SALA DE AULA UNIVERSITÁRIA: TRABALHANDO COM TUTORIA NO ENSINO DE DIDÁTICA 1
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- Alfredo de Oliveira Rijo
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1 SALA DE AULA UNIVERSITÁRIA: TRABALHANDO COM TUTORIA NO ENSINO DE DIDÁTICA 1 Ana Keli Moletta UEPG Andréia Manosso Samways - UEPG Denise Puglia Zanon UEPG / DEMET Emilly Andrade de Freitas - UEPG Maiza Taques Margraf Althaus UEPG / DEMET Melina Andrade Joslin UEPG Este trabalho foi desenvolvido na Universidade Estadual de Ponta Grossa junto a três turmas de segundos anos do curso de Pedagogia, ofertados nos turnos matutino e noturno, nas aulas da disciplina de Didática, tendo como problemática: a partir da organização social da sala de aula, é possível, na gestão da prática pedagógica universitária, especificamente no ensino dos conteúdos de Didática, oportunizar interação entre sujeitos visando desenvolvimento da autonomia? Considerando a problemática, objetivou-se: analisar diferentes possibilidades de organização do espaço de sala de aula na prática pedagógica universitária, no desenvolvimento da disciplina de Didática para formação docente; problematizar possibilidades didáticas de organização do espaço de sala de aula na prática pedagógica universitária, tendo com eixo norteador estratégia de tutoria entre iguais. Neste estudo, optou-se pela pesquisa participante, priorizando interação entre pesquisadores e sujeitos das situações investigadas (GIL, 2002), pois o estudo foi realizado por duas Professoras de Didática e noventa acadêmicos do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Estadual de Ponta Grossa/PR, dos quais quatro participaram como interlocutores e sujeitos do processo de investigação. O trabalho nas turmas privilegiou estratégia de tutoria entre iguais (ARGÜÍS, 2003; DURAN, VIDAL, 2007), organizando a classe em agrupamentos móveis (ZABALA, 1998), constituídos por acadêmicos docentes e não docentes, para estudo da temática: Planejamento de ensino em seus diferentes níveis. Na análise de dados coletados através de questionário aplicado aos alunos com questões sobre a atividade realizada, pode-se concluir que houve trabalho cooperativo, os grupos compartilharam saberes e experiências, ampliaram aprendizagens, auxiliaram-se mutuamente e trabalharam com autonomia. Palavras-chave: tutoria, docência universitária, didática, sala de aula. 1 ALTHAUS, M. T. M. et al. Sala de aula universitária: trabalhando com tutoria no ensino de didática. In: ENCONTRO NACIONAL DE DIDÁTICA E PRÁTICA DE ENSINO, 14., 2008, Porto Alegre. Anais. Porto Alegre, Edipucrs.
2 Este trabalho apresenta a reflexão sobre o espaço da sala de aula universitária considerando sua organização, as relações nela estabelecidas, as expectativas do grupo de estudantes e professores com relação ao processo ensino-aprendizagem. Na aprendizagem da docência, especificamente na formação de professores, necessário se faz compreender que a sociedade do século XXI, da informação e conhecimento, caracteriza-se por preparar profissionais para aprender autonomamente: se os processos de aprendizagem nos acompanharão ao longo de toda a vida, os processos de ensino também deverão estar presentes, visto que uns não existem sem os outros (DURAN, 2007, p.15). Na prática pedagógica universitária, buscando o desenvolvimento da autonomia no processo de profissionalização, o trabalho do professor na gestão da sala de aula configurase pela mediação na relação professor-aluno e aluno aluno no processo de aprendizagem (...) Um professor que, com seus alunos, forme um grupo de trabalho com objetivo comuns, que incentive aprendizagem de uns com os outros, estimule o trabalho em equipe, a busca de solução para problemas em parceria, que seja um motivador para o aluno realizar suas pesquisas e seus relatórios, que crie condições contínuas de feedback entre aluno e professor (MASETTO, 2006, p. 22). Assim sendo, neste estudo procuramos responder à seguinte questão: é possível, a partir da organização social da sala de aula, na gestão da prática pedagógica universitária, especificamente no ensino dos conteúdos de Didática, oportunizar a interação entre os sujeitos visando o desenvolvimento da autonomia? Tendo com referência a problemática destacada, buscamos também delinear algumas questões norteadoras para desenvolver as propostas de trabalho junto aos acadêmicos, nossos interlocutores de pesquisa, priorizando a estratégia pedagógica de tutoria entre iguais: a) na aula universitária, os agrupamentos móveis (ZABALA, 1998) para estudo de temáticas propostas permite a interação e o desenvolvimento de relações dialógicas entre os acadêmicos? 2
