FATORES DE VIRULÊNCIA DE CANDIDA SPP.
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1 CONEXÃO FAMETRO: ÉTICA, CIDADANIA E SUSTENTABILIDADE XII SEMANA ACADÊMICA ISSN: FATORES DE VIRULÊNCIA DE CANDIDA SPP. Luana Bezerra da Silva¹, Aline Bezerra², Flávio Rodrigues³ Prof. Dr. João Jaime Giffoni Leite (Orientador) 4 1 Acadêmica do Curso de Graduação em Odontologia FAMETRO. ²Acadêmica do Curso de Graduação em Nutrição FAMETRO. ³Acadêmica do Curso de Graduação em Farmácia FAMETRO. 4 Mestre em Microbiologia. Doutor em Ciências Médicas. Docente da Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza FAMETRO. RESUMO Diante da habilidade da Candida spp. em habitar a microbiota humana e em eventuais ocasiões caisar enfermidades, este trabalho tem como objetivo analisar os fatores de virulência de espécies de Candida como: produção de enzimas hidrolíticas, aderência, polimorfismo, variabilidade fenotípica, atividade hemolítica e produção de biofilme. O método selecionado para a realização desta pesquisa foi uma Revisão Integrativa realizado em Setenmbro de 2016 na Base de dados SciELO onde os critérios de inclusão foram: os fatores de virulência por Candida spp. Os resultados foram apresentados na forma descritiva e foram construídas duas tabelas para facilitar o estudo. A compreensão dos mecanismos de virulência de Candida spp. tem um impacto estudos da relação entre os microrganismos e o hospedeiro e no desenvolvimento de novas técnicas de modulação destes mecanismos que associados a terapia antimicrobiana convencional, podem propiciar melhores tratamentos no controle de infecções. Palavras-chave: Candida, virulência, fungo, patógeno. INTRODUÇÃO Espécies do gênero Candida residem como comensais, fazendo parte da microbiota normal dos indivíduos saudáveis. Todavia, quando há uma ruptura no balanço normal da microbiota ou o sistema imune do hospedeiro encontra-se comprometido, as espécies do gênero Candida tendem a manifestações agressivas, tornando-se patogênicas (Peixoto et al, 2014). As espécies do gênero Candida estão divididas em Candida albicans, sendo a mais prevalente, e em Candida não-albicans, particularmente Candida tropicalis, Candida glabrata, Candida krusei e Candida parapsilosis (Rörig, Colacite e Abegg, 2009). As manifestações clinicas apresentam grande diversidade de quadros, sendo assim divididas em três grupos: Candidíase cutâneo-mucosa, Candidíase sistêmica e Candidíase alérgica (Almeida, 2003). As manifestações bucais de candidíase são Candidíase
2 Pseudomembranosa, Candidíase Eritematosa, Candidíase Crônica Hiperplásica entre outras (Neville, 2012). A habilidade em produzir enzimas hidrolíticas é considerado importante fator patogênico. As principais enzimas consideradas como fatores de virulência, produzida por leveduras do gênero Candida, são as proteinases, que hidrolisam ligações peptídicas, e as fosfolipases, que hidrolisam os fosfoglicerídios. Foi sugerido que esta propriedade poderia ser usada como um critério para a biotipagem de C. albicans (Candido, Azevedo e Komesu, 2000). Diante da habilidade de fungos do gênero Candida em habitar a microbiota humana e em eventuais ocasiões, onde o sistema imune está debilitado, esses microrganismos ocasionarem enfermidades, este trabalho tem como objetivo uma análise dos principais fatores de virulência de espécies do gênero Candida ressaltando o conhecimento destes mecanismos envolvidos na fisiopatologia da candidíase, que podem providenciar estratégias de prevenção e tratamento. DESENVOLVIMENTO / PERCURSO METODOLÓGICO O método selecionado para a realização desta pesquisa foi o de revisão integrativa, o qual é definido como um instrumento de obtenção, identificação, análise e síntese da literatura direcionada a um tema específico (Ganong, 1987). Esta revisão teve como enfoque principal a análise detalhada sobre os fatores de virulência por espécies patogênicas do gênero Candida. Em setembro de 