Estudo das obras adaptadas sobre o Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda para crianças e adolescentes
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- Bernardo Gentil Tuschinski
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1 Estudo das obras adaptadas sobre o Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda para crianças e adolescentes Resumo Elaine Cristina de Freitas (UENP/CLCA/CJ) helaine-221@hotmail.com Valdirene Silvério Kikuta (UENP/CLCA/CJ) valdireneskikuta2011@hotmail.com Orientadora: Rita de Cássia Lamino de Araújo Rodrigues (UENP/CLCA/CJ) ritalamino@hotmail.com Com base na importância da literatura para a formação social do individuo, tendo em vista o problema da desmotivação dos jovens leitores em realizar leituras literárias e a utilização de adaptações que facilitam um encantamento pela obra literária, devido suas ilustrações, linguagem simples e cativante que aproxima o leitor da literatura, o presente trabalho tem por objetivo observar as adaptações sobre a história do Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda, O Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda (2005), de Márcia Williams, escrita em quadrinhos e As Fabulosas histórias de Merlin e do Rei Artur (2006), narrativa de Gilles Massadier e Benjamin Bachelier de modo a perceber as semelhanças e diferenças existentes em relação às suas construções narrativas. Com esse trabalho, pretende-se contribuir para o desenvolvimento da literatura infanto-juvenil. Palavras-chave: Rei Artur; Adaptações literárias; Jovens leitores. Fundamentação teórica O presente trabalho tem por objetivo contribuir para a formação de crianças e jovens leitores, por meio da observação das adaptações que têm a finalidade de promover a leitura dos clássicos de maneira divertida sem fugir do foco principal do livro, tornando, desta maneira, uma leitura literária prazerosa. A literatura é importante e essencial para a formação do homem, pois tem um poder humanizador incrível na medida em que pode moldar os conceitos de uma pessoa tornando-a mais humana consigo mesma e com o meio em que vive. Isso se deve, de acordo com Antônio Cândido (2002) pelo fato de que, embora ela seja constituída pela imaginação, nunca se desvincula plenamente da realidade. Assim, de acordo com o estudioso: A fantasia quase nunca é pura. Ela se refere constantemente a alguma realidade: fenômeno natural, paisagem, sentimento, fato, desejo de explicação, costumes, problemas humanos, etc. Eis por que surge a indagação sobre o vínculo entre fantasia e realidade, que pode servir de entrada para pensar na função da literatura. (CANDIDO, 2002, p. 83) Assim, tendo em vista que a literatura é a reflexão da realidade que nos cerca, ela não deve ser menosprezada. Por isso, há a necessidade de repensar o conceito que muitos leitores criam de literatura, como algo chato, desnecessário, ou seja, ficção, que não tem conexão com a vida humana.
2 No que diz respeito à leitura das obras clássicas, Ana Maria Machado afirma que clássico não é um livro antigo e fora de moda. É livro eterno que não sai de moda. (2002, p. 15). Desse modo, acredita-se que, mesmo que, às vezes, os jovens leitores considerem as obras clássicas ultrapassadas e desinteressantes, ao lê-las ele sempre encontrará algo interessante que o ajudará a refletir sobre sua vida, pois os clássicos são livros que remetem às coisas e ideologias da atualidade, além de ser um tesouro, basta que nos identifiquemos com a obra ou com alguma essência dela. Sendo assim, Machado afirma: É bom lermos esses autores clássicos porque eles ampliam nossa vida [...]