

VIVER BEM OS RINS DO SEU FABRÍCIO AGENOR DOENÇAS RENAIS VIVER BEM OS RINS DO SEU FABRÍCIO AGENOR DOENÇAS RENAIS Leia o código e assista a história de seu Fabrício Agenor. Este é o seu Fabrício Agenor. Ele sempre gostou de comidas pesadas e com muito tempero

Leia mais

06/05/2012. Ausência das manifestações clínicas da doença, apesar da suspensão do tratamento Possibilidade de recidiva Remissão cura (?

06/05/2012. Ausência das manifestações clínicas da doença, apesar da suspensão do tratamento Possibilidade de recidiva Remissão cura (? Prof. Dr. Ricardo Duarte Ausência das manifestações clínicas da doença, apesar da suspensão do tratamento Possibilidade de recidiva Remissão cura (?) Etiologia multifatorial 80% diabetes tipo 2 em seres

Leia mais

Alterações Metabolismo Carboidratos DIABETES

Alterações Metabolismo Carboidratos DIABETES 5.5.2009 Alterações Metabolismo Carboidratos DIABETES Introdução Diabetes Mellitus é uma doença metabólica, causada pelo aumento da quantidade de glicose sanguínea A glicose é a principal fonte de energia

Leia mais

Disciplina de BIOQUÍMICA do Ciclo Básico de MEDICINA Universidade dos Açores. 1º Ano ENSINO PRÁTICO DIABETES MELLITUS

Disciplina de BIOQUÍMICA do Ciclo Básico de MEDICINA Universidade dos Açores. 1º Ano ENSINO PRÁTICO DIABETES MELLITUS Disciplina de BIOQUÍMICA do Ciclo Básico de MEDICINA Universidade dos Açores 1º Ano ENSINO PRÁTICO DIABETES MELLITUS Diabetes Mellitus É a doença endócrina mais comum encontrada na clínica; - Caracterizada

Leia mais

TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DO DIABETES MELLITUS: SULFONILUREIAS E BIGUANIDAS

TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DO DIABETES MELLITUS: SULFONILUREIAS E BIGUANIDAS UNIVERSIDADE DE UBERABA LIGA DE DIABETES 2013 TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DO DIABETES MELLITUS: SULFONILUREIAS E BIGUANIDAS PALESTRANTES:FERNANDA FERREIRA AMUY LUCIANA SOUZA LIMA 2013/2 CRITÉRIOS PARA ESCOLHA

Leia mais

DIABETES MELLITUS. Caracteriza-se pela DESTRUIÇÃO das cel s beta, c/ PERDA PROGRESSIVA e eventualmente COMPLETA da secreção de INSULINA.

DIABETES MELLITUS. Caracteriza-se pela DESTRUIÇÃO das cel s beta, c/ PERDA PROGRESSIVA e eventualmente COMPLETA da secreção de INSULINA. DIABETES MELLITUS Ilhotas de Langerhans: cél s alfa que secretam glucagon horm hiperglicemiante; E as cél s beta que secretam insulina horm hipoglicemiante; Glicose para o sg entra dentro das células (PELO

Leia mais

RESPOSTA RÁPIDA 219/2014 Insulina Glargina (Lantus ) e tiras reagentes

RESPOSTA RÁPIDA 219/2014 Insulina Glargina (Lantus ) e tiras reagentes RESPOSTA RÁPIDA 219/2014 Insulina Glargina (Lantus ) e tiras reagentes SOLICITANTE NÚMERO DO PROCESSO DATA SOLICITAÇÃO Dra. Herilene de Oliveira Andrade Juiza de Direito da Comarca de Itapecirica/MG Autos

Leia mais

DIABETES MELLITUS. Ricardo Rodrigues Cardoso Educação Física e Ciências do DesportoPUC-RS

DIABETES MELLITUS. Ricardo Rodrigues Cardoso Educação Física e Ciências do DesportoPUC-RS DIABETES MELLITUS Ricardo Rodrigues Cardoso Educação Física e Ciências do DesportoPUC-RS Segundo a Organização Mundial da Saúde, existem atualmente cerca de 171 milhões de indivíduos diabéticos no mundo.

