FANNY ABRAMOVICH. Sai pra lá, dedo-duro

Transcrição

1 Leitor iniciante Leitor em processo Leitor fluente FANNY ABRAMOVICH Sai pra lá, dedo-duro ILUSTRAÇÕES: VICTOR TAVARES PROJETO DE LEITURA Maria José Nóbrega Rosane Pamplona

2 Sai pra lá, dedo-duro FANNY ABRAMOVICH UM POUCO SOBRE A AUTORA Fanny Abramovich é bacharel e licenciada em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP. Foi professora de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Magistério, além de dar aulas em diversas faculdades (Belas Artes, Anhembi, FAAP), também na pós-graduação. Como orientadora pedagógica, trabalhou no GIBSA, CEA, Escola Experimental Vera Cruz, Teatro Infantil do Teatro de Arena, entre outros centros de aprendizagem. Deu mais de cem cursos e proferiu cerca de 350 palestras, em todo o país, centrados prioritariamente nos temas: arte e educação, teatro e educação, teatro infantil, criatividade na educação e literatura infanto-juvenil. Colaborou em projetos voltados para crianças e jovens, propostos por entidades como SESC, ARTE GLO- BAL, FUNARTE, FUNDACEN, UNESCO e Secretarias de Educação e Cultura de vários Municípios e Estados do Brasil. Colaborou como consultora editorial nas editoras Nobel, Abril, Círculo do Livro, Escrita, Moderna e Globo. Organizou a coleção Novas Buscas em Educação, para a Summus Editorial; Cantos Vizinhos, para a Editora Klaxon; Descoleção Sem Vergonha, para a Editora 2

3 Escrita e cinco séries infanto-juvenis para a Editora Salesiana Dom Bosco. Escreveu mais de 50 prefácios e quatro capas de apresentação de livros de vários gêneros literários, além de cerca de 500 artigos para diversos jornais e revistas brasileiros. Como crítica de produção cultural infantil atuou sistematicamente no Jornal da Tarde, na Folha de S.Paulo, no Leia Livros, na TV Globo (Programa TV Mulher) e na RTC (Programa Panorama). RESENHA Paulo fica de mal à morte com o Tiago, que espalhou para a escola que ele tinha apanhado de um pirralho de seis anos. E decepcionado com Ana que não responde seus bilhetinhos de amor. Para piorar, surpreende a irmã mais velha aos beijos com o namorado. Irritado, dedura a irmã para o pai, e, a partir daí, recebe a incumbência de vigiá-la. A princípio, ele se sente importante, envaidecido pela tarefa, mas a irmã apela para o pacto de amizade entre eles, e Paulo acaba jurando acobertar o namoro. Afinal, não quer ser dedo-duro. Porém, deixa escapar que Luís faz xixi na cama. E, no outro dia, destrata BigBoy, acreditando que ele o entregou para a professora. Pior mesmo foi o Ricardo, que revelou ao síndico os planos do jogo de bola secreto. Parece que nessa turma ninguém sabe guardar segredo só contar vantagens na rodinha. Ainda bem que os adultos se reuniram em favor da garotada do prédio. E parece que o exemplo valeu, pois, num confronto com a professora, a classe toda se uniu, evitando responsabilizar só alguns colegas. Uma classe do barulho! Paulo fica tão confiante, que consegue até fazer do acontecido um poema para Ana. Na próxima rodinha de contar vantagens, ele terá uma missão muito agradável: contar como foi o encontro a sós com Ana na sorveteria. COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA Não ser mais criança, mas estar longe de ser adulto. Ser leal ao pai ou ao pacto entre irmãos? Contar vantagens, mas no fundo se sentir um panaca completo. E se descobrir dedurando os amigos quem jurou de morte os dedos-duros! No caminho de seu amadurecimento, o menino descobre como é difícil enxergar os próprios limites e imperfeições; mas também percebe que é uma oportunidade de conhecer seus potenciais, sua força adormecida para lidar com as dificuldades. Numa linguagem sintonizada com o ambiente vivo e espontâneo dos pré-adolescentes, a autora convida o leitor a refletir so- 3