. Além do mais, podemos dizer que não têm prazo de validade nem perdem a garantia. Ou seja, nas palavras do poeta Pedro Salinas, bem-humoradas e profeticamente adequadas aos atuais tempos de uma sociedade de consumo: Um clássico é um livro que sempre presta ao espírito do homem um serviço da mais alta qualidade. (MACHADO, 2002, p. 22) Os livros clássicos influenciam nossas vidas nos tornando seres humanos melhores. Quando a autora cita que ele não tem prazo de validade entende-se que sempre que os lemos fazemos novas descobertas e isso os torna cada vez mais interessante. Dessa forma, são livros que conseguem ser eternos e sempre novos. (MACHADO, 2002, p. 24) Apesar das obras clássicas originais serem de suma importância, sabe-se que os leitores jovens têm grandes dificuldades em realizar essas leituras, por isso, Ana Maria Machado (2002, p.12) acredita que [...] não é necessário que essa primeira leitura seja um mergulho nos textos originais, ou seja, ela pode ser feita por meio das mais diversas adaptações dos textos literários existentes no mercado, pois o importante é que o primeiro contato seja feito para que o jovem leitor possa se aproximar da obra literária e ser seduzido por ela. A obra adaptada tende a ser mais atrativa, pois, embora tenha por base o texto original, apresenta uma linguagem mais adequada às novas gerações de jovens leitores, objetivando, assim, alcançá-lo sem perder o foco da obra original. De acordo com Ceccantinni: O processo de adaptação, para o público infantil, revela-se como algo passível de questionamento devido à participação de dois sujeitos, no caso, uma criança (destinatário) e um adulto (emissor), pela especificidade do destinatário e pelas possíveis escolhas feitas pelo emissor. [...] O perfeito entrosamento entre a prática do adaptador e o emissor a que se destina o objeto adaptado faz com que o processo deixe de ser um problema para aparecer como uma solução. (CECCANTINI, 2004, p. 59) O estudioso acredita que por meio da adaptação pode haver um rompimento da barreira existente entre os clássicos e os adolescentes, deixando, assim, a obra de ser vista como um problema para se tornar algo divertido e próximo do leitor. Ler as adaptações possibilita aos jovens uma aventura dentro dos textos clássicos, ainda que não sejam lidos na íntegra, em sua versão original. Posteriormente, essa leitura pode despertar a curiosidade e levá-los à leitura da obra original. Metodologia Entre os diversos textos clássicos da literatura que passaram de geração em geração, destacam-se as novelas de cavalaria, sobretudo as que dizem respeito ao Rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda. Surgidas Idade Média, a novela de cavalaria retratava os feitos dos celtas que viviam na região chamada pelos romanos de Britannia, a Inglaterra e o
3 norte da França de hoje. Os celtas se dividiram em vários reinos rivais e, posteriormente, tiveram que enfrentar invasões dos saxões. Acredita-se que o ciclo de lendas do Rei Artur e dos cavaleiros da Távola Redonda tenha surgido desse contexto histórico. Deste modo, às histórias de bases realistas foram misturados elementos fantásticos que mexiam com a imaginação do povo que buscava um mundo melhor. Com base nessas histórias, surge o livro Morte d Artur (1987), escrito pelo escritor inglês Tomas Malory ( ). O livro conta como Artur tornou-se rei e conquistou a honra dos cavaleiros mais valentes e admirados da época. O rei Artur e os cavaleiros reuniam-se em volta de uma mesa, chamada Távola Redonda, e, ali, nenhum deles era considerado melhor ou superior aos outros, todos tinham uma mesma posição. Ser convidado para ser um cavaleiro da mesa era algo muito honroso e o sonho de qualquer cavaleiro. Para Ferreira (1971), as lendas da Bretanha, ou seja, as histórias que dizem respeito ao rei Arthur, possuem características como a idealização do amor e das virtudes das personagens que são cavaleiros e seres fantásticos como gnomos, monstros e mistérios. Essas características da novela de cavalaria tendem a agradar ao jovem leitor que, ainda acredita em heróis, princesas e outros seres mágicos com poderes tanto para o bem quanto para o mal. Ana Maria Machado também reconhece e destaca a importância das histórias de cavalaria do rei Artur. O ciclo de lendas sobre o rei Artur e os cavaleiros da Távula Redonda constitui um imenso manancial de histórias maravilhosas, contando feitos de extraordinária bravura. Essas narrativas heróicas constituem, de maneira lendária, a época do que talvez tenha sido o reino mais glorioso da Europa. (MACHADO, 2002, p.42) Para a autora, o sucesso das histórias envolvendo Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda deve-se as proezas fantásticas por eles realizadas, a busca e o desejo de um mundo melhor e mais justo, além da procura por líder que seguia um código baseado em