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1 AHU, Alagoas Avulsos, Documento Documento 270 Aviso do [Secretário de Estado da Marinha e Ultramar, Conde de Linhares] D. Rodrigo de Sousa Coutinho ao [Presidente do Conselho Ultramarino] conde de Resende [D. Antonio José de Castro] a enviar cartas do povo da Comarca de Alagoas, Vila do Porto Calvo e do Penedo e do perfeito e religiosos Capuchos italianos assistentes no hospício de Pernambuco acerca dos vexames, opressões e violências do ouvidor-geral, desembargador José de Mendonça Matos Moreira para se entregarem ao ministro que vai em diligência a Pernambuco. Anexo: carta (cópia) AHU, Alagoas Avulsos, Cx. 4, Documento 270 [25 de outubro de 1798] [fl. 1] 01 Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor 02 Sua Magestade manda remeter ao Concelho 03 Ultramarino as Reprezentacoens incluzas do Povo 04 da Comarca das Alagoas, villa do Porto Calvo, e do Pe- 05 nedo, e do Perfeito e Religiozos Capuxos Italianos as- 06 sitentes no seu Hospício de Pernambuco, para que o- 07 Concelho entregue huma, e outra ao Ministro que 08 vai a Diligencia a Pernambuco, para que conheça 09 tambem dos objectos de que nella retracta. 10 Deus Guarde a Vossa Excelência. Palácio de Queluz [Sinal Público] em de Outubro de [Sinal público] 12 D. Rodrigo de Souza Couti[Sinal Público]nho 13 Registrada a folha 256 verso. Expedida em 29 de Outubro 14 de 1798 forão as 15 propias Representaçaons[sic] Despacho à esquerda: 01 Cumpra-se, Regista-se, e se proce 02 dera na conformidade deste Real [Sinal Público] 03 Anno. Lixboa 26 de Outubro de 1798 [Sinal público] [Rubricas, 3] 04 Senhor Conde de Rezende. [fl. 2] 01 Copia 02 Senhora reprezenta a Vossa Magestade todo o Povo da

2 AHU, Alagoas Avulsos, Documento Comarca das Alagoas, Villa de Porto Calvo, e do Pe- 04 nedo, todas as mais Povoassoenz adjacentes, Capi 05 tania de Pernambuco, na Pecoa de Seo Procurador 06 o Sargento Mor dos Auxiliares da villa do Penedo 07 Luiz Pedro de Mello, os vexames oppressoens, e 08 violençias, que com elles pratica o Desembargador Ouvidor 09 Geral da mesma Comarca José de Mendonça 10 Mattos Moreira, que com o titulo de sócio do Governador 11 e Capittam General D. Thomas Ioze de Mello, sócio 12 desse em todos os generos de Produção deste Con- 13 tinente, como Algodoens, poxe[?] seco, asucar, e 14 [Sinal Público] athe mesmo Madeiras de Construção das Naos 15 [Sinal Público] de Vossa Magestade; as quaes Vossa Magestade tem mandado Reco- 16 [Sinal Público] mendar por tantas e tão saudáveis Providen- 17 çias; Estas mesmas Senhora são o primeiro 18 Objecto dar Negociaçoens daquelle Ouvidor [Sinal Público] 19 General, e Sua família. 20 Estes homens mancomunados todos por 21 aquele titulo, tem feito a desgraça desta Comarca 22 e se alguem chega a queixa-se ao dito General 23 das violencias daquele Ouvidor, hé castigado, he 24 prezo, e so hé solto quando o mesmo Ouvidor 25 se dá por Satisfeito e Roga por elle, depois de 26 muitos meses em asperas prizoens 27 Eu dividirei em Artigos, tudo quanto se me 28 oferece sobre este particular para Vossa Magestade tomar 29 huma inteligencia mais seria das violençias. [fl. 2v] 01 Violencias que pratica aquele Ouvidor com este 02 mizeravel Povo, e seguramos a Vossa Magestade; que quanto 03 aqui expressa, hé de muito facil prova 04 Artigo 1 05 Que aquele Ouvidor há muitos annos não Co 06 rreje a maior parte da Sua Comarca como titulo de em 07 baraçado com os cortes das Madeiras para as Naos 08 de Vossa Magestade; quando aliás o Seu embaraço, são as suas 09 Negociaçoens, que o obrigão a ter huma escriptu- 10 ração em cara, com varios caxeiros, e outros indi- 11 viduos Que no decurso de porto de vinte annos, que este 14 Menistro aqui Se acha, não apareçam hua Sentença 15 final, hua Apelação na Relação da Bahia; e nem