4 bre a lealdade, a importância da amizade, a nobreza da solidariedade e o poder da união. Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, Ciências Temas transversais: Ética, Saúde, Orientação sexual Público-alvo: Leitor fluente PROPOSTAS DE ATIVIDADES Antes da leitura: 1. Mostre aos alunos o título do livro que vão ler. Pergunte: o que é um dedo-duro? Qual a opinião deles a respeito de alguém assim? Verifique se eles entendem o porquê da expressão: o dedo-duro que aponta o culpado. Durante a leitura: 1. Antecipe aos alunos que Paulo, o protagonista da história, revela em si os mesmos defeitos que condena nos amigos. Peça que observem quando isso acontece. 2. Muitos dos conflitos, das dúvidas e das situações apresentadas pela autora são freqüentes entre os jovens. Peça que registrem os momentos em que se identificaram com as personagens ou com as situações por elas vividas. 3. Peça aos alunos que observem as ilustrações que Victor Tavares produziu para o livro, e que verifiquem como são registrados os conflitos e as fantasias das personagens. Depois da leitura: 1. Analise com a turma os diversos recursos empregados por Victor Tavares para ilustrar o livro: explora o humor, representando as cenas com traços que lembram os das caricaturas como a imagem de Paulo, de olho roxo, enfrentando a gozação dos colegas (página 7); mistura indumentárias anacrônicas a elementos de parque de diversões, como os trajes medievais com que Paulo e Ana aparecem vestidos, nas fantasias românticas do garoto, cavalgando um cavalo de carrossel (página 11); 4

5 cria histórias em quadrinhos para representar a versão exagerada do beijo da irmã, que Paulo narra na rodinha de contar vantagens (páginas 18 e 19); cria alegorias, como na página 33, em que, para mostrar o conflito da personagem entre a promessa feita ao pai e o juramento feito à irmã, representa a personagem se equilibrando na corda bamba. cria monstros surrealistas para representar a irritação da professora com a bela lousa (página 52). Peça a seus alunos que localizem outras ilustrações em que esses recursos são utilizados e que, ao folhearem o livro, tentem descobrir outras idéias exploradas pelo ilustrador. 2. Relembre com os alunos os episódios de Tiago, de Luís e de Ricardo. Peça que analisem o comportamento de Paulo e que dêem sua opinião sobre ele. Paulo estava condenando os amigos pelo mesmo motivo que o condenaram. 3. Relembre agora o episódio de BigBoy. Discuta com eles: O que é pior, ser dedo-duro ou dar ouvidos a fofoqueiros? 4. Paulo fez uma promessa ao pai e um juramento à irmã. Mas um contradizia o outro. Promova com a classe uma discussão a respeito desse conflito. Eles acham que Paulo agiu bem? O que eles fariam no lugar dele? Proponha que se imaginem nessa situação e que escrevam uma carta ao pai ou à irmã, desfazendo a promessa ou o juramento por meio de argumentos que justifiquem a decisão tomada. 5. Ricardo teve uma atitude que desagradou a Paulo. Mas talvez aquele tivesse motivos para isso. Organize um julgamento para ele. Divida a classe em três partes: os que acham que ele não merece perdão, os que acham que ele teve seus motivos e merece ter uma segunda chance e os que estão na dúvida; estes últimos vão ouvir os argumentos das duas partes contrárias e depois dar seu veredicto. 6. Proponha aos alunos: Imaginem que vocês participassem também da rodinha de contar vantagens. O que teriam para contar? Peça que escrevam um texto sem ter vergonha de se exibir: afinal, é uma rodinha de contar vantagens, mesmo Paulo se esmerava nos bilhetinhos que passava a Ana. Até um poema criou! Proponha que eles escrevam um bilhete de amor bem caprichado e, depois, escolha com a classe o bilhete mais romântico. 5

6 8. O livro termina num certo suspense: Paulo tinha grandes planos para o encontro com Ana, mas não tinha certeza de nada. Segunda-feira contava o que tinha acontecido. Proponha que os alunos imaginem o que aconteceu nesse encontro e que escrevam o que Paulo contaria naquela segunda-feira. LEIA MAIS DA MESMA AUTORA Caras encaradas São Paulo, Editora Saraiva Baita irritação São Paulo, Editora Ediouro Apostado São Paulo, Editora Atual Quatro histórias coloridas São Paulo, Editora Salamandra 2. SOBRE O MESMO ASSUNTO Uma sombra em ação Flávia Muniz, São Paulo, Editora Moderna Um dono para Buscapé Giselda Laporta Nicolelis, São Paulo, Editora Moderna