Leia mais

Pâncreas. Glucagon. Insulina

Pâncreas. Glucagon. Insulina Diabetes Mellitus Pâncreas Pâncreas Glucagon Insulina Insulina Proteína composta de 2 cadeias de aminoácidos Seqüência de aa semelhante entre as espécies domésticas e humana Absorção de glicose glicemia

Leia mais

Proteger nosso. Futuro

Proteger nosso. Futuro Proteger nosso Futuro A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) é uma entidade sem fins lucrativos criada em 1943, tendo como objetivo unir a classe médica especializada em cardiologia para o planejamento

Leia mais

24 de Outubro 5ª feira insulinoterapia Curso Prático Televoter

24 de Outubro 5ª feira insulinoterapia Curso Prático Televoter 2013 Norte 24 de Outubro 5ª feira insulinoterapia Curso Prático Televoter António Pedro Machado Simões-Pereira Descoberta da insulina Insulina protamina Insulina lenta Lispro - análogo de acção curta Glulisina

Leia mais

CUIDADOS A TER COM O ANIMAL GERIÁTRICO

CUIDADOS A TER COM O ANIMAL GERIÁTRICO Clínica Veterinária de Mangualde Dr. Benigno Rodrigues Dra. Sandra Oliveira CUIDADOS A TER COM O ANIMAL GERIÁTRICO O que devo fazer para garantir um envelhecimento com qualidade de vida ao meu animal?

Leia mais

Diabetes - Introdução

Diabetes - Introdução Diabetes - Introdução Diabetes Mellitus, conhecida simplesmente como diabetes, é uma disfunção do metabolismo de carboidratos, caracterizada pelo alto índice de açúcar no sangue (hiperglicemia) e presença

Leia mais

O QUE É? A LEUCEMIA MIELOBLÁSTICA AGUDA

O QUE É? A LEUCEMIA MIELOBLÁSTICA AGUDA O QUE É? A LEUCEMIA MIELOBLÁSTICA AGUDA A LEUCEMIA MIELOBLÁSTICA AGUDA O QUE É A LEUCEMIA MIELOBLÁSTICA AGUDA? A Leucemia Mieloblástica Aguda (LMA) é o segundo tipo de leucemia mais frequente na criança.

Leia mais

EFICÁCIA DA INSULINA GLARGINA NO TRATAMENTO DA DIABETES MELLITUS TIPO I EM CÃES

EFICÁCIA DA INSULINA GLARGINA NO TRATAMENTO DA DIABETES MELLITUS TIPO I EM CÃES 26 a 29 de outubro de 2010 ISBN 978-85-61091-69-9 EFICÁCIA DA INSULINA GLARGINA NO TRATAMENTO DA DIABETES MELLITUS TIPO I EM CÃES Veruska Martins da Rosa Buchaim 1 ; Carlos Maia Bettini 2 RESUMO: A diabetes

Leia mais

Hipotiroidismo Canino. Realizado por : Joana Lourenço Vasco Machado

Hipotiroidismo Canino. Realizado por : Joana Lourenço Vasco Machado Hipotiroidismo Canino Realizado por : Joana Lourenço Vasco Machado O que é uma glândula? Órgão que tem como função produzir uma secreção específica e eliminá-la do organismo, ou lançá-la no sangue ou na

Leia mais

VI CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM DIABETES DIETOTERAPIA ACADÊMICA LIGA DE DIABETES ÂNGELA MENDONÇA

VI CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM DIABETES DIETOTERAPIA ACADÊMICA LIGA DE DIABETES ÂNGELA MENDONÇA VI CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM DIABETES DIETOTERAPIA ACADÊMICA ÂNGELA MENDONÇA LIGA DE DIABETES A intervenção nutricional pode melhorar o controle glicêmico. Redução de 1.0 a 2.0% nos níveis de hemoglobina