leis éticas, espirituais e religiosas. Tendo em vista esses feitos heróicos e fantásticos das histórias de cavalaria, a obra Morte d Artur de Thomas Mallory deu suporte para o surgimento de diversas adaptações que buscam satisfazer o imaginário do público leitor. Dentre elas destacam-se as obras Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda da escritora inglesa Marcia Williams, publicada em 2005 e As fabulosas Histórias de Merlin e do Rei Artur dos escritores franceses Gilles Massadier e Benjamin Bachelier, publicada em 2006, presentes nas listas de obras do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), sendo a primeira na lista do ano 2008 e, a segunda, na lista do ano de No livro Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda Marcia Williams, por meio de uma adaptação em história em quadrinho, conta de forma resumida os principais eventos vividos pelo adolescente Artur que, aos dezesseis anos, torna-se rei da Grã-Bretanha, após retirar a espada da pedra, narra-se, por meio de imagens e diálogos, as incríveis histórias do rei Arthur, do bruxo Merlin e dos Cavaleiros da Távola Redonda, guerreiros destemidos que enfrentam grandes batalhas em nome do rei, da justiça e do reino. Nessa adaptação em quadrinho, Williams conseguiu contemplar toda a história de Artur e de seus cavaleiros em poucas palavras, dando ênfase aos principais acontecimentos da obra original de maneira engraçada. Outra adaptação contemporânea destinada ao público juvenil é o livro As fabulosas História de Merlin e do Rei Artur dos escritores franceses Gilles Massadier e Benjamin Bachelier. Publicada em 2006, a narrativa inicia-se na ilha da Bretanha onde nasce o
4 menino Merlin que tem o dom de prever o futuro. Com esse dom, ele prevê vários acontecimentos podendo evitá-los ou mudá-los conforme achasse necessário. Passados muitos anos, nasce outro menino, Artur, que conquistará a espada Excalibur e se tornará rei. A partir desse momento, é criado uma liga de cavaleiros, intitulados cavaleiros da Távula Redonda, que juntos irão se aventurar em incríveis episódios tornando, assim, grandes heróis dentro da narrativa. Nas duas obras percebe-se que os autores tentam aproximar o público leitor para a literatura de maneira prazerosa, pois os livros são ilustrativos e cativantes. Assim, tendo em vista a importância das adaptações para a leitura e permanência das obras clássicas, este trabalho dedicar-se-á ao estudo dos elementos da narrativa presentes nas duas obras adaptadas já referidas acima, assim como na comparação entre elas de modo a perceber as diferenças e as semelhanças existentes. Para tanto, o estudo terá por base teórica textos referentes aos elementos da narrativa e a respeito das adaptações literárias. Resultados Espera-se que com essa obra seja possível destacar o modo como as histórias do Rei Artur e os cavaleiros da Távola redonda são retomadas nas obras adaptadas destinadas às crianças e adolescentes e, assim, contribuir para o estudo das adaptações literárias destinadas às crianças. Considerações Finais A clássica história do Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda têm encantado crianças e adolescentes ao longo de gerações. Com o estudo das adaptações de Gilles Massadier e Benjamin Bachelier acredita-se ser possível comprovar que é possível aproximar o leitor moderno das histórias clássicas de um modo prazeroso sem destituir-se da qualidade estética.. Referências BÖHM, Gabriela H. Peter Pan para crianças brasileiras: a adaptação de Monteiro Lobato para a obra de James Barrie. In: CECCANTINI, João Luis C.T. Leitura e literatura infanto-juvenil: memória de gramado. São Paulo: Cultura Acadêmica; Assis: ANEP, p CALVINO. Italo. Por que ler os clássicos. Tradução: Nilson Moulin. São Paulo: Companhia das Letras, p CANDIDO, Antonio. O Direito á Literatura. In: Vários Escritos. Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul, p A Literatura e a Formação do homem. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1972 CARVALHO, Diógenes Buenos Aires de. A Adaptação Literária para crianças e jovens: Robinson Crusoe no Brasil. 539 fl. Tese. Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2016.
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