2016, realizou-se uma busca por artigos nas seguintes bases de dados: na biblioteca eletrônica Scientific Electronic Library Online (SciELO). Foram utilizados os seguintes descritores: virulência, fungo, Candida e patógenos. Os critérios de inclusão foram: pesquisas que os fatores de virulência por Candida spp.; publicadas em português; datadas entre 1996 e 2016, e em formato de artigos e análises epidemiológicas. Foram excluídas publicações anteriores a 1996 e as que não apresentassem o tema norteador. A análise e síntese dos dados foram realizadas após uma leitura detalhada dos artigos e com auxílio de um instrumento de coleta de dados que simplificou, resumiu e organizou os achados. Os resultados foram apresentados na forma descritiva, e para facilitar o
3 entendimento foi construída uma tabela que está presente nos resultados onde registra as seguintes informações: Objetivo, Principais mecanismos de produção, dados observados e resultados da análise. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Nº do estudo Objetivo 1 Separar, identificar e detectar as enzimas extracelulares proteinase e fosfolipase de Candida albicans isoladas na mucosa bucal de crianças que frequentavam uma creche da prefeitura de Fortaleza. 2 Avaliar a frequência e os principais fatores de virulência de Candida spp. na mucosa oral de pacientes diabéticos. 3 Avaliar o potencial de virulência in vitro de 21 cepas clínicas e de referência de sete espécies de Candida. Principais Fatores de virulência Candida albicans, 20% produziram a enzima proteinase e 33%, a Candida spp., foi observado que 86,6% delas apresentaram atividade de proteinase e 80%, de fosfolipase e proteinase; hemolítica. Dados Observados Coleta de amostra da mucosa bucal de 364 alunos de 1 a 5 anos de idade. Semeadas em Sabouraud dextrose com cloranfenicol. Amostra de 48 pacientes diabéticos. Material colhido com swabs e semeados em placa de Petri com agar Sabouraud dextrose com cloranfenicol. Foram feitos testes de atividade de fosfolipase, proteinase, amilase, crescimento em 42 C e 39 C e atividade hemolítica em 21 isolados de Candida app. Resultados Verificou-se que 67 (18%) apresentaram leveduras do gênero Candida sendo a Candida albicans a mais frequente. As Candida albicans isoladas apresentaram uma fraca atividade enzimática. 15 amostras (31,25%) apresentaram cultura positiva para o gênero Candida onde a C. albicans é a mais frequente com 80%, seguida de C. tropicalis(13,3%) e C. guilermondii(6,7%) C. albicans é a maior produtora de proteinase e fosfolipase e também apresenta maior capacidade hemolítica que as demais espécies. amilasica não observada em C. glabrata.crescimento em 42 C, C. dubliniensis e 2 isolados de C.krusei não houve crescimento. 4 Rever artigos relacionados com fatores de virulência de C. albicans para aumentar Diformismo, aspartil proteinase, fosfolipase, O fungo secreta enzimas que são adicionais a sua patogenicidade. Os fatores de virulência apresentados influenciam de maneira positiva para a patogenicidade da
4 nossa compreensão da patogenicidade de C. albicans. 5 Compila informações sobre os principais fatores de virulência de Candida albicans. adesinas A alteração de sua forma influência na patogenicidade. Aderência, polimorfismo, variabilidade fenotípica, produção de enzimas extracelulares e toxinas, produção de biofilme O processo infeccioso e colonização de um fungo começa com a aderência. Proteinases e fosfolipases são fatores importantes no processo de infecção e na degradação dos componentes da mucosa. Candida albicans. Todos os fatores de virulência citados juntos conferem importância para o desenvolvimento de processos infecciosos causados por C. albicans. 6 Avaliar a formação de biofilme por Candida albicans isoladas da cavidade bucal e o impacto de derivados de chalconas na inibição desta modalidade de crescimento microbiano 7 Pesquisar a incidência de Candida spp. em pacientes HIV positivos, bem como determinar as espécies, avaliar os fatores de virulência, a contagem de células TCD4, carga vital e a sensibilidade ao fluconazol. 