Leia mais

Cefaleia crónica diária

Cefaleia crónica diária Cefaleia crónica diária Cefaleia crónica diária O que é a cefaleia crónica diária? Comecei a ter dores de cabeça que apareciam a meio da tarde. Conseguia continuar a trabalhar mas tinha dificuldade em

Leia mais

Coisas que deve saber sobre a pré-eclâmpsia

Coisas que deve saber sobre a pré-eclâmpsia Coisas que deve saber sobre a pré-eclâmpsia A pré-eclâmpsia é muito mais comum do que a maior parte das pessoas pensa na realidade ela é a mais comum das complicações graves da gravidez. A pré-eclâmpsia

Leia mais

Curso: Integração Metabólica

Curso: Integração Metabólica Curso: Integração Metabólica Aula 9: Sistema Nervoso Autônomo Prof. Carlos Castilho de Barros Sistema Nervoso Sistema Nervoso Central Sistema Nervoso Periférico Sensorial Motor Somático Autônomo Glândulas,

Leia mais

Perder Gordura e Preservar o Músculo. Michelle Castro

Perder Gordura e Preservar o Músculo. Michelle Castro Perder Gordura e Preservar o Músculo Michelle Castro 25 de Novembro de 2012 Principais Tópicos 1. Processos catabólicos associados a dietas hipocalóricas. 2. Contextualização/compreensão do porquê da existências

Leia mais

O QUE É? O TUMOR DE WILMS

O QUE É? O TUMOR DE WILMS O QUE É? O TUMOR DE WILMS Rim O TUMOR DE WILMS O QUE SIGNIFICA ESTADIO? O QUE É O TUMOR DE WILMS? O tumor de Wilms é o tipo de tumor renal mais frequente na criança. Desenvolve-se quando células imaturas

Leia mais

Diabetes Gestacional

Diabetes Gestacional Diabetes Gestacional Introdução O diabetes é uma doença que faz com que o organismo tenha dificuldade para controlar o açúcar no sangue. O diabetes que se desenvolve durante a gestação é chamado de diabetes

Leia mais

Displasia coxofemoral (DCF): o que é, quais os sinais clínicos e como tratar

Displasia coxofemoral (DCF): o que é, quais os sinais clínicos e como tratar Displasia coxofemoral (DCF): o que é, quais os sinais clínicos e como tratar A displasia coxofemoral (DCF) canina é uma doença ortopédica caracterizada pelo desenvolvimento inadequado da articulação coxofemoral.

Leia mais

Cartilha de Prevenção. ANS - nº31763-2. Diabetes. Fevereiro/2015

Cartilha de Prevenção. ANS - nº31763-2. Diabetes. Fevereiro/2015 Cartilha de Prevenção 1 ANS - nº31763-2 Diabetes Fevereiro/2015 Apresentação Uma das missões da Amafresp é prezar pela qualidade de vida de seus filiados e pela prevenção através da informação, pois esta

Leia mais

Diabetes mellitus em felinos

Diabetes mellitus em felinos Definição Diabetes mellitus em felinos Profa Mestre Leila Taranti (NAYA Endocrinologia&VESP/FESB) Diabetes mellitus é definido como hiperglicemia persistente causada pela relativa ou absoluta deficiência

Leia mais

CORRELAÇÃO DA INSUFICIÊNCIA RENAL E ANEMIA EM PACIENTES NORMOGLICEMICOS E HIPERGLICEMICOS EM UM LABORATÓRIO DA CIDADE DE JUAZEIRO DO NORTE, CE