3 AHU, Alagoas Avulsos, Documento huma Devassa no Tribunal da Junta das Justiças 17 de Pernambuco; Sendo o principal motivo destas 18 omissoens, o não se embaraçar aquele Ouvidor 19 com a administração da Justiça; Hé o seo fim 20 he o Seo elemento o ajuntar dinheiro; que por justas 21 contas, se lhe faz possuhir o melhor de seiscentos 22 mil cruzados Que Vossa Magestade hé o primeiro devedor, ou a Sua 25 Real Fazenda de huma grande importância 26 aquele Ouvidor, a que elle e o dito General chama 27 ter suprimido a Real Fazenda com dinheiros; actu- 28 almente dizem ser devedora a Real Fazenda [fl. 3] 01 Fazenda de Pernambuco, aquele Ouvidor de mais 02 de Sessenta mil cruzados, dos que Recebeo doze 03 no mez de Outubro de 1797, estando na Praza[?] 04 do Recife. [Sinal Público] 05 4 [Sinal Público] 06 Que o seu Ministro faz o Seo primeiro negoçio com 07 Vossa Magestade nas suas Madeiras proprias, quem quer 08 alguma Madeira de construção hé facil o conseguir 09 la em dando dinheiro, diga-o a Praça de Per- 10 nambuco e Bahia; aonde há Armazens da Madei 11 ras que se vendem por conta do Ouvidor, ou dos 12 [Sinal Público] seos sócios. 13 [Sinal Público] 5 14 [Sinal Público] Que o dito Ouvidor, fez como huma Companhia 15 [Sinal Público] de escravos Seos proprios que traz empregada No 16 corte das Madeiras de Vossa Magestade os quaes vençem o 17 ordenado que elle arbitra, e que fica todo do na sua mão. 18 São muito poucas as pecoas que se empregão na 19 quelle trabalhão do corte das Madeiras, que não sejão 20 escravos Seos proprios, ou sociedade, ou de peçoa 21 mais particular Que este Ouvidor está Concubinado com húa Molher 24 chamada D. Maria, que foi em outro tempo ca- 25 zada, e diz-se, que o mesmo Ouvidor mandou a- 26 fogar o Marido da dita, na Passagem de hum 27 Rio; Esta molher faz ao Povo, iguaes Violençias 28 que o Ouvidor não só com as suas Negociaçoens 29 mas porque hé somente por intervensão della,

4 AHU, Alagoas Avulsos, Documento [fl. 4] 01 della, que se consegue algum despacho, mas sempre 02 com dinheiro adiantado. 03 7º 04 Que esse Ouvidor, que Se supoem Cazado com a 05 quela molher, de quem tem muitos filhos, como se es- 06 tabelecido nesta comarca, com dous outros Engen- 07 hos de fazer e Assucar, que tem debaxo, da sua ad- 08 ministração, e que se diz já os tem Comprado; 09 E actualmente nos consta, que o General desta Capi- 10 tania, tem feito a Vossa Magestade varias Reprezenta- 11 çoens para Vossa Magestade Constituir aquele Ouvidor 12 em consevador das Mattas das Alagoas, pelos 13 grandes Serviços, que tem feito a Vossa Magestade Protes- 14 tando que esse lugar, deve ser separado da Ouvi- 15 doria, alegando Encompatibilidade da Ad- 16 ministração das Mattas, com o exercício de Ou- 17 vidor; como se o dito Ouvidor não estivese Ser- 18 vindo hum e outro officio, há perto de vinte 19 annos; e talvez seja Senhora este o modo, porque 20 aquele General que pagar ao Ouvidor o tem Re- 21 metido na sua algibeira, e dos Seos familiares 22 o melhor de cento e Cincoenta mil cruzados, a que 23 bem consta dos livros, que párão na mão do Ou 24 vidor, e daqueles seos agentes, na Praça do Re- 25 cife, a quem são Remetidos os effeitos, dinheiros 26 etc e tanto a hum como aos outros, hé necessa- 27 rio fazer húa Rigorosa aprehenção, e do contrario [fl. 5] 01 e do contrario [sic] Será inútil qualquer deligencia, 02 e nosso mal Será o mesmo, que se há tantos annos [Sinal Público] 03 tem sido [Sinal Público] 04 Esta materia Senhora, he inexorável[?] [Sinal Público] e de 05 humas Consequencias as mais extraordinarias 06 pelo prejuízo publico, e particular de Vossa Magestade 07 porquanto as Mattas se dessipão em utilidade 08 do Ouvidor, e seos consócios, e o infinito cabe- 09 dal, que Vossa Magestade dispende todos os annos, nos 10 cortes das Madeiras, todo fica na Mão do Ou 11 vidor, por quanto ou a Sua Companhia de 12 [Sinal Público] escravos se Emprega nos cortes, ne[sic] alguns ou- 13 [Sinal Público] tros com quem elle Se ajusta por muito 14 deminuto preço, afim de lhe ficar, athé destes