3 b) considerando-se o rompimento com práticas pedagógicas associadas a grupos fixos e agrupamentos lineares na aula universitária, quais os indícios da aceitação e receptividade dos alunos frente às propostas desenvolvidas nas aulas de Didática? Diante da definição das questões, apresentamos os objetivos deste estudo: - analisar as diferentes possibilidades de organização do espaço de sala de aula na prática pedagógica universitária, no desenvolvimento da disciplina de Didática para a formação docente; - problematizar as possibilidades didáticas de organização do espaço de sala de aula na prática pedagógica universitária, tendo com eixo norteador a estratégia de tutoria entre iguais. Assim sendo, o trabalho teve o suporte metodológico da pesquisa participante, que prioriza a interação entre pesquisadores e sujeitos das situações investigadas (GIL, 2002). Chizzotti (2006, p.93) destaca a participação e envolvimento dos sujeitos no processo investigativo: Juntos promovem ampla participação no processo de coleta e de análise das informações necessárias para aprofundar o conhecimento [...] Ainda que tenham níveis de formação diferenciados, todos são detentores do conhecimento. Deste modo, o procedimento metodológico constituiu-se das seguintes etapas (GIL, 2002, p.150): definição das bases teóricas da pesquisa; definição da técnica e dos instrumentos de coleta de dados (observação participante e questionário); organização do processo de pesquisa participante; elaboração do cronograma de atividades em função das aulas de Didática desenvolvidas em 2007; análise e discussão dos dados. Os sujeitos envolvidos foram duas Professoras de Didática e os acadêmicos do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR), matriculados em 2007 na segunda série do curso. Durante o processo investigativo, no que se refere à organização dos grupos de alunos nas aulas de Didática, foi apresentado o Croqui abaixo para visualização da ambientação da sala de aula, considerando a estratégia da tutoria entre iguais. 3
4 Na literatura contemporânea, a discussão sobre a tutoria entre iguais (ARGÜÍS, 2003; DURAN, VIDAL, 2007) tem mobilizado a comunidade científica a respeito das possibilidades de conversão das salas de aula em comunidades de aprendizes, numa perspectiva de compartilhar experiências e troca de ajuda entre colegas sob a mediação do professor. 4
5 A tutoria entre iguais ou entre alunos é um método de aprendizagem cooperativo, baseado na criação de duplas com relação assimétrica (em razão dos papéis respectivos de tutor e tutorado), com um objetivo comum e compartilhado (a aquisição de uma competência curricular), que se consegue mediante um âmbito de relação planejado pelo professor [...] Em última análise, trata-se de um aluno que aprende atuando como tutor (como mediador de seu colega), porque, como os docentes sabem muito bem, ensinar é uma boa maneira de aprender. E o aluno totorado também aprende, porque recebe uma ajuda personalizada de seu colega tutor. A tutoria entre iguais, sob a denominação de peertutoring, tem sido amplamente utilizada em muitos países, em todos os níveis educativos desde o infantil até o universitário e em todas as áreas curriculares (DURAN, 2007, p. 14). O Croqui estabeleceu as formas de agrupamento, num circuito em que privilegia a movimentação dos acadêmicos (docentes) nos diferentes grupos formados, valorizando, desse modo, a tutoria entre iguais. O encaminhamento metodológico partiu do pressuposto dos métodos de aprendizagem cooperativa, valorizando acadêmicos atuantes no Ensino Fundamental (anos iniciais) e Educação Infantil, em escolas públicas e particulares do Município de Ponta GrossA (PR), os quais, distribuídos nos diferentes grupos em sala de aula, atuaram como mediadores no estudo referente à unidade didática: Planejamento de Ensino em seus diferentes níveis. Monereo e Duran (2005) destacam que a aprendizagem cooperativa apresenta-se como metodologia privilegiada, pois os alunos aprendem pelo fato de que são diferentes e apresentam níveis distintos de conhecimento, revelando a diversidade como fator positivo no processo ensino-aprendizagem. Através do trabalho desenvolvido com a estratégia da tutoria entre iguais nas aulas de Didática, percebemos, através das respostas que seguem abaixo, coletadas nos questionários aplicados, a interação que se estabeleceu entre os acadêmicos: A classe foi organizada em grupos, cada grupo contava com três carteiras com cadeira e uma cadeira avulsa que deveria ser ocupada pela colega experiente. Assim, fizemos rodízio, as meninas foram passando sua experiência e nós íamos anotando, perguntando, tentando relacionar o que elas falavam com o que havíamos lido no texto de Libâneo: O planejamento escolar. Setembro foi um mês de laboratório, tivemos diversos ambientes em classe, este que falei, outro em que nos reunimos em trios, outro ainda em que a sala foi organizada em blocos: dois nas laterais e um central (Aluna 1) A interação possibilitou compartilhar experiências, onde cada um podia expressar-se e conhecer a partir da idéia do outro. Penso que esta atividade 5
6 valoriza nossa autonomia, já que a individualidade é respeitada e cada um reflete sobre seu próprio conhecimento (Aluno 3) A proposta proporcionou conhecer um pouco mais a heterogeneidade existente em nossa turma (Aluna 24) Dificilmente temos tempo na aula de saber o que outra colega faz em seu trabalho, na escola em que atua, assim, nesta proposta da ambientação da tutoria, pudemos interagir com grupos diferentes, aprendendo com colegas e não somente com a Professora (Aluna 7) No caso em tela, os acadêmicos atuantes na Educação Básica, além de relatarem aos colegas seus saberes e práticas no que respeita ao planejamento de suas ações docentes, também enriqueceram suas aprendizagens pela interação estabelecida, quando os colegas problematizavam questões presentes nas leituras efetivadas sobre o tema e também pelas observações realizadas em seu processo de formação nos diferentes espaços escolares. Um ponto primordial que pode ser levado em consideração é a capacidade que os alunos têm de oferecer ajuda uns aos outros para aprender, porém esse recurso só se concretizará se o professor souber organizar o espaço para que essa interação ocorra. Se o educador levar em consideração essa forma diferenciada ele converterá a sala de aula em comunidade de aprendizagem, onde os alunos recebem a ajuda do educador como de seus colegas educandos sob a supervisão de um educador (DURAN, 2007). Para finalizar, destacamos Cordeiro (2007, p.108) em sua obra Didática ao dizer não há porque postular a adoção de um modelo pedagógico único, que implicaria a padronização das relações pessoais na escola, na sala de aula e no ensino e aprendizagem. Pensando na revitalização das práticas pedagógicas no ensino de Didática é que desenvolvemos este trabalho, através da tutoria entre iguais na sala de aula universitária. Referências: ARGÜÍS, R. e cols. Tutoria: com a palavra, o aluno. Porto Alegre: Artmed, CHIZZOTTI, A. Pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais. Petrópolis: Vozes, 2006 CORDEIRO, J. Didática. São Paulo: Contexto,
7 DURAN, D. Tutoria entre iguais e aprendizagem cooperativa. Pátio. Porto Alegre, n. 41, p fev-abr ; VIDAL, V. Tutoria entre iguais: a teoria na prática. Porto Alegre: Artmed, GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, MASETTO, M. (org). Docência na universidade. Campinas: Papirus, MONEREO, C.; DURAN, D. Tramas: procedimentos para a aprendizagem cooperativa. ZABALA, A. A organização social da classe. In: ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed,
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