CORRELAÇÃO DA INSUFICIÊNCIA RENAL E ANEMIA EM PACIENTES NORMOGLICEMICOS E HIPERGLICEMICOS EM UM LABORATÓRIO DA CIDADE DE JUAZEIRO DO NORTE, CE CORRELAÇÃO DA INSUFICIÊNCIA RENAL E ANEMIA EM PACIENTES NORMOGLICEMICOS E HIPERGLICEMICOS EM UM LABORATÓRIO DA CIDADE DE JUAZEIRO DO NORTE, CE Janaína Esmeraldo Rocha, Faculdade Leão Sampaio, janainaesmeraldo@gmail.com

Leia mais

ALTERAÇÕES METABÓLICAS NA GRAVIDEZ

ALTERAÇÕES METABÓLICAS NA GRAVIDEZ ALTERAÇÕES METABÓLICAS NA GRAVIDEZ CUSTO ENERGÉTICO DA GRAVIDEZ CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO FETAL SÍNTESE DE TECIDO MATERNO 80.000 kcal ou 300 Kcal por dia 2/4 médios 390 Kcal depósito de gordura- fase

Leia mais

DIABETES MELLITUS DIABETES MELLITUS DIABETES MELLITUS DIABETES MELLITUS DIABETES MELLITUS DIABETES MELLITUS 18/9/2014

DIABETES MELLITUS DIABETES MELLITUS DIABETES MELLITUS DIABETES MELLITUS DIABETES MELLITUS DIABETES MELLITUS 18/9/2014 UNESC ENFERMAGEM SAÚDE DO ADULTO PROFª.: FLÁVIA NUNES O Diabetes Mellitus configura-se hoje como uma epidemia mundial, traduzindo-se em grande desafio para os sistemas de saúde de todo o mundo. O envelhecimento

Leia mais

O que é câncer de mama?

O que é câncer de mama? Câncer de Mama O que é câncer de mama? O câncer de mama é a doença em que as células normais da mama começam a se modificar, multiplicando-se sem controle e deixando de morrer, formando uma massa de células

Leia mais

Disciplina de Didáctica da Química I

Disciplina de Didáctica da Química I Disciplina de Didáctica da Química I Texto de Apoio Concepções Alternativas em Equilíbrio Químico Autores: Susana Fonseca, João Paiva 3.2.3 Concepções alternativas em Equilíbrio Químico Tal como já foi

Leia mais

O Diagnóstico, seguimento e tratamento de todas estas complicações causam um enorme fardo econômico ao sistema de saúde.

O Diagnóstico, seguimento e tratamento de todas estas complicações causam um enorme fardo econômico ao sistema de saúde. HEMOGLOBINA GLICADA AbA1c A prevalência do diabetes tem atingido, nos últimos anos, níveis de uma verdadeira epidemia mundial. Em 1994, a população mundial de diabéticos era de 110,4 milhões. Para 2010

Leia mais

A diabetes é muito comum? Responsabilidade pessoal A história da diabetes

A diabetes é muito comum? Responsabilidade pessoal A história da diabetes Introdução A diabetes é muito comum? Se acabou de descobrir que tem diabetes, isso não significa que esteja doente ou que se tenha transformado num inválido. Há milhares de pessoas com diabetes, levando

Leia mais

Projeto de Resolução n.º 238/XIII/1.ª. Recomenda ao Governo que implemente medidas de prevenção e combate à Diabetes e à Hiperglicemia Intermédia.

Projeto de Resolução n.º 238/XIII/1.ª. Recomenda ao Governo que implemente medidas de prevenção e combate à Diabetes e à Hiperglicemia Intermédia. Projeto de Resolução n.º 238/XIII/1.ª Recomenda ao Governo que implemente medidas de prevenção e combate à Diabetes e à Hiperglicemia Intermédia. O aumento da esperança de vida, conseguido através do desenvolvimento,

Leia mais

CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DE DEFESA DA SAÚDE CESAU

CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DE DEFESA DA SAÚDE CESAU ORIENTAÇÃO TÉCNICA N.º 50 /2015 - CESAU Salvador, 23 de março de 2015 Objeto: Parecer. Promotoria de Justiça GESAU / Dispensação de medicamentos. REFERÊNCIA: Promotoria de Justiça de Conceição do Coité/

