ESTABILIDADE DA VITAMINA C EM POLPA DE CAGAITA PASTEURIZADA DURANTE O ARMAZENAMENTO CONGELADO
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- Francisca Cunha Vieira
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1 ESTABILIDADE DA VITAMINA C EM POLPA DE CAGAITA PASTEURIZADA DURANTE O ARMAZENAMENTO CONGELADO R. M. Andrade 1, L. M. Brito 1, L.M.Martins 2, E. C. Silva 3, L.A.Carlos Departamento de Engenharia de Alimentos Universidade Federal de São João del-rei Campus Sete Lagoas (UFSJ-CSL). Rodovia MG 424, km 45 - UFSJ CEP: Cx.P.: 56. Sete Lagoas - MG - Brasil (roberta-manoel@ hotmail.com, lumamourabrito@gmail.com e lanamar@ufsj.edu.br). 2- Programa de Pós Graduação Federal de São João del-rei Campus Sete Lagoas (UFSJ-CSL). Rodovia MG 424, km 45 - UFSJ CEP: Cx.P.: 56. Sete Lagoas - MG Brasil (lumamartins31@yahoo.com.br). 3- Departamento de Ciências Agrárias Universidade Federal de São João del-rei Campus Sete Lagoas (UFSJ-CSL). Rodovia MG 424, km 45 - UFSJ CEP: Cx.P.: 56. Sete Lagoas - MG Brasil ( clarete@ufsj.edu.br). RESUMO - A cagaita é um fruto do cerrado, que possui sabor peculiar, contém teor de vitamina C superior a outros frutos desse bioma. Este trabalho objetivou avaliar a estabilidade da vitamina C em polpas de cagaitas em diferentes estádios de maturação: verde, de vez e madura, pasteurizadas e armazenadas por 150 dias a -18º C. O teor de ácido ascórbico foi determinado por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). No tempo 0, a polpa verde apresentou conteúdo de vitamina C significativamente superior aos das polpas madura. Pode-se observar, em relação aos três estádios de maturação um decréscimo de ácido ascórbico durante 150 dias de armazenamento. Portanto, a vitamina C manteve-se estável durante todo o armazenamento da polpa de cagaita madura pasteurizada, mantendo 100% de estabilidade armazenamento a-18 C. As polpas de cagaita verde e de vez apresentaram redução significativa do conteúdo de vitamina C durante o armazenamento. ABSTRACT The cagaita is a fruit from Cerrado, and despite the peculiar flavor, it contains significant vitamin C content when compared to the other fruits of this biome. This study aimed to evaluate the stability of the vitamin C in cagaita pulp at different maturity stages: green, "half-slip" fruit, and mature. The pulps were pasteurized and stored for 150 days at -18 C. Ascorbic acid content was determined by High Efficiency Liquid Chromatography (HPLC). At time 0, the pulp from green fruits showed Vitamin C content significantly higher than the pulp from mature fruits. Regarding the three stages of maturation, there was a decrease on ascorbic acid during 150 days of storage. Therefore, Vitamin C content remained stable during the storage of the pasteurized pulp, from cagaita mature fruits, maintaining 100% of stability during storage at 18 C. Cagaita pulps from green and half-slip fruits had significantly lower vitamin C content during storage. PALAVRAS-CHAVE: (Eugenia dysenterica Dc), ácido ascórbico, processamento KEYWORDS: (Eugenia dysenterica Dc), processed, Ascorbic Acid 1. INTRODUÇÃO
2 O Cerrado destaca-se como o segundo maior bioma do Brasil, superado apenas pela Floresta Amazônica (Ministério do Meio Ambiente, 2015) e apresenta uma grande diversidade de flora e fauna, podendo-se destacar alguns frutos como: o pequi (Caryocar Brasiliense Camb), cagaita (Eugenia dysenterica DC), marolo (AnnonaCrassifloraMart.), baru (Dipteryxalata) e araçá-boi (PsidiumguineensisSw.) (Ávidos e Ferreira, 2000). Essas espécies frutíferas apresentam um elevado potencial econômico e ecológico, podendo ser utilizadas de diversas formas, na indústria farmacêutica, alimentícia, na medicina popular através de uso de seus frutos, cascas, raízes e folhas, contribuindo com a valorização da identidade cultural de forma a proporcionar a melhoria da alimentação e aporte nutricional (Martinotto et al., 2008; Santos et al., 2012) De acordo com Alvinos e Ferreira (2000), essas frutas apresentarem sabor característico, podendo ser consumidas in natura ou em forma processada como: sucos, compotas, sorvetes dentre outros. Os frutos do cerrado destacam-se por apresentarem uma quantidade significativa de nutrientes contendo vários compostos bioativos, como carotenóides, antocianinas, compostos fenólicos (flavonóides, antocianinas, taninos, ácidos fenólicos), vitaminas C e E, que exibem ação antioxidante e atuam na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis como alguns tipos de câncer, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares (Silva et al, 2001). A cagaiteira (Eugenia dysenterica DC) pode alcançar até dez metros de altura por seis a oito metros de diâmetro de copa sendo que a frutificação acontece de setembro a novembro, apresentando de 200 a 500 frutos por planta (Silvia et al., 2001). O fruto possui coloração amarelo pálida e forma globulosa, podendo apresentar de 1 a 3 sementes brancas, envoltas em polpa de coloração creme e de sabor ácido (Naves et al., 1995). Pertencem à família Myrtaceae, medindo de 3 a 5 cm de diâmetro e pesando de 14 a 20g Lorenzi et. al., (2006). Além do sabor peculiar, a cagaita contém alto teor de vitamina C quando comparada a outros frutos do Cerrado (Silva et al., 2009). Segundo Sales (2013) a vitamina C é muito sensível a tratamentos térmicos, inclusive à pasteurização, que apesar ser um tratamento térmico amplamente utilizado para a conservação de polpas e sucos, pode promover a diminuição do teor dos compostos bioativos. Existem poucos estudos disponíveis na literatura referentes ao conteúdo de vitamina C da cagaita processada, especialmente utilizando métodos de análises confiáveis como cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) (Cardoso, 2011), o que torna relevante esta investigação. Desta forma, este trabalho objetivou avaliar a estabilidade da vitamina C em polpas de cagaitas coletadas em diferentes estádios de maturação (verde, de vez e madura) pasteurizadas e armazenadas por 150 dias a -18ºC. 2. METODOLOGIA 2.1. Matéria Prima Os frutos de cagaitera (Eugenia dysenterica DC) foram colhidos em três estádios de maturação (verde, de vez e maduro), de árvores adultas nativas localizadas no Campus Sete Lagoas da Universidade Federal de São João del-rei Preparo das amostras Os frutos nos três diferentes estádios de maturação foram processados separadamente, seguindo o fluxograma proposto por Filho e Gastoni (2010). Após a sanitização os frutos foram
3 despolpados manualmente e as polpas homogeneizadas e pasteurizadas à 80ºC por 10 minutos. Após a pasteurização as polpas foram envasadas em embalagens plásticas e submetidas ao congelamento à - 40ºC em ultra freezer COLDRAC e após 24h as amostras foram armazenadas à -18ºC em freezer comum, simulando as condições comerciais. As amostras para análise foram retiradas no primeiro dia de armazenamento (Tempo 0) e ao final de 150 dias (Tempo 5). O teor de ácido ascórbico foi determinado por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), em cromatógrafo marca SHIMADZU PROEMINENCE equipado com bombas LC-20AT e detector SPD-M20A Diode Array, utilizando-se a metodologia descrita por Benlloch, Farré e Frigola, (1993) e adaptada por Pimentel et. al. (2012). Os resultados foram expressos em mg de ácido ascórbico/100 gramas de polpa. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO As polpas de cagaitas pasteurizadas apresentaram valores expressivos de vitamina C, principalmente a cagaita verde que apresentou uma concentração de vitamina C (101,73mg/100g de polpa) significativamente (p<0,05) superior às cagaitas de vez e madura no primeiro dia de armazenamento (Tempo 0), conforme apresentado na Tabela 1. As polpas de cagaita, objetos deste estudo, tanto no tempo zero como após o período de 150 dias de armazenamento congelado apresentaram, conteúdos superiores aos observados por Silva et al. (2008) para cagaitas maduras (27,46 mg de vitamina C/100g de polpa), de vez (20,21) e verde (26,84) in natura provenientes do estado de Goiás. Resultados similares foram observados por Maranhão (2010) em seus estudos com acerola que justificou o decréscimo do ácido ascórbico com o amadurecimento