BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O SIMPLES NACIONAL E ALGUMAS MUDANÇAS INTRODUZIDAS PELA LEI COMPLEMENTAR 155/2016
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- Melissa Bentes Minho
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1 BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O SIMPLES NACIONAL E ALGUMAS MUDANÇAS INTRODUZIDAS PELA LEI COMPLEMENTAR 155/2016 Tássia Werner Foi sancionada pelo Presidente da República a Lei Complementar n. 155/2016 1, que prevê alterações na Lei Complementar n. 123/2006, conhecida como Lei do Simples Nacional. Antes de adentrar especificamente no tema, cumpre referir que o objetivo do Simples Nacional é simplificar o recolhimento de tributos das microempresas e empresas de pequeno porte, permitindo o recolhimento de quase todos os tributos mediante um único pagamento. Trata-se, portanto, de um regime unificado de arrecadação, cobrança e fiscalização, visando oferecer as microempresas e empresas de pequeno porte, o tratamento diferenciado e favorecido previsto na Constituição Federal de I. ALTERAÇÃO NA POSSIBILIDADE DE ENQUADRAMENTO COMO EMPRESA DE PEQUENO PORTE A definição das microempresas e empresas de pequeno porte encontra-se no art. 3º e seguintes da Lei Complementar n. 123/2016. Podem enquadrar-se a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário, todos devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas (conforme e caso), desde que cumpram alguns requisitos, sendo um deles o valor obtido no faturamento anual. 1 Publicada no D.O.U em 28 de outubro de Artigo 170, IX da Constituição Federal. 1/7
2 Neste sentido, o art. 1º, II da Lei Complementar 155/66 alterou o valor máximo da receita bruta para enquadramento das empresas denominadas como de pequeno porte. Anteriormente, enquadrava-se como empresa de pequeno porte, aquela que auferisse, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ ,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ ,00 (três milhões e seiscentos mil reais). Com a Lei Complementar 155/2016, torna-se possível enquadrar como empresa de pequeno porte, aquela que aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ ,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ ,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais). Em que pese o aumento da receita bruta anual de R$ ,00 (três milhões e seiscentos mil reais) para R$ ,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais) para enquadramento das empresas de pequeno porte, ressalta-se que, para fins de recolhimento ICMS e ISS no Simples Nacional, continua válido o montante máximo de R$ ,00 3, o que significa dizer que o recolhimento dos mencionados impostos, no caso de receita bruta anual superior a R$3,6 milhões, deverá ser feito maneira separada do Simples Nacional. Frise-se, por fim, que quanto às microempresas não houve alterações, continuando a poderem enquadrar-se aquelas que aufiram, em cada ano calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ ,00 (trezentos e sessenta mil reais). II. ALTERAÇÃO NA POSSIBILIDADE DE ENQUADRAMENTO COMO MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL - MEI A Lei Complementar n. 155/2016 também prevê alterações para que o Microempreendedor Individual (MEI) faça sua adesão ao Simples Nacional. 3 Art. 1º da LC 155/2016 e Art. 13-A da LC 123/ /7
3 Antes da Lei Complementar n. 155/2016, considerava-se MEI o empresário individual a que se refere o art. 966 do Código Civil 4, que tenha auferido receita bruta no ano-calendário anterior de até R$60.000,00 (sessenta mil reais). Assim, como no caso das empresas de pequeno porte, também houve um aumento do valor máximo permitido no faturamento anual, passando a ser considerado MEI o empresário que tenha auferido receita bruta, no ano-calendário anterior, de até R$81.000,00 (oitenta e um mil reais). Além da alteração do limite de faturamento, positivou-se a possibilidade do empreendedor que exerça atividades de industrialização, comercialização e prestação de serviços no âmbito rural enquadrar-se como MEI, sem que ocorra a perda da condição de segurado especial da previdência social. 5 III. EXCEÇÕES A VEDAÇÃO DE INGRESSO NO SIMPLES NACIONAL DE EMPRESAS QUE PRODUZAM OU VENDAM BEBIDAS ALCOOLICAS NO ATACADO Estão vedadas de ingressar no Simples Nacional a microempresa ou empresa de pequeno porte que exerça atividade de produção ou venda no atacado de bebidas alcoólicas. Contudo, com a Lei Complementar n. 155/2016, criaram-se exceções a mencionada vedação, sendo permitido o ingresso no Simples Nacional para micro e pequenas cervejarias; micro e pequenas vinícolas; produtores de licores; e, micro e pequenas destilarias 6. 4 Art. 966 do Código Civil. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. 5 Art. 1º da LC 155/2016 e art. 18-E, parágrafo 5º da LC 123/ Art. 1º da LC 155/2016 e art. 17, X, c, da LC 123/ /7