Leia mais

REGULAÇÃO HORMONAL DO METABOLISMO

REGULAÇÃO HORMONAL DO METABOLISMO REGULAÇÃO HORMONAL DO METABOLISMO A concentração de glicose no sangue está sempre sendo regulada A glicose é mantida em uma faixa de 60 a 90 g/100ml de sangue (~4,5mM) Homeostase da glicose Necessidade

Leia mais

Uso de Scanalyzer com embriões de Danio rerio

Uso de Scanalyzer com embriões de Danio rerio Uso de Scanalyzer com embriões de Danio rerio Background histórico e biológico Quando se iniciou o movimento de proteger o ambiente através de sistemas de testes biológicos, os testes agudos e crônicos

Leia mais

Perguntas e respostas sobre imunodeficiências primárias

Perguntas e respostas sobre imunodeficiências primárias Perguntas e respostas sobre imunodeficiências primárias Texto elaborado pelos Drs Pérsio Roxo Júnior e Tatiana Lawrence 1. O que é imunodeficiência? 2. Estas alterações do sistema imunológico são hereditárias?

Leia mais

Tipos de Diabetes. Diabetes Gestacional

Tipos de Diabetes. Diabetes Gestacional Tipos de Diabetes Diabetes Gestacional Na gravidez, duas situações envolvendo o diabetes podem acontecer: a mulher que já tinha diabetes e engravida e o diabetes gestacional. O diabetes gestacional é a

Leia mais

Na diabetes e dislipidemia

Na diabetes e dislipidemia Cuidados de saúde primários e Cardiologia NOCs e Guidelines: com tanta orientação ficamos mesmo orientados? Na diabetes e dislipidemia Davide Severino 4.º ano IFE de Cardiologia Hospital de Santarém EPE

Leia mais

Colesterol 3. Que tipos de colesterol existem? 3. Que factores afectam os níveis de colesterol? 4. Quando está o colesterol demasiado elevado?

Colesterol 3. Que tipos de colesterol existem? 3. Que factores afectam os níveis de colesterol? 4. Quando está o colesterol demasiado elevado? Colesterol Colesterol 3 Que tipos de colesterol existem? 3 Que factores afectam os níveis de colesterol? 4 Quando está o colesterol demasiado elevado? 4 Como reduzir o colesterol e o risco de doença cardiovascular?

Leia mais

Infermun em parvovirose canina

Infermun em parvovirose canina em parvovirose canina Redução do tempo de recuperação em cães infectados por Parvovirus e tratados com Departamento I+D. Laboratórios Calier, S.A. INTRODUÇÃO: A Parvovirose é uma das enfermidades entéricas

Leia mais

AS MODERNAS INSULINAS

AS MODERNAS INSULINAS AS MODERNAS INSULINAS II Congresso para Diabéticos promovido pela Aliança de Atenção ao Diabetes do Rio de Janeiro - Foto molecular da insulina humana - Izidoro de Hiroki Flumignan - médico endocrinologista

Leia mais

Quais são os sintomas? O sucesso no controle do diabetes depende de quais fatores? O que é monitorização da glicemia? O que é diabetes?

Quais são os sintomas? O sucesso no controle do diabetes depende de quais fatores? O que é monitorização da glicemia? O que é diabetes? Quais são os sintomas? Muita sede, muita fome, muita urina, desânimo e perda de peso. Esses sintomas podem ser observados antes do diagnóstico ou quando o controle glicêmico está inadequado. O aluno com

Leia mais

Será que doses elevadas de creatina "atrasam o início clínico" da doença de Huntington? Porquê a creatina?