do fruto, devido a sua oxidação a dehidroascórbico pouco antes do fruto alcançar seu amadurecimento completo, quando processos bioquímicos começaram a gerar maior número de substâncias oxidadas que são reduzidas então pela ação antioxidante do ácido L-ascórbico. Pode-se considerar que a polpa de cagaita verde no Tempo 0 apresentou-se com uma fonte elevada de vitamina C, segundo Andrade et al. (2002), que classificou os níveis de vitamina C como alto, médios e baixos, enquadrando as frutas que apresentam uma concentração de 100 a 300 mg/100g na categoria de fontes elevadas. Ainda de acordo com o esta classificação, as cagaitas maduras e de vez enquadraram-se como fontes médias de ácido ascórbico, pois estão incluídas na faixa de 50 a 100mg/100g ao longo do processamento e armazenamento. Tabela 1-Teor de vitamina C (mg de ácido ascórbico/100g de polpa) em polpa de cagaita em três estágios de maturação, pasteurizada e submetidas ao congelado (-18ºC) por 150 dias. Grau de maturação / Armazenamento 0 Dias 150 Dias Maduro 53,38Bb 53,87bB De vez 53,60Bb 51,06cC Verde 101,73Aa 63,02aC CV: % Média: *Medias seguida de mesma letra minúsculas na coluna e maiúsculas na mesma linha não diferem significativamente (p>0,05) pelo teste de Tukey. CV= coeficiente de variação
4 Com relação ao período de armazenamento congelado, pode-se observar que não houve variação significativa (p>0,05%) do conteúdo de vitamina C para as polpas de cagaita madura congeladas por 150 dias à -18ºC. Por outro lado, as polpas de cagaita de vez e verdes apresentaram um decréscimo significativo (p<0,05%) do conteúdo de vitamina C após o período de armazenamento congelado, conforme apresentado na Tabela 1. Nota-se que a retenção da polpa de cagaita de vez foi de 95,26% e da verde 61,94%, provando que a concentração da vitamina C na polpa de cagaita verde diminuiu em relação à concentração inicial, assim como Bruniniet.al (2003) verificou uma diminuição dos teores de vitamina C em polpa de goiaba congelada. 4. CONCLUSÃO A vitamina C, manteve-se estável durante 150 dias de armazenamento da polpa de cagaita madura pasteurizada, mantendo 100% de estabilidade armazenamento a -18 C. As polpas de cagaita verde e de vez apresentaram redução significativa do conteúdo de vitamina C aos 150 dias de armazenamento a -18 C. No entanto, essa redução não comprometeu o valor nutricional do produto. 5. AGRADECIMENTOS À FAPEMIG, FINEP e UFSJ pelo apoio financeiro. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Andrade, R. S. G.; Diniz, M. C. T.; Neves, E. A.; Nóbrega, J. A. (2002). Determinação e distribuição de ácido ascórbico em três frutos tropicais. Eclética Química (Araraquara), v. 27, p Ávidos, M. F. D., Ferreira, L. T.(2000). Frutos dos Cerrados: Preservação gera muitos frutos. Revista Biotecnologia: Ciências e Desenvolvimento. Ano 3, nº 15. Benlloch, R., Fane, R., Frigola, A (1993). A quantitative estimate of ascorbic andisoascorbic acid by hight performance liquid chromatography application to citric juices.j. Liq. Chromatography, v. 16, n.14, p Brunini, M. A., Oliveira, A. L., Varanda, D.B. (2003). Avaliação da qualidade de polpa de goiaba paluma armazenada a 20ºC. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, São Paulo, v. 25, n. 3, p Cardoso, L. M. (2011). Araticum, cagaita, jatobá, mangaba e pequi do cerrado de Minas Gerais: ocorrência e conteúdo de carotenóides e vitaminas (Dissertação de Magister Scientiae). Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. Filho, V., Gastoni, W. (2010). Bebidas não alcoólicas: Ciência e tecnologia. Volume 2. São Paulo. Lorenzi, H.; Bacher, L.; Lacerda, M.; Sartori, S. (2006). Frutas brasileiras e exóticas cultivadas: de consumo in natura. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 672p. Naves R.V., Almeida Neto J. X., Rocha M.R. (1995). Determinação de características físicas em frutos e teor de nutrientes em folhas e no solo, de três espécies frutíferas de Ocorrência Natural nos Cerrados de Goiás. Anais da Escola de Agronomia e Veterinária. 25: p
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