4 IV. PARCELAMENTO DO SIMPLES NACIONAL A Lei Complementar n. 155/2016, prevê, em seu art. 9º, a possibilidade de parcelamento em até cento e vinte meses, dos débitos vencidos até a competência do mês de maio de 2016 apurados na forma do Simples Nacional. O parcelamento aplica-se aos créditos constituídos ou não, com exigibilidade suspensa ou não, parcelados ou não, e inscritos ou não em dívida ativa aqueles que estivem em fase de execução fiscal. Com relação aos valores parcelados, ressalva-se que a quantidade de prestações poderá ser indicada pelo contribuinte, todavia cada prestação não pode ser inferior a R$300,00 (trezentos reais), sendo que, na ocasião do pagamento, haverá o acréscimo de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do mês subsequente ao da consolidação até o mês anterior ao do pagamento, e de 1% (um por cento) relativamente ao mês em que o pagamento estiver sendo efetuado 7. O prazo para o pedido de parcelamento será de noventa dias contados a partir da regulamentação do art. 9º da Lei Complementar n. 155/2016. Por fim, o pedido de parcelamento implicará na desistência compulsória e definitiva de parcelamentos anteriores, sem qualquer restabelecimento caso não haja o pagamento da primeira prestação 8. V. A FIGURA DO INVESTIDOR-ANJO Uma das alterações relevantes trazidas pela Lei Complementar n. 155/2016 é inserção dos artigos 61-A, 61-B, 61-C e 61-D que criam e disciplinam a figura do investidor-anjo. 7 Art. 9º, parágrafo oitavo, da LC 155/ Art. 9º, parágrafo sétimo, da LC 155/ /7
5 O investidor-anjo é pessoa física ou jurídica, incluído fundos de investimento, que realiza aporte de capital na sociedade enquadrada como microempresa ou empresa de pequeno porte, visando incentivar atividades de inovação e investimentos produtivos. Ressalta-se que os mencionados aportes não integram o capital social das sociedades, e nem são considerados nas receitas para fins de enquadramento como microempresa ou empresa de pequeno porte. Ao admitir o aporte de capital dos investidores-anjos as partes firmam contrato de participação, com vigência não superior a sete anos, onde deverão constar as finalidades de fomento a inovação e investimentos produtivos. O investidor-anjo é remunerado por seus aportes nos termos do contrato de participação pelo prazo máximo de cinco anos, não sendo considerado sócio ou tendo direito a gerência ou voto na administração das empresas. Da mesma forma, o investidor-anjo não responde por qualquer dívida da empresa, inclusive em casos de recuperação judicial e de desconsideração da personalidade jurídica. Ainda, ao final de cada período o investidor-anjo fará jus à remuneração correspondente aos resultados distribuídos, conforme contrato de participação, não superior a 50% (cinquenta por cento) dos lucros da sociedade enquadrada como microempresa e empresa de pequeno porte. É permitido ao investidor-anjo o direito de resgate depois de decorridos no mínimo dois anos do aporte, ou conforme prazo estabelecido no contrato de participação, sendo seus haveres pagos na forma do art do Código Civil, desde que não ultrapasse o valor investido devidamente corrigido. Pode também o investidor-anjo transferir a titularidade do aporte para terceiros, desde que não haja cláusula expressa contrária em contrato e haja consentimento dos sócios. 5/7
6 Por fim, em caso de decisão de venda da empresa pelos sócios, possui o investidor-anjo direito de preferência na aquisição, bem como direito de venda conjunta da titularidade do aporte de capital, nos mesmos termos e condições que foram ofertados aos sócios regulares. VI. DA VIGÊNCIA DAS MODIFICAÇÕES A Lei Complementar n. 155/2016 entra em vigor na data de sua publicação (28 de outubro de 2016), produzindo efeitos na data da publicação para o art. 9º, que diz respeito ao parcelamento dos débitos. A partir de 1º de janeiro de 2017 com relação ao investidor-anjo. modificações. Por fim, a partir de 1º de janeiro de 2018, quanto ao restante das VII. CONCLUSÕES De modo final, procurou o legislador reorganizar e simplificar a metodologia de apuração do imposto devido por optantes pelo Simples Nacional, possibilitando também, com o aumento do limite máximo do faturamento anual, que novas empresas de pequeno de porte ou microempreendedores individuais façam sua adesão. Ainda, possibilitou a Lei Complementar n. 155/2016, que as empresas regularizem sua situação fiscal, ao prever o parcelamento de eventuais débitos em até cento e vinte meses. Finalmente, com a criação da figura do investidor-anjo, o legislador forneceu um meio para investimento e crescimento dos pequenos negócios, em especial as startups (empresas que iniciam atividades inovadoras), conforme informações do Senado Federal 9, uma vez que permitiu que pessoas físicas ou jurídicas façam seus investimentos nestas empresas, sem que este 9 Acesso em 11nov /7
7 investimento seja considerado aumento do capital social - o que permite a manutenção no enquadramento de microempresa e empresa de pequeno porte - e ainda, gera segurança jurídica ao investidor que não pode ser penalizado por qualquer dívida da empresa ou sofrer as consequencias de eventual recuperação judicial ou desconsideração da personalidade jurídica. 7/7
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