Será que doses elevadas de creatina atrasam o início clínico da doença de Huntington? Porquê a creatina? Notícias científicas sobre a Doença de Huntington. Em linguagem simples. Escrito por cientistas. Para toda a comunidade Huntington. Será que doses elevadas de creatina "atrasam o início clínico" da doença

Leia mais

Atividade Física. A atividade física aumenta a sensibilidade à insulina e a capacidade de absorver os nutrientes.

Atividade Física. A atividade física aumenta a sensibilidade à insulina e a capacidade de absorver os nutrientes. Texto de apoio ao curso de Especialização Atividade física adaptada e saúde Prof. Dr. Luzimar Teixeira Atividade Física A atividade física aumenta a sensibilidade à insulina e a capacidade de absorver

Leia mais

Degeneração Gordurosa (esteatose, lipidose):

Degeneração Gordurosa (esteatose, lipidose): DEGENERAÇÃO: São alterações celulares, geralmente reversíveis quando o estímulo cessa, e que podem ou não evoluir para a morte celular. O citoplasma apresenta-se lesionado, com acúmulo de substâncias exógenas

Leia mais

[PARVOVIROSE CANINA]

[PARVOVIROSE CANINA] [PARVOVIROSE CANINA] 2 Parvovirose Canina A Parvovirose é uma doença infecto-contagiosa causada por um vírus da família Parvoviridae. Acomete mais comumente animais jovens, geralmente com menos de 1 ano

Leia mais

treinofutebol.net treinofutebol.net

treinofutebol.net treinofutebol.net Alimentação do Desportista A alimentação pode influenciar positiva ou negativamente o rendimento dum atleta, devendo consequentemente ser orientada no sentido de não só melhorar a sua capacidade desportiva,

Leia mais

Os portadores de diabetes representam 30% dos pacientes que se internam em unidades coronarianas.

Os portadores de diabetes representam 30% dos pacientes que se internam em unidades coronarianas. A Diabetes é a sexta causa mais frequente de internação hospitalar e contribui de forma significativa (30% a 50%) para outras causas como cardiopatias isquêmicas, insuficiência cardíacas, AVC e hipertensão.

Leia mais

GLICÉMIA E GLICOSÚRIA

GLICÉMIA E GLICOSÚRIA GLICÉMIA E GLICOSÚRIA A glucose é o principal açúcar existente no sangue, que serve como "fonte de energia" aos tecidos. A glicémia é a taxa de glucose existente no sangue, e o seu nível é em geral mantido

Leia mais

ATIVIDADE FÍSICA E DIABETES. Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior

ATIVIDADE FÍSICA E DIABETES. Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior ATIVIDADE FÍSICA E DIABETES Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior O QUE É DIABETES? Trata-se de uma doença crônica que ocorre quando o pâncreas não produz insulina ou quando o corpo não consegue utilizar

Leia mais

COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA CARNE. Profª Sandra Carvalho

COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA CARNE. Profª Sandra Carvalho COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA CARNE Profª Sandra Carvalho A carne magra: 75% de água 21 a 22% de proteína 1 a 2% de gordura 1% de minerais menos de 1% de carboidratos A carne magra dos diferentes animais de abate

Leia mais

METABOLISMO DE LIPÍDEOS

METABOLISMO DE LIPÍDEOS METABOLISMO DE LIPÍDEOS 1. Β-oxidação de ácidos graxos - Síntese de acetil-coa - ciclo de Krebs - Cadeia transportadora de elétrons e fosforilação oxidativa 2. Síntese de corpos cetônicos 3. Síntese de

Leia mais

HIPERCALCEMIA NO RECÉM NASCIDO (RN)

HIPERCALCEMIA NO RECÉM NASCIDO (RN) HIPERCALCEMIA NO RECÉM NASCIDO (RN) Cálcio Sérico > 11 mg/dl Leve e Assintomático 11-12 mg/dl Moderada Cálcio Sérico 12-14 mg/dl Cálcio Sérico > 14 mg/dl Não tratar Assintomática Não tratar Sintomática

Leia mais