8 Identificar as espécies envolvidas, além de comparar o nível de produção de fosfolipases e proteinases a partir de isolados clínicos. Produção de aspartil proteinases e Formação de biofilme. positiva e fortemente positiva para fosfolipase e proteinase. fosfolipase, e proteinase Utilização de Chalconas como promissores para a inibição do crescimento de fungos. Foram estudadas 33 amostras, sendo 32 isoladas de cavidade bucal. Colonização da mucosa oral de pacientes HIV positivos com auxílio de swab e o cultivo em ágar Sabouraud Dextrose. Utilizado ágar geme de ovo para análise de produção de fosfolipases e extrato de levedura adicionado à albumina bovina para medir a produção de proteinase. 23 amostras com alta atividade aspartil proteinase; 24 amostras com alta atividade enzimática para Inibição de biofilmes por concentrações de chalconas. Amostra de 45 pessoas onde a taxa de colonização oral por Candida em paciente HIV foi de 53,3%, destes, 95,83% pertencentes à espécies albicans. Teste de suscetibilidade 25% resistentes ao fluconazol 35 isolados do gênero Candida foram testados. C. albicans mais predominante (77%), seguido de C. parapsilosis (20%) e C. tropicalis (2%). Tabela 1: Distribuição das publicações sobre os fatores de virulência de Candida segundo o objetivo, os principais mecanismos de produção, os dados observados e os resultados. (Fortaleza-CE).
5 Fizeram parte da amostra 8 artigos, os quais estão disponíveis na base de dados do SciELO (100%), deixando claro que os critérios de seleção da amostra excluíram alguns artigos os quais não se referiam especificamente a abordagem da temática. Na tabela 1, as publicações coletadas explanam informações sobre os fatores de virulência de Candida spp.. Entre esses fatores estão: A atividade fosfolipase e proteinase, aderência, polimorfismo ou dimorfismo, variabilidade fenotípica, produção de toxinas, atividade hemolítica e produção de biofilme. De acordo com 1,2,3,4,5,6,7 e 8, a atividade de fosfolipase promove a degradação dos fosfolipídios da membrana plasmática das células do hospedeiro facilitando a aderência e, consequentemente a infecção. Quanto a atividade de proteinase desempenham um papel importante na degradação de componentes da mucosa como o colágeno e a queratina, assim como componentes do sistema imunológico como citosinas e anticorpos, facilitando a invasão dos tecidos do hospedeiro. De acordo com testes de atividade de fosfolipase, proteinase, e atividade hemolítica em 21 isolados de Candida spp, a C. albicans é a maior produtora de proteinase e fosfolipase e também apresenta maior capacidade hemolítica, destruição de hemáceas, que as espécies não-albicans (Rörig, Colacite e Abegg, 2009). Menezes et al. (2005), em seu estudo verificou que 67 (18%) dos pacientes apresentaram leveduras do gênero Candida sendo a Candida albicans a mais frequente e que tal espécie isolada apresenta uma fraca atividade enzimática. Quanto ao dimorfismo ou polimorfismo, que é a habilidade do fungo de alterar entre sua forma unicelular de levedura e a forma filamentosa, a formação de um micélio está relacionado com o aumento da virulência em decorrência da variabilidade antigênica da superfície e do formato micelial que favorece maior aderência, dificultando a fagocitose extra e intracelular pelo sistema imune (Geraldino et al, 2012 e Santana et al, 2013). Um dos principais mecanismos de virulência deste fungo é a formação de comunidades microbianas aderidas a diversas superfícies, denominadas biofilmes. Os biofilmes podem se formar em uma grande variedade de superfícies, incluindo tecidos vivo. Estas comunidade assumem grande importância no contexto clínico porque estão associadas a persistência dos microrganismos nos processos infeccioso (Santana et al, 2013).