5 AHU, Alagoas Avulsos, Documento mizeraveis algum interesse ao Resto do Povo 16 geme oprimido, porque não percebe hum Só 17 vintem, e passa por todos os mais incômodos, que 18 São consequencias daquele modo de obrar. 19 Este Povo não tem algum Reversso, porquanto 20 aquele que Vossa Magestade lhe oferece no General, 21 está inteiramente vedado, e todos Recção[?] que a 22 o Reprezentar as violencias do Ouvidor, lhe 23 suceda o mesmo, que sucedeo aqueles mi- 24 zeráveis, de que falei asima, que indo a Per- 25 nambuco, com a viagem de perto de cem lagoas 26 a pedir, e trazer algum Reversso forão tão mal [fl.6v] 01 maltratados, que gemerão em huma prizão 02 athé que o Ouvidor foi a Pernambuco, e pedio 03 a Sua Soltura. Depois de tão bem agazalho 04 que esperanças podemos Nos ter, se não for a 05 Proteção de Vossa Magestade o Imploramos! 06 Nós o Rogamos, debaixo da maior obediênçia 07 e fidelidade, tantas vezes justificada, quantos 08 tem Sido o nosso sofrimento. 09 Igualmente Rogamos a Vossa Magestade que na 10 caso de mandar devassar deste Negocio, 11 Seja por um Menistro inflexível, e desen- 12 teressado, porque de outro modo, será inutil 13 qualquer deligencia, não só porque o Ouvidor 14 tem facilidade de acomodar tudo com 15 dinheiro, mas porque hum Menistro hon- 16 rrado e activo, munido de ordens de Vossa 17 Magestade, nada tem que Recear. 18 Nesta Capitania de Pernambuco, só há 19 hum Menistro capaz desta deligencia, pella 20 honra e desenteresse, com que serve a Vossa Magestade; e hé 21 o actual juiz de fora de Pernambuco Manoel de 22 Macedo Pereira Coutinho. 23 Se Vossa Magestade nos fizer a honra de tomar 24 esta Reprezentação, debaxo da sua Real 25 Benignidade, Mandando Devassar, não só. [fl. 7] 01 Só destes Artigos, mas de Infinitos outros, 02 de que deve fazer se cargo o Menistro Deva-

6 AHU, Alagoas Avulsos, Documento ssante; Nós seremos felicies[sic], e as nossas 04 famílias terão que comer, e o Serviço de Vossa 05 Magestade; será feito com dezempenho; o que do 06 Contrario não socederá em quanto vivermos 07 debaxo do jogo deste ambiciozo Menistro. 08 Deos guarde a peçoa de Vossa Magestade como 09 necessitamos. Villa do Penedo, 28 de No- 10 vembro de 1797 Luis Pedro de Mello. [Sinal Público] [Sinal Público] Transcrição: Lanúza Maria Carnaúba Pedrosa Data: 11/10/2009

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