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente artigo de revisão apresenta uma abordagem sobre alguns fatores de virulência Candida, contextualizando a importância do conhecimento de tais fatores para a comunidade acadêmica. A compreensão dos mecanismos de virulência de fungos do gênero Candida tem um relevante impacto não só nos estudos da relação entre os microrganismos e o hospedeiro, mas também no desenvolvimento de técnicas inovadoras de modulação destes mecanismos por compostos químicos de diversas naturezas que associados a terapia antimicrobiana convencional, podem propiciar melhores tratamentos para o controle de infecções persistentes por estes microrganismos.
7 REFERÊNCIAS 1- ALMEIDA, S. R. de. Apostila de Micologia Clínica. São Paulo, ALVES, P. M. et al. antifúngica do extrato de Psidium guajava Linn. (goiabeira) sobre leveduras do gênero Candida da cavidade oral: uma avaliação in vitro. Rev. bras. farmacogn. 2006, vol.16, n.2, p ANDREOLA, P. et al. Estudo comparativo entre a produção de fosfolipases extracelulares e proteinases do gênero Candida isoladas a partir de infecções de cavidade oral. Rev. odontol. UNESP [online]. 2016, vol.45, n.4, pp CANDIDO, R. C.; AZEVEDO, R. V. P. and KOMESU, M. C. Enzimotipagem de espécies do gênero Candida isoladas da cavidade bucal. Rev. Soc. Bras. Med. Trop.[online]. 2000, vol.33, n.5, p Castro, T.L. et al. Mecanismos de resistência da Candida Sp. Wwa antifúngicos. Infarma.2006, vol18, p COLOMBO, A. L. and GUIMARAES, T. Epidemiologia das infecções hematogênicas por Candida spp. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. [online]. 2003, vol.36, n.5, p GANONG, L. H. Integrative reviews of nursing research. Res Nurs Health, v.10, n.1, p. 1-11, GERALDINO, T. H. et al. Dimorfismo, produção de enzimas funcionais e adesinas de Candida albicans: Mini Revisão. Biosaúde, Londrina. 2012, v.14, n.1, p HARTMANN, A. et al. Incidência de Candida app. Na mucosa oral de pacientes infectados pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) no município de Santo Ângelo-RS. Revista de Epidemiologia e Controle de Infecção. 2016, v.6, n3, p MENEZES, E. A. et al. Freqüência e atividade Candida albicans isoladas da mucosa bucal de crianças de uma creche da prefeitura de Fortaleza. J. Bras. Patol. Med. Lab. 2005, vol.41, n.1, p MENEZES, E. A. et al. Freqüência e atividade Candida spp. na cavidade oral de pacientes diabéticos do serviço de endocrinologia de um hospital de Fortaleza-CE. J. Bras. Patol. Med. Lab. [online]. 2007, vol.43, n.4, p NEVILLE, B.W.; DAMM, D.D.; ALLEN, C.M.; BOUQUOT, J.E. Patologia Oral e Maxilofacial. Trad.3a Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, 972p. 13- OLIVEIRA, E. E. de et al. Toxinas killer e produção de enzimas por Candida albicans isoladas da mucosa bucal de pacientes com câncer. Rev. Soc. Bra. Med. Trop. 1998, vol.31, n.6 p RORIG, K. C. O.; COLACITE, J. and ABEGG, M. A. Produção de fatores de virulência in vitro por espécies patogênicas do gênero Candida. Rev. Soc. Bras. Med. Trop.[online]. 2009, vol.42, n.2, pp SANTANA, D. P. et al. Novas abordagens sobre os fatores de virulência da Candida albicans. Rev. Ciên. Méd. e Bio. 2013, vol.12, n.2, p SANTANA, D. P. et al. Ação de chalconas contra a formação de biofilme de Candida albicans. Rev. Ciên. Farm. Bás. Apl. 2015,v. 36, n.2, p
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